Este ano resolvi fazer mais coisas que me fazem bem à alma. Só para mim, meio egoisticamente (embora outras pessoas também possam se beneficiar), só porque me alegram, e não porque preciso delas, ou porque são imediatamente "úteis". Porque as quero. Só isso.
E uma dessas coisas - e neste caso haverá sem dúvida outros "beneficiários" além de mim - foi a oficina de pães de que participei hoje na Masseria, uma boulangerie chique-aconchegante na Lapa. Difícil até contar como a tarde foi gostosa, como passou rápido apesar de um pouco de dor nas pernas pelas quase seis horas em pé. Como o petit comité - somente cinco alunas; o máximo são seis por turma - era muito integrado e simpático. Como o chef boulanger Cláudio, com sua didática incrível, soube tirar o melhor de nós, materializado nos 2 kg de pães que preparamos, amassamos, cozemos e trouxemos para casa. Como Sandra, que nos recebeu, nos emociona contando de seu projeto de criar mais tempo para coisas importantes na cidade onde ninguém tem tempo ou não se importa. Como os pães feitos por eles (tem que provar o de especiarias, de sabores ricos que se revelam aos poucos, como um bom vinho) e por nós (os registrados nas fotos!) são muito gostosos.
E eu creio cada vez mais no encontro de iguais - acabei sabendo que Adriana Haddad, do ótimo blog Ovos Quebrados, é amiga de Sandra. Achei tão bacana, porque as duas, cada uma de um jeito, foi procurar um novo modus vivendi, ligado à gastronomia, que tem efeitos benéficos sobre mais pessoas (aliás, ainda vou fazer um curso de bolos com a Adriana, na sua roça).
Isso só faz aumentar a vontade de ampliar os horizontes, lá até onde vejo, longe-mas-possível - ao alcance da mão, que molda pães e destino.
sábado, 28 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Obra aberta
Não, não é sobre o livro do Umberto Eco, embora tenha um pouco a ver.
Na verdade, este post foi inspirado na obra que estão fazendo em meu banheiro (impossível não pensar também num dos sentidos do verbo obrar - o mais escatológico - quando vejo o modus operandi dos profissionais envolvidos, que fazem tudo L-E-N-T-A-M-E-N-T-E e parece que sem muita certeza do que fazem). Começou há mais de três semanas - era para trocar uma tubulação e estancar um vazamento, virou uma rixa com minha banheira e com a bacia sanitária, e no final quebraram o banheiro todo, incluindo a banheira cinquentona. Resultado: estou sem casa há três semanas, hospedada há duas na casa do namorido, coitado.
O mais interessante é que eu tinha resolvido mudar algumas coisas em casa, pintar cozinha, trocar armários etc. Parece que a energia da mudança tomou tudo, mas acabou perdendo força no trabalho do pedreiro-chefe e seu assistente que só assiste mesmo, encostado no batente, jogando conversa e entulho fora.
Ainda por cima, apareceram outros problemas para resolver no prédio. Hoje, em princípio, iam finalizar o piso e instalar as louças do meu banheiro, o que já me permitiria voltar ao lar. Mas um apartamento do 1o andar foi alagado por conta de um entupimento (eu teria tido um treco!), e abandonaram de novo os trabalhos em mi casita.
Guga já falou do lado bom - um banheiro novo, de cima a baixo -, e eu sou mesmo da turma dos que veem o lado positivo de tudo, aprendizagens etc. Mas, para além do sentimento de desterro e da esperança no novo, fiquei pensando que a vida também pede mudanças de vez em quando, e algumas vezes pede todas de uma feita. E não se pode voltar atrás, como depois que a parede é quebrada. Diferentemente da reforma da casa, porém, ela está sempre pedindo mais, desafiando, colocando tudo abaixo para começarmos de novo sobre novos alicerces. Indefinida, como uma obra de arte contemporânea vista por Eco (olhem ele aí), mas a um só tempo "hoje" e "devir", passado em transformação. Talvez mais que uma opera aperta, um work in progress.
