quarta-feira, 6 de abril de 2016

Os sabores da vida


O gosto da vida muda o tempo todo. Tem dias que ela é mais ácida, mais azeda, mais amarga, às vezes tudo num mesmo dia. Outro dia, é doce como mel. Terrosa, exótica, adstringente. Salgada. Quase como o tempo em São Paulo.
Como aprecio os sabores em geral, embora tenha lá meus favoritos, gosto do gosto cambiante da vida. Como o que se apresentou no casamento de Karen e Julio, em que eu e Guga fomos padrinhos - doce é não só testemunhar, mas compartilhar da alegria de pessoas queridas. Doçura também no livro que Guga me deu a caminho de São Paulo, em homenagem aos meus gatinhos: Gatos, de Patricia Highsmith, autora de O talentoso Ripley - já me interessei pelo modo de escrever dessa mulher que entende tão bem os felinos e a crueza humana.
No bate-volta por conta do casório, as risadas com os amigos reencontrados - serão elas agridoces? Não tenho certeza, mas sei que são deliciosas, tão repletas que são de lembranças, afetos e futuros.
Já no final da nossa curta viagem, o melhor exemplo da diversidade e complexidade de sabores da vida: uma visita à zona cerealista, com seus cheiros, sabores, cores, falares múltiplos. Em casa, organizar os temperos e nomeá-los foi uma tarefa poética - assim pude olhar para cada um, pensar em para que serve, afirmar a necessária diversidade que compõe a existência.

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