segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Gourmandise VI - feijoada

Nunca tinha me aventurado no preparo de uma feijoada. Mas ouvir o namorado falar de um jeito tão saudoso de um bom feijão me fez pegar em armas, utensílios e "pertences" e ir à luta.
Peguei duas receitas na internet para fazer uma comparação e consultei um especialista em feijoada, meu ex-chefe Fernando. De cada um dos modus operandi tomei o que me parecia mais interessante e coerente, defini um novo tempo de preparo e acrescentei meus próprios ingredientes na finalização (o principal ingrediente, claro, é a paciência, para dessalgar, desengordurar, acrescentar cada tipo de carne no tempo certo etc.).
Os truques básicos utilizados:
- manter uma proporção de mais ou menos 1:2 entre feijão e carnes/embutidos (meio quilo de feijão e um quilo de carnes dá para seis pessoas se lambuzarem);
- deixar o feijão umas 4 horas de molho (não muito mais que isso, ou ele vai desmanchar no cozimento com as carnes);
- dessalgar as carnes por pelo menos 12 horas, trocando a água 3 ou 4 vezes;
- tirar a gordura das carnes: primeiro colocá-las separadamente em uma vasilha com água fria e limão, lavar em água corrente e então mergulhar cada tipo de carne em água quente com um pouco de pinga por 20 minutos - passar então para a retirada mecânica da gordura, na ponta da faca;
- acrescentar as carnes (após uns 40 minutos de cozimento do feijão somente em água que cubra os grãos pelo menos dois dedos) por grau de dificuldade de cozimento - por exemplo, carne-seca, lombo e costelinha, nessa ordem -, com um intervalo de 20 minutos entre uma carne e outra;
- acrescentar os embutidos (paio, toucinho, linguiça, previamente cortados em lâminas);
- depois de mais uns 20 minutos de cozimento, em fogo baixo, com a panela tampada, preparar o refogado, com azeite (ou a gordura de um pouco de bacon), cebola, cebolinha, salsa, uma pimenta-malagueta picada, alho - e nadica de sal;
- retirar então um pouco de caldo e grãos de feijão e esmagar, misturando ao cheirosíssimo refogado - a mistura mágica vai para a panela, onde apura mais um pouco;
- se ainda ficar muito salgado, acrescentar uma batata crua descascada por alguns minutos - um pouco mais de água também faz milagres!
E voilà, o prato, acompanhado pela couve só de leve assustada pelo azeite quente (para não perder a crocância), um arroz branco básico e a farinha copioba branca transformada em farofa de manteiga por Guga, beirou, modéstia às favas, o impecável!
O que pode ser melhor num domingo nublado, após o cumprimento de um dever cívico, na companhia perfeita?

4 comentários:

  1. So, apesar de ter acabado de voltar do Sujinho, onde comi uma bisteca inteira com acompanhamentos, deu água na boca! Um dia eu chego lá! Bjo

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  2. Hummm, o Sujinho é hors-concours, Fá! Ótima pedida no feriadão!
    beijos,

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  3. Só o texto já deu água na boca, Sô! Você está se superando, hein???

    beijoca

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  4. Tam, como estás?
    Ah, defendo a tese de que qualquer um que aprecie de verdade um bom prato é capaz de se arriscar na cozinha - sou exemplo vivo disso! ;)
    beijocas,

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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