segunda-feira, 29 de maio de 2023

Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou

Ganhei o primeiro presente para usar na nova casa - uns panos de prato lindos, de minha sogra, que ficou tristíssima com a separação. Afinal, foram muitos anos de convívio, e, mais do que sogra, ela foi minha maior amiga por aqui. Por isso mesmo, inexiste a possibilidade de distanciamento. Aliás, embora minha rede de apoio na Bahia seja pequena, ela é muito preciosa. 
Hoje assinei o contrato de aluguel do apartamento novo. As coisas têm vindo como um rio tranquilo mas de velocidade constante. Tive de visitar só quatro apartamentos para achar o que estava buscando (na última mudança, meio no desespero, mas com muita ajuda inesperada, visitei 12). O novo apê vai me deixar perto de alguns amigos, num bairro bacana, com facilidades para pedestres como eu (e já vi bikes no estacionamento). Com uma planta das antigas, muito bem conservado, num preço que hoje posso pagar. O locatário me fez lembrar muito do dono do meu apê na São João, dessas pessoas que valorizam a palavra empenhada. O corretor também é ótimo. 
Hoje até fez sol, um dia lindo, depois de muita chuva. Recebo com alegria essa luz no meu caminho. 

sábado, 27 de maio de 2023

Que coincidência é o amor?

Depois de 13 anos, eu e Guga resolvemos nos separar. 
Apesar da melancolia (e não dor, porque evoluí bastante nos últimos dez anos) desse final, vivemos o alívio de tomar uma decisão, de nos abrirmos justamente à incerteza da vida, que pode trazer coisas maravilhosas. 
E quando nos abrimos ao fluxo, como diz minha querida amiga Marisa, tudo acontece. E tudo muda mesmo, todo cambia, como na canção de Mercedes Sosa que Marisa me enviou há dez anos. Estou aprendendo a deixar que o antigo amor se torne uma boa amizade, até em respeito a tantas coisas vividas, boas e más. A não esquecer o que pode ter sido bom, a não jogar tudo fora, porque seria o mesmo que apagar minha própria evolução, negar minha caminhada. Isso não, isso nunca. 
Foi um longo caminho, noite adentro e também sob o sol. Buscando dar o melhor de mim ao mesmo tempo que enfrentava meus demônios, e aprendendo, sobretudo, o que realmente é importante na caminhada com o outro: dar as mãos, olhar nos olhos, sem jamais esquecer de si mesmo. E quando é tempo de soltar as mãos, soltamos. Respeitamos que os caminhos que se cruzaram sigam paralelos, sem se perder de vista enquanto valer a pena que assim seja. Podem recoincidir, ou não. 
Enchemos os pulmões de ar e seguimos, bravamente. 

domingo, 14 de maio de 2023

Queijadinha, escondidinho e galetes de aipim

Aipim é uma coisa que sempre tem em casa. Na casa de meus avós nunca faltou, mas normalmente como parte do café da manhã, à maneira de tantas casas nordestinas. Aqui em casa, acabou virando parte do almoço - eu prefiro como tira-gosto, fritinho, mas enfim.
Mas, justamente porque não gosto do mesmo formato sempre, separei uma parte para testar outras receitas. Achei no Panelinha receitas de queijadinha e de galetes. Também já queria há algum tempo fazer escondidinho comme il faut. Fiz as três receitas - só achei que a queijadinha podia ser mais doce (pode ser porque usei parmesão em vez de queijo meia-cura). 

Lutar diariamente pela democracia

A gente sabia que não ia ser fácil. As ameaças bolsonaristas ao longo de quatro anos, pioradas no ano passado, agora se configuram nos boicotes do Centrão e dos bozoloides que nem necessitam mais de seu mito para existir. 
Mas o pior é que o fascismo realmente se tornou uma realidade a enfrentar, não só aqui, claro. Muita violência gratuita e explícita todos os dias, especialmente contra mulheres, LGBT, negros e pobres. Mas ter gente do quilates de Flávio Dino, Sonia Guajajara e Sílvio Almeida no governo ajuda a manter a cabeça para fora d'água - seu combate sereno e peremptório ao fascismo nos aquece o coração, nos dá ânimo para prosseguir, apesar dos problemas de dentro e de fora. Voltamos a acreditar que há mais gente que repudia a iniquidade, que bom. 
Havemos de fazer como ensina Ivan Lins, na linda canção escolhida pelo governo chinês para receber Lula (outro momento de emoção proporcionado por esse governo, não perfeito, mas alvissareiro): apesar dos perigos, da força mais bruta, estamos na praça, fazendo pirraça, pra sobreviver. Pra sobreviver.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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