Acho que poucas coisas são tão importantes quanto criar. Um ser, um projeto, um prato, o que for. Não simplesmente executar uma tarefa, mas estar presente na concepção/composição/evolução todo o tempo. Respirar junto até que se venha à luz.
Talvez por isso tenha me ocorrido que criar é a melhor forma de saber-se. Quem eu sou? Do que sou capaz? Como minha alma devolve ao mundo o que vejo e sinto? Como sinto o que vejo, o que ouço, o que toco? Minha criação fala por mim.
Já contei aqui que comecei a bordar inesperadamente e sem nenhuma noção do que fazer em seguida. Simplesmente comecei a fazer. Naquele momento, a alma borbulhante pedia linha, agulha e tecido para contar de si, de mim. E eu fui gostando do que via, quase não surpreendida de já ter logo me metido a bordar - como um saber ancestral, atávico, que estivesse lá no fundo guardado, adormecido. Não que haja grande técnica no que faço, mas minha verdade lá está, coloridamente rústica. É o que me basta.
Entonces hoje quis pegar nos paninhos bordados, olhá-los bem de perto, alisá-los. Para saber-me de novo, para lembrar quem sou, de tudo que sou capaz.
E gosto do que vejo no sentido-bordado, e sei-me menina, rio, música, flamboyant.
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- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
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- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
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