quinta-feira, 30 de abril de 2015

Sorvete de goiabada

Goiabada é aquela história que já comentei aqui: eu compro para fazer determinada coisa, e sobra um montão. Por sorte, as boas goiabadas duram muito. E como me lembrei da dita que ali estava, da Ralston, tive um clique: e se fizesse um sorvete de goiabada?
Resolvi dissolver a goiabada em um pouco de água (250g em 1 xícara de água fria), mexendo até obter um creme, e misturar com 2 xícaras de creme de leite fresco até engrossar um pouco, sem ferver. Quando estava fria, a mistura foi para a geladeira e depois para a sorveteira, onde ficou só 5 minutos.
Ficou uma delícia, muito cremosa. Acho que mais umas horinhas e ficará no ponto ideal de sorvete.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Leite condensado diet e sem lactose

Ser sem lactose foi um acaso: é que resolvi usar o leite integral sem lactose que tinha aqui. Mas o que queria mesmo era testar a receita do leite condensado sem açúcar.
Quem quiser apenas evitar a lactose pode substituir o adoçante por açúcar (com certeza, ficará mais saboroso!).
Achei um site com receitas para diabéticos e fiz as adaptações:

Ingredientes:
- 1 litro de leite integral sem lactose (para ficar mais light, usar o semidesnatado sem lactose)
- 6 a 7 colheres de sopa de adoçante Tal & Qual

Preparo:
Aqueça o leite em uma panela até levantar fervura. A partir daí, baixe o fogo e mexa lentamente com uma colher de pau até que ele reduza um pouco. Acrescente o adoçante e continue mexendo até chegar a um ponto cremoso.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Mais títulos na cozinha

Dessa vez, não quebrei a promessa de não comprar mais livros porque ganhei os livros e a revista.
Já folheei o do Stephen Downes, o crítico gastronômico que elege as 100 respectivas experiências a se ter antes de morrer: eu adoraria fazer algo parecido, mas com bastante modéstia, falando de comidas brasileiras ou latinas que já experimentei. O Pitadas de famílias tem um tom parecido com isso.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Tarte tombée ou torta de maçã com ghee ou como alegrar uma menininha

Lulu tem pouco mais de 4 anos. Há pouco descobriu-se que ela tem intolerância à lactose, em um grau que exige a administração de corticoides quando se manifestam os sintomas alérgicos.
Como ela era uma das minhas convidadas para o jantar esta semana, resolvi fazer algumas experimentações com ingredientes sem lactose para que ela não fosse privada de comer nada. Porque uma das piores coisas que existem é ver uma criança passar vontade (quando não fome) - um dos símbolos mais tristes da impotência humana.
Tinha resolvido fazer o boeuf bourguignon do Troisgros (dessa vez, utilizei coxão mole e a carne praticamente desmanchou na panela de pressão, ou seja, o tempo de cozimento poderia ter sido reduzido à metade; também esqueci de acrescentar o cacau em pó), com opção de dois acompanhamentos (pappardelle ao molho Alfredo ou arroz branco), além das minicebolas com cogumelos Paris refogados em bacon e reduzidos em aceto balsâmico e açúcar demerara. A sobremesa seria torta de maçã acompanhada de sorvete de baunilha. Ou seja, quase tudo levava manteiga, creme de leite ou leite.
Para a torta de maçã (a receita do Richie que já adaptei, aumentando o açúcar porque não fiz o caramelo salgado), resolvi fazer ghee. Mas ghee mesmo, aquele que leva mais de uma hora para ficar pronto, mas que ao final tem aroma de amêndoas. No banho-maria, a manteiga vai soltando as substâncias tóxicas e decantando a lactose. É trabalhoso (é preciso tirar a espuma com uma escumadeira e coar a lactose), por isso vale a pena fazer em grande quantidade, até porque ele dura até 3 meses fora da geladeira. Depois de pronto (preparei na véspera), deixei-o gelar, porque a receita pede manteiga gelada para a massa. Segui o passo a passo - dessa vez a cara da torta ficou mais bonitinha, mas na hora de desenformar... elle a tombé! Por isso foi batizada de Tarte Tombée - e devo dizer que mesmo assim ficou mais saborosa e leve que a antecessora.
O sorvete foi feito com creme de leite sem lactose e leite Ninho integral também sem lactose, além do açúcar cristal orgânico, do extrato de baunilha e dos ovos. Ficou maravilhoso, muito leve, perfeito para acompanhar a torta.
Até no molho Alfredo entrou o creme de leite sem lactose e o ghee (para Lulu). Para o restante dos convivas, o creme de leite foi acompanhado de manteiga comum e queijo Grana Padano ralado na hora, com uma pitada de sal e pimenta-do-reino.
Tudo ficou ótimo, nada foi comprometido pela troca de ingredientes; pelo contrário, os pratos ganharam em sabor e leveza.
Mas o melhor da noite foi a expressão de alegre surpresa de Lulu quando contei a ela que poderia tomar o sorvete, que poderia comer de tudo. Aquele sorriso foi a melhor resposta ao ato de cozinhar como um ato de afeto.

sábado, 11 de abril de 2015

Coala no limite


Vida real IV

Envio 20 emails numa tarde. Distribuo leituras críticas, pautas de imagens, preparações. Cobro autores atrasados. Reunião por Skype. Aprendo que tenho um jeito "koala", ou seja, um ser fofo que tem garras afiadas.
Mais uma infecção em um mês. A mente anda a mil, o corpo, querendo parar. A dieta vai pro saco, mas não fico louca pra comer porcarias. Só não quero nada. Ou melhor, continuo querendo alguém que cozinhe pra mim e voltar a ter tempo e grana para praticar pilates e viajar.
Apesar da letargia-cansaço, ainda consigo me emocionar, o que significa que não me tornei uma morta-viva. Vibro com aulas ótimas, assisto ao filme baseado na obra de Oliver Sacks, releio Grande sertão
Ainda vivo.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Revendo projetos

