segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Donburi de arroz integral com frango de padaria e tempurá de cenoura e couve

Nunca um frango de padaria rendeu tanto - já foi almoço, depois jantar, hoje almoço de novo. Nunca da mesma forma, é claro.
Hoje foi a vez de transformá-lo em donburi, o arroz com carne na tigela. Não tinha arroz branco (ainda bem, porque voltei pro VP, cheia de fé), então usei um multicereais; no lugar do ovo, fiz um tempurá de cenoura, cebola e couve (que também rendeu muito esses dias - de torta de ricota, passando por ramen até chegar ao donburi). O frango não foi empanado, o que quer dizer gordura de menos, mas fiz um pouquinho de molho agridoce com shoyu, molho inglês, açúcar mascavo, alho e gengibre.
Ficou uma gostosura, e o marido elogiou meu atavismo culinário oriental. 

domingo, 25 de novembro de 2018

Um ramen abrasileirado

O ramen está na moda, especialmente em SP. Eu ainda não fui a nenhuma casa de lamen ou ramen por lá, mas acompanho nas redes sociais os amigos que têm postado sobre suas visitas. 
Outro dia, o marido comprou uns miojinhos, para "caso de necessidade" (quando não quero fazer jantar). Aí comentei com ele que poderíamos fazer um ramen de verdade em vez de miojo puro e simples. Uma boa pedida para a noite, e nada tão complicado se tivermos os ingredientes mais à mão (um caldo pronto, umas fatias de carne, um pouco de verdura). 
Foi o que aconteceu hoje. Tinha feito há mais de um mês um caldo de legumes com salsão, cenoura, cebola, cravo, louro etc.; também tinha couve, gengibre fresco e frango pronto (daqueles de televisão de cachorro, ótimo). Era só cozinhar uns ovos (que têm que ficar um pouco mais moles, é verdade) e fazer uma montagem bonitinha, com direito a talos de cebolinha por cima. 
Ficou uma delícia, bem temperado, substancioso mas também fresco, graças ao gengibre. Já integra a lista de "pratos a repetir". 

Paellando

Não me lembro exatamente de quando foi a primeira vez que comi paella na vida. Mas me lembro do coup de foudre que sofri ao assistir a Carmen, de Carlos Saura, em uma sessão de cinema na semana cultural do colégio. Não conhecia Saura, sabia de que tratava a história por ter lido um livro da coleção Vaga-Lume, que mencionava a ópera de Bizet. Daí não só a paixão fugidia dos personagens, mas também tacones, e palmas, e cantes, tudo de forma tão perfeita e concatenada: fiquei imediata e irremediavelmente apaixonada pela cultura flamenca/espanhola. A paella, na verdade, veio na esteira do encanto com a dança, a língua, a literatura. Depois fui descobrindo outros aspectos culturais e gastronômicos que me encantam, mas primeiro, definitivamente, veio o flamenco. 
Até fiz aulas de flamenco, bem mais tarde, cerca de um ano e meio, com direito a apresentação de final de ano. Mas entre a dança e a cozinha, sem dúvida, a segunda é onde me saio melhor - ainda que o caráter democrático do flamenco, que acolhe todos os corpos, e o sentimento de fazer parte do bando sejam gratificantes em si. Mesmo não sendo uma boa bailaora, que felicidade era estar ali com todas e comigo mesma!
Quanto à paella, como já postei aqui, uma vez Claudia e Helio foram prepará-la em minha casa. Ficou bem boa, mas talvez um pouco forte para meu paladar ainda pouco treinado. 
Depois experimentei a do restaurante Paellas Pepe, no Ipiranga, aonde fui uma vez com Adriana e Miriam, que conheci no Atacama, e com minha amiga Luciane. Aliás, o que tínhamos as quatro em comum para escolher esse lugar para o encontro? O flamenco. Além do tablao, o Paellas Pepe oferece o espetáculo da paella sendo preparada ao lado das mesas, numa paellera enorme, que serve a todos os presentes. Foi do site do restaurante que retirei a receita que usamos na casa de Cris. 
No nosso almoço do curry tailandês, Cris propôs que fizéssemos uma paella na sua casa. Ela compraria os ingredientes para eu cozinhar. Avisei logo que só tinha comido paella, nunca preparado. Mesmo assim, ela resolveu arriscar. Enviei a receita do Pepe, e ela foi atrás dos ingredientes e temperos. 
Quando chegamos lá, o mise-en-place mais bonito de todos os tempos me aguardava, distribuídos numa bancada típica de programa culinário de TV. Vesti o avental, dei uma revisada na receita e botei a mão na massa. 
Não é que saiu bem boa? Até prefiro os frutos do mar assim limpinhos do que com casca, mesmo perdendo um pouco em sabor marítimo. Os convidados aprovaram, e eu também. Sorte de principiante? Ya no creo, porque traigo esas paisajes en mi alma. 

domingo, 18 de novembro de 2018

Almoço greco-turco-sírio-mediterrâneo

Domingo, né? Dia de comidinha diferente. Fomos de moussaka e salada de alface, tomate e muito manjericão e orégano da hortinha. Até procurei uma receita turca ou grega de sobremesa, mas acabei ficando com a sírio-libanesa mesmo, de knef, doce à base de aletria, ricota e nozes, uma delícia e bem fácil de fazer (e assim aproveitei o macarrão que tinha em casa).

