Ainda tenho um longo aprendizado sobre a arte do desprendimento. Especialmente no que se refere à partida de pessoas queridas.
Minha querida Cely nos deixou ontem. Nos últimos anos, a saúde mais frágil foi retirando-a do nosso convívio. Nas últimas semanas, quando chegou a notícia de mais uma internação, lá no fundo algo me disse que era a última. E mesmo me preparando para uma possível despedida, meu coração doeu ao saber da notícia.
Encontrei esta foto no Facebook, da página da Iza, que conhecia muito bem a Cely, de muitos anos de Anglo. E me apropriei da imagem. Cely entre livros, sorridente. Acho um flagrante extremamente feliz, que traduz muito dessa pessoa generosa, bem-humorada, brava quando convinha, maternal sempre. Boa parte do que sei, devo a ela. E mesmo não tendo convivido com ela de forma mais íntima, era uma pessoa a quem eu sempre quis um bem imenso, e cuja presença, mesmo esporádica, sempre me alegrava.
Falei sobre ela com amigos um dia antes de sabermos da internação. E hoje, embora lamente sua falta e o não termos conseguido marcar uma última visita (ela havia ficado de me avisar quando estivesse com mais tempo), quero ficar com essa imagem. E com a do arco-íris esplendoroso que me surpreendeu na volta da despedida, me lembrando da alegria de ter convivido com Cely. Ou como um sinal de que os anjos estão em festa com a paz que ela conquistou.
domingo, 15 de março de 2015
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla
Cely, grande Cely, que plantou em mim o que floresceu.
ResponderExcluirNossa, como aprendi com ela! Como! O tempo todo!
Felizmente pude lhe dizer isso em mais de uma ocasião, mas preciso dizer ainda uma vez aqui, em partilha com vc, Solange, e com quem mais vier.
Sem tirar nem pôr, o que há de melhor na minha vida hoje - os livros, os gatos, os temas de pesquisa, a relação com os alunos, gente como vc, querida Solange... - tudo veio de conviver com ela lá atrás, intensamente, trabalhando, trabalhando, trabalhando sobre os textos.
Essa foto é mesmo a cara dela!
E também o arco-íris na despedida.
Luciana
Ah, Lu, com suas palavras, quantas imagens vieram à lembrança! Como ela colaborou mesmo para tanta coisa boa que há em nossas vidas, inclusive os amigos! beijos, e obrigada por compartilhar!
ExcluirConcordo com a Luciana: a foto é a cara dela, com um sorriso meio tímido, destoando um pouco dos olhinhos azuis agitados e dos lábios falantes... Mas ela tinha uma disposição pra ouvir tão rara, tão preciosa... E era mesmo maternal, generosa, sem deixar a braveza quando convinha. Qta sdd! Mas o arco-íris é mesmo um ótimo sinal, Sol!
ResponderExcluirFátima, me alegro muito em ver os amigos expressando o carinho e admiração que tinham pela Cely - são laços que permitem que o seu legado permaneça conosco. Isso é a eternidade. beijos
ExcluirConcordo com a Luciana: a foto é a cara dela, com um sorriso meio tímido, destoando um pouco dos olhinhos azuis agitados e dos lábios falantes... Mas ela tinha uma disposição pra ouvir tão rara, tão preciosa... E era mesmo maternal, generosa, sem deixar a braveza quando convinha. Qta sdd! Mas o arco-íris é mesmo um ótimo sinal, Sol!
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