Como já imaginávamos, 2021 começou e pouca coisa mudou. Prosseguimos na pandemia, quarentenados, já com a chuva dando as caras após uma trégua de um mês. Dez meses e meio de quarentena, mas agora com mais temor da Covid-19, que vem de novas cepas do vírus, imagine só. Além das loucuras e desmandos diários do governo federal, da violência crescente contra mulheres, trans, negros e pobres, do aumento incessante dos preços de tudo, de gente vivendo em condições análogas à escravidão em pleno século 21.
Se já estamos normalmente no final da fila de qualquer campanha de vacinação, agora, com a disputa eleitoreira, nem sabemos em que ano seremos vacinados. Talvez só nos reste pagar pela vacina, torcendo para que o valor cobrado caiba no bolso.
Ontem, uma amiga com quem não falava faz tempo, ligou, reafirmando a vontade de voltar a nos encontrar, com esperança na vacina - ela, que faz parte do grupo da quarta fase, conta com ser vacinada ainda este ano.
Realmente não sei quando voltaremos a transitar com mais segurança, e por isso me causa um certo horror ver pessoas conhecidas viajando pra lá e pra cá, postando suas fotos sem máscara com outras pessoas sem máscara circulando ao redor, tudo por uma selfie. Eu entendo que todos estão esgotados com a situação de pandemia, mas simplesmente jogar tudo pra cima me parece mais um ato egoísta de quem não se importa com o coletivo do que uma ação suicida. Sigo enxergando a divisão da sociedade entre quem se importa e quem não se importa. O único meio-tom possível é quem se importa mas não tem condições de ficar em casa, é obrigado a circular etc.
Agora em janeiro tive uma fugaz esperança de encontrar uma pós-graduação, mas acabou-se quando soube que o professor que ministraria uma disciplina com vagas para aluno especial já foi acusado de assédio, machismo e homofobia. Foi inocentado pela instituição, mas resolvi não pagar pra ver. Ah, que mundo torto o nosso.
As coisas boas, a gente vai catando no meio dessa lama toda, como os grupos solidários que, se não conseguem o impeachment do Bozo, pelo menos ajudam quem precisa a sobreviver, caso do recente ECDE, maravilhoso, grupo de compra e venda da galera das esquerdas. As comunidades continuam se organizando para fazer frente à crise e garantir comida no prato da galera, como no projeto Arranjo Local da Penha, no Rio. Há movimentos de ajuda aos amazonenses, que vivem uma tragédia sem precedentes com a falta de oxigênio (suprema ironia) para os pacientes hospitalizados.
Há muita picaretagem, fura-filas da vacina, corrupção na compra de insumos, mas ainda há gente boa, e seguimos tentando manter ao menos a cabeça acima da lama.
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