terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Dal de ervilha seca

Que eu amo comida oriental, seja do Oriente Próximo, Médio ou Extremo, não é segredo pra ninguém, logo se nota pelos posts. Vivo passeando por grãos, leguminosas e especiarias. Curry é uma coisa que eu amo especialmente, e como estou ainda na fase das leguminosas por conta da alimentação anti-inflamatória e pelo aporte proteico, o que me fez redescobrir o amor pelo feijão com arroz, a dupla perfeita dos aminoácidos completos, volta e meia acho uma forma diferente de preparar o meu pê-efe oriental. 
Hoje foi a vez da ervilha seca, que eu volta e meia comprava com um quê de desânimo por achá-la tão limitada à sopa com bacon ou linguiça. Rita Lobo ouviu minhas preces e destacou no instagram uma receita de dal, o típico cozido de lentilha indiano, feito com ervilha seca. 
Confesso que, para além de cúrcuma, gengibre fresco, semente de coentro, cominho em pó, canela em pau, tomate, cebola e alho, eu adicionei um pouco de lentilha cozida, canela em pó e curry em pó. Ficou uma perfeição, perfumadíssimo e delicioso. Agora sim, a ervilha tem seu lugar cativo nesta cozinha. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Têxteis

Já disse em algum momento que eu amo um paninho. Adoro estampas - ainda quero fazer um curso com o Celso Lima de estamparia. E sou a rainha de aprender uma atividade só para executar um projeto (quase nunca me aperfeiçoo depois na atividade, uma pitada ariana na personalidade). Daí que vi uma estampa em um vestido de loja de departamento que tinha tudo a ver comigo, mas o site dizia que meu número já tinha acabado. Mesmo assim, tentei comprar em outra numeração, maior, para depois fazer acertos na costureira. Por alguma razão desconhecida, não consegui. Ou melhor, consegui, mas depois o site me informava que tinha desfeito a transação, e que não era possível entregar no endereço dado, embora, em tese, fossem feitas entregas em todo o país. Tentei de novo, mesma coisa. 
Só que o algoritmo me exibia todo santo dia o bendito. Tive uma ideia de jerico: mandar o vestido para outro endereço e pedir para o destinatário me enviar para cá. Lu foi minha escolhida; topou na hora. Consegui fazer a compra (temerariamente, um número menor, dessa vez) dei o endereço e o nome dela. Sucesso.
Dali a alguns dias, num sábado, me ligam em busca de Lu. Para fazer a entrega. Ela não estava em casa, e o prédio não tem porteiro. Claro que não entregaram. Só consegui falar com ela horas depois. Mas, beleza, havia ainda duas tentativas. 
Dois dias depois, por fim, entregaram para ela, que conseguiu postar no mesmo dia no correio. Chegou, abri. Não era off white como eu imaginava, mas mais para creme. Tecido menos encorpado do que eu imaginava. Com forro até a metade. Obviamente, nem fechava, aliás, nem que eu emagrecesse os tais 8 kg da minha meta em um dia. 
Mas a estampa estava lá, lindona. Traço preto sobre quase branco. Matriarcas indígenas. Às vezes me sinto mais indígena que oriental, talvez de tanto ouvir falar da minha semelhança com povos originários. Que fazer? 
Nem tive de pensar muito. Já fui logo tirando o forro, que só de me imaginar usando já morro de calor. O tecido não é transparente, qualquer coisa ressuscito uma das tantas combinações de vestido que tenho e quase nunca uso. Bueno. Ia ter de aumentar o tecido para caber. 
Examinei as laterais, para ver se conseguia pregar uma faixa de cada lado. Já o zíper embutido de um dos lados me impedia pela dificuldade de desmanchar e não saber remontar. Daí vi a costura no meio das costas e resolvi colocar ali uma faixa de gabardine. 
Agora aguardo a chegada de uma mini máquina de costura para terminar de pregar a faixa e usar meu vestido customizado. Podia levar na costureira, mas decidi aprender uma coisa nova, só pra variar. 

