Depois que a gente começa a comprar acessórios para pedalar, é difícil parar. Já estou pensando agora em outra bike, mais maciça que LaBelle, com aro maior e tal. Mas, por enquanto, parei na sapatilha - que resolvi comprar depois de ter o cadarço do tênis enrolado no pedivela enquanto voltava da Praia do Forte, um perigo!
Comprei o par de sapatilhas da Spiuk, que veste como uma luva. No começo, a lingueta incomodou um pouco, mas o ajuste no pedivela (ainda sem clip), mesmo com menor área de contato que um tênis, foi rápido.
No mesmo dia da aquisição da sapatilha, toda animada com os insumos ciclísticos, resolvi comprar uma revista Bicicleta, edição do "mês das mulheres" e tive a maior decepção. Uma chamada na capa, "O lado rosa da força" (que, por si, eu sei, já é questionável), levava a uma matéria ridícula, lamentável, escrita pelo editor da revista, sobre as namoradas dos ciclistas que "lavam suas roupas embarradas", aguentam seu mau humor, correm atrás deles com garrafinhas de água ou carboidratos, sempre no papel secundário de torcedoras. Essas mulheres conformadas e subalternas ainda viam sua vida "mudar completamente", imagino que milagrosamente, depois que tinham conhecido seus respectivos senhores, digo, namorados.
A outra matéria da revista supostamente voltada para o público feminino falava do coletivo La Frida, de Salvador. Quer dizer, não esclarece quase nada sobre o papel das meninas, louvando o misterioso projeto (porque, a depender da matéria, ele permanece um mistério) numa linguagem pseudopoética - nem fornece endereço ou telefone de contato ou site, nada que permita saber mais sobre seu trabalho. Uma lástima, mesmo tendo sido escrita por uma mulher.
Em suma, essa revista, que não voltarei a comprar (até a matéria sobre cicloturismo é tosca, um mero relato também pseudoliterário de um fulano que pedalou pelos Andes, sem nenhuma dica útil), perdeu uma ótima oportunidade de se colocar positivamente em um debate contemporâneo urgente, e, no lugar de mostrar as barreiras que as mulheres têm vencido inclusive no mundo dos esportes, mais lembrou uma daquelas revistas femininas da década de 1950 que ensinavam boas maneiras às moças "de bem", certamente belas, recatadas e do lar. Triste, triste.
A outra matéria da revista supostamente voltada para o público feminino falava do coletivo La Frida, de Salvador. Quer dizer, não esclarece quase nada sobre o papel das meninas, louvando o misterioso projeto (porque, a depender da matéria, ele permanece um mistério) numa linguagem pseudopoética - nem fornece endereço ou telefone de contato ou site, nada que permita saber mais sobre seu trabalho. Uma lástima, mesmo tendo sido escrita por uma mulher.
Em suma, essa revista, que não voltarei a comprar (até a matéria sobre cicloturismo é tosca, um mero relato também pseudoliterário de um fulano que pedalou pelos Andes, sem nenhuma dica útil), perdeu uma ótima oportunidade de se colocar positivamente em um debate contemporâneo urgente, e, no lugar de mostrar as barreiras que as mulheres têm vencido inclusive no mundo dos esportes, mais lembrou uma daquelas revistas femininas da década de 1950 que ensinavam boas maneiras às moças "de bem", certamente belas, recatadas e do lar. Triste, triste.
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