domingo, 31 de janeiro de 2021

Fritza, nosso eletrodoméstico da pandemia

A maioria dos meus amigos comprou batedeira planetária, forno elétrico e aspirador de pó na pandemia. Conversando com Ná e Rafa, vi que eu não tinha comprado nenhum eletrodoméstico, ora.
Há uns anos, pensei em comprar uma fritadeira a ar, mas Guga achava que era um item totalmente desnecessário. Acabei concordando com ele porque não tínhamos mesmo espaço, e ela costuma ser um trambolho de tão grande, desproporcional à nossa cozinha.
Mas minha sogra comprou, no ano passado, uma da Mondial, e usa quase todo dia. Meu marido ficou encantado com os preparos e decidiu que era hora de termos uma. Ponderei sobre o espaço (que continua o mesmo), ele disse que não seria problema. Alegou que me daria muito menos trabalho, que sujaria menos louça etc.
Compramos. Na verdade, ela ainda não tem um lugar fixo, está sobre a pia, meio trambolho. Fiz filé à milanesa, ficou muito seco, talvez devesse ter deixado menos tempo. Me assustei um pouco com o cheiro de plástico, mas parece que passa. A sobrecoxa de frango, com brócolis congelados, ficou ótima. De fato, é mais fácil de limpar, bem antiaderente. 
Agora o céu é o limite, porque dá para fazer até pratos com caldo, retirando a cesta. A ver se ficam tão bons quanto as versões tradicionais ao fogo. 

Fofuras da natureza

A beleza e a natureza (tantas vezes uma coisa só!) seguem sendo antídotos antitristeza nestes tempos. 
Depois dos microabacates e das minimangas que povoam nosso caminho, foi a vez do pequeno mamão delicioso que brotou no quintal de minha sogra. 

Nós que aqui estamos, pra onde será que vamos?

Como já imaginávamos, 2021 começou e pouca coisa mudou. Prosseguimos na pandemia, quarentenados, já com a chuva dando as caras após uma trégua de um mês. Dez meses e meio de quarentena, mas agora com mais temor da Covid-19, que vem de novas cepas do vírus, imagine só. Além das loucuras e desmandos diários do governo federal, da violência crescente contra mulheres, trans, negros e pobres, do aumento incessante dos preços de tudo, de gente vivendo em condições análogas à escravidão em pleno século 21. 
Se já estamos normalmente no final da fila de qualquer campanha de vacinação, agora, com a disputa eleitoreira, nem sabemos em que ano seremos vacinados. Talvez só nos reste pagar pela vacina, torcendo para que o valor cobrado caiba no bolso. 
Ontem, uma amiga com quem não falava faz tempo, ligou, reafirmando a vontade de voltar a nos encontrar, com esperança na vacina - ela, que faz parte do grupo da quarta fase, conta com ser vacinada ainda este ano. 
Realmente não sei quando voltaremos a transitar com mais segurança, e por isso me causa um certo horror ver pessoas conhecidas viajando pra lá e pra cá, postando suas fotos sem máscara com outras pessoas sem máscara circulando ao redor, tudo por uma selfie. Eu entendo que todos estão esgotados com a situação de pandemia, mas simplesmente jogar tudo pra cima me parece mais um ato egoísta de quem não se importa com o coletivo do que uma ação suicida. Sigo enxergando a divisão da sociedade entre quem se importa e quem não se importa. O único meio-tom possível é quem se importa mas não tem condições de ficar em casa, é obrigado a circular etc. 
Agora em janeiro tive uma fugaz esperança de encontrar uma pós-graduação, mas acabou-se quando soube que o professor que ministraria uma disciplina com vagas para aluno especial já foi acusado de assédio, machismo e homofobia. Foi inocentado pela instituição, mas resolvi não pagar pra ver. Ah, que mundo torto o nosso.
As coisas boas, a gente vai catando no meio dessa lama toda, como os grupos solidários que, se não conseguem o impeachment do Bozo, pelo menos ajudam quem precisa a sobreviver, caso do recente ECDE, maravilhoso, grupo de compra e venda da galera das esquerdas. As comunidades continuam se organizando para fazer frente à crise e garantir comida no prato da galera, como no projeto Arranjo Local da Penha, no Rio. Há movimentos de ajuda aos amazonenses, que vivem uma tragédia sem precedentes com a falta de oxigênio (suprema ironia) para os pacientes hospitalizados. 
Há muita picaretagem, fura-filas da vacina, corrupção na compra de insumos, mas ainda há gente boa, e seguimos tentando manter ao menos a cabeça acima da lama.

