Tive uns 3 dias de completa ressaca moral após o primeiro turno das eleições. O que mais me estarreceu no resultado do genocida foi constatar que há muitos brasileiros que preferem ignorar todas as ações contra a vida e os direitos humanos realizadas pelo belzebu em exercício. Ou talvez até as louvem. Ou seja, somos piores do que pensávamos, e não me saía da cabeça a música de Aldir Blanc, "Querelas do Brasil", a obra de um compositor vítima justamente do projeto de morte da atual presidência. Aldir, que morreu com insuficiência cardiorrespiratória provocada pela Covid, por falta de vacina, por abandono, por completa indiferença do genocida, que, claro, nem sequer lamentou a morte do artista genial, como faria qualquer chefe de Estado.
Continuamos, portanto, até dia 30 de outubro, sem saber o que será da vida neste país. Tudo é tão tênue, tão frágil, tão inseguro, e isso se reflete em todas as instâncias da vida para além da política - no trabalho com parceiros escorregadios, na suspensão de projetos e esperanças, na possibilidade de perder Kong a qualquer momento (a veterinária disse que ele tem uma expectativa de vida de 2 anos).
Olho para dentro da vida, e vejo a indefinição, a realidade gasosa/líquida de Marx/Berman e Bauman ditando nossos dias. Olho para fora e vejo, com horror, a violência, o ódio ao diferente, a indiferença diante da iniquidade, a normose como regra. Tenho cada vez mais dúvidas se conheci o país que habito, que me parece cada vez menos meu.
Olho para dentro da vida, e vejo a indefinição, a realidade gasosa/líquida de Marx/Berman e Bauman ditando nossos dias. Olho para fora e vejo, com horror, a violência, o ódio ao diferente, a indiferença diante da iniquidade, a normose como regra. Tenho cada vez mais dúvidas se conheci o país que habito, que me parece cada vez menos meu.