Na verdade, este post foi inspirado na obra que estão fazendo em meu banheiro (impossível não pensar também num dos sentidos do verbo obrar - o mais escatológico - quando vejo o modus operandi dos profissionais envolvidos, que fazem tudo L-E-N-T-A-M-E-N-T-E e parece que sem muita certeza do que fazem). Começou há mais de três semanas - era para trocar uma tubulação e estancar um vazamento, virou uma rixa com minha banheira e com a bacia sanitária, e no final quebraram o banheiro todo, incluindo a banheira cinquentona. Resultado: estou sem casa há três semanas, hospedada há duas na casa do namorido, coitado.
O mais interessante é que eu tinha resolvido mudar algumas coisas em casa, pintar cozinha, trocar armários etc. Parece que a energia da mudança tomou tudo, mas acabou perdendo força no trabalho do pedreiro-chefe e seu assistente que só assiste mesmo, encostado no batente, jogando conversa e entulho fora.
Ainda por cima, apareceram outros problemas para resolver no prédio. Hoje, em princípio, iam finalizar o piso e instalar as louças do meu banheiro, o que já me permitiria voltar ao lar. Mas um apartamento do 1o andar foi alagado por conta de um entupimento (eu teria tido um treco!), e abandonaram de novo os trabalhos em mi casita.
Guga já falou do lado bom - um banheiro novo, de cima a baixo -, e eu sou mesmo da turma dos que veem o lado positivo de tudo, aprendizagens etc. Mas, para além do sentimento de desterro e da esperança no novo, fiquei pensando que a vida também pede mudanças de vez em quando, e algumas vezes pede todas de uma feita. E não se pode voltar atrás, como depois que a parede é quebrada. Diferentemente da reforma da casa, porém, ela está sempre pedindo mais, desafiando, colocando tudo abaixo para começarmos de novo sobre novos alicerces. Indefinida, como uma obra de arte contemporânea vista por Eco (olhem ele aí), mas a um só tempo "hoje" e "devir", passado em transformação. Talvez mais que uma opera aperta, um work in progress.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
A máscara do pânico
O pânico pode ter diversas faces: pode ser pensador, assustador, indagador... Pode até fazer rir!
Se quiser saber por que "é necessário" entrar em pânico, visite http://seroquesoa.blogspot.com.br/2012/04/todo-mundo-em-panico-ja.html
Se você, como eu, não consegue entrar em pânico, compre uma máscara, para pelo menos entrar "no pânico"...
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Vida longa ao bem público
Recebi um e-mail de uma amiga alertando para o fim do site de obras de domínio público, mantido pelo governo:
"Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que
está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar
onde você pode gratuitamente:
· ver as grandes pinturas de Leonardo Da
Vinci;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· ler obras de Machado de Assis ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· e muito mais...
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:
www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por
desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar
reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e
conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da
cultura e do gosto pela leitura."
Eu já me vali diversas vezes das obras disponíveis no site, e a navegação é bem simples. Se, pelo que diz o e-mail, basta só acessarmos mais o site para salvar esse verdadeiro bem público (e ganhamos muito, e todos, e cada um, com isso), por que não fazê-lo? Que tal instituir, copiando a Hora do Planeta, o Minuto (semanal, mensal, vocês decidem) do Domínio Público? Afinal, basta um clique para baixar as obras, que podem ser lidas quando quisermos.
Como nem tudo neste blog é delírio impressionista, fica aqui a sugestão-clamor.
"Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que
está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar
onde você pode gratuitamente:
· ver as grandes pinturas de Leonardo Da
Vinci;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· ler obras de Machado de Assis ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· e muito mais...
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:
www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por
desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar
reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e
conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da
cultura e do gosto pela leitura."
Eu já me vali diversas vezes das obras disponíveis no site, e a navegação é bem simples. Se, pelo que diz o e-mail, basta só acessarmos mais o site para salvar esse verdadeiro bem público (e ganhamos muito, e todos, e cada um, com isso), por que não fazê-lo? Que tal instituir, copiando a Hora do Planeta, o Minuto (semanal, mensal, vocês decidem) do Domínio Público? Afinal, basta um clique para baixar as obras, que podem ser lidas quando quisermos.
Como nem tudo neste blog é delírio impressionista, fica aqui a sugestão-clamor.
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Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla