Queria ter escrito algo bonito, ou pelo menos encorajador, para saudar o novo ano. Mas a inspiração deu lugar a um desejo de ficar quieta vendo as luzes de 2012, um ano de comunicações difíceis, se apagando.
Mesmo que 2013 herde algumas pendências do antecessor, creio que essa quietude há de me ajudar a renovar o fôlego para mergulhos mais profundos (em projetos novos ou antigos, em novos lugares, dentro de mim, onde queira).
No final, acho que é o melhor que posso desejar aos queridos: fôlego renovado para ir além da superfície. Talvez haja alguma escuridão e criaturas estranhas, talvez beleza e pérolas - só o mergulho de verdade vai dizer.
domingo, 30 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Gourmandise XIX - Estorogonofo, né?
Minha amiga Marisa me perguntou se não criei nenhuma receita diferente nesse período de dieta. Pra falar a verdade, cozinhei muito pouco. Mas este mês, pouco antes de me despedir do estranho ano de 2012, resolvi subverter a receita tradicional de estrogonofe.
Nada muito complexo: shitake no lugar do champignon, creme de leite light, iscas de carne, a famosa mostarda com picles que trouxemos de Ouro Preto e um pouco de molho de tomate, além de pimenta do reino, sal e cebola picada. Com o toque oriental que o shitake deu ao prato, ele ficou ótimo, embora eu ainda precise dominar os segredos para uma carne mais macia. Mais uma tarefa a realizar em 2013!
Nada muito complexo: shitake no lugar do champignon, creme de leite light, iscas de carne, a famosa mostarda com picles que trouxemos de Ouro Preto e um pouco de molho de tomate, além de pimenta do reino, sal e cebola picada. Com o toque oriental que o shitake deu ao prato, ele ficou ótimo, embora eu ainda precise dominar os segredos para uma carne mais macia. Mais uma tarefa a realizar em 2013!
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Memento
Sou uma desmemoriada. Creio que assumida, depois de o namorido concluir que minha capacidade de apagar do HD mental aquilo que não interessa é uma qualidade. Isso depois de ele me consultar sobre cervejas porque revisei um livro acerca de, e eu responder que não me lembrava. Isso depois ainda de muitas vezes eu não me lembrar do enredo de um filme, de uma determinada cena ou frase etc. Guga costuma lembrar dessas coisas todas; assim, ambos ficamos frustrados com meu "desmemento". E olhem que um dos meus filmes preferidos é justamente Amnésia (Memento), de Christopher Nolan. Um dos meus contos favoritos de Borges é Funes.
Sei que essa revelação pode ser um tanto chocante para muitas pessoas, porque, afinal de contas, escolhi ser historiadora. Em tese, uma profissional da memória (já adianto que não sou boa com datas ou nomes de generais, que me saio melhor com encadeamento de fatos). Além disso, sou de Câncer, um signo que os astrólogos dizem valorizar o passado e a memória. Os mesmos astrólogos concluiriam então que meu problema é ter Vênus em Gêmeos, signo um tanto distraído e algo "superficial". Sabem como é: interesses múltiplos, gostar de gente, viajar física e mentalmente... O caos. Mas a memória em si sempre me fascinou, principalmente o que nela é "exato" ou não.
De fato, o que me interessa me toma por completo. Do que não interessa, esqueço ou pouco retenho. E não tenho pudores de admitir, de consultar as bases para dar uma resposta precisa (culpa de eu ser educadora - mas como pode uma educadora desmemoriada? xiiiii!). Em compensação, vejo uma constelação de ideias à minha volta quando tenho que falar ou escrever sobre um assunto que me seja caro. Talvez pareça superficial, porque é fácil e prazeroso. Talvez eu consiga reunir os diferentes tipos de memória de que fala Bergson, seja isso bom ou ruim.
Algo que me consola é João Cabral de Melo Neto, com sua poesia tão exata, ter falado em um profissional da memória. Ainda por cima, em Sevilha, que me traz tantas sensações à lembrança.
Alguns trechos:
[...]
A lembrança foi perdendo
a trama exata tecida
até um sépia diluído
de fotografia antiga.
Mas o que perdeu de exato
de outra forma recupera:
que hoje qualquer coisa de um
traz da outra sua atmosfera.
Encharcando o já molhado, ele sabia das coisas.
Sei que essa revelação pode ser um tanto chocante para muitas pessoas, porque, afinal de contas, escolhi ser historiadora. Em tese, uma profissional da memória (já adianto que não sou boa com datas ou nomes de generais, que me saio melhor com encadeamento de fatos). Além disso, sou de Câncer, um signo que os astrólogos dizem valorizar o passado e a memória. Os mesmos astrólogos concluiriam então que meu problema é ter Vênus em Gêmeos, signo um tanto distraído e algo "superficial". Sabem como é: interesses múltiplos, gostar de gente, viajar física e mentalmente... O caos. Mas a memória em si sempre me fascinou, principalmente o que nela é "exato" ou não.
De fato, o que me interessa me toma por completo. Do que não interessa, esqueço ou pouco retenho. E não tenho pudores de admitir, de consultar as bases para dar uma resposta precisa (culpa de eu ser educadora - mas como pode uma educadora desmemoriada? xiiiii!). Em compensação, vejo uma constelação de ideias à minha volta quando tenho que falar ou escrever sobre um assunto que me seja caro. Talvez pareça superficial, porque é fácil e prazeroso. Talvez eu consiga reunir os diferentes tipos de memória de que fala Bergson, seja isso bom ou ruim.
Algo que me consola é João Cabral de Melo Neto, com sua poesia tão exata, ter falado em um profissional da memória. Ainda por cima, em Sevilha, que me traz tantas sensações à lembrança.
Alguns trechos:
Assim, foi entretecendo
entre ela, e Sevilha fios
de memória, para tê-las
num só e ambíguo tecido;
foi-se injetando a presença
a seu lado numa casa,
seu íntimo numa viela,
sua face numa fachada.
entre ela, e Sevilha fios
de memória, para tê-las
num só e ambíguo tecido;
foi-se injetando a presença
a seu lado numa casa,
seu íntimo numa viela,
sua face numa fachada.
[...]
A lembrança foi perdendo
a trama exata tecida
até um sépia diluído
de fotografia antiga.
Mas o que perdeu de exato
de outra forma recupera:
que hoje qualquer coisa de um
traz da outra sua atmosfera.
Encharcando o já molhado, ele sabia das coisas.
domingo, 18 de novembro de 2012
Sozinha não consigo
Conversa vai, conversa vem, surgiu o assunto "amigos". Como serão os meus?
Difícil definir com poucas palavras. Eles vêm de toda parte, têm credos e gostos diferentes. Para quem gosta de classificar as pessoas, eles são sim de "tribos" diversas, às vezes tribos de um índio só, que eu tive o privilégio de conhecer.
Os que têm credos certamente não são do tipo que procuram empurrar sua crença para ninguém - só falam dela se indagados. Nenhum deles é perfeito, nem santo, e nem tem essa pretensão. Aliás, são costumeiramente corajosos para assumir imperfeições. Não querem ser politicamente corretos, porque normalmente já são éticos, ou buscam ser. Principalmente, são inteligentes, têm humor e costumam ser mais tolerantes que a maioria das pessoas.
O que mais me encanta neles, que são tão diferentes entre si (alguns mais sensíveis e observadores, outros mais falantes e assertivos), é sua capacidade de acolhimento. Mesmo que não nos vejamos há tempos, mesmo que estejamos geograficamente distantes, deles ouço, quando preciso, as melhores palavras, com respeito e sabedoria, sem julgamentos, sem despeito.
E quando escuto Joe Cocker fazendo a melhor interpretação da canção dos Beatles, imagino que ele deve saber exatamente do que estou falando.
Difícil definir com poucas palavras. Eles vêm de toda parte, têm credos e gostos diferentes. Para quem gosta de classificar as pessoas, eles são sim de "tribos" diversas, às vezes tribos de um índio só, que eu tive o privilégio de conhecer.
Os que têm credos certamente não são do tipo que procuram empurrar sua crença para ninguém - só falam dela se indagados. Nenhum deles é perfeito, nem santo, e nem tem essa pretensão. Aliás, são costumeiramente corajosos para assumir imperfeições. Não querem ser politicamente corretos, porque normalmente já são éticos, ou buscam ser. Principalmente, são inteligentes, têm humor e costumam ser mais tolerantes que a maioria das pessoas.
O que mais me encanta neles, que são tão diferentes entre si (alguns mais sensíveis e observadores, outros mais falantes e assertivos), é sua capacidade de acolhimento. Mesmo que não nos vejamos há tempos, mesmo que estejamos geograficamente distantes, deles ouço, quando preciso, as melhores palavras, com respeito e sabedoria, sem julgamentos, sem despeito.
E quando escuto Joe Cocker fazendo a melhor interpretação da canção dos Beatles, imagino que ele deve saber exatamente do que estou falando.
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segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Gourmandise XVIII - Crepe "Zete"
Sem querer, economizei na calda de laranja e por isso ele ficou com essa cara de panqueca com um pouco de geleia em cima.
Mas ficou bom, hummm!
domingo, 11 de novembro de 2012
Flamenco e tai chi chuan, tudo a ver
O que podem ter a ver a dança flamenca e a arte marcial interna tai chi chuan? Se uma é quente e vibrante, a outra parece fria e lenta. Uma acelera a pulsação, a outra acalma. Razão e emoção. Oriente e ocidente, yin e yang.
Nem tanto. Para começar, o flamenco nem é tão ocidental assim, ou só o é por uma questão geográfica, já que é filho de ciganos, árabes, judeus errantes. Flamenco e tai chi têm características marciais - uma no ritmo, a outra por sua própria origem em lutas chinesas. Ambas são telúricas, enraizadoras - por isso, os movimentos se dão de forma pouco verticalizada. Não se buscam as alturas, mas a base, o chão. Por isso as duas me atraem, e também por seu caráter democratizante, porque não é preciso ser uma sílfide para praticar nenhuma delas.
O equilíbrio é fundamental em ambas (alguém vai me dizer que é fundamental em qualquer expressão corporal, no que estará coberto de razão), bem como a percepção de si, a capacidade de dizer ao seu corpo, aos seus ombros, aos joelhos, como se comportar.
E o resultado é um corpo luminosamente belo. Não belo na acepção mercadológica da palavra, mas porque iluminado pela descoberta de si, de suas potencialidades, de sua inteireza. Integridade, todo o tempo. Belo, portanto, nesse (e com) sentido.
Claro que podemos criar essa consciência corporal em outras atividades. Quando fiz pilates, por exemplo, descobri uma musculatura desconhecida para mim, e ficava fascinada com movimentos que pareciam imperceptíveis terem tamanho efeito no dia seguinte, quando acordava lembrando que aqueles músculos existiam! Mas acho que o fato de o flamenco e o tai chi serem tão indissociáveis de suas respectivas culturas (ou crenças?), não se limitando ao desenvolvimento de uma atividade física, faz toda diferença.
Afinal, não posso simplesmente "decorar" os passos do flamenco - tenho que me investir da postura flamenca, de um certo empoderamento feminino, meio ancestral. Não posso só aprender as formas do tai chi - preciso entender que relação elas têm com minha força interna e com a natureza de que faço, de que fazemos parte. Volta a origens (além dos limites da cultura), olhar para dentro de si, buscar postura e força dentro de si - são alguns dos efeitos que ambas provocam. Como é difícil fazer movimentos lentos! Como é difícil assumir a força! Isso vai além da técnica; é preciso realizar mudanças internas para que o externo tenha algum efeito.
Mesmo quando nem todos as podem ver, elas, as mudanças estão ali, brilhantes, renovadoras, reveladoras.
Meus sapatitos chilenos de flamenco, já ficando surrados, que delícia!
Nem tanto. Para começar, o flamenco nem é tão ocidental assim, ou só o é por uma questão geográfica, já que é filho de ciganos, árabes, judeus errantes. Flamenco e tai chi têm características marciais - uma no ritmo, a outra por sua própria origem em lutas chinesas. Ambas são telúricas, enraizadoras - por isso, os movimentos se dão de forma pouco verticalizada. Não se buscam as alturas, mas a base, o chão. Por isso as duas me atraem, e também por seu caráter democratizante, porque não é preciso ser uma sílfide para praticar nenhuma delas.
O equilíbrio é fundamental em ambas (alguém vai me dizer que é fundamental em qualquer expressão corporal, no que estará coberto de razão), bem como a percepção de si, a capacidade de dizer ao seu corpo, aos seus ombros, aos joelhos, como se comportar.
E o resultado é um corpo luminosamente belo. Não belo na acepção mercadológica da palavra, mas porque iluminado pela descoberta de si, de suas potencialidades, de sua inteireza. Integridade, todo o tempo. Belo, portanto, nesse (e com) sentido.
Claro que podemos criar essa consciência corporal em outras atividades. Quando fiz pilates, por exemplo, descobri uma musculatura desconhecida para mim, e ficava fascinada com movimentos que pareciam imperceptíveis terem tamanho efeito no dia seguinte, quando acordava lembrando que aqueles músculos existiam! Mas acho que o fato de o flamenco e o tai chi serem tão indissociáveis de suas respectivas culturas (ou crenças?), não se limitando ao desenvolvimento de uma atividade física, faz toda diferença.
Afinal, não posso simplesmente "decorar" os passos do flamenco - tenho que me investir da postura flamenca, de um certo empoderamento feminino, meio ancestral. Não posso só aprender as formas do tai chi - preciso entender que relação elas têm com minha força interna e com a natureza de que faço, de que fazemos parte. Volta a origens (além dos limites da cultura), olhar para dentro de si, buscar postura e força dentro de si - são alguns dos efeitos que ambas provocam. Como é difícil fazer movimentos lentos! Como é difícil assumir a força! Isso vai além da técnica; é preciso realizar mudanças internas para que o externo tenha algum efeito.
Mesmo quando nem todos as podem ver, elas, as mudanças estão ali, brilhantes, renovadoras, reveladoras.
Meus sapatitos chilenos de flamenco, já ficando surrados, que delícia!
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Adiós, compañero
Não, não quer dizer que arrumei outro emprego. A validade do bilhete de desempregado é que chegou ao fim, após 90 dias.
Adiós, compañero. Obrigada por tantas viagens proporcionadas!
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Pequenas, mas vitórias
Pois.
Comecei a emagrecer. Devagarzinho. Agora de verdade. Levando a sério os exercícios físicos, pelo menos 6 vezes por semana, controlando a larica e deixando as guloseimas mais para sexta e/ou sábado. Tomando um placebo que para mim foi muito eficaz (e liberado pelo médico), garcínia em cápsulas, e muita água. Não deixando de comer de 3 em 3 horas. E, muito importante, comemorando cada "100 g" que se vai. No fundo, mudando padrões, como diz meu amigo Wagner.
Engraçado (maneira de dizer) como a gente pode se enganar por muito tempo. Pensava que me exercitar, mesmo eventualmente, e contar calorias eram suficientes para emagrecer - e achava muito injusto quando isso não acontecia. Já comentei que talvez tenha precisado chegar a um estado crítico para fazer as coisas da maneira correta - como aquelas histórias que achava terríveis, de moças que engordavam 20, 30 kg, mas que conseguiam emagrecer e publicavam seu "testemunho" em revistas, na linha "Eu consegui" da Boa Forma (depois que engordei muito, li vááários desses testemunhos!). Talvez diferentemente dessas moças vencedoras, que abraçaram pra valer musculação, corrida etc., eu só esteja conseguindo porque optei por alternar a academia com atividades de que gosto mesmo, como flamenco e tai chi chuan. Até começar um e outro, estava indo à academia de caju em caju, como diz Guga.
Mas o melhor mesmo desses primeiros resultados foi poder colocar um dos vestidos de que mais gosto, que estava na minha lista dos -5kg (fiz uma lista de roupas a usar com -3kg, -5kg, -8kg, -10kg e -15kg, um baita estímulo organizado em etapas). Aos poucos, vou voltando a usar o que quero, e não mais "apenas o que serve". Escolher, e não ser obrigada - nunca esteve tão claro para mim como liberdade e estar bem consigo (inclusive fisicamente) têm tudo a ver.
Comecei a emagrecer. Devagarzinho. Agora de verdade. Levando a sério os exercícios físicos, pelo menos 6 vezes por semana, controlando a larica e deixando as guloseimas mais para sexta e/ou sábado. Tomando um placebo que para mim foi muito eficaz (e liberado pelo médico), garcínia em cápsulas, e muita água. Não deixando de comer de 3 em 3 horas. E, muito importante, comemorando cada "100 g" que se vai. No fundo, mudando padrões, como diz meu amigo Wagner.
Engraçado (maneira de dizer) como a gente pode se enganar por muito tempo. Pensava que me exercitar, mesmo eventualmente, e contar calorias eram suficientes para emagrecer - e achava muito injusto quando isso não acontecia. Já comentei que talvez tenha precisado chegar a um estado crítico para fazer as coisas da maneira correta - como aquelas histórias que achava terríveis, de moças que engordavam 20, 30 kg, mas que conseguiam emagrecer e publicavam seu "testemunho" em revistas, na linha "Eu consegui" da Boa Forma (depois que engordei muito, li vááários desses testemunhos!). Talvez diferentemente dessas moças vencedoras, que abraçaram pra valer musculação, corrida etc., eu só esteja conseguindo porque optei por alternar a academia com atividades de que gosto mesmo, como flamenco e tai chi chuan. Até começar um e outro, estava indo à academia de caju em caju, como diz Guga.
Mas o melhor mesmo desses primeiros resultados foi poder colocar um dos vestidos de que mais gosto, que estava na minha lista dos -5kg (fiz uma lista de roupas a usar com -3kg, -5kg, -8kg, -10kg e -15kg, um baita estímulo organizado em etapas). Aos poucos, vou voltando a usar o que quero, e não mais "apenas o que serve". Escolher, e não ser obrigada - nunca esteve tão claro para mim como liberdade e estar bem consigo (inclusive fisicamente) têm tudo a ver.
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Meninos, eu vi, e cantei, e gritei, e pulei - Titãs 30 anos
De repente, voltamos a ter 14 anos. Foi na hora exata em que Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin se juntaram no palco a Sérgio Britto, Paulo Miklos, Tony Bellotto e Branco Mello. Só faltava Marcelo Fromer, morto em 2001.
A volta mágica à adolescência aconteceu ontem, no show de 30 anos do Titãs, agora composto por quatro titãs e mais um baterista. Os três titãs faltantes compareceram, após uma hora de show, para uma participação especialíssima.
O que dizer, além de que pulamos, gritamos e cantamos por duas horas? Que Arnaldo Antunes parece ter sido conservado em gelo? Que muitas das músicas mais antigas continuam modernas? Que o vocal de Paulo Miklos é realmente incrível e visceral? Que a iluminação incrementava a psicodelia do evento? Que somos privilegiados por termos vivido aquele tempo e por estarmos vivos hoje, quando esse grupo volta a se reunir?
Claro que o local - o Espaço das Américas, bonito, amplo e próximo ao metrô, e onde estão agendados outros grandes shows como os de Robert Plant e Tears for Fears - e a organização do evento ajudaram muito - seguranças educados, bom atendimento no bar, ótimo som, iluminação perfeita, pontualidade, saída sem tumulto - a plateia extasiada a se transportar para outro tempo. Quem viveu, viu. Quem viu, reviveu.
Fotos tiradas por Guga durante o show de 30 anos do Titãs.
Nós voltando à adolescência.
