domingo, 22 de junho de 2014

Lindeza popular

Amo a arte popular. Adoro essa inocência que reveste a sabedoria do povo mais povo de todos, os talentos escondidos que avultam em obras-primas que pouca gente conhece. E me sinto pertencendo a esse POVO maior, quase uma entidade que paira sobre nós e de cujas maravilhas só os mais atentos conseguem desfrutar.
Esse espanto epifânico também me toma quando vejo alguma exposição de povos antigos, dos nossos ancestrais. Aquela história do pertencimento, de novo e sempre.
E aí me lembro de Guimarães Rosa, de Riobaldo e Diadorim. De Manuelzão e Miguilim. Do sertão que conheço mais de filmes, livros e fotos, mas que mora em mim. Do agreste e dos interiores brasileiros. Do mar e dos rios. Dos mares de morros, tão amados. Das areias e pedras, dos azuis e verdes. Do barro, da madeira, dos fios. Um trem das cores brasileiro.
Dos Geraes a descobrir, do Jequitinhonha sonhado, do Opara São Francisco que me espera. Do encontro entre o Negro e o Solimões. E o meu barco de imagens, histórias e sonhos segue baloiçando pra lá e pra cá... Singrando pelas águas do meu inconsciente tão consciente de si.
E nessa viagem me deparo com o bordado lindo do boi de João Câncio e com o boi vermelho todo natureza de Manuel Eudócio. Com os mamulengos ancestrais. Com as profissões representadas pelos figureiros - a rendeira de todas as culturas e épocas, o fotógrafo, a engenheira. E Lampião up-to-date diante do computador. A fila no supermercado. A senhorinha posando para retrato.
São Francisco do Cangaço, uma boa combinação. O santo teria se arretado contra o que é feito do rio epônimo e da flora e fauna que dele dependem; talvez saísse mesmo no trabuco contra a exploração da natureza e as injustiças sociais. Talvez venham daí os olhos tristes.
E se Lampião fosse uma sereia? Manuel Galdino botou em prática o pensamento atrevido - provavelmente, ele deixaria a brabeza de lado se morasse ao lado do mar. Talvez...
O sinaleiro dos ventos, de 3 metros de altura, de Francisco Rosa dos Santos, do Paraná.
A linda e assustadora carranca do Mestre Guarany, para se precaver de todo mal, para levar a salvo quem navega.
Lampião e sua Maria Bonita, ícones sertanejos (mas até quando? até quando resistirá a memória sertaneja ainda propagada pelos cordelistas em tempos de comunicação virtual?).

As sabenças dos artistas. Dona Isabel, que não teme a vida nem se assusta com o regime de secas e enxurradas do Jequitinhonha porque sabe que as águas "soltas na terra só fazem o que querem". É ela também que diz que "a liberdade é perigosa" - como viver, não é assim, Riobaldo?
O alumbramento dos pequenos diante da Sapucaí animada por 1 minuto que abre as portas da eternidade.
Vitalino e seus vaqueiros, e os filhos de Vitalino perpetuando essa tradição de simplicidade no tudo dizer.
E até o meu selfie involuntário traz Vitalino, junto com o barco que abre as águas do São Francisco. O rio-mar corre invisível e silencioso pela exposição, lavando a alma de todos os presentes, de todos os brasileiros.
Exposição no Sesc Belenzinho, O Brasil na Arte Popular -
Acervo Museu Casa do Pontal

Meu caro karê

Já publiquei muitos comentários gastronômicos sem receita, mas nunca me senti culpada porque este não é um blog de culinária, nem mesmo de utilidade pública. Só é, por ora, o meu blog.
Mas devo admitir que fico bem irritada quando pesquiso receitas em blogs autodenominados gastronômicos, gourmet etc., e a coisa é completamente capenga. Ou seja, faltam passos na receita, a ordem de "entrada" dos ingredientes.
Assim foi com o karê. Minha ideia era fazer pastéis de carne, por isso saí para comprar a carne e a massa. Quando cheguei em casa, me lembrei do karê que comprei outro dia (na verdade, faz meses) na Liberdade, o Golden Curry. No mesmo dia, eu tinha almoçado com uma amiga numa casa de karê, e a dona tinha me dado a dica de acrescentar chocolate amargo ao ensopado.
E outro dia, quando fiz o boeuf bourguignon do Troisgros, a receita também falava do chocolate - realmente, fica divino.
Bueno, os pastéis se transformaram em karê. Tinha batata, cenoura e cebola, entonces era só seguir alguma receita. E foi aí que esbarrei nas receitas incompletas que se dizem "o verdadeiro karê". As proporções estavam corretas, mas neca de passo a passo. Por minha conta, acrescentei maçã picada e o chocolate, no final. Ficou muito, muito bom.

