sexta-feira, 7 de outubro de 2022

O Brasil não conhece o Brasil

Tive uns 3 dias de completa ressaca moral após o primeiro turno das eleições. O que mais me estarreceu no resultado do genocida foi constatar que há muitos brasileiros que preferem ignorar todas as ações contra a vida e os direitos humanos realizadas pelo belzebu em exercício. Ou talvez até as louvem. Ou seja, somos piores do que pensávamos, e não me saía da cabeça a música de Aldir Blanc, "Querelas do Brasil", a obra de um compositor vítima justamente do projeto de morte da atual presidência. Aldir, que morreu com insuficiência cardiorrespiratória provocada pela Covid, por falta de vacina, por abandono, por completa indiferença do genocida, que, claro, nem sequer lamentou a morte do artista genial, como faria qualquer chefe de Estado. 
Continuamos, portanto, até dia 30 de outubro, sem saber o que será da vida neste país. Tudo é tão tênue, tão frágil, tão inseguro, e isso se reflete em todas as instâncias da vida para além da política - no trabalho com parceiros escorregadios, na suspensão de projetos e esperanças, na possibilidade de perder Kong a qualquer momento (a veterinária disse que ele tem uma expectativa de vida de 2 anos). 
Olho para dentro da vida, e vejo a indefinição, a realidade gasosa/líquida de Marx/Berman e Bauman ditando nossos dias. Olho para fora e vejo, com horror, a violência, o ódio ao diferente, a indiferença diante da iniquidade, a normose como regra. Tenho cada vez mais dúvidas se conheci o país que habito, que me parece cada vez menos meu. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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