sexta-feira, 17 de junho de 2016
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quinta-feira, 16 de junho de 2016
domingo, 12 de junho de 2016
Os fios de Aracne
Me meti com bordados faz pouco tempo, como já disse aqui e no Ser o que soa. Isso me fez buscar no íntimo as histórias de Ariadne, Penélope e até Sherazade, essa bordadora de palavras.
Porém, mais no íntimo ainda, havia uma história antiga com o bordado: a história de Aracne. Talvez tenha sido pela evocação de Atena como protetora das bordadeiras e artesãos, quando escrevi sobre Ariadne e Penélope, talvez pelas pequenas e até grandes aranhas que aparecem aqui em casa, todos os dias. Por tudo isso, talvez, tenha voltado a imagem de Aracne, direto de uma pequena coleção de livros que minha mãe nos dera na infância, sobre o princípio das coisas ou algo parecido. Havia um sobre aranhas, que me fascinava, e ele principiava com a lenda de Aracne, mostrando sua disputa com Atena. Lá da infância, seus fios vieram me buscar.
Ora, Aracne era uma artesã lídia. Extremamente habilidosa, não havia quem se lhe igualasse nos bordados. Até se dizia que a própria Atena havia lhe ensinado a arte de bordar. Elogiada em toda parte, porém, ela cometeu o pecado da arrogância, dizendo a quem quisesse ouvir que devia seu talento apenas a si mesma, especialmente quando evocavam Atena, ou para fazer comparações, ou para lhe dizer de onde vinha, afinal, sua arte.
É claro que Atena ouviu essa blasfêmia. Em algumas versões do mito, havia se disfarçado para saber diretamente de Aracne o que ela pensava sobre seu dom. Despeitada, como todo bom deus grego, diante da petulância humana, Atena desafiou a artesã para um concurso de bordados.
Tendo como juradas as ninfas, deusa e artesã principiaram a bordar. Cada uma realizava um trabalho mais bonito que o outro, mas logo ficou evidente que o trabalho de Aracne era realmente melhor que o da deusa. Indignada, Atena destruiu o bordado da rival, para que as ninfas não o pudessem ver e assim considerá-lo melhor que o seu. A fúria da deusa também pode ter sido provocada pela temática dos bordados de Aracne: as torpezas cometidas pelos deuses.
Há quem diga que Aracne tentou se matar, e que Atena, com pena, transformou-a numa aranha, para que pudesse continuar bordando eternamente. Outras versões chamam a isso uma maldição da deusa - Aracne teria que bordar para sempre, sem descanso, na forma de um ser abjeto. Acho que isso tem mais a ver com um deus grego, a pena (no sentido de castigo) perpétua.
Seja como for, Aracne lança seus fios sobre minha memória, irremediavelmente apanhada até que possa dar forma a essa ideia. Criar é sempre a outra ponta do fio, a saída possível ou a transformação da teia em um mundo infindo de conexões, cores, texturas.
Porém, mais no íntimo ainda, havia uma história antiga com o bordado: a história de Aracne. Talvez tenha sido pela evocação de Atena como protetora das bordadeiras e artesãos, quando escrevi sobre Ariadne e Penélope, talvez pelas pequenas e até grandes aranhas que aparecem aqui em casa, todos os dias. Por tudo isso, talvez, tenha voltado a imagem de Aracne, direto de uma pequena coleção de livros que minha mãe nos dera na infância, sobre o princípio das coisas ou algo parecido. Havia um sobre aranhas, que me fascinava, e ele principiava com a lenda de Aracne, mostrando sua disputa com Atena. Lá da infância, seus fios vieram me buscar.
Ora, Aracne era uma artesã lídia. Extremamente habilidosa, não havia quem se lhe igualasse nos bordados. Até se dizia que a própria Atena havia lhe ensinado a arte de bordar. Elogiada em toda parte, porém, ela cometeu o pecado da arrogância, dizendo a quem quisesse ouvir que devia seu talento apenas a si mesma, especialmente quando evocavam Atena, ou para fazer comparações, ou para lhe dizer de onde vinha, afinal, sua arte.
