Uma das maiores diferenças da minha mudança de vida (além da falta de creme de leite fresco) foi a mobilidade.
A questão nem é o fato de morarmos no interior, porque, mesmo que estivéssemos mais perto da capital, pouca diferença faria: Salvador é para os carros. Mal tem calçadas; somente agora começa a se esboçar um mapa metroviário, os ônibus trafegam lotados e as ciclovias inexistem.
Na verdade, onde estamos, a maioria das pessoas utiliza motos e bikes para se locomover.
Eu, porém, demorei até mesmo a sair a pé pelo bairro. Tinha me acostumado com o carro dirigido pelo marido. Comodismo com uma sensação enganosa de que não acharia por perto o que precisava.
Mas, quando descobri que precisava fazer fisioterapia, por conta de uma tenossinovite na mão esquerda, caiu a ficha: não poderia contar com o marido para me levar até Salvador durante a série de 10 sessões. Como faria? Tomar um dos ônibus lotados não era uma ideia nada atraente. Vi que teria que me virar, que teria que promover a independência da minha mobilidade.
Por sorte, descobri que havia uma clínica de fisioterapia quase ao lado de casa. Fiz lá as 10 sessões. Nesse meio tempo, fui me animando a me deslocar a pé pelo bairro para resolver pequenas pendências. LaBelle, até esse momento, continuava encostada.
Um dia, resolvi que era hora de voltar a fazer pilates (por conta da tendinite, da postura, de ter que emagrecer 15 kg, de fazer uma atividade física de que gosto) - e havia dois estúdios relativamente próximos, mas ambos do outro lado da rodovia. Fiz aulas experimentais nos dois, escolhi um e em outro dia resolvi que iria para lá de bike.
Pura adrenalina, a primeira saída entre carros, motos e outras bikes, bem mais velozes que a minha. Na volta, uma sensação quase incrédula de coragem, de ter vencido - meu medo, a mim mesma, meu comodismo.
Estudos dizem que são necessários 66 dias para mudar/adquirir um hábito. Não sei se procede, mas sei que por ora já não quero mais parar de me mover assim.
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