sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Novos percursos, novos recursos

Creio que meu trauma com corridas veio do colégio, quando tínhamos que fazer um percurso na pista de ciclismo à guisa de avaliação bimestral. Talvez antes ainda, da época do ginásio. Sempre corri mal, porque respirava mal, pela boca, e quase morria do coração no final da "prova".
Em tempos bem recentes, me peguei correndo, e curtindo correr. Comecei devagarinho. Percebi que os tênis machucavam o calcanhar. Comprei um par próprio para corredores iniciantes. Agora parece que estou flutuando. E volto cheia de serotonina, dopamina, endorfina. Mais feliz e mais bonita, além de mais saudável, é claro.
O mais legal é que essa mudança de "gosto" parece ilustrar uma mudança de paradigma - de alguns, pelo menos - que tenho experimentado. E isso porque não faço a linha "não conheço, portanto não gosto". Acho que tem mais a ver com me descobrir capaz de fazer determinadas coisas, embora, claro, ninguém seja obrigado a ser capaz de tudo, peloamor. Correr é o ápice do saber respirar pra mim - e conseguir fazê-lo é um grande trunfo. Significa que estou sabendo respirar=sabendo pensar=sabendo sentir=sabendo escolher.
Essa apropriação de capacidades e de escolhas e de fazer o que sempre quis vale também para as atividades criativas, para os projetos de vida todos. Descobri coisas novas que faço bem porque faço com amor (bordar, pintar, dançar, cozinhar) e redescobri coisas que sempre foram importantes, mas tinham ficado de lado (viajar, escrever, me relacionar). E assim eu até me emociono ao olhar para meus tênis novos, como se eles fossem uma espécie de laurel por tantas transformações.

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