A volta mágica à adolescência aconteceu ontem, no show de 30 anos do Titãs, agora composto por quatro titãs e mais um baterista. Os três titãs faltantes compareceram, após uma hora de show, para uma participação especialíssima.
O que dizer, além de que pulamos, gritamos e cantamos por duas horas? Que Arnaldo Antunes parece ter sido conservado em gelo? Que muitas das músicas mais antigas continuam modernas? Que o vocal de Paulo Miklos é realmente incrível e visceral? Que a iluminação incrementava a psicodelia do evento? Que somos privilegiados por termos vivido aquele tempo e por estarmos vivos hoje, quando esse grupo volta a se reunir?
Claro que o local - o Espaço das Américas, bonito, amplo e próximo ao metrô, e onde estão agendados outros grandes shows como os de Robert Plant e Tears for Fears - e a organização do evento ajudaram muito - seguranças educados, bom atendimento no bar, ótimo som, iluminação perfeita, pontualidade, saída sem tumulto - a plateia extasiada a se transportar para outro tempo. Quem viveu, viu. Quem viu, reviveu.
Fotos tiradas por Guga durante o show de 30 anos do Titãs.
Boas compras II - Loja Vírus - Converse
O nome é meio estranho, mas a loja virtual que vende TUDO o que você imaginar de All Star + Converse é incrível.
Tinha já comprado por ela na época da Cultura - eu, Elisoca e Marcelino nos juntamos para comprar uns modelos diferenciados de All Star (foi quando comprei o meu de lantejoulas, que parece um peixe, algo bem "específico"). Como foi pedido pela Elisa, não me lembrava da rapidez da entrega. Até porque a Loja Vírus (e-commerce e lojas físicas) fica em Curitiba.
Bom, no aniversário de Guga resolvi comprar um par de All Star para ele. Lembrei da Vírus, me cadastrei e fiz a compra no domingo à noite, dois dias antes do aniversário. O pagamento foi aprovado na segunda, e prazo de entrega era de quatro dias. Surpresa das surpresas, a encomenda chegou na terça, justamente no dia do aniversário.
Aí cismei que queria um All Star amarelo, que tinha procurado há alguns anos na Galeria do Rock, mas não tinha encontrado. Claaaaro que havia na loja - comprei na segunda-feira à noite, o pagamento foi aprovado ontem, o produto embalado ontem à tarde. E não é que o tênis chegou hoje? Isso porque fiz opção pelo PAC, aquele tipo de entrega que demora de 4 a 12 dias (a famosa encomenda normal), pois o frete era grátis. Levou o mesmo tempo da entrega do tênis de Guga (com frete pago).
Ficamos tão fãs que hoje compramos mais um, agora para o filhote de Guga.
Nessa história de comprar pela internet, nunca tive problemas - comprei várias coisas pela Americanas.com, e as entregas foram rápidas, os produtos vieram sem qualquer defeito. Mas até então o serviço imbatível para mim tinha sido o da Mania de Futebol - comprei uma camisa do Bahia para Guga que chegou em dois dias (sendo um deles feriado). E a loja é de Conselheiro Lafayete. Acho que a Vírus bateu a colega, levando em conta também a diversidade de produtos (alguém tem dúvida sobre qual das duas prefiro?).
Para quem curte o clássico All Star - e também outros não clássicos modelos Converse - essa loja é o paraíso na rede. São centenas de modelos e cores, com preço justíssimo - bem mais barato que nas lojas de rua ou de shopping. Numa Artwalk da vida, que tem modelos mais descolados, pagam-se pelo menos 20 ou 30 reais a mais.
O único problema é conseguir se contentar com apenas um par!
Tinha já comprado por ela na época da Cultura - eu, Elisoca e Marcelino nos juntamos para comprar uns modelos diferenciados de All Star (foi quando comprei o meu de lantejoulas, que parece um peixe, algo bem "específico"). Como foi pedido pela Elisa, não me lembrava da rapidez da entrega. Até porque a Loja Vírus (e-commerce e lojas físicas) fica em Curitiba.
Bom, no aniversário de Guga resolvi comprar um par de All Star para ele. Lembrei da Vírus, me cadastrei e fiz a compra no domingo à noite, dois dias antes do aniversário. O pagamento foi aprovado na segunda, e prazo de entrega era de quatro dias. Surpresa das surpresas, a encomenda chegou na terça, justamente no dia do aniversário.
Aí cismei que queria um All Star amarelo, que tinha procurado há alguns anos na Galeria do Rock, mas não tinha encontrado. Claaaaro que havia na loja - comprei na segunda-feira à noite, o pagamento foi aprovado ontem, o produto embalado ontem à tarde. E não é que o tênis chegou hoje? Isso porque fiz opção pelo PAC, aquele tipo de entrega que demora de 4 a 12 dias (a famosa encomenda normal), pois o frete era grátis. Levou o mesmo tempo da entrega do tênis de Guga (com frete pago).
Ficamos tão fãs que hoje compramos mais um, agora para o filhote de Guga.
Nessa história de comprar pela internet, nunca tive problemas - comprei várias coisas pela Americanas.com, e as entregas foram rápidas, os produtos vieram sem qualquer defeito. Mas até então o serviço imbatível para mim tinha sido o da Mania de Futebol - comprei uma camisa do Bahia para Guga que chegou em dois dias (sendo um deles feriado). E a loja é de Conselheiro Lafayete. Acho que a Vírus bateu a colega, levando em conta também a diversidade de produtos (alguém tem dúvida sobre qual das duas prefiro?).
Para quem curte o clássico All Star - e também outros não clássicos modelos Converse - essa loja é o paraíso na rede. São centenas de modelos e cores, com preço justíssimo - bem mais barato que nas lojas de rua ou de shopping. Numa Artwalk da vida, que tem modelos mais descolados, pagam-se pelo menos 20 ou 30 reais a mais.
O único problema é conseguir se contentar com apenas um par!
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quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Gourmandise XXVII - Le French Bazar
Na última semana, foi difícil andar na linha em termos de alimentação. Bolo de aniversário de sobrinho, matar a saudade de comida baiana, uma feijoadinha aqui, uma pizzinha de shitake ali e - o melhor dos motivos - o aniversário de Guga.
Resolvemos sair pra jantar - queríamos ir ao Accanto, mas estava rolando um evento exatamente no dia do aniversário dele. Depois decidimos ir a um bistrô já conhecido, o La Tartine, porém acabei fazendo uma pesquisa e descobri dois lugares bem conceituados, com bom custo-benefício. Mais importante: com características verdadeiras de bistrô. Sim, porque acontece de a ideia de bistrô aqui ser apropriada como algo mais cult e, portanto, cara - o que não costuma acontecer na França, onde os bistrôs são lugares charmosos mas acessíveis, parte do dia a dia dos moradores.
Pois liguei primeiro para o Le Jazz, na rua dos Pinheiros, bem cotado, sempre disputado, lugar pequeno com fila, aquelas coisas. A moça que me atendeu disse que a "cota de reservas" já tinha acabado (ele nem consta no sistema do Restorando, que faz reservas gratuitas e na hora pela internet). Sem mais - nem me convidou para ficar na fila. Parti então para reservar lugares no Le French Bazar, na mesma região.
Adoramos o lugar. Havia alguns garçons pouco experientes mas muito simpáticos e prestativos (quase dei banho de vinho num deles, que continuou sorrindo depois disso) e algumas referências ao Tintin, personagem do Hergé (eu acho meio chato, mas whatever, lá estavam quadros, bandes dessinées, a predileção do dono exposta no lugar). O local (apesar do Tintin) é muito agradável, com reservados de couro, espelhos estrategicamente colocados para ampliar o espaço, cores aconchegantes, iluminação correta e um balcão com café e bebidas voltado para fora (onde também há algumas mesas na calçada).
E a comida? Muuuuuito boa! E pensar que cogitamos ir ao La Tartine! Guga pediu lombo de cordeiro com pesto de pistache e purê de batata e alho; eu fui de confit de pato com risoto de grãos e cogumelos (e adivinhem o que veio no meu prato? Aceto balsâmico! Somos mesmo unha e carne). Ou seja, fizemos escolhas arriscadas - são duas carnes que, se passarem do ponto, bau-bau.
No final, nos demos muito bem. Já disse que a comida era muito, mas muito boa? Melhor acompanhada de um pinot (nacional, Dadivas, do Rio Grande do Sul) - a carta tinha preços meio salgados, mas nada que se compare à do La Casserole, irreal, com um dos vinhos a 12 mil reais (já aventamos a possibilidade de o vinho nem existir, ser só uma tentativa de agregar valor à casa - embora a comida já seja ótima). De sobremesa, dividimos (casal que divide emagrece junto) um pain perdu (rabanada) com crème anglaise e sorvete de baunilha, nham. Tudo servido lindamente.
A única coisa estranha foi que no dia seguinte acordei com uma fome monstro - acho que o risoto ativou uma parte adormecida do meu cérebro. Todo aquele amido...
Resolvemos sair pra jantar - queríamos ir ao Accanto, mas estava rolando um evento exatamente no dia do aniversário dele. Depois decidimos ir a um bistrô já conhecido, o La Tartine, porém acabei fazendo uma pesquisa e descobri dois lugares bem conceituados, com bom custo-benefício. Mais importante: com características verdadeiras de bistrô. Sim, porque acontece de a ideia de bistrô aqui ser apropriada como algo mais cult e, portanto, cara - o que não costuma acontecer na França, onde os bistrôs são lugares charmosos mas acessíveis, parte do dia a dia dos moradores.
Pois liguei primeiro para o Le Jazz, na rua dos Pinheiros, bem cotado, sempre disputado, lugar pequeno com fila, aquelas coisas. A moça que me atendeu disse que a "cota de reservas" já tinha acabado (ele nem consta no sistema do Restorando, que faz reservas gratuitas e na hora pela internet). Sem mais - nem me convidou para ficar na fila. Parti então para reservar lugares no Le French Bazar, na mesma região.