Faz tempo que só choco meu livro sobre o rio São Francisco. O projeto foi ficando de lado por conta da minha pretensão de fazer um estudo de campo detalhado para compor a história.
Tanta coisa aconteceu desde então, com a transposição que mal saiu do papel, as últimas secas, a indústria do livro, que resolvi simplificar. Porque quanto mais a gente explica mais tem que se explicar - esta é outra mudança significativa trazida pelas comunicações contemporâneas. E eu não estou muito a fim. Quero só trazer uma mensagem, mostrar minha visão de mundo para os jovenzinhos sem que isso vire uma grande discussão. Será que consigo?
Para me inspirar na nova empreitada, resolvi desenhar como imagino meu protagonista. Ressuscitei meus lápis aquareláveis - a caixa da Toison d'Or, que ganhei da Tie na época de estagiária em escritório de arquitetura (para mim, os melhores lápis que tenho), os ótimos Faber-Castell em duas cores e a caixa da Caran d'Ache que ganhei do Wagninho - e me meti a desenhar.
Acho que vai rolar um storyboard. Acho que vou aproveitar para voltar a desenhar despudoradamente. Por puro prazer.


domingo, 5 de abril de 2015

Moqueca de peixe e farofa de banana e dendê

Outro jeito de fazer moqueca que não seja o de montar uma cama de cebola e tomate sobre a qual depositar o peixe. Receita do Dedo de Moça, com ínfimas adaptações (não usei camarão, pois está pela hora da morte, e coloquei mais leite de coco).
Para o pirão, é só pegar parte do caldo da moqueca e acrescentar farinha de mandioca até formar uma pasta bem mole. Para a farofa, misturei azeite de oliva e azeite de dendê para refogar meia cebola, adicionei uma banana-prata picada e um tiquinho de sal.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Eles cresceram!

Fazia mais de um ano que não via meus sobrinhos.
Hoje foi aniversário da Gabi, comemorado com um almoço de Sexta-feira Santa. E então, ao reencontrá-los, soube que aquelas crianças se foram. Gabi e Rodrigo, mesmo sendo os mesmos, já são outros, são adolescentes.
Levei um livro da série Vaga-Lume, da Ática, porque me lembrei da importância dessa coleção para mim, quando eu tinha meus 12 anos. Gabi recebeu o livro de olhos quase espantados. Foi monossilábica. Disse que não sabia bem o que dizer. Quando a abracei, ficou frouxa nos meus braços, essa menina que já é mais alta que eu.
Rodrigo ficou no quarto, jogando pelo computador. Só saiu com a chegada do primo mais velho, que lhe deu dicas sobre jogos com a autoridade de quem joga há muito mais tempo.
Foi-se o tempo em que criei uma personagem para os dois, o pernilongo Alceu. Longe vai o tempo em que minha sobrinha decorava as histórias que me ouvia contar para contá-las de volta para mim.
Comemorar esse seu segundo abandonar da casca (o primeiro foi deixar o ventre materno) me fez pensar que a vida da gente é mesmo esse rio que segue sempre em frente, para nunca olhar para trás. Nós é que superestimamos o passado, por nosso medo de desaparecer - pela nossa certeza, lá no fundo, de que nós também passamos, uma só vez. O papel da memória deve ser o de nos lançar no futuro com mais esperança, como uma luz para iluminar o caminho à nossa frente. E só.

Feriado?

Nunca tive uma relação muito próxima com feriados.
Como na infância não costumávamos viajar nessas datas, o feriado para mim era tão somente o momento em que eu ficava longe da escola, um dos meus espaços preferenciais de socialização. Na época do ginásio, como muitas famílias vizinhas também não viajavam, ainda era possível se divertir um pouco com as outras crianças.
Já na época do colégio, feriado significava descanso, mas não viagem.
Quando passei a ter dinheiro para viajar, fazia isso nas minhas férias. E comecei a perceber que não gostava da muvuca dos feriados nos destinos de viagem. Confusão, falta d'água, serviços ruins, mau humor, filas para tudo. E tudo isso por quê? Porque era feriado.
Desde então, tenho evitado os feriados nas minhas viagens. Prefiro viajar fora de temporada, o que, além de mais tranquilo, sai mais barato.
Mas a verdade é que os feriados, mesmo quando não me valho deles para viajar ou descansar, acabam se fazendo presentes, algumas vezes de forma irritante. Por exemplo, muito antes da véspera dos feriados algumas pessoas com quem trabalhamos desaparecem. Muitas só reaparecem uma semana depois de findo o feriado. O problema é meu, claro, porque optei por trabalhar por conta própria.
O ideal, do meu modesto ponto de vista, seria que as pessoas pudessem parar para descansar quando fosse necessário, independentemente de feriados. Que inclusive não precisassem trabalhar tanto (no caso, óbvio, dos que se esfalfam para ganhar pouco). Mas, se assim fosse, como ficariam a burocracia, as homenagens desses dias festivos que angariam pontos para políticos, as agências de viagens que sublocam passagens aéreas? Seria o fim das desculpas para não entregar um trabalho, da instituição da muvuca, dessa versão pseudodemocrática do pão e circo, dessa pseudoliberdade que tantos acreditam ter, porque podem aproveitar para descansar ficando parados nas rodovias e tirando selfies para mostrar como tudo foi incrível...
Então só me resta não estressar com os ausentes e curtir a minha liberdade de não integrar a muvuca estressante dos adeptos dos feriados. Questão de equilíbrio.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog