Devo estar ficando mais chata com essa história de fazer minha própria comida. Mas, como isso não me trouxe nenhum prejuízo social, não ligo nem um pouco.
Hoje, por exemplo. Agora à noite, depois de encaminhar várias coisas referentes a trabalho. Me deu ganas de comer baguete fresca, quentinha, com manteiga. Fazia uma semana que eu não fazia pão, por falta de tempo. E não tenho tido nenhuma disposição de comprar pão industrializado (é a essa minha chatice específica que me referi no início). Então, como poderia aplacar minha vontade tórrida? Só mesmo colocando a mão na massa.
Fui fazer baguete, talvez pela décima vez. Mas, a cada vez, reparo em alguma coisa. Desta vez, li no livro do Luiz Américo algo sobre colocar o pano sobre a massa modelada e apertar, para manter a forma da baguete. Percebi que nunca fazia assim; primeiro apertava a massa nas laterais para então cobri-la com o pano. E vi que os resultados de uma e outra ação são completamente diferentes!
As baguetes de hoje ficaram mais uniformes, com mais cara de padaria profissional, ainda que artesanal. Hoje também respeitei bem o tempo do forno, sem querer que elas ficassem douradas demais. E foi realmente um deleite comer uma baguete crocante, embora macia (comi uma inteira) com manteiga.
Bom, na esteira desse meu modo "do myself", me encantei, enquanto fazia uma compra na Amazon, com o título desse livro (na foto ao lado) do jornalista norte-ameriano Michael Pollan. Nem sabia que ele era um queridinho da atualidade (ele esteve até na FLIP!), um guru da Slow Food e do resgate do ato de cozinhar como uma forma de viver mais saudavelmente e em contato com a natureza e com os outros.
O fato é que o livro é uma delícia. Bem escrito, leve e bem alicerçado numa pesquisa culinária que passa pela história, sociologia, filosofia e, claro, gastronomia. Com pegada científica e linguagem prosaica, Pollan falou direto ao meu coraçãozinho ansioso pelo simples do viver, que tem no alimento uma das suas mais belas imagens.
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- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
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O pão é um dos alimentos que mais me apetecem, não apenas pelo sabor em si, mas pela simbologia que sempre o acompanhou: ganhar o pão com o suor do rosto, repartir o pão, pão e circo, se não têm pão que comam brioches e por aí afora. Ficaram lindas as suas baguetes. E tem essa coisa da transformação mesmo... na alegoria, o Cristo transforma o pão em seu próprio corpo, e o oferece aos amigos, ensinando-nos que comer é partilhar... adoro suas transformações, Sol. A forma como você transmuda lãs e linhas em histórias, ingredientes em sabores e palavras em carinho. Obrigada por partilhar teu pão. Beijos.
ResponderExcluirSi, uma coisa que tenho percebido é como preciso compartilhar isso tudo - pão, palavra, vivências - com o outro. Por isso minha casa estará sempre aberta para os amigos como você, para compartilharmos o pão em torno da mesa, em qualquer situação. beijos, minha querida carinhosa e leonina!
ExcluirSolange, que vontade de comer pão!
ResponderExcluirHá anos não faço, acredita?! Ainda bem que em São Carlos, onde passo boa parte do tempo, tem o Mamãe Natureza - um almoço mágico-de-bom e pães pra todo dia. Se for até lá, coma no Mamãe, é mesmo uma experiência única!
Grande saudade docê,
Luciana
Saudade grande demais, Lu! Puxa, que bom seria poder te ver este ano. Quem sabe combinamos?
ExcluirQuando for a São Carlos, não me esquecerei da sua dica preciosa. :D
beijos!