Diante do touro de bronze de Wall Street, surgiu, no Dia da Mulher, uma desafiadora menina. Ainda não definitiva no local, a escultura pretende mostrar o papel das mulheres no mundo, especialmente o dos negócios.
Vejo muito mais nesse enfrentamento. Vejo a luta diária de milhões para serem ouvidas, respeitadas, valorizadas.
No Dia da Mulher, que deveria ser o dia de lembrar e apoiar a luta pelos direitos da mulher, e não apenas dia de comprar flores e bombons, saí com uma fita lilás presa à bolsa. Não vi uma única mulher, nos dois shoppings por onde passei, usando roxo ou lilás, como havia sido conclamado nas redes sociais. Sei que no centro de Salvador houve marcha das mulheres, normalmente as mais carentes/negras, como também em São Paulo, mas nos lugares aonde fui (de maioria branca e classe média) parecia que nada estava acontecendo. Minto: a livraria Saraiva estava vendendo a rodo, após anunciar descontos para mulheres nos livros de moda, gastronomia, romance, autoajuda, maternidade - mas não nos de engenharia, contabilidade, títulos acadêmicos etc. Preciso comentar?
Na menina sem medo de Wall Street, ela mesma uma homenagem temporária, vejo o quanto falta conquistarmos, em igualdade de direitos, de salários, de oportunidades, em não sermos abusadas de alguma forma todos os outros dias. O quanto falta para os próprios companheiros compreenderem o absurdo da fala presidencial, de que o papel da mulher é cuidar da família, dos filhos e atuar como fiscal de supermercado.
sexta-feira, 10 de março de 2017
Fearless girl
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