Na última semana, foi difícil andar na linha em termos de alimentação. Bolo de aniversário de sobrinho, matar a saudade de comida baiana, uma feijoadinha aqui, uma pizzinha de shitake ali e - o melhor dos motivos - o aniversário de Guga.
Resolvemos sair pra jantar - queríamos ir ao Accanto, mas estava rolando um evento exatamente no dia do aniversário dele. Depois decidimos ir a um bistrô já conhecido, o La Tartine, porém acabei fazendo uma pesquisa e descobri dois lugares bem conceituados, com bom custo-benefício. Mais importante: com características verdadeiras de bistrô. Sim, porque acontece de a ideia de bistrô aqui ser apropriada como algo mais
cult e, portanto, cara - o que não costuma acontecer na França, onde os bistrôs são lugares charmosos mas acessíveis, parte do dia a dia dos moradores.
Pois liguei primeiro para o Le Jazz, na rua dos Pinheiros, bem cotado, sempre disputado, lugar pequeno com fila, aquelas coisas. A moça que me atendeu disse que a "cota de reservas" já tinha acabado (ele nem consta no sistema do Restorando, que faz reservas gratuitas e na hora pela internet). Sem mais - nem me convidou para ficar na fila. Parti então para reservar lugares no
Le French Bazar, na mesma região.
Adoramos o lugar. Havia alguns garçons pouco experientes mas muito simpáticos e prestativos (quase dei banho de vinho num deles, que continuou sorrindo depois disso) e algumas referências ao Tintin, personagem do Hergé (eu acho meio chato, mas whatever, lá estavam quadros,
bandes dessinées, a predileção do dono exposta no lugar). O local (apesar do Tintin) é muito agradável, com reservados de couro, espelhos estrategicamente colocados para ampliar o espaço, cores aconchegantes, iluminação correta e um balcão com café e bebidas voltado para fora (onde também há algumas mesas na calçada).
E a comida? Muuuuuito boa! E pensar que cogitamos ir ao La Tartine! Guga pediu lombo de cordeiro com pesto de pistache e purê de batata e alho; eu fui de
confit de pato com risoto de grãos e cogumelos (e adivinhem o que veio no meu prato? Aceto balsâmico! Somos mesmo unha e carne). Ou seja, fizemos escolhas arriscadas - são duas carnes que, se passarem do ponto, bau-bau.
No final, nos demos muito bem. Já disse que a comida era muito, mas muito boa? Melhor acompanhada de um
pinot (nacional, Dadivas, do Rio Grande do Sul) - a carta tinha preços meio salgados, mas nada que se compare à do La Casserole, irreal, com um dos vinhos a 12 mil reais (já aventamos a possibilidade de o vinho nem existir, ser só uma tentativa de agregar valor à casa - embora a comida já seja ótima). De sobremesa, dividimos (casal que divide emagrece junto) um
pain perdu (rabanada) com
crème anglaise e sorvete de baunilha, nham. Tudo servido lindamente.
A única coisa estranha foi que no dia seguinte acordei com uma fome monstro - acho que o risoto ativou uma parte adormecida do meu cérebro. Todo aquele amido...