Adoramos o lugar. Havia alguns garçons pouco experientes mas muito simpáticos e prestativos (quase dei banho de vinho num deles, que continuou sorrindo depois disso) e algumas referências ao Tintin, personagem do Hergé (eu acho meio chato, mas whatever, lá estavam quadros, bandes dessinées, a predileção do dono exposta no lugar). O local (apesar do Tintin) é muito agradável, com reservados de couro, espelhos estrategicamente colocados para ampliar o espaço, cores aconchegantes, iluminação correta e um balcão com café e bebidas voltado para fora (onde também há algumas mesas na calçada).
E a comida? Muuuuuito boa! E pensar que cogitamos ir ao La Tartine! Guga pediu lombo de cordeiro com pesto de pistache e purê de batata e alho; eu fui de confit de pato com risoto de grãos e cogumelos (e adivinhem o que veio no meu prato? Aceto balsâmico! Somos mesmo unha e carne). Ou seja, fizemos escolhas arriscadas - são duas carnes que, se passarem do ponto, bau-bau.
No final, nos demos muito bem. Já disse que a comida era muito, mas muito boa? Melhor acompanhada de um pinot (nacional, Dadivas, do Rio Grande do Sul) - a carta tinha preços meio salgados, mas nada que se compare à do La Casserole, irreal, com um dos vinhos a 12 mil reais (já aventamos a possibilidade de o vinho nem existir, ser só uma tentativa de agregar valor à casa - embora a comida já seja ótima). De sobremesa, dividimos (casal que divide emagrece junto) um pain perdu (rabanada) com crème anglaise e sorvete de baunilha, nham. Tudo servido lindamente.
A única coisa estranha foi que no dia seguinte acordei com uma fome monstro - acho que o risoto ativou uma parte adormecida do meu cérebro. Todo aquele amido...
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Meninos, eu vi - Musée d'Orsay no CCBB
O CCBB está se especializando em exposições muito procuradas, o que é ótimo. Como o espaço do centro cultural é limitado, a qualidade da seleção tem de compensar isso. Na exposição dos impressionistas, cujos trabalhos vieram do Musée d'Orsay, conseguiu-se chegar a esse resultado.
Nossa segunda tentativa de visitar a exposição foi numa noite de terça. A fila estava grande, mas parecia fluir bem. O único problema foi a multidão esparsa nos espaços expositivos - sou contra aquelas procissões que costumam acontecer no Masp, por exemplo, mas as pessoas faziam zigue-zague pelas salas, o que dificultava um pouco contemplar as obras.
De resto, alguns ótimos exemplares do museu vieram fazer a alegria dos paulistanos. Teve até ninfeia! Bem diferente da exposição de Monet no Masp, há muitos anos, que tinha mais estudos que quadros e foi tão reverenciada. Entre os meus favoritos na do CCBB, bons quadros de Pissarro, Monet e Van Gogh. E a arquitetura do edifício de 1901 ainda ajuda a entrar no clima belle époque.
Quando deixamos a exposição, pensamos em tomar alguma coisa nos botecos da vizinhança, mas eles fecham cedo. O sonho de revitalização do centro ainda parece algo tristemente distante.
Meninos, eu vi - John Pizzarelli
Era um nome de que tinha já ouvido falar, mas não tinha ideia da tremenda bossa desse americano de sobrenome latino.
John Pizzarelli é um showman no melhor sentido da palavra. Com repertório eclético e bem selecionado (clássicos do jazz na linha Ellington e Gershwin, ritmos mais suingados e toques de bossa nova em canções de Joni Mitchell, só para citar alguns exemplos), bela e afinada voz (afinal, nem todo bom músico canta bem - já faço exceção aqui a Ron Carter, com sua voz entre veludosa e soturna, linda, cantando My funny valentine), bom humor na medida, Pizzarelli consegue acrescentar ousadia e elegância ao seu inegável apuro técnico.
O pianista que o acompanha, Larry Fuller, também arrasou no show, com dedos que se multiplicavam pelo teclado enquanto braços e ombros quase pareciam não se mexer. O baterista, segundo Guga, lembrava o Luigi do Mario Bros, e era burocrático como um funcionário público (aliás, lembrava também o protagonista funcionário público do filme Guantanamera) - mas não chegou a atrapalhar. O baixista, irmão de Pizzarelli, é bom, embora o baixo estivesse muito "baixo".
Saímos antes do final do show na choperia do Sesc Pompeia, pois ainda havia a festa de um amigo em outro canto da cidade. Mas os 50 minutos de ótima música ainda vão vibrar na memória por um bom tempo.
John Pizzarelli é um showman no melhor sentido da palavra. Com repertório eclético e bem selecionado (clássicos do jazz na linha Ellington e Gershwin, ritmos mais suingados e toques de bossa nova em canções de Joni Mitchell, só para citar alguns exemplos), bela e afinada voz (afinal, nem todo bom músico canta bem - já faço exceção aqui a Ron Carter, com sua voz entre veludosa e soturna, linda, cantando My funny valentine), bom humor na medida, Pizzarelli consegue acrescentar ousadia e elegância ao seu inegável apuro técnico.
O pianista que o acompanha, Larry Fuller, também arrasou no show, com dedos que se multiplicavam pelo teclado enquanto braços e ombros quase pareciam não se mexer. O baterista, segundo Guga, lembrava o Luigi do Mario Bros, e era burocrático como um funcionário público (aliás, lembrava também o protagonista funcionário público do filme Guantanamera) - mas não chegou a atrapalhar. O baixista, irmão de Pizzarelli, é bom, embora o baixo estivesse muito "baixo".
domingo, 16 de setembro de 2012
Novidade na minha petite cuisine
Depois de fazer algumas buscas em blogs e sites, comprei uma planetária da Arno - já estava ficando com tendinite de sovar a massa de pão no muque (que fracota!). Sei que uma hora ia me acostumar e até desenvolver minimamente os músculos do braço, mas às vezes me batia uma preguicinha ao pensar nessa etapa (fundamental) do fazer-meu-próprio-pão.
Segundo os resultados da minha pesquisa, claro que a KitchenAid é a unanimidade no universo das batedeiras (praticamente um carro blindado, um trator das batedeiras), mas não me dispus por ora a fazer um investimento tão alto (ela custa 1.800 reais, sem choro nem vela). Como meu uso do equipamento será semanal, resolvi apostar as fichas na Arno Deluxe, 1/4 do preço. Preta, na falta de uma vermelha. Luxo só.
Hoje foi a estreia da bichinha. E levei o maior susto quando a massa não se moveu na velocidade 1 (ela tem 8 velocidades!) e a batedeira começou a tremelicar toda e a fazer um barulho de intenso esforço. Passei então pra velocidade 2, e achei que ela fosse decolar. Na dúvida, segurei a tigela (até porque li um comentário em um blog sobre os pinos que seguram a tigela, que podem quebrar com a trepidação).
Mas, quando acertei a velocidade, o resultado foi muito bom: eu jamais teria conseguido misturar a massa daquele jeito. Os pães até cresceram mais. Devem estar ótimos (só vou saber amanhã, pois deixei-os sobre a grade do fogão para esfriar), a julgar pela aparência.
A Deluxe que me aguarde, pois já estou pensando em fazer minha própria massa de pizza...
Segundo os resultados da minha pesquisa, claro que a KitchenAid é a unanimidade no universo das batedeiras (praticamente um carro blindado, um trator das batedeiras), mas não me dispus por ora a fazer um investimento tão alto (ela custa 1.800 reais, sem choro nem vela). Como meu uso do equipamento será semanal, resolvi apostar as fichas na Arno Deluxe, 1/4 do preço. Preta, na falta de uma vermelha. Luxo só.
Hoje foi a estreia da bichinha. E levei o maior susto quando a massa não se moveu na velocidade 1 (ela tem 8 velocidades!) e a batedeira começou a tremelicar toda e a fazer um barulho de intenso esforço. Passei então pra velocidade 2, e achei que ela fosse decolar. Na dúvida, segurei a tigela (até porque li um comentário em um blog sobre os pinos que seguram a tigela, que podem quebrar com a trepidação).
Mas, quando acertei a velocidade, o resultado foi muito bom: eu jamais teria conseguido misturar a massa daquele jeito. Os pães até cresceram mais. Devem estar ótimos (só vou saber amanhã, pois deixei-os sobre a grade do fogão para esfriar), a julgar pela aparência.
A Deluxe que me aguarde, pois já estou pensando em fazer minha própria massa de pizza...
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Gourmandise XXVI - Paella de Helio e Claudia
Tão bom receber pessoas queridas! Convidei Claudia e Helio para conhecer e testar meu fogão novo com a impagável paella do señor Helio (somente um especialista para se virar na minha minúscula cozinha e não sujar quase nada de louça!). Pela aparência da paella, já dá para saber que estava uma delícia! Ainda fiz a maldade de interromper Guga na hora de se servir para tirar uma foto. :)
Só lamentei não ter uma toalha de laranjas (a minha era de maçãs), para deixar o ambiente mais hispânico...
Biblioteca que cresce
Não tenho mais onde colocar livros. Aliás, não tenho onde colocar mais nada em casa. Mas livros para mim são do tipo objeto de desejo irresistível (mais que vestidos e sapatos) - e como tenho alguma dificuldade em me desfazer dos mais antigos, tenho que sambar para realocá-los.
As últimas aquisições são o do Michel Roux, Receitas com ovos, que a Dri Haddad tinha indicado com entusiasmo no seu blog-site, e o do Paulo Sebess (um chef boulanger argentino), Técnicas de padaria profissional, que Guga me deu de presente. Um livro complementa o outro, pois o do Michel Roux traz algumas dicas de pâtisserie também.
Eles não são lindos?
