terça-feira, 28 de abril de 2020

Dia da Marmota, A Peste e por aí vai - ou volta

Entramos na sexta semana de quarentena. A rotina, ainda meio capenga - treinos de vez em quando, só o pilates segue firme embora caseirão; a bike, abandonada. Continuo torcendo para meu dente trincado permanecer quietinho. Os cabelos, uma versão sem coiffure dos de Renata Vasconcelos, chegarão ao fim da infinita quarentena totalmente quebrados pelo uso de elásticos. Pelo menos, o melasma deu uma boa diminuída pela falta de sol na cara. As mãos sequíssimas pelo uso do álcool e do sabão pedem socorro e hidratação. A pele do rosto, meu Deus, nem se fala, grita por uma limpeza decente.
Os dias são de muita louça, fazer faxina semanal (lembrando o tempo todo de muitos detalhes deixados de lado), cozinhar três vezes por dia. Os cuidados com roupa dependem da existência ou não de sol, porque agora só chove por estas terras. De vez em quando, quando sobra tempo, trabalho no material da editora. Ou tento ler os textos da pós.
O tempo passa cada vez mais rápido, e logo é dia de faxina de novo. As más notícias se repetem na TV e na internet. Por fim, vivemos a distopia que só víamos em filmes e livros. Uma tristeza geral toma conta das pessoas queridas. Estamos todos presos em um tempo suspenso, sem vislumbre de futuro, sem conseguir avançar um passo, só voltando ao início de cada dia, como no Dia da Marmota. Somos como Bill Murray acordando estremunhado, apercebendo-se de que vive sempre o mesmo dia em looping desesperador.
Inevitáveis essas referências: Feitiço do tempo, Ensaio sobre a cegueira, A peste, O amor nos tempos do cólera. Porque nunca foi tão importante, em tempos recentes, pensar na importância da arte para a sobrevivência da alma. 

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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