sábado, 11 de janeiro de 2020

Ranhuras no nhoque de batata-doce ao pesto de manjericão

Amo pesto. Amo batata-doce. Amo nhoque. Imagina juntar tudo isso! O resultado só pode ser o nhoque mais gostoso que já preparei e já comi. 
Para a massa, juntei 400 g de batata-doce e batata inglesa (não tinha batata-doce suficiente) cozidas e amassadas ainda quentes, 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo (mas nem usei toda), 1 gema e sal a gosto. Tinha já o pesto prontinho, à espera da pasta. Mas tenho certeza de que o que mais contribuiu para a deliciosidade toda do prato foram as ranhuras feitas com garfo - algo que sempre quis aprender a fazer e testei dessa vez. 
Dá um pouquinho de trabalho, mas nada absurdo. Claro que nas próximas vezes (e devem ser muitas) ficará muito melhor, nham!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Après le bal: a vida após os 40

Li hoje um texto do Carpinejar sobre a chegada aos 40, o quão libertadora ela é, quais são os sinais de que alguém chegou lá e que tais. Achei bem bonito, como tudo o que ele escreve. Me reconheço, e também a muitos amigos, na história de preferir receber pessoas em casa a sair para a balada, a se especializar em cerveja artesanal ou pães, a preferir a própria companhia, entre outras coisas bacanas que o texto elenca.
Lembro-me de ter falado aqui sobre a próxima chegada dos 40. Eu me sentia muito vivaz, forte, pronta pra tudo. Depois dos 40 - e agora já estou bem perto dos 50 -, muita coisa mudou. Ficou mais fácil engordar, comecei a ter que me preocupar e a gastar mais com saúde, resolvi compartilhar a vida com outra pessoa (há quase 10 anos), um dia descobri rugas no pescoço, por questões econômicas não saí simplesmente de um trabalho que já não me satisfazia. Em tese, tudo ficou menos "leve".
Por outro lado, tudo aquilo que o Carpinejar descreve de bom tem a ver, lá no fundo, com o foda-se. Eu já não me importava muito com o que os outros achavam, agora me importo zero por cento - a idade refina essa capacidade. Por isso, prefiro um grupo menor de amigos (ajudada pelo fato de que aqui são poucos mesmo), prefiro fazer minha própria comida, ser ecológica apesar da inutilidade das ações no nível micro e muito mais por ética, escolho roupas e utensílios pela qualidade e longevidade. Apesar do peso das novas responsabilidades, sinto que as escolhas são completamente minhas, que sou capaz de tantas coisas hoje, que cheguei tão longe, com ajuda de muitas pessoas e pela minha recusa em ficar parada. Aprendi a bordar, pedalo sozinha na estrada, sou hoje uma versão mais segura e muito melhor de mim mesma, realmente adoro minha companhia.
Parece que vou envelhecer bem.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Dos usos do leite de coco: berinjela gratinada com molho branco

Achei uma receita boa no blog Chef Funcional, da Taise Spolti, de berinjela gratinada com molho bechamel. Como Guga está evitando tanto leite quanto farinha de trigo, pensei em usar leite de coco e amido de milho (Maizena) para preparar o molho. E não é que ficou muito, muito bom? Usei cerca de 250 mL de leite de coco, 1 colher de sopa (cheia) de manteiga, 1 colher de sopa (cheia) de amido de milho, noz-moscada ralada na hora, sal e queijo parmesão ralado para gratinar. Combinou divinamente com a berinjela, que refoguei antes, para ganhar tempo no preparo.

A graça, apesar do horror

Chegou ao fim um ano terrível em muitos aspectos, mas sobretudo políticos e sociais. Foi difícil manter o otimismo, foi difícil me manter em um trabalho porque não vislumbro um cenário positivo em outras áreas. Foi difícil.
Mas atravessamos as tempestades, e não foram poucas em 2019, inclusive as literais, que derrubaram muros, provocaram inundações e estragos. Aqui e ali, uma luzinha. A chegada de Chica, os desafios da pós-graduação, a possibilidade de fazer um curso massa de pães, o reconhecimento de clientes, o afeto dos amigos.
Entonces, por mais difícil que tenha sido, resta-me agradecer a quem esteve ao meu lado em 2019. Que a doçura venha temperar o ano-novo que apenas se inicia.