As últimas aquisições são o do Michel Roux, Receitas com ovos, que a Dri Haddad tinha indicado com entusiasmo no seu blog-site, e o do Paulo Sebess (um chef boulanger argentino), Técnicas de padaria profissional, que Guga me deu de presente. Um livro complementa o outro, pois o do Michel Roux traz algumas dicas de pâtisserie também.
Eles não são lindos?
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Dona Zica que não é da Mangueira
Tem dias que a dona Zica surge e logo quer se hospedar na nossa casa. E tem semanas que são inteiras assim, zicadas.
Numa semana em que nada deu certo (surpresas malfadadas, briga com comentários homofóbicos em restaurante, corte de cabelo infeliz, aumento de peso), quase me prometi nunca mais planejar qualquer coisa. Talvez eu não consiga e simplesmente compre uma peruca, em vez de enfiar a cara no chocolate.
Numa semana em que nada deu certo (surpresas malfadadas, briga com comentários homofóbicos em restaurante, corte de cabelo infeliz, aumento de peso), quase me prometi nunca mais planejar qualquer coisa. Talvez eu não consiga e simplesmente compre uma peruca, em vez de enfiar a cara no chocolate.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Quem quer ser a Mulher-Maravilha?
Eu queria, quando pequena, como milhares de meninas. Achava um luxo Linda Carter correndo com aquelas botas incríveis e sacando seu laço mágico com a maior desenvoltura - além de ela ter um avião invisível só para ela.
Também já quis ser a princesa Safire, de A princesa e o cavaleiro, mais intrépida que poderosa (e amada pelo lindo príncipe Fran!). Mais recentemente, identifiquei-me com a Mulher-Elástico, dos Incríveis. Ultraflexível, se desdobrando para dar conta de tudo. Jeannie, da série Jeannie é um gênio, mesmo não sendo exatamente uma heroína, também me deu o que pensar. What's your demand? E plim, lá estava eu fazendo aparecer o pedido diante dos olhos alheios.
No final das contas, descobri que é muito cansativo (e muitas vezes bem chato) ser heroína. Acho sim que precisamos de exemplos pelo resto da vida, até quando já nos tornamos exemplo. Mas só para nos encontrarmos, lembrar quem somos, saber do que somos capazes. E também para saber que somos capazes de dizer não, que preferimos jantar fora a nos esfalfarmos na cozinha. Que podemos, sim, dar conta de tudo, mas que nem sempre queremos. E tudo bem. Aliás, para que exibir superpoderes quando não precisamos provar nada a ninguém? Questão de opção, que deve ser nossa, e não imposta por regras sociais ultrapassadas.
Querem saber mais? O anonimato é uma bênção. Ser maravilhosa quando der na telha, também.
Também já quis ser a princesa Safire, de A princesa e o cavaleiro, mais intrépida que poderosa (e amada pelo lindo príncipe Fran!). Mais recentemente, identifiquei-me com a Mulher-Elástico, dos Incríveis. Ultraflexível, se desdobrando para dar conta de tudo. Jeannie, da série Jeannie é um gênio, mesmo não sendo exatamente uma heroína, também me deu o que pensar. What's your demand? E plim, lá estava eu fazendo aparecer o pedido diante dos olhos alheios.
No final das contas, descobri que é muito cansativo (e muitas vezes bem chato) ser heroína. Acho sim que precisamos de exemplos pelo resto da vida, até quando já nos tornamos exemplo. Mas só para nos encontrarmos, lembrar quem somos, saber do que somos capazes. E também para saber que somos capazes de dizer não, que preferimos jantar fora a nos esfalfarmos na cozinha. Que podemos, sim, dar conta de tudo, mas que nem sempre queremos. E tudo bem. Aliás, para que exibir superpoderes quando não precisamos provar nada a ninguém? Questão de opção, que deve ser nossa, e não imposta por regras sociais ultrapassadas.
Querem saber mais? O anonimato é uma bênção. Ser maravilhosa quando der na telha, também.
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domingo, 9 de setembro de 2012
Meninos, eu não vi - Teatro Cego
Ou melhor, vi. Ou melhor, senti. E por isso vi, de outro jeito, de olhos fechados.
As questões relativas à visão sempre me interessaram bem de perto. Provavelmente por conta da miopia, descoberta aos 11 anos pela professora de Estudos Sociais (sim, tive aula disso!). Depois, pela visão diminuta da minha mãe, perdida pouco a pouco para o diabetes. Sempre pensei que não ver seria pior que não falar (é sério; para a mudez sempre haveria o antídoto da escrita). Por isso as histórias de perda de visão, cegueira etc. me tocam tanto. Li o Ensaio sobre a cegueira aos prantos (o contexto ajudou, claro), fiquei hipnotizada por Janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho. Ganhei um premiozinho de melhores crônicas (mais um conto, na verdade) escrevendo sobre Paulinho (na época nem pensei na história do apóstolo homônimo, perseguidor de cristãos que fica cego e de cujos olhos caem escamas), uma criança míope como eu fui e que de repente precisa usar óculos (um acessório que lhe parece inútil quando ele tem à mão todo o colorido do universo literário). Uma amiga, quando soube dessa croniqueta, me apresentou o doce Miguilim (cuja história também li entre lágrimas). E, por fim, escrevi um pouco sobre essas questões de ver no blog vizinho:
http://seroquesoa.blogspot.com.br/2010/02/os-olhos-de-saramago.html
http://seroquesoa.blogspot.com.br/2009/12/amplidao.html
Mas a experiência do último sábado foi inédita. Quando convidei o namorido para assistir a uma peça feita por atores cegos, ele não botou muita fé. Perguntou: "Mas por que mesmo você quer assistir a essa peça?" Eu disse que seria uma experiência sensorial diferente, porque a peça se passava toda no escuro (algo já experimentado com sucesso na Argentina). "Ah", ele respondeu, menos animado ainda.
Só para aumentar a emoção, quase perdemos a hora da peça, porque confundi o horário com o de outro evento. Já estava conformada em comprar ingresso para outro dia, mas o motorista de táxi se solidarizou comigo e voou para o teatro.
Na verdade, a peça acontece em uma sala na Vila Madalena, a Sala Crisantempo. Infelizmente, só ficará até o final do mês em cartaz (eu soube dela na semana passada, folheando o Guia de Teatro). Então, quem puder, vá ver. Ou não ver, como já disse, porque tudo se passa realmente no mais puro breu. Entramos na sala em fila, tocando no ombro da pessoa à frente. Um "lanterninha" nos conduziu ao nosso lugar. Todo mundo acomodado, a escuridão completa se instalou.
E tiveram início cheiros, sons, gemidos do viúvo rodrigueano. Eu assisti de olhos fechados. E vi tudo o que aconteceu. Ao final, quando as luzes se acenderam, a surpresa com os donos das vozes. Só para não esquecermos como as aparências muitas vezes enganam. Claro que não posso dar detalhes da peça, para não estragar a surpresa.
O namorido? Também adorou, e engrossa comigo o coro de recomendações.
As questões relativas à visão sempre me interessaram bem de perto. Provavelmente por conta da miopia, descoberta aos 11 anos pela professora de Estudos Sociais (sim, tive aula disso!). Depois, pela visão diminuta da minha mãe, perdida pouco a pouco para o diabetes. Sempre pensei que não ver seria pior que não falar (é sério; para a mudez sempre haveria o antídoto da escrita). Por isso as histórias de perda de visão, cegueira etc. me tocam tanto. Li o Ensaio sobre a cegueira aos prantos (o contexto ajudou, claro), fiquei hipnotizada por Janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho. Ganhei um premiozinho de melhores crônicas (mais um conto, na verdade) escrevendo sobre Paulinho (na época nem pensei na história do apóstolo homônimo, perseguidor de cristãos que fica cego e de cujos olhos caem escamas), uma criança míope como eu fui e que de repente precisa usar óculos (um acessório que lhe parece inútil quando ele tem à mão todo o colorido do universo literário). Uma amiga, quando soube dessa croniqueta, me apresentou o doce Miguilim (cuja história também li entre lágrimas). E, por fim, escrevi um pouco sobre essas questões de ver no blog vizinho:
http://seroquesoa.blogspot.com.br/2010/02/os-olhos-de-saramago.html
http://seroquesoa.blogspot.com.br/2009/12/amplidao.html
Mas a experiência do último sábado foi inédita. Quando convidei o namorido para assistir a uma peça feita por atores cegos, ele não botou muita fé. Perguntou: "Mas por que mesmo você quer assistir a essa peça?" Eu disse que seria uma experiência sensorial diferente, porque a peça se passava toda no escuro (algo já experimentado com sucesso na Argentina). "Ah", ele respondeu, menos animado ainda.
Só para aumentar a emoção, quase perdemos a hora da peça, porque confundi o horário com o de outro evento. Já estava conformada em comprar ingresso para outro dia, mas o motorista de táxi se solidarizou comigo e voou para o teatro.
Na verdade, a peça acontece em uma sala na Vila Madalena, a Sala Crisantempo. Infelizmente, só ficará até o final do mês em cartaz (eu soube dela na semana passada, folheando o Guia de Teatro). Então, quem puder, vá ver. Ou não ver, como já disse, porque tudo se passa realmente no mais puro breu. Entramos na sala em fila, tocando no ombro da pessoa à frente. Um "lanterninha" nos conduziu ao nosso lugar. Todo mundo acomodado, a escuridão completa se instalou.
E tiveram início cheiros, sons, gemidos do viúvo rodrigueano. Eu assisti de olhos fechados. E vi tudo o que aconteceu. Ao final, quando as luzes se acenderam, a surpresa com os donos das vozes. Só para não esquecermos como as aparências muitas vezes enganam. Claro que não posso dar detalhes da peça, para não estragar a surpresa.
O namorido? Também adorou, e engrossa comigo o coro de recomendações.