Ingredientes (serve bem 2 pessoas):
- 200g de carne ou frango cortado em cubos (a carne pode ser alcatra ou patinho)
- 1 cebola grande picada
- 2 cenouras médias cortadas em cubos
- 2 batatas médias descascadas e cortadas em cubos
- 1 maçã grande, descascada e cortada em cubos
- 2 partes da bandejinha de karê Golden Curry (a minha tinha 5)
- 1 litro de água fervente
- 20g de chocolate amargo (usei aquele Special Dark da Hershey's)
- azeite (cerca de 2 colheres) para refogar
- sal a gosto

Preparo:
Refogue a cebola no azeite. Junte a carne, e em seguida a batata e a cenoura. Deixe refogar algum tempo e então acrescente a água fervente. Tampe a panela e deixe cozinhar por cerca de 20 minutos ou até que os legumes estejam quase macios. Acrescente os tabletes de Golden Curry e misture bem. Junte a maçã e deixe cozinhar por mais uns 5 minutos. Quando a carne e os legumes estiverem macios, incorpore o chocolate, mexendo até que ele derreta. Acerte o sal e então desligue.
Sirva com arroz branco.

sábado, 21 de junho de 2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

São João sem canjica não pode!

Quando eu era pequena, adorava ir a festas juninas, daquelas com quadrilha, barracas diversas, fogueira, vinho quente, pipoca, canjica. De preferência, ao ar livre, para a gente apreciar as estrelas, mais vívidas nas noites frias de inverno.
Isso se apagou um pouco em São Paulo, e agora parece que as festas juninas se limitam a festas de escola, em quadras cobertas. Tenho a impressão de que até a festa do Sesc Pompeia deixou de acontecer (talvez por conta da superlotação), embora faltasse a ela a saudosa quadrilha da minha infância.
Nesse espírito saudosista, resolvi fazer canjica. Minha amiga Kelly comentou que a mãe dela adoça a canjica com açúcar queimado - pirei na ideia! Praticamente uma canjica praliné (porque ela usa amendoim também).
Como ela não soubesse a receita, resolvi tentar por conta própria. Já concluí algumas coisas:
- melhor cozinhar a canjica em água na panela de pressão; o leite seca rápido e a panela perde pressão - também desconfio de que ele entope a válvula; acabei cozinhando o tempo restante sem pressão, e demorei muito mais
- é preciso confiar no poder edulcorante do caramelo/açúcar queimado - espere misturar bem para então decidir se vai colocar mais um tiquinho de açúcar (eu não esperei e adocei um pouco além)
- a ideia de triturar o amendoim colocando-o em um saco plástico e passando sobre ele o rolo de macarrão é fantástica - uma solução rápida, que deixa os grãos uniformemente triturados

Ingredientes:
- 250g de canjica de milho branco
- 1 xícara chá de amendoim torrado, descascado e triturado
- 1 litro de leite integral
- 1 xícara de açúcar para caramelizar
- 2 hastes médias de canela em pau
- água para o cozimento

Preparo:
Deixe a canjica de molho por 12 horas ou mais. Retire a água, coloque-a na panela de pressão, cubra-a com água (pelo menos dois dedos acima) e tampe a panela. Quando iniciar a pressão, conte 25 minutos para o cozimento. Tire a pressão da panela (ou esperando que ela acabe normalmente, ou colocando-a sob água corrente), abra-a e adicione o leite. Leve a cozinhar com a canela, até a mistura engrossar um pouco e até que os grãos da canjica fiquem macios. Acrescente o amendoim picado e mexa mais um pouco. Quando estiver quase no ponto, derreta o açúcar em uma panela, só até ficar dourado. Misture imediatamente com a canjica. Sirva levemente aquecida ou fria; se quiser, polvilhe sobre ela um pouco de canela em pó.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Carne louca é coisa nossa