No reino da goiabada

Quando eu era pequena, comia muita goiabada. Meu avô adorava, então sempre havia em casa. Chocolate era um sabor de festa de aniversário, em bolos e brigadeiros. Às vezes aparecia algum tablete em casa, tipo Kri ou Surpresa; depois, caixas de bombons da Garoto ou Nestlé. Doces requintados só entrariam na minha vida bem mais tarde, já na vida adulta. Talvez por isso eu tenha mantido o mesmo peso durante anos (além de sempre estar no corre, até virar uma editora sedentária).
Já Guga ama goiaba e goiabada, acho que desde sempre, ininterruptamente. Goiabada pura, cheesecake de goiabada, goiaba da banquinha de frutas. E ele ama biscoitinhos amanteigados. Da última vez que fiz biscoitos 1-2-3 ele perguntou se rolava colocar goiabada. Prometi que faria uns biscoitos assim.
Essa semana, encontrei no supermercado uma goiabada cascão linda, da marca Da Colônia, que costuma ter ótimos produtos. Já tinha registrado uma receita de beliscão de goiabada, do curso do Itaú Cultural, "História do Brasil em 12 ingredientes e uma dose", e resolvi testar ontem.
O nome beliscão é por conta do fecho do biscoito, como se déssemos uma beliscada na massa, sobre o pedacinho de goiabada. A massa é bem quebradiça, então a modelagem é um pouco mais trabalhosa. O resultado é ótimo, embora a goiabada fique meio puxa-puxa, um risco para as restaurações dentárias. 
Mas Guga quis mais biscoitos hoje. E daí, pra facilitar minha vida, fiz a massa do 1-2-3 com uma gotinha de goiabada sobre a massa, modelada em moedas, tipo petit four. Ficou uma delícia também, além de bem bonitinho e muito mais rápido de preparar.  

domingo, 24 de janeiro de 2021

O importante é ter Prestígio

O leite condensado de coco me fez desejar um bolinho prestígio. Achei no site da minha amiga Dani Noce o que procurava: uma receita rápida de um bolo úmido e doce na medida, delicioso. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Doce de abóbora com leite condensado de coco

E então o leite condensado de coco foi pra panela junto com a abóbora que ganhei de Cleuza. Mais um cadim de açúcar mascavo, dois cravos e pá, virou um doce delícia. Mas ainda penso no bolo de chocolate prestígio feito com esse leite condensado. 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Leite de coco condensado

Nunca tinha tido a brilhante ideia de fazer leite de coco condensado. Descobri que até existe (mas nunca vi) leite de coco em pó. Quando pensei em fazer o leite condensado, vi que há quem use o dito cujo. Já existe até shoyu de coco, imagine!
Entonces, como tinha uma caixa de leite de coco já aberta na geladeira, resolvi pegar um pouco e testar, com açúcar demerara. Fiz meio no olho, talvez 300 mL de leite de coco para 1/4 de xícara de açúcar. Ficou bem bom, com uma densidade ótima. Deu uns 100 mL depois da redução. Ainda nem sei o que vou fazer com ele, porque estamos evitando os doces, mas já pensei em combinações com chocolate, nham. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Como demorei tanto a assistir "Eu, Daniel Blake"?