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Gourmandise XXV - O primeiro pão com casca
Adorei: fiz uma receita de pão de alecrim e mel, do ótimo blog La Cucinetta (foi lá que vi as dicas preciosas sobre farinha para pães etc.), e produzi meu primeiro pão com casca de verdade. Os outros ficaram gostosos, mas macios por fora e por dentro, quase com a mesma textura.
Ou seja, a Ana Elisa, dona do blog e ilustradora, entende mesmo do assunto e, mais importante, compartilha a informação (eu sei, eu sei, ando repetindo muito isso, mas dou tanto valor a quem sabe proceder assim que não resisto a fazer o comentário). No curso da Masseria, o professor falou do uso do vapor , mas pareceu algo muito complicado de fazer em casa (colocar pedras numa forma, usar uma placa perfurada, essas coisas que soavam bem imodestas). Nos outros blogs que costumo consultar (e que já me ajudaram muito mais que a famigerada apostila do curso) não há essa dica. Do jeito que a Ana explicou, é muito fácil: colocar uma forma com água fervente sob a forma do pão, por 10 minutos, e depois retirar (o forno já deve estar aquecido a 230 graus). Fiz e deu certo. E o pão é uma delícia!
Ah, sim: acabei de postar que agora vou maneirar na alimentação. Não se preocupem, não há nenhuma contradição nisso. Na verdade, continuar fazendo meu próprio pão (integral) tem tudo a ver com o projeto de me alimentar bem. Também é um pequeno passo na mudança de estilo de vida, da qual as ervas frescas em casa fazem parte.
Incrível como a vida começa a ganhar outro sabor.
Ou seja, a Ana Elisa, dona do blog e ilustradora, entende mesmo do assunto e, mais importante, compartilha a informação (eu sei, eu sei, ando repetindo muito isso, mas dou tanto valor a quem sabe proceder assim que não resisto a fazer o comentário). No curso da Masseria, o professor falou do uso do vapor , mas pareceu algo muito complicado de fazer em casa (colocar pedras numa forma, usar uma placa perfurada, essas coisas que soavam bem imodestas). Nos outros blogs que costumo consultar (e que já me ajudaram muito mais que a famigerada apostila do curso) não há essa dica. Do jeito que a Ana explicou, é muito fácil: colocar uma forma com água fervente sob a forma do pão, por 10 minutos, e depois retirar (o forno já deve estar aquecido a 230 graus). Fiz e deu certo. E o pão é uma delícia!
Ah, sim: acabei de postar que agora vou maneirar na alimentação. Não se preocupem, não há nenhuma contradição nisso. Na verdade, continuar fazendo meu próprio pão (integral) tem tudo a ver com o projeto de me alimentar bem. Também é um pequeno passo na mudança de estilo de vida, da qual as ervas frescas em casa fazem parte.
Incrível como a vida começa a ganhar outro sabor.
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domingo, 2 de setembro de 2012
Choque de realidade
Que eu já sabia do meu processo de engorda, isso ninguém pode negar. Aliás, para falta de sorte dos meus amigos, falo disso há alguns anos (no início, provavelmente, mais por perseguir outra autoimagem que pelo fato gritante que ora se apresenta!), um sinal claro de que não tomei nenhuma atitude eficaz para cessar as reclamações.
Pois nada como um choque de realidade para resolver as coisas e parar com a palhaçada: engordei 15 kg em dois anos! Nunca tinha pensado que podia chegar a esse ponto, embora tivesse um histórico de sobrepeso e obesidade na família - o lado paterno completo e pelo menos 25% dos irmãos. Tinha uma esperançazinha de ter puxado o lado materno (que sofre, todavia, de outras mazelas).
Como mantive a mesma faixa de peso por muitos anos, com atividade física intermitente e comendo sempre muito bem (em quantidade, não em qualidade), não faz muito tempo que fui visitar uma endocrinologista. Fiz isso quando comecei a engordar lenta, mas consideravelmente. Comecei uma reeducação alimentar, cheguei a tomar uma dosagem mais leve de sibutramina por um mês e meio e emagreci bastante. Mantive o peso por uns dois anos, até começar a trabalhar em uma editora, sentada por mais de 8 horas todos os dias.
De novo, a escalada do peso, e nada de atividade física. Comecei a fazer pilates, procurei uma nutricionista, e voltei a emagrecer. Por alguns meses e mesmo em um novo trabalho de muitas horas sentada, mantive o peso até receber o convite para ser editora de novo, com bem mais responsabilidades e sem horário fixo, praticamente full time (já perceberam que atribuo parte da culpa da engorda - minha, pelo menos - ao trabalho de edição, não é?).
Aí veio a cereja do bolo: engatei nas experimentações grastronômicas. Aliás, basta ver como principalmente neste ano o blog está mais voltado para gastronomia do que para comentários sobre shows e filmes. Sintomático.
Não pretendo parar de fazer algo de que gosto tanto, então voltei com a carga toda às atividades físicas, incluindo as mais prazerosas, como dança e artes marciais. Nem sempre consigo cumprir a meta da academia (que não curto de fato), mas tento me exercitar pelo menos 4 vezes por semana. E, é claro, preciso fechar a boquinha. Especialmente depois da visita a um novo endocrinologista (indicado pela Clau, bem mais sério do que a que visitei no início do ano), responsável pela notícia bombástica, a de que engordei OITO kg em QUATRO meses (a menos que a balança da médica anterior - ou a própria médica - estivesse completamente louca). E coisas que me pareciam inofensivas, como a fileira de chocolate meio amargo após o almoço, estão sendo abolidas, ou pelo menos repensadas. Ou, ainda, "reagendadas" - a mousse de chocolate, por exemplo, vai ficar para o final de semana.
Além disso, para tornar irreversível o processo de mudança, o resultado dos meus exames já mostrou os índices de colesterol explodindo. Se fiquei desanimada? Muito pelo contrário, acho que precisava de um desafio para tomar uma atitude pontual. Isso também quer dizer que mais uma vez a tônica do blog deve mudar: comidas mais saudáveis, volta a outros programinhas, redescoberta do mundo.
Novos voos, que bom!
Pois nada como um choque de realidade para resolver as coisas e parar com a palhaçada: engordei 15 kg em dois anos! Nunca tinha pensado que podia chegar a esse ponto, embora tivesse um histórico de sobrepeso e obesidade na família - o lado paterno completo e pelo menos 25% dos irmãos. Tinha uma esperançazinha de ter puxado o lado materno (que sofre, todavia, de outras mazelas).
Como mantive a mesma faixa de peso por muitos anos, com atividade física intermitente e comendo sempre muito bem (em quantidade, não em qualidade), não faz muito tempo que fui visitar uma endocrinologista. Fiz isso quando comecei a engordar lenta, mas consideravelmente. Comecei uma reeducação alimentar, cheguei a tomar uma dosagem mais leve de sibutramina por um mês e meio e emagreci bastante. Mantive o peso por uns dois anos, até começar a trabalhar em uma editora, sentada por mais de 8 horas todos os dias.
De novo, a escalada do peso, e nada de atividade física. Comecei a fazer pilates, procurei uma nutricionista, e voltei a emagrecer. Por alguns meses e mesmo em um novo trabalho de muitas horas sentada, mantive o peso até receber o convite para ser editora de novo, com bem mais responsabilidades e sem horário fixo, praticamente full time (já perceberam que atribuo parte da culpa da engorda - minha, pelo menos - ao trabalho de edição, não é?).
Aí veio a cereja do bolo: engatei nas experimentações grastronômicas. Aliás, basta ver como principalmente neste ano o blog está mais voltado para gastronomia do que para comentários sobre shows e filmes. Sintomático.
Não pretendo parar de fazer algo de que gosto tanto, então voltei com a carga toda às atividades físicas, incluindo as mais prazerosas, como dança e artes marciais. Nem sempre consigo cumprir a meta da academia (que não curto de fato), mas tento me exercitar pelo menos 4 vezes por semana. E, é claro, preciso fechar a boquinha. Especialmente depois da visita a um novo endocrinologista (indicado pela Clau, bem mais sério do que a que visitei no início do ano), responsável pela notícia bombástica, a de que engordei OITO kg em QUATRO meses (a menos que a balança da médica anterior - ou a própria médica - estivesse completamente louca). E coisas que me pareciam inofensivas, como a fileira de chocolate meio amargo após o almoço, estão sendo abolidas, ou pelo menos repensadas. Ou, ainda, "reagendadas" - a mousse de chocolate, por exemplo, vai ficar para o final de semana.
Além disso, para tornar irreversível o processo de mudança, o resultado dos meus exames já mostrou os índices de colesterol explodindo. Se fiquei desanimada? Muito pelo contrário, acho que precisava de um desafio para tomar uma atitude pontual. Isso também quer dizer que mais uma vez a tônica do blog deve mudar: comidas mais saudáveis, volta a outros programinhas, redescoberta do mundo.
Novos voos, que bom!
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segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A morte do cerefólio (e a vida que segue)
Meu cerefólio morreu!
Quando eu o trouxe da Sabor de Fazenda, como a erva que escolhi replantar no curso de Jardinagem Gastronômica, ele tinha duas ou três folhinhas amarelas, mas parecia impávido. Como não gostou do lugar onde o coloquei primeiro, com sol direto, mudei-o para um mais sombreado. Logo vários mosquitos vieram habitar o vaso - borrifar pó de café na planta não fez nenhum efeito.
Numa última tentativa, coloquei-o atrás do vaso de ervas "mediterrâneas", para que tivesse meia sombra. E vi o cerefólio minguar implacavelmente, as folhas delicadas amarelando e pendendo para a terra. As salsas pedem bastante cuidado, mas dá para achar o termo perfeito - comprei umas mudinhas (sou insistente com as salsas) que transplantei para o vaso mediterrâneo, e pelo menos uma delas curtiu o lugar. Já o cerefólio, foi ele quem decidiu não ficar, desde o início. Estaria doente? Como saber?
