sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Julie & Julia & Me

O filme é de 2009, e, só pra variar, eu ainda não tinha visto. E, como acontece várias vezes nas minhas descobertas tardias, fiquei encantada: Julie e Julia, de Nora Ephron (a mesma do fofo Mensagem para você), é de aquecer o coração - e o estômago.
OK, nenhuma novidade: ao lado dos documentários, filmes sobre Segunda Guerra, franquismo, serial killers, de suspense, adoro filmes fofos e com temáticas gastronômicas. Neste último caso, integram minha lista best of o memorável A festa de Babette, a divertida animação Ratatouille, Chocolat e o ótimo exemplar de humor negro Estômago. E quem não embarcou em Tomates verdes fritos ou foi completamente seduzido em Como água para chocolate? Por extensão, que delícia são os filmes que falam de vinhos (e de uma boa comida que os acompanha, sempre), como Sideways, Um bom ano e Bottle shock. E outros tantos títulos que ainda não vi, mas que certamente já entraram para a bibliografia enogastronômica.
Mas voltemos a Julie e Julia. Não sei se já comentei, mas demorei muito a aprender a cozinhar. Não precisava, pois minha avó o fazia para nós, e a partir do colégio mal parava em casa, comendo muita junk food por aí. Quando, portanto, fui morar sozinha, as únicas coisas que sabia fazer eram café e ovo frito (ou mexido, ou cozido, variações do tema). Claro que isso me distancia das duas protagonistas do filme, pois tinham já uma noção culinária antes de incrementar seu saber; mas o gosto pela culinária, como gourmand, eu sempre tive - e isso já nos torna um trio inseparável!
Como Julia Child, fui fazer um curso de culinária. Não um cordon bleu, obviamente, mas um gratuito para iniciantes, na antiga Casa Gourmet da Bela Cintra. Chamava-se "Gastronomia para quem mora sozinho". E do arroz e macarrão básicos desse primeiro curso, passei para os pães (o primeiro que fiz me emocionou até as lágrimas), crepes, culinária árabe, ceia de Natal e sushi & sashimi. Minha mãe sacou meu interesse (e minhas necessidades de moradora solo) e me deu o ancestral Dona Benta que tinha em casa desde que éramos pequerruchos.
Fui comprando algumas revistas, um ou outro livro de receitas, mas minha maior fonte são mesmo os blogs e sites dos amantes da culinária, que sempre cito aqui, como origem das receitas que vou transformando, com outras dosagens e ingredientes. Aliás, num desses, o Mixirica, achei traduzida a receita do boeuf bourguignon (vedete do filme) que ainda não fiz. Os utensílios - como a tal panela que também deve ir ao forno -, vou adquirindo conforme a receita e a necessidade.
Quanto a Julie Powell, como me identifiquei com ela! Bom, eu e a torcida com veleidades gastronômicas do Corinthians, certo? De qualquer forma, além de ela ter um blog, como compreendo quando ela diz que cozinhar é um momento em que sabemos que as coisas (normalmente) darão certo, mesmo que tudo lá fora (trabalho, relacionamento, caos urbano) ateste o contrário. Num certo sentido, é quando acreditamos no poder do nosso condão enquanto ninguém mais acredita - e o risoto com sabores que nos transportam a outro lugar (um refúgio do que está errado aqui e agora) é a prova indelével desse poder. Onde nosso instinto falha nas relações humanas, ele funciona lindamente na hora de misturar ervas e temperos, de achar a justa medida.
Olhando para o espelho e para Julie e Julia, confirmo que a escolha é nossa: o insosso de uma vida em que um dia dá lugar ao outro, como uma sequência de bandejas no restaurante universitário, ou o maravilhar-se constantemente com novos cheiros e sabores, criados por nós.
Ah, sim: como J&J, também tenho um provador oficial de receitas... <3

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Gourmandise X - Festive Strudel ou domando a massa fillo

Gente, eu consegui!
Fiz o strudel que o Jamie Oliver apresentou em seu programa de Natal, com recheio de panetone, pera, maçã e um fio de chocolate meio amargo. Hummm, fica muito bom, e não é enjoativo como se pode supor à primeira menção (vejam a receita em http://www.jamieoliver.com/recipes/fruit-recipes/festive-strudel).
O mais difícil para esta cozinheira sazonal foi tentar separar as folhas de massa fillo da Arosa. Isso mesmo, só tentei; deve haver uma temperatura certa pra fazer isso, após o descongelamento. Mesmo seguindo as instruções, dei início à destruição das folhas assim que comecei a separá-las. Por que elas não vêm separadas por plástico filme? Meu Deus, por quê? :0
Então, meu lado ariano falou mais alto, resolvi ir pro abraço, coloquei as folhas de duas em duas mesmo, e deu tudo certo. Atestem pela fotinho (do meu strudel, não do do Jamie, of course).

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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