Passei os últimos dez dias encarando minhas vísceras. Talvez uma intoxicação alimentar, bactérias, excesso de gordura na comida, não sei. Pode ter sido a comida na praia, a salada que tive preguiça de lavar, o queijo frescal que, afinal, não estava tão fresco assim. Não sei. Só sei que às minhas pregressas experiências de mal-estar em Porto Seguro e Belém se juntou a do excesso de gordura que já cometi algumas vezes e desta vez, certamente, repeti. E então fiquei à base de simeticona, Eparema e Atroveran, Gatorade, lactobacilos, muita água - mas sem mudar muito a dieta (o que, junto à falta de exercícios por uma semana, por conta de chuva e mal-estar, já me devolveram um quilo à balança).
Só mudei mesmo a alimentação há uns dois ou três dias, comendo coisas menos temperadas e menos gordurosas, ingerindo menos fibras para não estimular ainda mais o peristaltismo enlouquecido.
Bueno, uma vez quase recuperada, recebi dois livros que comprei pela Amazon, um do sociólogo especialista em comida Carlos Alberto Dória e o da Raiza Costa, obviamente, de confeitaria. O dele me interessa pelas questões de origem da nossa culinária, hábitos comensalísticos e que tais. O dela é uma coisa linda, colorida, cheia de receitas maravilhosas e provavelmente engordativas, mas irresistíveis.
Nessas horas, fico perguntando a mim e a minhas vísceras se não se trata de autossabotagem, querer me aprofundar (e me afundar) na confeitaria quando luto para eliminar uns bons quilos. Pode ser. Mas prefiro tentar usar isso para conquistar o trabalhoso autocontrole e o refinamento do paladar, ao me reservar aos quitutes que realmente valham a pena. No fundo, um espelho da vida que se vai bordando.
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Vísceras, livros e ideias escalafobéticas
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