Só sei que tenho aprendido muito na observação das plantas. E esse mudo contemplar acaba sendo bastante útil na observação pessoal - aprendo a falar menos (juro que é possível) e a olhar mais, lendo nos gestos e silêncios o que não se ousa/consegue/deseja dizer. Quando é preciso ensolarar, quando é preciso aquietar à sombra. Mais ou menos nutrição. Revolver o solo. Tirar ervas daninhas, folhas velhas para trazer o renovo. Entender que às vezes "não rola", e tudo bem - perdemos de um lado, ganhamos de outro. Alegrar-se com as pequenas conquistas/bênçãos diárias. Um trabalho incansável, mas que vale muito, muito a pena.
Quando eu o trouxe da Sabor de Fazenda, como a erva que escolhi replantar no curso de Jardinagem Gastronômica, ele tinha duas ou três folhinhas amarelas, mas parecia impávido. Como não gostou do lugar onde o coloquei primeiro, com sol direto, mudei-o para um mais sombreado. Logo vários mosquitos vieram habitar o vaso - borrifar pó de café na planta não fez nenhum efeito.
Numa última tentativa, coloquei-o atrás do vaso de ervas "mediterrâneas", para que tivesse meia sombra. E vi o cerefólio minguar implacavelmente, as folhas delicadas amarelando e pendendo para a terra. As salsas pedem bastante cuidado, mas dá para achar o termo perfeito - comprei umas mudinhas (sou insistente com as salsas) que transplantei para o vaso mediterrâneo, e pelo menos uma delas curtiu o lugar. Já o cerefólio, foi ele quem decidiu não ficar, desde o início. Estaria doente? Como saber?
Só sei que tenho aprendido muito na observação das plantas. E esse mudo contemplar acaba sendo bastante útil na observação pessoal - aprendo a falar menos (juro que é possível) e a olhar mais, lendo nos gestos e silêncios o que não se ousa/consegue/deseja dizer. Quando é preciso ensolarar, quando é preciso aquietar à sombra. Mais ou menos nutrição. Revolver o solo. Tirar ervas daninhas, folhas velhas para trazer o renovo. Entender que às vezes "não rola", e tudo bem - perdemos de um lado, ganhamos de outro. Alegrar-se com as pequenas conquistas/bênçãos diárias. Um trabalho incansável, mas que vale muito, muito a pena.
A vida que segue.
domingo, 19 de agosto de 2012
Gourmandise XXIV - Risoto sertanejo
Puxa, mais uma postagem sobre comida! Tenho falado muito disso este ano - no ano passado, falei mais de filmes e shows, no outro ano, sobre impressões cotidianas. As postagens, afinal, tem sido fiéis a cada "momento presente".
Esta, ainda por cima, é para falar de mais um risoto. Criei hoje, para o almoço. Já estava a fim de fazer um risoto com vinho tinto - que, claro, combinaria divinamente com alguma carne.
Tinha comprado linguiça toscana para acompanhar a raizada, receita que aprendi com o pessoal da Sabor de Fazenda. Algumas receitas que encontrei me pareceram meio sem graça - ou só tinham linguiça, ou tinham combinações pouco promissoras. Como também tinha ainda abóbora cabotchá, resolvi juntar tudo. No final, ainda me lembrei do queijo coalho que estava na geladeira.
O risoto ficou bonito e bem gostoso. Pelos ingredientes, me lembrou um pouco baião de dois e quibebe. Algo meio sertanejo. Altamente calórico, mas igualmente compensatório.
Ficou assim:
Ingredientes (4 porções)
1 1/2 xícara de chá de arroz arbóreo
1 litro de caldo de carne
1 xícara de vinho tinto
2 linguiças do tipo toscana grelhadas e cortadas em pedaços pequenos
1 xícara de chá de abóbora sem casca e cortada em cubos
1 fatia de queijo coalho (pode ser daqueles para churrasco; o da marca Tirolez é ótimo)
1/2 cebola roxa
1/2 xícara de chá de bacon cortado em cubos
2 colheres de azeite
1 dente de alho descascado e picado miudinho
1 ramo de alecrim
Preparo
Grelhe as linguiças, espere esfriar, corte-as e reserve. Prepare o caldo de carne - pode utilizar um potinho de caldo de carne Knorr dissolvido em 1 litro de água fervente. Refogue em 1 colher de azeite o bacon em cubos, junte a cebola roxa, em seguida o alho e a abóbora. Coloque 1 colher de água, junte à mistura um ramo de alecrim e tampe a panela por 5 minutos. A abóbora deve cozinhar um pouco, mas não perder a firmeza, pois depois cozinhará mais um pouco no arroz. Desligue o fogo e reserve.
Grelhe também a fatia de queijo coalho; quando tiver esfriado, corte-a em pedaços pequenos e reserve.
Em outra panela, aqueça 1 colher de azeite e acrescente o arroz arbóreo. Despeje sobre ele uma xícara de vinho tinto e espere evaporar o álcool. Junte então o caldo de carne e vá mexendo até o arroz engrossar, não deixando de acrescentar mais caldo quando a mistura começar a secar. Quando o arroz estiver al dente, acrescente o refogado de abóbora e mexa mais um pouco. Em seguida, junte a linguiça e o queijo coalho e mexa bem.
Esta, ainda por cima, é para falar de mais um risoto. Criei hoje, para o almoço. Já estava a fim de fazer um risoto com vinho tinto - que, claro, combinaria divinamente com alguma carne.
Tinha comprado linguiça toscana para acompanhar a raizada, receita que aprendi com o pessoal da Sabor de Fazenda. Algumas receitas que encontrei me pareceram meio sem graça - ou só tinham linguiça, ou tinham combinações pouco promissoras. Como também tinha ainda abóbora cabotchá, resolvi juntar tudo. No final, ainda me lembrei do queijo coalho que estava na geladeira.
O risoto ficou bonito e bem gostoso. Pelos ingredientes, me lembrou um pouco baião de dois e quibebe. Algo meio sertanejo. Altamente calórico, mas igualmente compensatório.
Ficou assim:
Ingredientes (4 porções)
1 1/2 xícara de chá de arroz arbóreo
1 litro de caldo de carne
1 xícara de vinho tinto
2 linguiças do tipo toscana grelhadas e cortadas em pedaços pequenos
1 xícara de chá de abóbora sem casca e cortada em cubos
1 fatia de queijo coalho (pode ser daqueles para churrasco; o da marca Tirolez é ótimo)
1/2 cebola roxa
1/2 xícara de chá de bacon cortado em cubos
2 colheres de azeite
1 dente de alho descascado e picado miudinho
1 ramo de alecrim
Preparo
Grelhe as linguiças, espere esfriar, corte-as e reserve. Prepare o caldo de carne - pode utilizar um potinho de caldo de carne Knorr dissolvido em 1 litro de água fervente. Refogue em 1 colher de azeite o bacon em cubos, junte a cebola roxa, em seguida o alho e a abóbora. Coloque 1 colher de água, junte à mistura um ramo de alecrim e tampe a panela por 5 minutos. A abóbora deve cozinhar um pouco, mas não perder a firmeza, pois depois cozinhará mais um pouco no arroz. Desligue o fogo e reserve.
Grelhe também a fatia de queijo coalho; quando tiver esfriado, corte-a em pedaços pequenos e reserve.
Em outra panela, aqueça 1 colher de azeite e acrescente o arroz arbóreo. Despeje sobre ele uma xícara de vinho tinto e espere evaporar o álcool. Junte então o caldo de carne e vá mexendo até o arroz engrossar, não deixando de acrescentar mais caldo quando a mistura começar a secar. Quando o arroz estiver al dente, acrescente o refogado de abóbora e mexa mais um pouco. Em seguida, junte a linguiça e o queijo coalho e mexa bem.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Gourmandise XXIII - Pães em aperfeiçoamento
Eu falei há algum tempo do tal curso de pães que fiz. Adorei etc. Foi muito legal participar da feitura, os pães são uma delícia. Incontestável.
Só que resolvi fazer o pão em casa, até porque os pães da boulangerie são bem caros. A apostila que ganhamos não ajuda em nada - é mais um roteiro de aula para o professor do que um passo a passo para o aluno (e tenho autoridade para julgar, não só porque já fiz muuuitos cursos, mas também porque editava materiais apostilados. Dããã!). Fui escavando na memória o que fizemos no curso, e claro que não me lembrei de tudo. Depois de muito tentar, nem fermento nem pão cresceram, e o resultado não me agradou: dois pães pequenos e massudos (fiz meia receita, mas daí a obter pães-anões...).
Escrevi para o pessoal da boulangerie, e li que, já que tenho ainda muitas dúvidas, "posso fazer o curso de novo" (???). Não gostei. (E esta semana não falei justamente do pessoal da Sabor de Fazenda como exemplo de gente que gosta de compartilhar o conhecimento?)
Fiz minhas pesquisas internáuticas, e cheguei a receitas complexas mas bem explicadas de levain naturel, pré-fermento, dicas de farinha adequada para pães (a Fleischmann tem uma de grano duro especialmente para isso). E, importantíssimo, pesquisei as conversões de medidas: nem todas as farinhas e demais ingredientes têm o mesmo peso, certo? Ou usamos as medidas-padrão (xícara, colher etc.), ou a balança digital (que tem a desvantagem de só conseguir aferir a partir de um determinado peso). O blog Gourmandise dá ótimas dicas de conversão de medidas.
E achei também um blog com uma receita de pão multicereais, no método direto (usando fermento biológico fresco), mais rápido. Acabei descobrindo que o tal blog é do Rogério Shimura, simplesmente uma das grandes autoridades (redundante?) em pães em São Paulo, um ex-colaborador do Alex Atala que em breve abrirá uma escola de panificação. Ele também tem um programa no canal Bem Simples, A confeitaria.
