quarta-feira, 13 de setembro de 2017

De tédio, aqui não se morre

Não posso reclamar de tédio na minha vida. Nunca. Posso sufocar por fazer somente a mesma coisa, querer sair por aí, espanar a mesmice - mas não posso falar que a vida em si é tediosa, pois ela tem momentos tão diversos, coisas acontecendo ao redor da mesmice, que seria injustiça classificá-la assim.
Ontem, matei meu primeiro (pequeno) escorpião, no banheiro de casa. Depois interrompi com Raid e raiva a cópula de duas baratonas. Hoje soube que meu pão bonitão de damasco e nozes embatumou - e lá fui eu fortalecer o levain, até porque já faz algumas vezes que os pães de levain não têm saído bonitos e gostosos.
Hoje também fui ao primeiro encontro como voluntária no projeto de jovens local. Isso já foi um sopro benfazejo sobre a rotina: não sei viver sem cebolas, mas também não sei viver sem compartilhar o conhecimento.
Outro dia pensei em por que temos assistido a tantos filmes e séries sanguinolentos - a vida imitando a arte e vice-versa - e concluí que queria um pouco de beleza na minha vida. Aí fico sabendo que haverá uma oficina do Matizes Dumont em Salvador. Claro, estarei lá, em busca de beleza e histórias.
Em meio aos horrores de notícias de catástrofes naturais, corrupção e violência (catástrofes sociais), oriento um amigo na feitura de seus pães, pelo bate-papo virtual.
Eu bem gostaria de pegar um cinema de vez em quando, de viajar mesmo que para perto, mas devo admitir que tem sido interessante olhar com mais atenção para a vida cotidiana, que agrega a cada dia pequenas mudanças na tessitura que dela faço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog