Cong acabou chegando antes do previsto à nossa casa porque ficou doente. Infestado de vermes e infectado pela doença do carrapato, o pequeno mal ficava em pé e era só pele e osso. Havíamos levado ao veterinário para vacinar e vermifugar - até aí não sabíamos de nada, e só demos o vermífugo uns 3 dias depois, quando Conguito já havia perdido o apetite e algum peso. Então, os parasitas do mundo todo deram as caras. Voltamos ao veterinário e ele acabou sendo internado com anemia profunda provocada pelas referidas doenças.
Quando Cong apareceu, Zen surtou. Já o havia visto antes aqui e feito seus fusss, mas, quando sacou que o outro vinha para ficar, se rebelou e ficou um dia inteiro só rondando a casa, sem entrar, sem comer nem beber. Foi desesperador. Consegui no outro dia fazê-lo comer na minha mão, num canto fora de casa onde ele se entocou. Eu chorei. Depois consegui trazê-lo para nosso quarto, conversei muito com ele, acarinhei-o muito e ele dormiu exausto na nossa cama.
Hoje, fiz o mesmo processo - ir atrás com a comida, afagar, conversar, trazer para casa, mostrar que ele é querido aqui. Aos poucos ele tem voltado a entrar em casa, mesmo mantendo um olho vigilante no pequeno que fica indo para lá e para cá, rabinho abanando após a diminuição da anemia. Há pouco, Zen dormia em nossa cama, sob a manta, como quem "não aguenta ver mais nada".
O que sei da convivência com gatos é que tudo pode acontecer. Pode tudo ficar bem, pode rolar uma guerra fria, pode haver um novo abandono do lar. Os cães são mais adaptáveis, sem dúvida, e nos ensinam muito sobre amor incondicional (Conguito já nos segue por todo lado e dorme aos meus pés enquanto cozinho). Mas os gatos nos ensinam tudo sobre a impermanência da vida - que carrega até mesmo o amor incondicional em seu roldão. Por isso a expressão "soltar os bichos" ganhou um novo significado para mim. Ah, esses gatos! Ah, esses cães!
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Soltar os bichos (sem que eles se matem)
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Tudo de bão
Cabeceira
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- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla
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