Confesso: meu novo processo de mudança (interna, física, espacial) me deixa com um frio na barriga. Olho já com nostalgia para meu quarto, minha casa, minhas coisas, minhas ruas. São quase 13 anos de histórias aqui. Lembro como tudo já foi - mais non, je ne regrette rien. Porque não lamento (o que não quer dizer que não sofra, que não me arrependa - mas acho que integrei as experiências, boas e más) é que olho para o que poderá/deverá ser, e já consigo me imaginar em outro espaço, tendo de conquistar tudo de novo, o que não quer dizer começar exatamente do zero. Outro bairro, outro trabalho, outra rotina, outro amor rodopiam à minha volta, ainda como imagens, mas por isso mesmo já tão próximos da realização - vejo o novo dobrando a esquina, mas agora espero que também chegue, não saio correndo até ele. Caminho em sua direção, e ele vem até mim. Naturalmente.
Passei a fase do medo de uma vida diferente, do medo da solidão. Redescubro como é boa minha companhia. E agora passo a querer simplesmente o melhor para mim, não mais arremedos, improvisos, "o que tiver". O melhor para mim é... o mais simples. De ótima qualidade, mas sem tantos desvios, tantos adereços. Essencial e colorido. Porque não faço o meu caminho: sou o meu caminho.
E enquanto escrevia este post, vi pelo FB que o filme Eu maior, de Fernando e Paulo Schultz, estava disponível no YouTube. Parei de escrever para assistir. Emocionante! Quantas pessoas admiráveis falando com simplicidade sobre o ser feliz, sobre o que isso significa para cada uma delas. Quantas visões diferentes, portanto. Mas com uma coerência acerca da originalidade individual, do que é demandado em cada momento, de que é preciso saber para qual problema se busca uma resposta, da fluidez da vida e do que vamos nos tornando (pois não mudar, como diz Mário Sérgio Cortella, é tacanhice, não coerência). Gosto da ideia de que mais importante que a dor para engendrar mudanças é a crise. Gosto de aprender que a emoção é rápida como um raio, e que o resto são as memórias. Que é à memória da dor (necessária para viver o luto) que nos apegamos, que é preciso abrir as mãos, deixar ir a dor e todo o resto, para que nelas caiba o mundo.
Cá estou, pois, de mãos abertas.
domingo, 24 de novembro de 2013
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla
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