quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Paris 6: nhoque maravilha e crème brûlée frustrante

Fazia tempo que não ia a um restaurante, no sentido estrito. Já há algum tempo nos limitamos à comida que eu faço, a alguns fast foods, ao mexicano preferido e à pizza bem eventuais. A última experiência de um almoço ou jantar de fato deve ter sido em um restaurante em Imbassaí, há vários meses. Eu adoro cozinhar, ir beliscar alguma coisa de vez em quando, comer pizza, acho que tudo tem seu lugar. Por isso é que às vezes bate saudades também de ter alguém cozinhando de fato para mim, uma comida mais caprichada, um molho com mais especiarias etc. etc. Ainda por cima, sem que eu precise me preocupar com a louça em retribuição à comida oferecida (porque, afinal, a retribuição, nesses casos, é monetária). 
Bueno, ontem resolvi almoçar no Paris 6, no Iguatemi. Restaurante bonito, com quadros de artistas baianos espalhados pelas paredes. Não tem muita cara de bistrô, mas também não se parece com um restaurante francês refinado - está mais para America, na verdade. Um ruído ensurdecedor de conversa me recebeu. Parecia que estava havendo diversas confraternizações pelo salão, frequentado no momento por um público predominantemente formado por pessoas acima de 65 anos. 
Já havia visto o cardápio do restaurante, e me lembrei de um nhoque de brie, que me pareceu bem interessante. A opção com molho de tomate e acompanhada de galeto se chama Julia Lemmertz, porque o dono do restaurante prima por criar pratos para artistas-amigos (acho meio brega, mas enfim). 
Pedi o nhoque de brie com galeto à la Julia Lemmertz, e logo percebi que ia demorar, a julgar pelas inúmeras mesas servidas apenas com copos e taças (sendo muito otimista, podia ser que todo mundo já tivesse terminado de almoçar). O barulho a essas alturas já me incomodava muito e coloquei os fones do celular para ouvir uma aula do Carlos Kristensen. No entanto, em uns 15 minutos, meu prato chegou. Com muito molho, o que dava a impressão de que tinha mais nhoque do que havia de fato. O frango bem dourado. Bonito. 
Estava muito, muito gostoso. Bem temperado, carne macia, nhoque delícia. Tanto que resolvi me arriscar, deixando de lado meu controle de doces, e pedi um crème brûlée. Me bateu um arrependimento na primeira colherada: a casquinha era quase nada crocante, o creme tinha gosto amanteigado. Era feito com baunilha de verdade - lá estavam os pontinhos pretos. Ainda assim, comi tudo, esperando que aparecesse o café que pedi e não veio. Antes não tivesse pedido a sobremesa, pois foi uma curva descendente no almoço. Uma pena. 
De qualquer modo, a experiência foi mais positiva que negativa. Pelo preço (100 reais para uma pessoa), porém, esperava um almoço não suntuoso, mas correto do início ao fim. E ainda posso cometer a arrogância de dizer que meu crème brûlée é mais gostoso, imagine só. 

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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