A primeira vez que li essa expressão "bota uma cropped e vai" (podia ser "vai malhar", "vai ser feliz", "vai ganhar o mundo", qualquer coisa positiva), não me identifiquei com a ideia. Até pouco tempo, ainda estava (embora cada vez menos) presa à ideia de uma vestimenta adequada a uma idade, mesmo achando (cada vez mais) que cada um tem direito de usar o que quiser. Ou seja, achava que uma blusa cropped não era para mim - aliás, nunca foi, nunca fui de mostrar a barriga ou mais pele do que braços e pernas, a menos que estivesse de biquíni.
Porém, graças a tantas e tantas mulheres, influenciadoras ou não, que têm se mostrado do jeito que querem, com o corpo que têm, com a idade que têm, os ares da liberdade de ser estão em toda parte, e quero crer que seja um processo irreversível, mesmo com toda intolerância que grita contra. Ao mesmo tempo, tenho aprendido, aos 50, a vestir-me não para disfarçar "defeitos" mas para realçar aquilo de que mais gosto em mim - e tenho aprendido a gostar de cada vez mais coisas. Entonces, eu, que morro de calor, resolvi comprar blusas para malhar que ficam na cintura, e tops que deixam, sim, parte da barriga de fora. E amei, me senti fresca e linda, envolvida numa felicidade libertadora.
Daí entendi o que queria dizer esse apelo de botar a cropped e ir por aí. Nada mais do que ser feliz sendo o que se é. Gostar de quem se é. Eu ando gostando, como nunca gostei. Ando me vendo, como nunca me vi, e gostando do que vejo. E uso cropped sem pedir permissão a ninguém.
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