No dia 171, temos presidente fazendo campanha para que os brasileiros se vacinem só se quiserem, capangas do prefeito carioca nas portas dos hospitais tocando o terror para evitar a veiculação de informações negativas sobre o sistema de saúde, a dança dos ministros para julgar políticos e a si mesmos, 123 mil mortos no país por covid-19, a bizarra Flordelis amante-mãe-sogra-assassina some no mundo, mais meninas sendo engravidadas por parentes próximos, o Brasil é realmente um país difícil de encarar.
Reunião de trabalho, infecção dentária tratada com antibiótico, dorzinha do piriforme querendo se reinstalar, pensamento no bolo de aniversário da sogra, promoção irresistível de vestidos que provavelmente serão usados em casa, um tortano de presente para um encontro que acaba não acontecendo, uma compra de cobertores para doação desfeita porque não realizam entrega, um aviso sobre um curso interessante de literatura e gastronomia. Tudo é um vir a ser como se a gente ainda tivesse tempo para esperanças.
Porém, o que persiste é a vontade de largar tudo, de nunca mais fazer tarefas domésticas, coisa que aliás não desejo pra ninguém. A perspectiva de permanecer ainda muito tempo nessa forma encolhida de viver é desoladora, não tem sentido nenhum. Talvez a meditação proposta por amigos ajude a reencontrar um eixo, talvez a arte traga alguma reconexão. Talvez, talvez. O talvez é nosso presente e nosso futuro.
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