Nunca tinha feito carne louca. Acho que porque adoro, porque existem milhares de receitas a testar, porque achava que ela tinha algum segredo inconfessável etc.
Mas ultimamente tenho cismado com as coisas de pronto. E resolvi fazer carne louca daquela de sanduíche de boteco, de festa de aniversário, bem suculenta. Só que tinha que levar páprica - minha clássica cisma com determinado ingrediente, ainda mais depois de eu ter comprado um vidro grande de páprica defumada.
Bom, pesquisando aqui e ali, acho que cheguei à minha receita definitiva. Serve 8 sanduíches fartos (de preferência com pão francês quentinho e crocante):

Ingredientes:
- 500 g de coxão duro (o meu estava já em pedaços, por isso cozinhou mais rápido)
- 1/2 xícara de chá de azeite para marinar
- 1/2 pimentão amarelo picado sem sementes
- 1/2 pimentão verde picado sem sementes
- 1/2 xícara de azeitonas verdes picadas
- 1 cenoura descascada cortada em palitos
- 3 dentes de alho descascados e amassados
- 1 cebola picada
- 2 folhas de louro
- 3 ramos de tomilho fresco
- 1/2 lata de tomate pelatti
- 500mL de água quente
- 1 colher chá de páprica defumada
- sal e pimenta do reino a gosto
- azeite para refogar

Preparo:
Marine a carne por 2 ou 3 horas com azeite, alho, páprica, pimenta do reino e sal, esfregando os temperos na carne e colocando também as folhas de louro e o tomilho e cobrindo tudo com os pimentões e a cenoura. Ao fim da marinação, refogue a cebola em azeite na panela de pressão; quando começar a dourar, junte a carne, selando-a dos dois lados. Acrescente então o restante da marinada, inclusive os pimentões e a cenoura. Misture bem e deixe cozinhar por uns 5 minutos. Acrescente o tomate pelatti com o molho e deixe cozinhar mais um pouco. Despeje a água quente, misture e quando abrir fervura tampe a panela. Assim que tiver início a pressão, conte mais 40 minutos de cozimento em fogo médio.
Desligue e espere acabar a pressão. Abra então a panela, leve novamente ao fogo, agora acrescentando as azeitonas. Prove e acerte o sal. Sirva como recheio de pão francês ou com purê de batata ou mandioquinha. E como combina com um refrigerante retrô!


Os gatinhos é que sofreram com o preparo: tiveram que ficar fora da cozinha, ainda mais depois da ação suicida do Chico de subir no fogão enquanto eu preparava nhoque e havia uma panela de água fervente no fogo!



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Temporada de sopas: minestrone com sustança

Não podia faltar a minestrone na minha temporada de sopas, claro. Mas tinha que ser fortificada com vinho e reforçada com uma carninha - claro que sem carne, inclusive usando caldo de legumes, também fica ótima e menos calórica. Uma boa ideia para quando receber amigos vegetarianos.
A minha minestrone ficou assim, com adaptações de uma receita do Panelinha:

Ingredientes:
- 400g de coxão duro cortado em cubos
- 1 xícara chá de vinho tinto
- 1 xícara chá de feijão branco
- 1 cebola picada
- 1 cenoura descascada cortada em cubos
- 1 abobrinha média com casca cortada em cubos
- 1 batata média descascada cortada em cubos
- 1 mandioquinha pequena descascada cortada em cubos
- 1/2 lata de tomate pelatti com o molho
- 1 litro de água com dois cubos de caldo de carne
- 1 colher de manteiga
- 3 colheres de azeite
- parmesão ralado
- sal e pimenta do reino a gosto

Preparo:
Deixe o feijão branco de molho por cerca de 10 horas. Após esse período, troque a água e coloque o feijão para cozinhar em água por cerca de 1 hora ou até ficar macio, mas não mole demais. Reserve.
Em 1L de água fervente, dissolva os dois cubos de caldo de carne; reserve. Em uma panela, refogue a cebola na mistura de manteiga com azeite. Quando estiver dourada, junte a carne, deixando-a fritar dos dois lados. Acrescente a cenoura e deixe cozinhar por cerca de 3 minutos. Faça o mesmo com a batata, a mandioquinha e a abobrinha, nessa ordem. Coloque o vinho tinto e deixe cozinhar mais um pouco. Acrescente o tomate pelatti e o caldo de carne quente e misture bem. Tampe a panela e deixe cozinhar por cerca de 1 hora.
Quando a carne estiver macia, acrescente o feijão branco e deixe cozinhar por mais 30 minutos. Acerte os temperos e polvilhe o parmesão ralado antes de servir.

domingo, 15 de junho de 2014

Nhoque "rústico"

