quarta-feira, 30 de setembro de 2020

domingo, 27 de setembro de 2020

Nova receita de bolo encharcado de amêndoas e laranja

Nas últimas semanas, tenho deixado para fazer o doce de final de semana como sobremesa dominical - como almoçamos na casa dos sogros, compartilhamos o docinho e assim comemos menos. Assim não deixo de fazer minhas experimentações e não enfiamos o pé na jaca. 
Faz muitos anos que experimentei fazer a receita de Rita Lobo para bolo encharcado de laranja. Ainda era uma receita de liquidificador, com gomos de laranja e óleo, sem amêndoas. Se a memória não me falta, também já fiz o de amêndoas com laranja, há mais tempo ainda, mas não me lembrava de não levar farinha nenhuma e das etapas de bater claras e fazer crémage. Whatever, fiz essa que me parece nova, do Panelinha novo, e também um sorvete de baunilha (na verdade, a receita do Technicolor Kitchen de sorvete de créme brûlée sem o acréscimo do caramelo) para acompanhar. Uma bela combinação. 

Uma massa, duas quiches

No meu desespero de deixar coisas prontas pra não ter que cozinhar a toda hora, resolvi fazer a mesma massa de quiche para preparar duas com o que tinha na geladeira: alho-poró e a deliciosa geleia de cebola roxa, que estava um pouco esquecida, à espera de uma carne que nunca veio. Ambas ficaram deliciosas, mas já foram embora na mesma semana. De todo jeito, só confirmaram a maravilha que é ter uma comida feita em casa no congelador, só à espera de nos socorrer. 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Romi ófici

Como já disse, o romi ófici aqui é das antigas. Na verdade, muito das antigas, de quando comecei a trabalhar na equipe de redação do cursinho. Fiquei mal acostumada, ou melhor, encontrei meu jeito de trabalhar ali. E lá se vão 26 anos. 
Claro que, com a pandemia, meu romi ófici foi invadido por outras atribuições/atribulações domésticas além das que eu já tinha, como cozinhar, lavar e guardar louça e roupa, arrumar cama, fazer listas infinitas de supermercado e outras compras para casa (a recém-descoberta carga mental feminina). Somou-se a essa lista considerável lavar banheiro, limpar móveis, limpar e encerar chão, atividades que me renderam a crise no piriforme. Isso tudo me tem feito repensar a continuidade dessa forma de trabalho, que me foi tão conveniente por todos esses anos.
Antes, porém, de decidir se abandono essa modalidade de trabalho em prol de voltar a ter contato com mais pessoas, talvez atuando mais diretamente com educação, quando a famigerada pandemia permitir, faço algumas considerações sobre o que tenho percebido de mudanças no meu romi ófici pandêmico. 
Enquanto boa parte da galera que estreou no romi ófici com o início da pandemia adotou o modo comfy de estar em casa, sobretudo os mais privilegiados, resolvi me vestir como se estivesse fora de casa. Porque, afinal de contas, nem sei quando volto a sair para qualquer lugar, e já nem saía muito. E tenho usado roupas novas para ficar por aqui mesmo. Aliás, tem dia que até uso um pouco de maquiagem, como se fosse sair pra trabalhar - aprendi isso de um autor parceiro de trabalho, que me contou que sua esposa, doutoranda em história, se arrumava completamente para fazer sua pesquisa no escritório de casa - e trancava a porta, só saindo dali para almoçar (eles compravam refeições congeladas caseiras, outra coisa que andei aventando) e ao final do "expediente". Achei o máximo, mas só agora emprego parte desse ensinamento. 
Enquanto muita gente tem tentado aproveitar ao máximo esse tempo em casa fazendo várias coisas ao mesmo tempo - ou pelo menos no início foi assim, agora todo mundo deve estar exaurido -, eu logo vi que não dava pra fazer mais ainda do que já fazia. Porque romi ófici não é pra principiantes não. Trabalhar em casa é trabalho duplo, e no caso das mulheres, triplo, quando não quádruplo. Então aos poucos fui fazendo uma coisa de cada vez, como no fundo é melhor que seja - só assim para estar presente, mesmo no meio de uma pandemia. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Belinha foi encontrar Chico no céu