É claro que Atena ouviu essa blasfêmia. Em algumas versões do mito, havia se disfarçado para saber diretamente de Aracne o que ela pensava sobre seu dom. Despeitada, como todo bom deus grego, diante da petulância humana, Atena desafiou a artesã para um concurso de bordados.
Tendo como juradas as ninfas, deusa e artesã principiaram a bordar. Cada uma realizava um trabalho mais bonito que o outro, mas logo ficou evidente que o trabalho de Aracne era realmente melhor que o da deusa. Indignada, Atena destruiu o bordado da rival, para que as ninfas não o pudessem ver e assim considerá-lo melhor que o seu. A fúria da deusa também pode ter sido provocada pela temática dos bordados de Aracne: as torpezas cometidas pelos deuses.
Há quem diga que Aracne tentou se matar, e que Atena, com pena, transformou-a numa aranha, para que pudesse continuar bordando eternamente. Outras versões chamam a isso uma maldição da deusa - Aracne teria que bordar para sempre, sem descanso, na forma de um ser abjeto. Acho que isso tem mais a ver com um deus grego, a pena (no sentido de castigo) perpétua.
Seja como for, Aracne lança seus fios sobre minha memória, irremediavelmente apanhada até que possa dar forma a essa ideia. Criar é sempre a outra ponta do fio, a saída possível ou a transformação da teia em um mundo infindo de conexões, cores, texturas.
Tabletón de dia dos namorados adiantado
Adiantamos o jantar de dia dos namorados. Fiz steak au poivre (exagerei um pouco no creme de leite, que, óbvio, não era fresco), tentei fazer uma batata rösti (não rolou, acabou virando um purê delícia) e arrisquei o tabletón da Paola Carosella, que foi uma das receitas do último Masterchef.
Fiquei obcecada pelo tabletón desde que assisti ao episódio. Guga diz que fico "cega" quando a receita leva doce de leite. Talvez - amo doce de leite (mas não só).
Usei uma receita do Gastrolândia, trocando a erva-doce por cardamomo (incrível, sempre) e o cacau em pó por chocolate do Frade. Estreei também meu termômetro de forno e constatei que o forno aquece bem menos que o indicado nos botões.
Whatever, o que parecia ser um preparo rápido (no site da Band, também há a receita, mas dada com aquela má vontade, faltando etapas - lá se fala em 20 minutos) demorou um tempão. Além de abrir a massa, assar no forno até ficar dourado e seco leva algum tempo (li depois, em outro lugar, que a massa deve descansar na geladeira e leva manteiga). A montagem, por outro lado, é bem rápida - só cobrir com doce de leite e depois com cacau/chocolate em pó. Ainda bem que os demais pratos eram relativamente rápidos.
O tabletón é realmente gostoso (as especiarias na massa fazem de fato diferença, mas acho que eu acrescentaria um pouquinho de açúcar de baunilha), mas não dá pra dizer que é o máximo das sobremesas (o Delícias à la pâtissière, por exemplo, é mais gostoso). De todo jeito, valeu a experimentação.
Fiquei obcecada pelo tabletón desde que assisti ao episódio. Guga diz que fico "cega" quando a receita leva doce de leite. Talvez - amo doce de leite (mas não só).
Usei uma receita do Gastrolândia, trocando a erva-doce por cardamomo (incrível, sempre) e o cacau em pó por chocolate do Frade. Estreei também meu termômetro de forno e constatei que o forno aquece bem menos que o indicado nos botões.
Whatever, o que parecia ser um preparo rápido (no site da Band, também há a receita, mas dada com aquela má vontade, faltando etapas - lá se fala em 20 minutos) demorou um tempão. Além de abrir a massa, assar no forno até ficar dourado e seco leva algum tempo (li depois, em outro lugar, que a massa deve descansar na geladeira e leva manteiga). A montagem, por outro lado, é bem rápida - só cobrir com doce de leite e depois com cacau/chocolate em pó. Ainda bem que os demais pratos eram relativamente rápidos.
O tabletón é realmente gostoso (as especiarias na massa fazem de fato diferença, mas acho que eu acrescentaria um pouquinho de açúcar de baunilha), mas não dá pra dizer que é o máximo das sobremesas (o Delícias à la pâtissière, por exemplo, é mais gostoso). De todo jeito, valeu a experimentação.
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