Eu, Daniel Blake, filme de Ken Loach de 2016, já estava na minha lista de "assistíveis" na Netflix desde que entrou no catálogo do streaming, há uns dois anos. Sempre que Guga me perguntava sobre o que eu queria assistir, eu sugeria o título, mas acabava não emplacando diante do desinteresse do marido. Pessoalmente, eu achava que o filme era bastante dramático e sério, e também fui deixando-o para o final da lista, para quando eu estivesse no mood equivalente para assisti-lo.
E então, agora no início de janeiro, Guga topou assistir ao filme. Aproveitei a deixa, antes que ele librianamente mudasse de ideia, e vimos.
Cara, como diz o título do post, como pude demorar tanto a assistir a esse filme? Já entrou para o meu top 20, ao lado de O segredo dos seus olhos, O labirinto do fauno, Julie & Julia, O Grande Hotel Budapeste, Um conto chinês, Interestelar, Central do Brasil, Quem quer ser um milionário?, Minhas tardes com Margueritte, Oldboy, O carteiro e o poeta. Embora a trama seja muito menos mirabolante do que a dos filmes citados, ficamos sem fôlego ao acompanhar a luta de Dan Blake para vencer a burocracia estatal e conquistar um direito que é seu, algo tão entranhado na cultura brasileira que nem nos damos conta do quão absurdo e abusivo é. 
Mas Blake não se dobra nunca, o que é o grande tempero do filme. É firme sem querer parecer invencível, e não apela para a autopiedade mesmo prestes a isso. Não é artificialmente heroico, como poderia ser em algum longa norte-americano, mas sim justo e solidário. Que poder tem a solidariedade! De novo, uma solidariedade pura, sem vistas a recompensas e elogios. Assim é que o protagonista não pode ignorar as angústias alheias mesmo tendo as suas próprias. Pode parecer que beira o orgulho, mas acredito que tenha mais a ver com ser forte para o outro, estar ali pelo outro. 
Ken Loach conduz brilhantemente esses atores com todo jeito de gente comum, com problemas comuns e aflitivos, de modo que quase podemos transpor a tela e caminhar junto com eles pelas ruas inglesas. E há o humor, esse remédio tão eficaz, que nos faz esquecer um pouco as mazelas e acreditar que, sim, Dan Blake e seus amigos vão conseguir, juntos, vencer a injustiça. 
Mas a vida real está toda ali, e não vemos o final que gostaríamos que Dan tivesse. Sentimos o golpe lispectoriano no estômago, aplicado com soco inglês. Após a mágica cinematográfica, somos devolvidos à nossa pequenez humana - porém, envolvidos numa esperança misteriosa e muda de que o porvir se faz junto com outros pequenos. 

sábado, 2 de janeiro de 2021

Dos riscos de comprar pela internet e novo monitor cardíaco

Chegaram ontem minhas últimas encomendas de 2020: uma smartband e as sandálias birken que Guga me deu de presente de Natal.
As sandálias, como se pode ver nas fotos, têm cores diferentes: escolhi um tom mais pro violeta (tudo bem que a descrição falava em azul) e recebi azul bic. Tudo por uma questão de tratamento das imagens e calibragem de telas. Ainda bem que amo azul bic! Esse é um risco de comprar roupas e sapatos pela internet; até que dei sorte ao longo dos anos em minhas compras, mas às vezes acontece. 
Como meu Polar morreu e tive de devolver o relógio da Huawei/Xiaomi que reiniciava sozinho, fui atrás de um outro, mas está tudo muito caro, com a alta do dólar. Daí optei por uma smartband, já que minhas atividades físicas estão mais limitadas a caminhadas e treinos em casa mesmo. Estou ainda na fase de reconhecimento do dispositivo, que é da Tomtom, marca de monitores cardíacos no mesmo patamar da Polar e da Garmin. Achei na Magalu por um valor que cabia no bolso, 278 reais. Na torcida para que ele cumpra o que promete e dure pelo menos um ano, que já estou até menos exigente. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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