quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Padaria de Natal

Desta cozinha saiu bastante coisa para o Natal: pães de avelãs, pães delícia, roscas de frutas e panetones diversos - frutas, chocolate e cranberries, chocolate, caramelo. Aliás, que delícia são esses callets de caramelo Callebaut! Agora só quero panetones com gotas de caramelo. 

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Da retina para o papel

No ano passado, rolou uma oficina de bordado aqui em casa, com Luli e Tina. Como Luli ainda não chegou, Tina pediu para vir "costurar" comigo. Expliquei a ela que não sou boa com costura, mas com bordado, e ofereci uma alternativa de criação artística, com colagem, usando tecido e papel. Mostrei alguns exemplos do que já fiz, falamos de seu interesse em ser estilista e botamos a mão na massa.
Ela logo decidiu o que ia fazer e me perguntou se eu não ia começar o meu trabalho também. Pensei, pensei. Diante de nós, as árvores, folhas, o gato descansando. E a paisagem de todo dia colada na retina colou-se no papel.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Mimos dezembrinos

Ainda não é Natal, mas já recebi alguns regalos lindos. Minha cunhada trouxe os temperos que amo e também um aceto balsâmico à base de tâmaras, uma coisa de outro mundo, delicado e potente, uma delícia. Ganhei uma faca de cerâmica no tradicional amigo-secreto do pilates, já em uso. Por fim, recebi um pote com biscoitos caseiros, receita dinamarquesa da minha querida Suely - a gentileza na forma de sabor e perfume de especiarias. 
Para mim, esse deveria ser o espírito de Natal: pequenas delicadezas cotidianas, e não presentes caros (estou em choque até agora com o preço dos brinquedos, inda mais de bonecas plásticas que vão ajudar a poluir mais o planeta). Deveria ser cultivado ao longo do ano, ao longo da vida, não só no âmbito dos iguais, mas por onde passamos. 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Paris 6: nhoque maravilha e crème brûlée frustrante

Fazia tempo que não ia a um restaurante, no sentido estrito. Já há algum tempo nos limitamos à comida que eu faço, a alguns fast foods, ao mexicano preferido e à pizza bem eventuais. A última experiência de um almoço ou jantar de fato deve ter sido em um restaurante em Imbassaí, há vários meses. Eu adoro cozinhar, ir beliscar alguma coisa de vez em quando, comer pizza, acho que tudo tem seu lugar. Por isso é que às vezes bate saudades também de ter alguém cozinhando de fato para mim, uma comida mais caprichada, um molho com mais especiarias etc. etc. Ainda por cima, sem que eu precise me preocupar com a louça em retribuição à comida oferecida (porque, afinal, a retribuição, nesses casos, é monetária). 
Bueno, ontem resolvi almoçar no Paris 6, no Iguatemi. Restaurante bonito, com quadros de artistas baianos espalhados pelas paredes. Não tem muita cara de bistrô, mas também não se parece com um restaurante francês refinado - está mais para America, na verdade. Um ruído ensurdecedor de conversa me recebeu. Parecia que estava havendo diversas confraternizações pelo salão, frequentado no momento por um público predominantemente formado por pessoas acima de 65 anos. 
Já havia visto o cardápio do restaurante, e me lembrei de um nhoque de brie, que me pareceu bem interessante. A opção com molho de tomate e acompanhada de galeto se chama Julia Lemmertz, porque o dono do restaurante prima por criar pratos para artistas-amigos (acho meio brega, mas enfim). 
Pedi o nhoque de brie com galeto à la Julia Lemmertz, e logo percebi que ia demorar, a julgar pelas inúmeras mesas servidas apenas com copos e taças (sendo muito otimista, podia ser que todo mundo já tivesse terminado de almoçar). O barulho a essas alturas já me incomodava muito e coloquei os fones do celular para ouvir uma aula do Carlos Kristensen. No entanto, em uns 15 minutos, meu prato chegou. Com muito molho, o que dava a impressão de que tinha mais nhoque do que havia de fato. O frango bem dourado. Bonito. 
Estava muito, muito gostoso. Bem temperado, carne macia, nhoque delícia. Tanto que resolvi me arriscar, deixando de lado meu controle de doces, e pedi um crème brûlée. Me bateu um arrependimento na primeira colherada: a casquinha era quase nada crocante, o creme tinha gosto amanteigado. Era feito com baunilha de verdade - lá estavam os pontinhos pretos. Ainda assim, comi tudo, esperando que aparecesse o café que pedi e não veio. Antes não tivesse pedido a sobremesa, pois foi uma curva descendente no almoço. Uma pena. 
De qualquer modo, a experiência foi mais positiva que negativa. Pelo preço (100 reais para uma pessoa), porém, esperava um almoço não suntuoso, mas correto do início ao fim. E ainda posso cometer a arrogância de dizer que meu crème brûlée é mais gostoso, imagine só. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Cassoulezinho

Fiz cassoulet. Ficou gostoso. Mas não teve tanto caldo nem casquinha dourada como o que comi em Aix-en-Provence, para mim uma das melhores experiências gastronômicas da vida. Tudo bem, o lugar não podia ser mais especial, mesmo com uma chuvinha fria que caía sobre as ruas históricas da cidade (onde também provei o inesquecível calisson).
Quando a caçarola de ferro fumegante chegou à mesa, e sob aquela camada dourada de pão descobri carnes e feijão quente, minha alma se viu imediatamente aquecida, reconfortada, feliz de estar ali após caminhar com os pés encharcados (tinha conseguido comprar um impermeável, mas não tinha trocado os sapatos) debaixo de uma chuva fina e imprevista.
Aqui em casa, não tinha as caçarolas de ferro para servir. Também não tinha a manha de como dourar a farinha. Finalizei as camadas com as carnes, o que deu ao prato um aspecto mais rústico. Como disse, ficou gostoso. No entanto, o melhor foi, a cada parte do preparo, ir me lembrando daquele dia chuvoso na Provence, um lugar aonde talvez não vá mais, mas que nunca sairá da minha memória enquanto memória houver.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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