Quando trouxemos Chico e Zen, Bela se apaixonou perdidamente por Chico. Ficava olhando embevecida para ele dentro da bolsa de transporte. Tentou ser amiga, se aproximar. Em vão. Até seu último dia conosco, Chico, o intrépido, não se adaptou aos cachorros, tão diferente de Zen, o sobrevivente. Ficaram as imagens dessa tentativa de encontro.
Hoje Bela nos deixou. Meu Deus, que tristeza! Ela tinha calazar, tomava medicamentos, mas era sempre tão feliz, tão doidinha, tão carinhosa! Mãe do nosso Kong e de Balu, doidinhos de diferentes jeitos. Balu hoje chorou por horas, provavelmente sabendo que ela estava de partida. Aliás, desde o final de semana ele não saía do lado dela, não deixando que eu me aproximasse - a primeira coisa que me ocorreu foi que ele sabia que ela não estava bem.
E foi tudo muito rápido: percebemos que ela não estava bem na quinta-feira; ela toda acabrunhada, com dificuldade para andar. Há pouco, a veterinária me mandou o resultado do exame, indicando insuficiência renal grave. Como saber muito antes para evitar chegar a isso? Não soubemos, não achamos atendimento no final de semana, nem sei se adiantaria muita coisa, e hoje ela partiu. Mas com certeza viveu da melhor forma possível, foi tão amada, tão cuidada até o fim, mesmo com o diagnóstico de calazar, que, sabíamos, abreviaria sua vida mais cedo ou mais tarde. 
Goldie, Goldinha, já sentimos tanto sua falta! Dê umas boas lambidas em Chico e convença-o a brincar com você, saltando de nuvem em nuvem, numa alegria infinita. 

domingo, 13 de setembro de 2020

Meditação, mindfulness e mente a mil

Comecei há uns dias a fazer meditação on-line com amigos. Gostei muito; para mim, funciona bem fazer coisas em comprometimento com os outros. Se depender só de mim, sempre é bem mais difícil. 
Na verdade, já estava ensaiando praticar um pouco de mindfulness para melhorar a atenção nas atividades diárias. Tinha lido algumas coisas, e resumiria no fato de o mindfulness ser utilizado para melhorar em 100% a realização de tarefas diversas, do trabalho ao ato de se alimentar, tendo sempre como foco a atenção plena. 
O mindfulness deriva da meditação tradicional. Foi adaptado aos ambientes corporativos e é usado inclusive na performance de atletas. A atenção plena ajudaria a obter os melhores resultados na empresa, no esporte, na alimentação, nos estudos. Atenção plena o tempo todo, aproveitamento total do cérebro. Mas será que o cérebro não pode se distrair? Será que não é positivo se perder em pensamentos diversos? Não será nos devaneios que estão muitas ideias criativas? Isso me incomoda, essa impossibilidade de desvios. 
Acho ótimo que a atenção seja cultivada no momento de finalizar um trabalho, fazer uma reunião, praticar um esporte - isso evita erros, mal-entendidos e machucados. Também é útil na comunicação, sobretudo não violenta, para que não digamos o que não queremos num momento de estresse. Não acho, porém, que estar alerta todo o tempo traga o melhor aporte criativo, normalmente presente justamente no ócio, inclusive mental. 
Nesse sentido, me parece que a meditação tradicional é mais flexível, cabe em todos os contextos. Ver uma ideia, deixá-la passar em vez de se fixar nela, por exemplo, é um exercício de meditação tão profundo que até ajuda a afastar dores às quais nos apegamos. 
Na nossa meditação semanal, por exemplo, quando entro no fluxo, fico tão relaxada que me aproximo de um estado de vigília, quase de sonho. Os pensamentos passam na tela mental até restar um silêncio onde só me encontro eu. Porque não basta o silêncio externo para termos paz. 

A saga dos suspiros

Suspiro é uma coisa dificílima de fazer. Quero dizer, tem uma ciência que ainda não domino. A primeira vez que fiz, não me lembro que receita usei, e tive a maior sorte de principiante - os suspiros ficaram lindos, em formato de conchas, e deliciosos. 
Depois não acertei mais. Normalmente, parece ter ficado bom, mas depois os suspiros amolecem. Já tentei deixar esfriando fora do forno, dentro do forno, e acontece a mutação. Cheguei a fazer uma versão por esses dias de um suspiro de chocolate da Dani Noce, bem bom - ficaram ótimos, mas depois amoleceram, ficaram parecendo bala puxa-puxa, daquela que arranca obturação dentária. 
Então fui pedir ajuda técnica à sogra, já que tinha um monte de claras congeladas. Fizemos juntas, e assamos uma parte no forno dela. Os suspiros de minha sogra costumam ser perfeitos, branquinhos, secos na medida. Mas daí aconteceu de pela primeira vez a receita dar errado - pé frio meu, com certeza. 
Nossos fornos podem estar desregulados também. Eu trouxe o restante para assar em casa, fiquei de olho no termômetro. Até teria deixado mais tempo parte dos suspiros, mas tinha que assar uma lasanha pro jantar. Os suspiros maiores, em formato de pavlova, assados no forno de cima, que é menor, ficaram ótimos, bem sequinhos. Ainda deixei uma fornada que ficou bem seca esfriando no forno até hoje de manhã - ontem estava perfeita, hoje tinha amolecido! Portanto, somente os maiores resistiram. 
Cheguei a montar uma parte da sobremesa com os suspirinhos borrachudos, na esperança de que amaciassem com o chantili que fiz drenando o creme de leite de saquinho e adicionando gelatina sem sabor. De fato, os suspiros praticamente se dissolveram - perderam a crocância e a borrachudez, mas deram um sabor bom, de caramelo, aos morangos e ao chantili. 
Já as pavlovas improvisadas, com morango, chantili pronto da Président e um creme de confeiteiro de chocolate e leite de coco (receita da Dani Noce) ficaram ótimas, além de bonitas quando montadas.
Ou seja, a saga ainda não terminou. Ainda precisarei fazer algumas vezes até acertar a ponto de poder dizer o que funciona ou não.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Xadrezinhos

