Que melhoramos muito nossa alimentação desde que saímos de São Paulo, não há dúvida. Só faltava cortar o excedente - mesmo com comida de verdade, ainda havia muitos "complês": doces, cerveja, petiscos no final de semana...
Calhou de a decisão do marido de reduzir carboidratos vir no momento em que resolvi não tomar o antidepressivo prescrito pela endocrinologista, porque vejo uma diferença clara entre meu prazer em comer e a compulsão alimentar propriamente dita.
Para mim, o ponto de viragem foi a ida a Lençóis, logo após a consulta médica, quando decidi não tomar sucos nem comer doces e massas e também reduzir o consumo de pão (o que parece loucura, sendo eu padeira). Quando Lu esteve aqui, comi massa duas vezes e tomei um sorvetão; no final de semana seguinte, uma bola de cada sorvete que fiz. E foi isso. Há uma semana aderimos à comida com muitos legumes, salada, proteína e algumas frutas, um carboidratinho extra umas poucas vezes (no meu caso). Às vezes, dá fome, mas não fraqueza, porque nunca comi tantos legumes e verduras na vida.
Aí vêm os desafios desse novo modo de comer. Um deles é o fato de que cada um é cada um, e é muito comum ouvir de quem conseguiu emagrecer que tudo é questão de querer, de "força de vontade". É mentira, é difícil pra caraleo! O que a gente quer ouvir é "que legal, você já conseguiu tanto! não desista", e não "você está fazendo pouco esforço". Outro desafio é que dá muito trabalho comer bem. Mesmo eu tendo picado muita cenoura, abobrinha, berinjela e beterraba (e economizado com isso pelo menos 20 minutos por dia nos preparos), na metade da semana quase tudo havia acabado, e lá fui eu picar legumes de novo. Houve um momento em que parecia que fazia um mês que tínhamos começado a reeducação alimentar, mas fazia só 3 dias. Por quê? Porque me peguei preparando ALMOÇO E JANTAR TODO DIA, e não só almoço e alguma coisinha todo dia.
Então desabafei com o marido, que concordou em eu fazer o almoço e ele preparar o jantar, inclusive com os leguminhos picados à disposição, caso queira.
Tenho feito e descoberto receitas interessantíssimas com menos carboidrato, como a lasanha de berinjela à bolonhesa, o maravilhoso gratin de alho poró com peito de peru, os ovos cozidos com abacate e bacon, uma festa para as papilas. Já senti que desinchei, o jeans 40 está quase lá, aos poucos me sinto menos dependente do açúcar. Mas não venham me dizer que comer bem é moleza.