Será que algum dia vou conseguir fazer nhoques lisinhos e uniformes?
Já fiz algumas vezes e sempre ficam assim, meio "rústicos". O gosto é sempre muito bom, mas eles lembram trufas!
Esse da foto foi feito na manteiga com sálvia e alecrim, uma combinação que adoro!

sábado, 14 de junho de 2014

Experimentações com ganache


Na Páscoa, fiz aquele bolo escandaloso, com recheio de brigadeiro e cobertura de ganache de chocolate. A ganache é muito versátil e normalmente usada para cobertura e recheio de bolos. Se for feita mais consistente, vira trufa sem maiores problemas.
Bom, lá fui eu fazer o teste. Isso depois de comer um brigadeiro disfarçado de trufa com um morango inteiro dentro, um dia desses. Bem maomeno! Fiquei inconformada com o engodo e logo arrumei essa desculpa para minhas experimentações ganachescas.
Confesso que não acertei o ponto da trufa - mesmo deixando um pouco mais na geladeira, assim que peguei a ganache nas mãos ela ficou molenga. Fiz uma bolinha como pude em torno de um morango e logo passei no chocolate em pó. Ficou gostoso, mas só deu para comer com garfo e faca.
Outro uso: com creme inglês (de novo! estou me especializando, inda mais agora que sei que ele, o crème brûlée e o pâtissier são parentes) e morangos. Ficou bem bom.
E me senti apaziguada, embora amanhã tenha que acordar cedo e dar uma corridinha no parque...

domingo, 8 de junho de 2014

Temporada de sopas: missoshiro

No meio da compulsão sopífera, não podia faltar o missoshiro, em homenagem ao meu quinhão japonês.
Eu não gostava de nada feito com missô quando era pequena - minha mãe, que cozinhava pouco em casa, não fazia nada de origem japonesa, com exceção de uma sopa com missô e ovo. Aquele pacote de massa de soja na geladeira era apenas um troço nauseabundo para mim.
Na verdade, comecei a apreciar comida japonesa bem depois. E frequentando restaurantes japoneses é que fui provar missoshiro. E gostei.
Daí achei uma receita no site da Sakura, e subverti só um pouquinho:

Ingredientes (500ml de sopa)
- 500ml de água fervente
- 1/2 cebola picada
- 2 colheres sopa de pasta de soja (missô)
- 1 xícara chá de queijo frescal (o correto é o tofu!)
- 1 envelope de Hondashi (tempero à base de peixe)
- 50g de bifum
- 1 pires de cebolinha picada
- azeite para refogar a cebola
- shoyu (opcional)

Preparo:
Refogue a cebola picada no azeite. Quando tiver começado a dourar, junte a pasta de soja, a água quente, o queijo e o Hondashi. Assim que abrir fervura, acrescente o bifum. Quando o bifum estiver no ponto, acrescente a cebolinha e desligue. Se quiser, acrescente um pouco de shoyu ao servir.

Banana frita com crème anglaise

Provavelmente banana frita tem um nome chique nos cardápios de restaurantes, mas não me lembro qual é (acho que dizem que é flambada ou caramelizada, para não assustar os fregueses com a ideia de fritura em tempos supostamente saudáveis). 
Hoje, depois de almoçar, percebi que não tinha nenhuma sobremesa. E então avistei o meio cacho de bananas que comprei para fazer a sopa com curry. Decidi fazer banana frita na manteiga e com açúcar e canela. De repente, me veio à cabeça o crème anglaise, básico na pâtisserie, que eu nunca tinha feito (guardei uma receita por conta do pain perdu, que ainda quero fazer, mas obviamente tenho a receita no livro da Ladurée). 
Conferi os ingredientes: ainda tinha um ovo (filho único) na geladeira. De ele estar estragado ou não dependia a existência do creme. Voilà! Estava em condições de participar do experimento. O restante estava à mão: açúcar, essência de baunilha e creme de leite (tinha o de caixinha, não o fresco, mas OK, funcionou). O ideal é fazer o creme antes e resfriar um pouquinho para então derramá-lo sobre a banana ainda quente. Show de bola!