Amo estampas e texturas, sempre digo isso. Ainda vou fazer um curso de corte e costura antes de morrer, quem sabe também um de estamparia. 
E tem uma coisa de que gosto, e nem todo mundo entende ou ousa, que é misturar estampas. Quase sempre gera comentários públicos (no elevador, na rua, no shopping) de desconhecidas observadoras, como blusa de bolinhas com calça listrada ou calça e blusa brancas com bolinhas e letras multicoloridas, respectivamente. Hoje foi dia de PB em xadrez vichy e pied de poule, um pouco de ousadia contra a caretice instaurada neste Brasil no dia da sua independência cada vez mais questionável. 

domingo, 6 de setembro de 2020

A louca dos pincéis

Sou a própria! Com direito a díptico, com gato e sem gato.

Do atrevimento no bolo

Aniversário da minha sogra, e eu queria cozinhar para ela. Mas Degas, irmão dela, já tinha se prontificado a trazer o almoço, uma moqueca dos deuses lá de Brotas.
Restou-me fazer o bolo. O único detalhe é que minha sogra é boleira de mão cheia, e seus bolos não são só muito bons como via de regra lindos.
Pensei em fazer algo com frutas. Fui buscar receitas de naked cake e logo achei um post de Dani Noce com 9 sugestões. Tinha um que era exatamente o que eu queria: um bolo de nozes com recheio de mascarpone, cerejas e frutas cristalizadas coberto com frutas vermelhas e pistaches - que logo viraram morangos e avelãs.
Claro que tive alguns percalços, como deixar marcas na massa na hora de checar se o bolo estava assado e derrubar no chão a calda das cerejas, que, ainda bem, não era necessária. Meu recheio ficou rosado, e não branco; coloquei um pouco de gelatina sem sabor para firmar, já que o creme de leite não era fresco. Mas, no final, meu primeiro naked ficou bonito e muito gostoso, digno da aniversariante.

sábado, 5 de setembro de 2020

Já sei desenhar, agora só me falta pintar

Tô tentando dedicar umas horinhas no final de semana a pintar ou desenhar - bordar ainda não. Como disse, demorei um pouco a definir um projeto pro curso de aquarela, e acabei criando quatro personagens femininas. Depois veio a questão da paleta de cada uma. Amaterasu foi a mais difícil; precisei pensar primeiro num desenho para o quimono para daí definir as cores do entorno. Com essa ideia de criar uma estampa - outra coisa que amo -, pensei que talvez fosse melhor usar a aquarela em bisnaga, que parece ter um pigmento mais concentrado, não sei direito, lembrando até um pouco a tinta acrílica. 
E daí veio a realidade crua dar na minha cara: não sei pintar! Vou ter que treinar muito as pinceladas em planos maiores para enfim executar o projeto! Deve ser por isso que gosto tanto dos fundos brancos quando crio ilustras com colagem ou bordo, para evitar preencher o fundo com cor, algo que precisa de paciência (que não tenho em grande quantidade) e muita habilidade (que eu tenho pouca). 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Dia 171

No dia 171, temos presidente fazendo campanha para que os brasileiros se vacinem só se quiserem, capangas do prefeito carioca nas portas dos hospitais tocando o terror para evitar a veiculação de informações negativas sobre o sistema de saúde, a dança dos ministros para julgar políticos e a si mesmos, 123 mil mortos no país por covid-19, a bizarra Flordelis amante-mãe-sogra-assassina some no mundo, mais meninas sendo engravidadas por parentes próximos, o Brasil é realmente um país difícil de encarar. 
Reunião de trabalho, infecção dentária tratada com antibiótico, dorzinha do piriforme querendo se reinstalar, pensamento no bolo de aniversário da sogra, promoção irresistível de vestidos que provavelmente serão usados em casa, um tortano de presente para um encontro que acaba não acontecendo, uma compra de cobertores para doação desfeita porque não realizam entrega, um aviso sobre um curso interessante de literatura e gastronomia. Tudo é um vir a ser como se a gente ainda tivesse tempo para esperanças. 
Porém, o que persiste é a vontade de largar tudo, de nunca mais fazer tarefas domésticas, coisa que aliás não desejo pra ninguém. A perspectiva de permanecer ainda muito tempo nessa forma encolhida de viver é desoladora, não tem sentido nenhum. Talvez a meditação proposta por amigos ajude a reencontrar um eixo, talvez a arte traga alguma reconexão. Talvez, talvez. O talvez é nosso presente e nosso futuro. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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