terça-feira, 14 de outubro de 2025

Kintsugi, ou o que fazer quando a gente quebra

A arte japonesa do kintsugi consiste em consertar uma cerâmica quebrada, unindo as partes com goma laca e pó de ouro. O sentido por trás disso não é somente o reaproveitamento do objeto, mas principalmente a valorização da resiliência representada pela cicatriz que fica. 
E o que fazer quando o que quebra somos nós? Se alguém me perguntasse, recomendaria terapia. Em casos extremos, ajuda médica. Mas me parece que, na maioria das vezes, como em tantas situações na vida, a pessoa adoecida é a última a saber o que está acontecendo com ela.
As duas últimas semanas foram tão extenuantes, e mesmo assim segui carregando tudo, que minha mente deu um basta e meu corpo não teve como não pedir arrego. Pressão descontrolada, taquicardia: a crise de ansiedade não chegou do nada e varreu o que viu pela frente, lançou projetos para longe. 
Agora colamos os cacos, ainda sem acreditar na força da onda que veio. Parece que foi em outro lugar, parece que foi com outra pessoa, o que é assustador. Não dá para ser sempre o bambu que resiste a tudo. De novo, reaprender a respirar.    

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog