Quando eu tinha 6 anos, preparei com minha irmã uma coreografia para a
música "Dancin' Days", das Frenéticas, que apresentava nas festinhas de
fim de ano na vizinhança. Adorava o convite feito pelas moçoilas glamorosas para a dança, mesmo "sem saber dançar", mesmo sentindo e sofrendo.
Com o tempo, percebi que a vida é como essa dança. Podemos ficar parados no salão, vendo tudo acontecer, ou participar do baile. Arriscar-se a dançar sem saber pode ser doloroso no início, mas pode tornar-se cada vez mais divertido, e pode-se aprender a dançar e até virar a estrela da sua pista de dança.
Sempre arrisquei meus passinhos na pista. Não cheguei aqui ilesa (haverá alguém que chegue?) - tenho marcas no corpo e mais ainda na alma. Mas sinto ainda um apetite de adolescente pela vida, uma curiosidade enorme pela próxima música. Se curti os 30, quando me descobri mais seletiva, vejo os 40 chegarem com aquele friozinho na barriga de primeiro dia de aula (para mim, que adorava o primeiro dia de aula), de primeiro baile: tudo pode ser. O corpo não me deixa esquecer que podem pesar os 40, mas o espírito continua acreditando que tenho a força de duas mulheres de 20. Com a vantagem de não digerir mais as coisas com pressa, ou nem digerir, e sim sorvendo-as devagar, prazerosamente, ou simplesmente ignorando o que não for prazeroso. Podendo dispensar sorrindo o parceiro de dança que não agradar, não topando qualquer canção só para continuar na pista, deixando a festa mais cedo quando achar que "já deu", caprichando sempre na produção e na performance.
E a diversão está só começando, podem acreditar.
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla
Feliz quarentas!
ResponderExcluirGracias, Crau querida! Já estou curtindo! :)
Excluirbeijos