Ingredientes (para uma pessoa):
Banana frita
- 2 bananas-prata cortadas no sentido do comprimento
- 2 colheres (sopa) de açúcar refinado para caramelizar
- 1 colher (sopa) cheia de manteiga
- 3 cravos
- canela para polvilhar durante a fritura

Crème anglaise
- 100ml de creme de leite 
- 1 gema
- 2 colheres (sopa) de açúcar refinado
- 1 colher (chá) essência de baunilha

Preparo:
Prepare primeiro o creme - misture o creme de leite, a gema, o açúcar e a essência de baunilha em uma panela. Leve ao fogo baixo e mexa sem parar e devagar por cerca de 20 minutos. Tire o creme da panela e resfrie-o imediatamente; reserve.
Em uma frigideira aquecida, coloque manteiga e açúcar. Deite nela as bananas, polvilhe um pouco de canela e acrescente os cravos para incorporar o perfume. Quando dourarem de um lado, vire-as, tomando cuidado para que o açúcar não queime. 
Arranje as bananas fritas sobre um prato e despeje sobre elas o creme resfriado. Sirva imediatamente. 

Temporada de sopas: banana com curry

Quanta gordice! Pois é, fiz a sopa de banana com curry que queria fazer há anos. Achei a receita de novo, desta vez na internet (eu tenho um recorte que fala dela, que saiu na Folha, quando eu era assinante, há mais de 10 anos - nem sei se é do mesmo restaurante).
O site onde encontrei foi o Basilico, do Josimar Melo que publica receitas e notícias de gastronomia, bem legal. E pra variar fiz minhas adaptações, não só de volume/tamanho de receita, mas de quantidades e dos ingredientes que tinha.

Ingredientes (para uma cumbuca grande):
- 3 bananas-prata
- 500ml de caldo de galinha (500ml de água + 1 tablete de caldo)
- 1/2 cebola picada (a que eu tinha era roxa)
- 1 colher (sopa) de manteiga
- 1 colher (chá) de curry
- 2 colheres de suco de limão (usei siciliano)
- 1 caixinha de creme de leite (200ml)
- salsinha para enfeitar

Preparo:
Dilua 1 tablete de caldo de galinha em 500ml de água fervente; reserve. Refogue a cebola picada na manteiga; quando começar a dourar, acrescente o curry e misture bem. Coloque então o suco de limão, o caldo quente e a banana em rodelas e deixe cozinhar por uns 15 minutos. No liquidificador, junte a essa mistura o creme de leite e bata até ficar homogêneo.
Antes de servir, coloque novamente na panela para aquecer. Enfeite com salsinha picada.

Ressalvas: eu coloquei suco de meio limão e acho que foi excessivo - por isso, aqui na receita indiquei 2 colheres apenas. A sopa não fica com tanto gosto de banana por conta do curry e do caldo de galinha (com certeza, fica mais saborosa se o caldo for "de verdade", mas mesmo assim está aprovadíssima).

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Pão italiano que vira rabanada

Minha avó costumava fazer rabanadas no Natal. Eram muito boas, tipicamente feitas com pão dormido, filão (a antiga bengala!) ou francês. Na época eu acompanhava desinteressadamente o preparo dos pratos, mais preocupada com o resultado final.
Hoje, que faz frio e chove, e há uma greve pela cidade, olhei para o pão italiano (comprado para acompanhar as últimas sopas) que já ia definhando e subitamente me lembrei das rabanadas. Por que não com pão italiano?
Achei uma "receita" (sem receita, sem medida, só os ingredientes, uó) que falava em pão italiano e vinho do Porto. Então me animei! Tenho uma garrafa inteira de Porto para usar nas receitas. Cruzando com uma receita da União, criei uma terceira:

Ingredientes (para duas fatias de pão italiano):
- duas fatias de pão italiano médias
- 1 xícara (chá) de leite
- 1/3 xícara (chá) vinho do Porto
- 1 colher (chá) de essência de baunilha
- 2 colheres (sopa) de açúcar refinado
- 1 ovo inteiro
- canela e açúcar para polvilhar
- óleo para fritura (de preferência, canola ou girassol)

Preparo:
Numa travessa funda, misture o leite, o vinho, a baunilha e o açúcar (eu acrescentei ainda um pouco de canela e penso em colocar noz moscada na próxima). Mergulhe as fatias de pão nessa mistura e deixe-as amolecendo enquanto o óleo esquenta bem em uma frigideira de bom tamanho.
Também aproveite para bater o ovo com um garfo ou fouet, como se fosse preparar uma omelete. Retire as fatias de pão, deixe escorrer um pouco do líquido e passe-as no ovo batido, dos dois lados. Coloque-as para fritar no óleo quente. Quando dourar de um lado, vire-as. Assim que os dois lados estiverem dourados, retire e coloque-as sobre papel absorvente para retirar o excesso de óleo. Passe-as para um prato e polvilhe com açúcar e canela (eu usei o açúcar que guardo com uma fava de baunilha dentro, para incrementar mais um pouco - ficou ótimo).