Emancipação

Eu tomei hormônios por 30 anos. Trinta anos! Mais da metade da minha vida. Foi o tratamento indicado por ginecologistas - curiosamente, homens - para amenizar os sintomas da SOP (Síndrome do Ovário Policístico). Somente agora, com UMA ginecologista, foi aventada a hipótese de eu interromper esse tratamento e procurar amenizar os sintomas investindo na qualidade de vida. Ainda estou um pouco longe da menopausa, então seria necessário pensar em algum outro método contraceptivo.
Fiquei pensando em qual a razão para pouco se falar no DIU de cobre, se ele é um dos métodos mais próximos do natural que existem. Claro que podemos pensar na influência esmagadora da indústria farmacêutica, que trata um problema, cria vários outros e então oferece mais medicamentos para tratar os novos problemas de saúde. Mas não deixa de ser chocante que os próprios médicos não considerem esses fatores no atendimento às mulheres.
Verdade seja dita, enquanto tomei o Diane 35 (e foram mais de vinte anos), não sentia desânimo, nem cólicas. Comecei a engordar mais perto dos 40 anos, então não posso reputar toda culpa a ele. Quando, porém, pelo risco de trombose, substituí o medicamento por outro, o Cerazette, engordei, desanimei, tive cólicas homéricas, de me dobrar ao meio, o ciclo menstrual ficou totalmente desregulado. Como um medicamento assim poderia ser benéfico? Só então comecei a pensar em alternativas para o tratamento da SOP e também para a contracepção.
Eu mesma só tenho conhecimento de UMA amiga que utiliza o DIU. Foi ela quem mais me animou a fazer uso do dispositivo. Entre o de cobre e o chamado Mirena, obviamente escolhi o primeiro, sobretudo porque tudo o que menos queria era continuar usando hormônio, mas também porque o segundo é muito mais caro (com o custo da aplicação, o valor seria três vezes maior que o de cobre).
Fui, fiz. Quase morri de cólica no momento da aplicação e nas horas seguintes. Mas depois fui tomada por uma sensação de liberdade tão grande - por ter tomado essa decisão, por estar há alguns meses sem usar medicamentos hormonais, por me sentir voltando a ser eu mesma! Apesar de outros problemas de saúde recentes - cisto na mama, nódulo na tireoide, microcisto ovariano, esteatose hepática -, me sinto mais disposta, comecei a emagrecer (claro que também por conta das mudanças na alimentação e na atividade física, mas o maior ânimo é que possibilita essas mudanças), sinto vontade de escrever, estudar (e o Universo vem com ajudinha extra de colocar pessoas interessantes no caminho).
O que é um pouco assustador nesse processo é como não nos damos conta de que os problemas de saúde, quando são crônicos mas não têm consequências tão graves, interferem enormemente em todos os setores da vida. De repente, sem hormônios sintéticos, me sinto emancipada. Como se eu tivesse dormido em uma cápsula por anos, e de repente acordasse. Liberta, emancipada.

domingo, 5 de janeiro de 2020

A vida com poucas massas

Dois exemplos de receitas para reduzir o consumo de massas no dia a dia: espaguete de abobrinha ao alho e óleo com tomate seco que trouxe da Chapada (achava que era muito bom, mas é só regular) e crackers de linhaça (acrescentei parmesão, gergelim preto, alecrim e tomilho secos).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

O abuso sob novas lentes: três filmes contemporâneos

O que Susanna Jones, Paula Hawkins e Gillian Flynn têm em comum? São escritoras de língua inglesa (duas britânicas e uma americana), na faixa dos 45-50 anos, que tiveram livros adaptados ao cinema com grande sucesso. Suas respectivas obras, The Earthquake Bird, The Girl on The Train e Gone Girl, se tornaram filmes de suspense - sim, o gênero também é o mesmo - capitaneadas por atrizes de sucesso (sim, são protagonistas femininas) e dois deles até concorreram a categorias do Oscar.
Mais que tudo isso, porém, são autoras cujas obras tratam de relacionamentos abusivos (Flynn é também autora do excelente Sharp Objects, que virou série na HBO com a maravilhosa Amy Adams). As protagonistas não são heroínas no sentido clássico; são figuras trágicas, vulneráveis, submetidas de algum modo a um homem e conhecedoras na prática de termos como mansplaining, gaslighting, bropriating. Estou falando desse abuso psicológico tão cotidiano que todas nós já vivenciamos em algum momento, e não do abuso mais óbvio e fisicamente violento, como, aliás, podemos ver em outros filmes e séries baseados em livros de mulheres - A cor púrpura, na obra da americana ganhadora do Pullitzer Alice Walker, O quarto de Jack, na da irlandesa Emma Donaghue, e Big Little Lies, no livro da australiana Liane Moriarty, só para ficar em três exemplos célebres.
O fato é que o abuso psicológico parece servir melhor ao thriller. Vejo ecos de Patricia Highsmith em cada um desses filmes - embora ela se caracterize mais pela amoralidade, frieza e até crueldade de seus personagens, lá está o abuso, sem maiores explicações ao leitor, desenhando as relações de poder entre classes e gêneros.
Talvez hoje as relações abusivas me chamem mais a atenção do que em outros tempos. Ou melhor, hoje me permito me sentir claramente incomodada com elas. Mas também acho que elas têm ganhado mais destaque, mais tintas, nas mãos dessas autoras - a mulher não é mais apenas um joguete, uma boneca, uma vítima nos filmes de suspense. Mesmo nos filmes de Hitchcock, que eu adoro, a mulher é um mistério, não alguém com dilemas existenciais, quando não apenas uma cópia de outra (vide Vertigo). O que Jones, Hawkins e Flynn trazem de novo é uma mulher al borde de un ataque de nervios, porém sem risos - uma vítima em vias de reagir, de cair com os punhos sobre seu opressor. Se ela vai conseguir? É preciso ler, assistir a essas obras, e a todas que vierem, para saber e se inspirar.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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