quarta-feira, 22 de abril de 2020

Congelados, soja, Chauí e a importância do pensar

Acho que até o final da quarentena, sabe Deus quando será, terei me tornado a louca dos congelados.  Ando querendo cozinhar, branquear e congelar tudo o que tem no armário. Quando vi que a ricota ótima que comprei estava prestes a expirar, fiz com ela um recheio para uma massa verde - cozinhei rapidamente, resfriei e congelei. Ia fazer quibe para congelar, então cozinhei toda a quinoa que tinha - mas soube por minha sogra que a proteína de soja é uma roubada; projeto quibe de soja, portanto, abortado. Mas daí tem a lentilha - que junto com a quinoa rende almôndegas, projeto novo da semana. Já estão na fila o feijão fradinho, o arroz branco e o milho para canjica. As bananas que vão amadurecendo rápido também são picadas em rodelas e congeladas. Dá pra congelar até repolho cortadinho, uma beleza. E o pesto, então? Não fico mais sem. 
Até comprei uma bombinha para sugar o ar das embalagens plásticas, mais barata e mais ecológica que aquelas seladoras Polishop e congêneres; deve chegar na semana que vem, entonces o congelamento será pleno.
Além do ótimo curso de congelamento de alimentos do Senac, que me deu todas essas dicas, resolvi fazer, por indicação da minha amiga Simone, um curso sobre pensadoras da Casa do Saber (umas posições em Gêmeos no mapa astral explicam). Simone falou especialmente bem do curso da Marilena Chauí (na foto acima, de Bob Sousa) sobre Gilda de Mello e Souza e Clarice Lispector. 
Nos últimos tempos, só me voltei para as pesquisas em gastronomia e leituras algo repetitivas de trabalho. Pouca literatura, quase nada de textos "de humanas". Putz, foi ver a Chauí no tal curso para eu me lembrar como isso é importante, essencial para mim. Como me emocionava ao ouvir algum professor dividindo seu conhecimento, falando com clareza, a coisa mais linda que há. Como me faz falta ler Clarice e tantas e tantos, ler pensadoras e pensadores tantos e tão competentes.
Temos sido soterrados por tanta tacanhice, ignorância, inverdade, que essa luz do conhecimento em nós acaba se apagando um pouco, por contato. Mas é de novo emocionante vê-la voltar a brilhar diante da palavra bem empregada, do tema fundamental, da importância do pensar para a existência. Voltamos a existir, somente por essa luz.

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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