Desde que vi o anúncio do monólogo de Othon Bastos quis assisti-lo, ainda sem saber se viria para Salvador. Veio, e consegui ingresso para o ensaio aberto (não gratuito, mas 1/5 do valor do ingresso do Teatro do SESC - não há, penso, SESC como o de São Paulo, com valores tão acessíveis, e Salvador, com poucas casas de espetáculo, tem cobrado muito caro do público).
Mesmo de um lugar muito distante do palco, na penúltima fileira do foyer, com joelhos encostando na cadeira da frente, valeu a pena ver esse ícone do cinema, da TV e do teatro aos 92 anos desfiando, por 2 horas, episódios de sua vida com a ajuda da Memória, interpretada por Juliana Medella, sabiamente escalada para dividir o palco mas também compartilhar deixas com o veterano.
Houve momentos em que tive medo de que ele caísse ou se cansasse ou se esquecesse, de fato, mas ele foi aguerrido até o fim. Com sua voz potente, emocionou a todos, falando de suas primeiras experiências no teatro, como figurante mudo, de como o acaso o levou a grandes papéis, como Corisco em Deus e o Diabo na Terra do Sol, e como algumas vezes foi um "coadjuvante de luxo", caso de sua participação em Central do Brasil. Homenageou amigos, declamou trechos de peças, agradeceu à sua Bahia natal. Foi ovacionado por muitos minutos, merecidamente, plantando na gente a semente da não desistência, a sorrir em cada novo dia. Não tem sido fácil, Othon, mas sorrimos com o seu exemplo e seguimos.
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