Climatério sem açúcar, com afeto

Comecei a seguir e ler a Sílvia Ruiz, do Ageless, quando ainda não tinha me dado conta da minha situação de mulher de quase 50 anos. Gostei dos textos e matérias, acompanhei um evento do UOL comandado por ela e com presença de outras figuras muito interessantes, como a Maria Cândida, jornalista que também sigo e que também trata das questões femininas pós-45. 
Não só continuei me identificando com os temas femininos e feministas tratados na coluna e no instagram, como aos poucos me vi como a própria mulher recém-chegada ao climatério, esse tema ainda tabu, mas graças à deusa cada vez mais desmontado pelas mulheres contemporâneas. De repente, ou nem tão de repente, um calor noturno de ensopar a cama recém-comprada. Uma insônia batendo em quem nunca teve problemas para dormir. Desconfio que minha quase depressão de alguns anos talvez já fosse um sinal dessa etapa a que ninguém escapa, com mais ou menos sintomas. E as securas de todo tipo? Ah!
Então, há pouco, a Sílvia resolveu lançar um minicurso, uma jornada, como ela diz, da SuperIdade para mulheres 45+. Chamou especialistas de sua confiança para dar dicas sobre alimentação, atividade física, reposição hormonal, vida sexual e criou uma comunidade para discutir esses temas. 
Embora o curso seja realmente bem breve, curti as dicas todas, e resolvi abraçar o desafio da nutricionista que propõe uma alimentação menos inflamatória (como eu vinha fazendo com minha nutri), o de ficar um mês sem consumir açúcar, trigo, álcool e fritura. O mais difícil para mim, com certeza, é o açúcar, mas, como eu estava desde meados de janeiro, depois de voltar a me pesar, num programa pessoal de "açúcar mínimo", não foi tão difícil assim. Ainda coincidiu com o passeio do Dois de Fevereiro, em que eu teria de levar um doce e uma torta salgada, e assim adaptei minha torta de ricota e espinafre com a farinha de arroz (e ficou maravilhosa) e descobri no site Plantte uns muffins de banana, aveia, peanut butter e chocolate 80%, os novos queridinhos aqui de casa. 
Claro que nada disso ajudaria tanto se não fosse meu esforço em me manter ativa praticamente todo dia. Tenho tentado não ficar tanto sentada ao longo do dia e também fazer algum tipo de atividade física, nem que seja esticar um pouco a caminhada até o supermercado (e como tenho ido dia sim, dia não ao supermercado para economizar, isso já faz parte do cotidiano). Monitoro a ingestão de água para garantir meus 2,3 L diários e comprei chá de amora, enquanto não faço exames para medir os hormônios, para diminuir os calores noturnos. Voltei a tomar ômega 3 e tribulus terrestris para dar uma forcinha ao ânimo. (Se fosse seguir todas as dicas do programa, sairia bem caro - o acesso à boa alimentação e à saúde equilibrada não é nada democrático neste país; envelhecer não é nem bom nem ruim, é natural, mas pode ser bom ou ruim a depender das condições econômicas, físicas e psicológicas de cada um.)
Já vejo mudanças, todo mundo já vê também, mas o caminho é longo, é até o fim da vida, sem retorno. Ladeira abaixo? Não, sempre em frente, sem muito tempo para passados. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Odoya Yemanja!

Foi tudo tão incrível e perfeito, da organização carinhosa e atenta de Cris à reunião de um grupo harmonioso e alegre, do tempo perfeito à emoção de estar no meio da procissão de barcos que acompanhavam as oferendas a Iemanjá, que é difícil descrever com precisão o nosso Dois de Fevereiro, meu primeiro a bordo de um barco e meu primeiro passeio de barco na Baía de Todos os Santos desde que pra cá viemos. Até boia para alto-mar testei (ainda meio desengonçada, mas já me deu coragem de ao menos entrar nesse marzão lindo). 
Como muitos ali disseram, mais a agradecer que pedir. Que a Mãe nos abençoe com olhos que permitam apreciar toda beleza da vida e amigos bons com quem compartilhar, e que venha o que vier, como tudo na natureza. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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