Ficou muito bom! Única ressalva: pães italianos que vêm previamente cortados normalmente têm fatias muito finas. O ideal é comprar um filão inteiro e cortar um pouco mais grosso, para que as rabanadas fiquem mais macias e menos oleosas.
Também já fiquei de olho na receita de pain perdu, que é feita com brioche e crème anglaise, nham! Próximos capítulos.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Temporada de sopas: abóbora com alecrim e queijo

Já fiz sopa de abóbora de tantos jeitos que nem sei mais qual é minha receita. Mas hoje fiz esta, com uns improvisos que deram supercerto.
Eu peguei uma receita do Panelinha de sopa de abóbora japonesa com alecrim, que já havia feito. Como ando muito atrevida na cozinha, acabei colocando muito mais creme de leite do que a receita pedia, e a sopa ficou muito "leitosa". Acabei então colocando uns pedaços de queijo frescal e um pouco de requeijão que tinha na geladeira. Salsinha, pimenta, sal. E ficou uma delícia! A receita final é assim, com improviso e tudo:

Ingredientes:
- 500g de abóbora cabotchá descascada
- 2 ramos de alecrim
- 2 colheres (sopa) de salsinha picada
- 1 cubinho de caldo de galinha
- 150g de creme de leite
- 1 colher (sopa) de requeijão
- 2 colheres (sopa) de queijo frescal cortado em cubos
- salsinha para enfeitar

Preparo:
Cozinhe em 1 litro de água a abóbora com o cubinho de caldo de galinha e os ramos de alecrim. Quando a abóbora estiver cozida, retire os ramos de alecrim, mas não descarte a água do caldo. Passe a abóbora com cerca de 2 xícaras de chá do caldo para o liquidificador, acrescente o creme de leite e bata a mistura. Em seguida, coloque tudo de volta na panela para engrossar um pouco. Acrescente os cubinhos de queijo, o requeijão e salsinha picada e mexa por cerca de 5 minutos ou até que a sopa esteja com aspecto homogêneo. Enfeite com um ramo de salsinha e sirva.

domingo, 1 de junho de 2014

Temporada de sopas: caldo verde

Se o inverno seguir a lógica do outono, o frio vai ser intenso! Eu, que não curto bichinhos com roupas, até improvisei com um par de meias blusinhas para os bichanos diante do frio dos últimos dias (foi bem engraçado vê-los andando de ré, e me senti mais tranquila de eles ficarem mais quentinhos, embora não tenham curtido muito as vestes novas).
Hoje, para me aquecer, resolvi fazer caldo verde, pela primeira vez. Aproveitei uma dica de uma vendedora da Daiso, de colocar um pouco de mandioquinha, e ainda dei mais uma engordada na receita. Ficou uma delícia! A receita que fiz deu duas cumbucas como a da foto. Dá pra substituir a mandioquinha por mais uma batata (que é a receita típica), e o paio por linguiça portuguesa.

Ingredientes:
- 3 batatas médias
- 1 mandioquinha
- 1 cubo de caldo de galinha
- 1 xícara de couve-manteiga picada
- 1 paio cortado em cubos
- 1 tira fina de bacon cortada em cubos (mais ou menos 1 colher de sopa)
- sal a gosto
- azeite

Preparo:
Cozinhe as batatas e a mandioquinha em água com sal e um fio de azeite (eu acrescentei a mandioquinha um pouco depois, pois ela cozinha mais rápido). Quando estavam quase no ponto (quando o garfo consegue furá-las facilmente), acrescentei o cubo de caldo de galinha. Bata no liquidificador com um pouco do caldo e reserve.
Frite o bacon numa frigideira média; quando dourar um pouco, acrescente o paio picado. Doure mais um pouco e retire da frigideira. No próprio óleo deixado pela fritura, "assuste" a couve picada. Reserve.
Leve ao fogo o caldo para engrossar um pouco. Acrescente o paio e mexa por uns 5 minutos. Ao final, acrescente a couve, mexa um pouco mais e então desligue.
Deite um fio de azeite sobre o caldo e sirva com fatias de pão italiano e um bom vinho.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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