É tanta notícia ruim neste país nos últimos dias que a mente demora muito a serenar para que a gente possa se tornar minimamente produtiva ao longo do dia. Não bastassem as notícias da violenta expulsão das famílias de Campo do Meio, MG, que ocupavam há mais de 20 anos terras da usina falida onde haviam trabalhado, e lá produziam agricultura orgânica e o melhor café da região, do avanço da Covid-19 no país e no mundo, do desmonte incessante da cultura e da educação, da morte de centenas de indígenas por assassinato ou por Covid-19, há essa história horrível da menina capixaba de 10 anos, estuprada pelo tio desde os 6, grávida, que não conseguia abortar porque os médicos se recusaram e depois enfrentou uma turba de fanáticos religiosos, diante do hospital que aceitou fazer o aborto, que chamavam a criança de "assassina". Fiquei tão perturbada desde que soube dessa história, e dos seus desdobramentos que indicam todo nosso retrocesso e fracasso social, que hoje nem consegui trabalhar. Só pensava na criança, assustada, roubada de sua vida, aviltada por alguém da família e por estranhos. Que país, que mundo, que tempo são estes?
Depois de tudo o que temos visto sob a luz atordoante dessa pandemia, vamos seguir sendo os mesmos, sabendo-mas-ignorando as situações gritantes de desigualdade do nosso país? Ou vamos agir de forma efetiva e contundente para evitar que as trevas cubram tudo até não sabermos mais onde estamos nem quem somos?
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