segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Pés, pra que vos quero?

Quando fiz a trilha da Cachoeira do Sossego, no mês passado, contundi algumas unhas. Quatro ficaram escuras, duas especialmente pretinhas. Até agora, não deram sinal de que vão cair nem de que querem ir mudando de cor à medida que crescem. Então resolvi pintá-las, para melhorar a aparência dos pés.
Puxa, fazia tempo que não pintava as unhas. Eu adorava pintar minhas unhas, mudar de cor de esmalte toda semana. Eu deixei de fazer isso por querer evitar mais produtos químicos em meu corpo, por falta de tempo mesmo e também porque não vinha pintando as unhas das mãos, por conta dos pães, e assim, por extensão, não cuidava das unhas dos pés. 
Aliás, como deixamos os pés de lado, logo eles, que podem nos levar tão longe! Há pouco passei a usar um creme à base de ureia, da Isdin, e ter pintado as unhas também ajudou a melhorar muito o aspecto dos pés, que aqui, pela exposição ao sol, acabam ficando mais secos e escurecidos. 
Cuidar de si de modo integral dá muito trabalho. Mas, se não fizermos isso, quem fará, não é?

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Desafios do comer bem

Que melhoramos muito nossa alimentação desde que saímos de São Paulo, não há dúvida. Só faltava cortar o excedente - mesmo com comida de verdade, ainda havia muitos "complês": doces, cerveja, petiscos no final de semana...
Calhou de a decisão do marido de reduzir carboidratos vir no momento em que resolvi não tomar o antidepressivo prescrito pela endocrinologista, porque vejo uma diferença clara entre meu prazer em comer e a compulsão alimentar propriamente dita. 
Para mim, o ponto de viragem foi a ida a Lençóis, logo após a consulta médica, quando decidi não tomar sucos nem comer doces e massas e também reduzir o consumo de pão (o que parece loucura, sendo eu padeira). Quando Lu esteve aqui, comi massa duas vezes e tomei um sorvetão; no final de semana seguinte, uma bola de cada sorvete que fiz. E foi isso. Há uma semana aderimos à comida com muitos legumes, salada, proteína e algumas frutas, um carboidratinho extra umas poucas vezes (no meu caso). Às vezes, dá fome, mas não fraqueza, porque nunca comi tantos legumes e verduras na vida. 
Aí vêm os desafios desse novo modo de comer. Um deles é o fato de que cada um é cada um, e é muito comum ouvir de quem conseguiu emagrecer que tudo é questão de querer, de "força de vontade". É mentira, é difícil pra caraleo! O que a gente quer ouvir é "que legal, você já conseguiu tanto! não desista", e não "você está fazendo pouco esforço". Outro desafio é que dá muito trabalho comer bem. Mesmo eu tendo picado muita cenoura, abobrinha, berinjela e beterraba (e economizado com isso pelo menos 20 minutos por dia nos preparos), na metade da semana quase tudo havia acabado, e lá fui eu picar legumes de novo. Houve um momento em que parecia que fazia um mês que tínhamos começado a reeducação alimentar, mas fazia só 3 dias. Por quê? Porque me peguei preparando ALMOÇO E JANTAR TODO DIA, e não só almoço e alguma coisinha todo dia. 
Então desabafei com o marido, que concordou em eu fazer o almoço e ele preparar o jantar, inclusive com os leguminhos picados à disposição, caso queira. 
Tenho feito e descoberto receitas interessantíssimas com menos carboidrato, como a lasanha de berinjela à bolonhesa, o maravilhoso gratin de alho poró com peito de peru, os ovos cozidos com abacate e bacon, uma festa para as papilas. Já senti que desinchei, o jeans 40 está quase lá, aos poucos me sinto menos dependente do açúcar. Mas não venham me dizer que comer bem é moleza. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Pasta de avelã menos junkie

Eu ia escrever que era menos processada, mas não é bem assim - óleo de coco, cacau em pó e açúcar demerara são processados. Só a avelã se salva.
Mas, porém, contudo, todavia, no entanto esta pasta tem a vantagem de não despertar a fissura louca de acabar com o pote todo de Nutella ou da pasta de avelã feita em casa com receita da Raíza Costa (melhor que a Nutella, ainda por cima).

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Pão de banana

Está chegando a safra de bananas aqui em casa. É tanta banana que não sei o que fazer com elas, além de bolo, pão, frozen yogurt, congelar em rodelas. Como estamos vivendo um período de contenção calórica, não tenho feito bolos, e as bananas recém-chegadas, antiga paixão do marido, estão ficando de lado.
Porém, o pão de banana de Hortência, da pousada Canto Verde, em Lençóis, me inspirou a tentar uma receita padeira. Adaptei uma, com pouquíssima farinha, da Escola de Bolo, utilizando óleo de coco e leite de coco no lugar de azeite e leite de amêndoas, respectivamente. Coloquei um pouco de farinha integral, além da branca. Juntei às nozes um punhado de uvas passas brancas. Ficou muito nutritivo e bem gostoso.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Do tempo de cada um