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Mezzo indiana, mezzo tailandesa

Fiz propaganda do curry verde para amigos do pilates outro dia, e acabei convidando a galera para provar aqui em casa. 
Às vezes confundo um pouco as culinárias, e resolvi fazer uma sobremesa indiana para acompanhar o prato tailandês, que eu via como indiano, sabe Deus por quê - ou melhor, eu sei: por conta do curry. Quando ainda cria que o curry verde era indiano, fui atrás de uma salada que também acreditava indiana, mas que era tão tailandesa quanto o curry, a de mamão verde (por isso o filme vietnamita O cheiro do papaia verde, claro, seguindo o roteiro Sudeste Asiático). Para finalizar, lassi de manga - este sim, indiano, como o gajar ka halwa, doce de cenoura com leite. 
Portanto, tivemos um almoço quase indochinês. O halwa fez um sucesso inesperado, deixando para escanteio o pudim de leite, que despedaçou ao desenformar. Como a luz tinha acabado ainda de manhã e voltou por volta das 15h (e cancelar o almoço, nem pensar!), consegui preparar o lassi, que é batido no liquidificador, apenas quando os convidados já tinham ido embora, uma pena. Aliás, só foi possível manter o almoço porque o marido se ofereceu para pilar os temperos todos da masala. 
Só sei que nesse bololô todo Cris ficou contente com a comida asiática que não pôde comer em outro lugar, dadas as preferências alheias, João Pedro esteve feliz da vida observando as conversas e rindo o tempo todo do alto dos seus oito meses, Suely dividiu seus saberes ceramistas na comparação feliz com o tempo da natureza e o presente (além de me presentear com um pano palmilhado por tartarugas multicores, a coisa mais rica), Gleice e Wendel nos agraciaram com sua presença no meio de um dia corrido de trabalho e Júlio compartilhou projetos futuros, coisa que só fazemos em ambiente de aconchego. 
E depois seguimos todos nosso caminho, mais felizes, alimentados e acarinhados, de parte a parte, com mais paz e força. 

Cozinha e silêncio

Também na pós, o chef Tsuyoshi Murakami (não, não é parente do escritor) trouxe uma ideia que encontrou eco em meu coração (como o Troisgros com a comida de panela): a necessidade de silêncio na cozinha. 
Pra falar a verdade, minha cozinha sempre foi ruidosa, sempre teve a ver com reencontrar amigos e colocar conversa em dia, em torno de panelas e temperos. Já deixei muita gente passando fome enquanto preparava um prato e parava para participar das conversas.
Depois que casei, porém, e tive de reinventar a rotina culinária - porque agora tínhamos horário para comer, todo dia -, ficar conversando enquanto cozinho ficou menos divertido. Ou melhor, virou algo pouco prático. Cozinhar exige mesmo muita atenção, especialmente quando você cozinha sozinho e prepara muitas coisas ao mesmo tempo. Não à toa, qualquer distração gera pratos queimados, temperos esquecidos etc.
Por outro lado, conversar com os convivas é muito bom. Que ocasião melhor para conversar que em torno de um cafezinho com bolo? Nos casos em que vamos receber muita gente para almoçar ou jantar, agora procuro deixar quase tudo pronto, para poder desfrutar também da companhia dos convidados, embora ainda haja muito entra e sai da cozinha de minha parte.
De todo modo, ainda sonho com o dia em que terei uma cozinha com mais espaço para experimentações e equipamentos adequados, onde eu possa ficar quieta comigo e com meus ingredientes, totalmente presente naquilo que faço. Uma terapia para mim (já que somente no silêncio conseguimos entrar em contato com nossa essência), mas certamente uma garantia de qualidade da comida que irá à mesa. Todo mundo sai ganhando. 

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Marmitando em casa

Como já comentei em outro post, cozinho diariamente desde que resolvemos vir para a Bahia. Comida fresca, mais saudável e variada, mas também pelo menos duas horas gastas com as preparações. Imagine então se eu não tivesse comprado uma lava-louças - seriam ainda mais horas gastas com o trabalho doméstico e não remunerado. 
Bom, de qualquer modo, foi só recentemente que me caiu a ficha de que poderia fazer marmitas para nós. Cozinhar grande quantidade de arroz, feijão, grão-de-bico, lentilha, alguns pratos prontos, como quibe, carne de panela, escondidinho, porcionar e congelar ajudam imensamente quem almoça e trabalha em casa. Como logo receberemos visita, marmitar é ainda mais importante, já que a rotina da casa muda naturalmente e não dá para perder muito tempo na cozinha. 
Agora, além de gostar do objeto marmita (com certeza, por influência nipônica da obentô), me rendi a fazer a marmita nossa de cada dia no final de semana. Ao final, prefiro ter potes (que vão para a lava-louças) a panelas para lavar. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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