Provavelmente já tive outros momentos assim, de passar por muita coisa, por sentimentos diferentes e até díspares em um curto espaço de tempo. A vida é desse jeito, acredito que pra maioria das pessoas. Mas acho que nunca passei por tantas coisas com tamanha profundidade, observando mesmo o que cada uma quer dizer, na medida do possível procurando enxergar em meio ao riso e ao choro. O importante é que emoções eu vivi? Taí, o Rei deu uma dentro.
Ri, chorei, neguei, cansei, discuti, apaziguei, deixei pra lá, argumentei, acarinhei, chorei de novo, sofri muito, fiquei cara a cara com o abismo, vivi o luto, larguei mão. Veio uma "louca tempestade", como cantaria Ana Carolina, uma chuva diluviana como a de Guantanamera, para lavar e levar tudo e só deixar vivo o que fosse novo, pois o velho não seria capaz de subir ao topo das árvores. Depois, a calmaria.
E do alto das árvores, com outra perspectiva e à medida que a água vai baixando, tenho voltado a ver aquilo que me é caro, e a pensar por que razão ficou esquecido num canto. Agarrada a uma árvore, uma viagem; enroscado num galho mais à frente, um projeto de livro; flutuando na água, o que entendo por relacionamento. Dali vejo tudo, e quando desço vou catando o que é meu. Apesar da aparência de destroço, para tudo há jeito - e a viagem volta a tomar forma, o projeto de livro deslancha, o desenho do amor é de uma clareza desconcertante. Há pouco, tudo vagava no vórtice de águas furiosas e turvas; agora tudo retoma seu lugar. Todo mundo no fundo sabe, mas essa verdade ficou célebre entre nós com Lulu Santos: tudo muda, o tempo todo.
Mesmo sabendo aonde quero chegar, parece que estou aprendendo a deixar o barco correr de vez em quando, sem ter que empregar força, seguindo no balanço das horas e das águas. Aí sim, Fagner, é bom ser um peixe!
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla
que lindo tudo isso... o seu texto ficou o mesmo movimento das águas e da gravura. tudo naturalmente boiando na superfície de um entendimento possível desta aventura mesma. adorei. ;-)
ResponderExcluirQuerido, adoro suas visitas! :D
ExcluirEu tenho me sentido assim mesmo, nadando com destreza nas águas da vida...
beijos!
Lindo, linda!
ResponderExcluirBjs,
Marisa
Obrigaaaadaaaa, Má!
Excluirbeijos,
sô