Sorvete de chocolate Ruby e frozen de banana com praliné de nozes

Entramos numa nova fase na alimentação aqui em casa. Marido fazendo teste de cortar carboidratos, lactose e açúcares, eu cortando e grelhando legumes como uma louca, deixando de lado arroz, massa e batata. Acabei também postergando um provável lanche em casa com os mais chegados porque não seria legal pra ninguém essa restrição toda.
Como eu andava fazendo coalhada caseira e Guga aboliu-a do cardápio, resolvi acelerar o consumo fazendo dois testes de sorvete/frozen, que levei para a casa dos sogros no final de semana. O de banana com praliné de nozes ficou muito bom, mas deve ser retirado um pouco antes da geladeira para conservar a cremosidade. O de Ruby é bom, mas lembra mais uva que chocolate.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Quem tem amigos

Tem tudo, sem dúvida. Sem alguns desses amigos, não teria sobrevivido a algumas intempéries. 
Esta semana foi minha vez de agradecer a Lu, uma dessas pessoas fundamentais. Ela veio para um evento em Salvador, e aproveitou para me visitar. Chegou com a chuva, mas logo pudemos dar um rolezinho na Praia do Forte.
Tomamos um sorvetão duplo na Sorveteria da Ribeira, entramos em mil lojinhas, contemplamos gatos e cachorros preguiçando pela rua principal, tomamos café no Tango, compramos azulejinhos - Lu quis me dar um, escolhi dois pequenitos com a minha cara e trouxe um pra Guga -, comprei colares na Baú Baú e castanha de caju, ganhamos mimos da vendedora de castanhas e cocadas. Ainda encontramos meu marido e meu sogro para uma pizzinha em Açu da Torre. Pronto, passeio completo.
Assim pude dar uma pequena mostra de gratidão a uma velha amiga, e reafirmamos nosso carinho com ouvidos atentos, risadas, antigas e novas histórias.

Toda vez que a adulta balança a menina me dá a mão

Era pra ser uma viagem a dois, nossa última e única semana de férias do ano. Mas acabei indo sozinha a Lençóis para não perder nem o dinheiro já transferido para a pousada nem a oportunidade de descansar alguns dias das tarefas domésticas.
Mesmo gastando mais do que pretendia, foi ótimo para arejar a mente, ver outras paisagens, viver outras experiências. Foi também uma forma de me lembrar das coisas que são essenciais para mim, como viajar. Porque no dia a dia, cedendo aqui e ali o tempo todo, vamos nos esquecendo de quem somos, do que nos constitui. Na solidão, voltamos a nos enxergar, a ouvir a voz interior.
Talvez, se soubesse que iria sozinha, eu não teria ido a Lençóis, lugar de trilhas e mais trilhas. Não tenho muita destreza com a natureza selvagem, sobretudo com tantas pedras, subidas e descidas. Tenho ainda algum temor de escorregar nas pedras molhadas, de entrar em águas escuras como as das cachoeiras locais. Com a idade, e depois de um acidente durante o rafting, assumi que não sei nadar. Mas, ao fim e ao cabo, ter ido a Lençóis acabou sendo bem desafiador, exigiu de mim me manter no presente constantemente, sem tempo para elucubrações mentais.
Nisso resultou a playlist que trouxe "Bola de meia, bola de gude", do Milton, e a lembrança da criança interior que nos traz de volta a quem somos. Também trouxe a visita à Serra das Paridas, sítio arqueológico pouco conhecido que nos dá um gostinho da pintura rupestre brasileira; a descida de 60 m até a Cachoeira do Mosquito com direito a perninhas moles e a almoço com a beterraba mais doce da vida na Fazenda Santo Antonio; a visita, por fim, ao Cozinha Aberta, restaurante slow food no centrinho, onde almocei duas vezes (roupa velha de carne de sol com arroz vermelho, purê de banana com gengibre, saladinha e farofa; nhoque de batata-doce com pesto de manjericão e castanhas); pousada roots com anfitriões adoráveis (Cris, Everaldo e Hortência); solados descolados (literalmente) de papete e bota, remediados pelos guias locais ali na hora; jantar no Sabor da Serra, uma deliciosa e inesperada combinação de grão de bico com shimeji e molho de castanhas, acompanhada de salada e arroz com brócolis e uma kombucha local; pets e não pets adoráveis em toda parte; prova de fogo na Cachoeira do Sossego, uma trilha de 18 km totais com muita, muita, muita pedra e subidas e descidas sem fim, acompanhada de colegas jovens e fofos (que me deram a mão e tiraram fotos lindas por mim) e seguida de um banho maravilhoso, com colete salva-vidas emprestado, no poço de 6 m de profundidade; fisgada no joelho logo no início da trilha; banho no Ribeirão de Cima, uma jacuzzi natural e refrescante; rolezinho básico ao Serrano, com os joelhos e as panturrilhas prejudicados da trilha anterior; ceviche mais para tartar no Tomatito; descoberta da Bavarois, padaria-hamburgueria-sorveteria com dona pouco simpática mas bons pães e sonho com falso creme de confeiteiro (com leite condensado, argh); compras de produtos locais: banana-passa, café, sabonete, argila. 
Nesses poucos dias, enchi os olhos de montanhas e nuvens, evitei os doces e as massas, e me senti muito bem. Fiquei um pouco decepcionada com meu condicionamento físico, que eu julgava melhor. Acho que vou perder pelo menos uma unha do pé, contundida na trilha do Sossego. Mas volto mais viva, de mãos dadas com minha menina interior.
 
 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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