Ando com uma fotofobia gigante. O apartamento é tão claro, e o sol incide sobre a parede externa do prédio, que reflete sobre a tela do computador, meus óculos e tudo. Deve ter a ver com idade, pode ser astigmatismo aumentado, enxaqueca por compressão da cervical, saída de um espaço menos claro, e preciso mesmo ir ao oftalmologista, mas me parece também metáfora da vida - uma claridade renovada, reconquistada, diante da vida.
Saio por aí e olho tudo com atenção redobrada, mesmo de óculos escuros. Vou ganhando a cidade do jeito que sei fazer - palmilhando, fruindo, conversando com os locais, colhendo informações, histórias e gentilezas. Já há quem me trate como local, mesmo me sabendo estrangeira. E também ganho companhia na rua, como o doguinho caramelo cotó que foi me acompanhando até o ponto de ônibus.
Zenzito, que pirou na primeira semana, já conquistou também os novos espaços - menores que os anteriores, mas os gatos nos ensinam sempre a arte da adaptação, da flexibilidade, da não invasão. Ele ainda tem a linda vizinha Ayla, que vem sempre contemplá-lo algumas vezes por dia. Talvez promovamos, eu e a dona de Ayla, o encontro dos bichanos qualquer dia.
A rosa do deserto já mostra que gostou do novo espaço, exibindo novos botões a cada dia. Logo outros vasinhos devem lhe fazer companhia.
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