Segue o link com a receita do pão, que deu certo, ficou ótimo (a foto acima mostra que os pães cresceram; além de ainda mais gostosos, eles sairão mais bonitos na próxima):
http://rogerioshimura.wordpress.com/2012/02/01/pao-de-multicereais/
Só que resolvi fazer o pão em casa, até porque os pães da boulangerie são bem caros. A apostila que ganhamos não ajuda em nada - é mais um roteiro de aula para o professor do que um passo a passo para o aluno (e tenho autoridade para julgar, não só porque já fiz muuuitos cursos, mas também porque editava materiais apostilados. Dããã!). Fui escavando na memória o que fizemos no curso, e claro que não me lembrei de tudo. Depois de muito tentar, nem fermento nem pão cresceram, e o resultado não me agradou: dois pães pequenos e massudos (fiz meia receita, mas daí a obter pães-anões...).
Escrevi para o pessoal da boulangerie, e li que, já que tenho ainda muitas dúvidas, "posso fazer o curso de novo" (???). Não gostei. (E esta semana não falei justamente do pessoal da Sabor de Fazenda como exemplo de gente que gosta de compartilhar o conhecimento?)
Fiz minhas pesquisas internáuticas, e cheguei a receitas complexas mas bem explicadas de levain naturel, pré-fermento, dicas de farinha adequada para pães (a Fleischmann tem uma de grano duro especialmente para isso). E, importantíssimo, pesquisei as conversões de medidas: nem todas as farinhas e demais ingredientes têm o mesmo peso, certo? Ou usamos as medidas-padrão (xícara, colher etc.), ou a balança digital (que tem a desvantagem de só conseguir aferir a partir de um determinado peso). O blog Gourmandise dá ótimas dicas de conversão de medidas.
E achei também um blog com uma receita de pão multicereais, no método direto (usando fermento biológico fresco), mais rápido. Acabei descobrindo que o tal blog é do Rogério Shimura, simplesmente uma das grandes autoridades (redundante?) em pães em São Paulo, um ex-colaborador do Alex Atala que em breve abrirá uma escola de panificação. Ele também tem um programa no canal Bem Simples, A confeitaria.
Segue o link com a receita do pão, que deu certo, ficou ótimo (a foto acima mostra que os pães cresceram; além de ainda mais gostosos, eles sairão mais bonitos na próxima):
http://rogerioshimura.wordpress.com/2012/02/01/pao-de-multicereais/
domingo, 5 de agosto de 2012
Manhã verde no meio da Pauliceia - Sabor de Fazenda
Sábado de manhã, e lá fui eu fazer mais um curso. Mas não "qualquer" curso. Esse era mais um dos que resolvi fazer na linha change your life, "coisas de que gosto, e ponto-final", porém também de caráter utilitário. Fui fazer um curso de jardinagem gastronômica na Sabor de Fazenda.
Tinha já ouvido falar do lugar há uns dez anos ou mais, quando li uma vinheta na Veja (quando ainda lia Veja) sobre um curso gratuito de temperos na Vila Maria. Estava começando meus experimentos na cozinha e me lembro de ter feito a inscrição, mas, por algum motivo, não consegui comparecer. Este ano, visitando o blog da Dri Haddad, vi a menção à Sabor de Fazenda e a suas proprietárias, Sílvia e Sabrina Jeha (a Dri deu um curso de papinhas orgânicas com a Sabrina). De imediato me lembrei do tal curso de temperos, e fui buscar novas informações. Dei de cara com o de jardinagem gastronômica e percebi que agora era tempo de fazer o curso, com mais prática culinária e muito mais interesse que antes.
Bom, o que dizer? O curso foi uma delícia, em um lugar "realidade paralela" em São Paulo, em meio a fábricas e grandes avenidas. Além da parte de reconhecimento (visual e olfativo) das ervas usadas na gastronomia, houve, na melhor linha do Eclesiastes, um momento para plantar, um para degustar, um para aprender a fazer. De comer de joelhos a raizada preparada com "azeite de todas as ervas para cozidos" (pode nome mais poético?). Salada com ervas diversas e inusitadas (para mim, para mim!), como azedinha. E, na minha opinião, the big surprise: o brigadeiro de capim-limão. U-A-U! (E também descobri que é pura sorte os meus temperos estarem vivos - preciso rever drenagem, tamanho e local dos vasos.)
Sabrina e Sílvia, e sua equipe toda, são, além de competentes, uma simpatia. Admiro sempre quem consegue (e gosta de) transmitir seu conhecimento com tanta leveza. E haja paciência para o nosso desconhecimento!
Minhas mudinhas da Sabor da Fazenda: tomilho-limão, orégano fresco, nirá, capim-limão e cerefólio. Turma reunida (eu já tinha ido embora, mas recebi essas fotos da Sabrina e resolvi postar aqui), turma na sala e a maravilhosa raizada em preparação, nham!
Tinha já ouvido falar do lugar há uns dez anos ou mais, quando li uma vinheta na Veja (quando ainda lia Veja) sobre um curso gratuito de temperos na Vila Maria. Estava começando meus experimentos na cozinha e me lembro de ter feito a inscrição, mas, por algum motivo, não consegui comparecer. Este ano, visitando o blog da Dri Haddad, vi a menção à Sabor de Fazenda e a suas proprietárias, Sílvia e Sabrina Jeha (a Dri deu um curso de papinhas orgânicas com a Sabrina). De imediato me lembrei do tal curso de temperos, e fui buscar novas informações. Dei de cara com o de jardinagem gastronômica e percebi que agora era tempo de fazer o curso, com mais prática culinária e muito mais interesse que antes.
Bom, o que dizer? O curso foi uma delícia, em um lugar "realidade paralela" em São Paulo, em meio a fábricas e grandes avenidas. Além da parte de reconhecimento (visual e olfativo) das ervas usadas na gastronomia, houve, na melhor linha do Eclesiastes, um momento para plantar, um para degustar, um para aprender a fazer. De comer de joelhos a raizada preparada com "azeite de todas as ervas para cozidos" (pode nome mais poético?). Salada com ervas diversas e inusitadas (para mim, para mim!), como azedinha. E, na minha opinião, the big surprise: o brigadeiro de capim-limão. U-A-U! (E também descobri que é pura sorte os meus temperos estarem vivos - preciso rever drenagem, tamanho e local dos vasos.)
Sabrina e Sílvia, e sua equipe toda, são, além de competentes, uma simpatia. Admiro sempre quem consegue (e gosta de) transmitir seu conhecimento com tanta leveza. E haja paciência para o nosso desconhecimento!
Minhas mudinhas da Sabor da Fazenda: tomilho-limão, orégano fresco, nirá, capim-limão e cerefólio. Turma reunida (eu já tinha ido embora, mas recebi essas fotos da Sabrina e resolvi postar aqui), turma na sala e a maravilhosa raizada em preparação, nham!
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terça-feira, 31 de julho de 2012
Ouro Preto para sempre
Ouro Preto mora definitavemente no meu coração. A cidade de bruma e mistério pintada por Guignard me conquistou desde a primeira visita, há 16 anos. E me encanta cada vez que volto.
Tudo é muito bem cuidado - das cidades brasileiras que conheço (não são tantas assim), ela me parece a que melhor recebe o turista, a mais bem preparada para isso. Não é uma cidade das mais baratas, mas paga-se pelo charme e pela preservação histórica.
Desde a estrada, com sua paisagem de mares de morros, até a entrada tímida, por uma rua estreita, na cidade, que de repente descortina um horizonte de igrejas e prédios coloniais (parece impossível não ver uma igreja para onde quer que se olhe), essa joia colonial vai revelando mineiramente seus encantos. Ela é de fato muito pitoresca - daí o fascínio dos modernistas por ela na década de 1920 (embora nem mesmo os desenhos de Tarsila possam dar uma pálida ideia do que é ESTAR lá). E a divulgação da cidade pelos artistas modernistas, é preciso dizer, teve grande importância no seu tombamento como Patrimônio da Unesco - por isso também Ouro Preto saiu na frente de outras cidades brasileiras no quesito preservação.
Falar das delícias gastronômicas pode soar redundante, mas como não lembrar que é um paraíso de doces (muitos feitos em outras cidades mineiras, é verdade), das cachaças (observação idem), de tutus, feijões tropeiros, torresmos etc., tudo isso cercado de história?
Melhor ainda é voltar tanto tempo depois e ver que a cidade continua se reinventando, com outros lugares interessantes, como a nova loja da cachaçaria Milagre de Minas (que tem não só uma parede de cachaças incríveis, mas também conservas ótimas, como as mostardas chiquérrimas que Guga me deu), o restaurante Bené da Flauta (boa comida, mas espaço melhor ainda), alguns cafés charmosos (e caros), cervejaria, espaços culturais, lojas e fábricas de chocolates, pousadas com forro de madeira policromada (a caprichosa Laços de Minas, cuja pintura do teto reproduz querubins à moda de Mestre Athaíde). E o que dizer do doce de leite com calda de morango? Eu não conhecia e fiquei em êxtase - comi um pote (pequeno, OK) inteiro na volta (e agora suo na academia pelos "morangos extras").
Também é ótimo revisitar o já conhecido - igrejas (não muitas, para não exaurir namorido - afinal, era uma comemoração de dia dos namorados, e não encontro de pesquisadores do Barroco, certo?), a Casa dos Contos, o café Beijinho Doce (que continua servindo seu bolo de morango, que dessa vez resolvi deixar apenas na minha memória afetiva), restaurantes já conhecidos e aprovados.
Ainda por cima, fomos premiados com a descoberta de uma loja de artesanato - Oro Preto, escrito assim mesmo -, de propriedade de uma física nuclear, montada na antiga casa do pai de Aleijadinho. É a cientista quem mora no andar superior - embaixo fica a loja. E nós conhecemos tudinho, que está muito preservado, guiados por seu assistente. Foi a grande surpresa da viagem.
De resto, tudo lindo, com pessoas simpáticas - não só os comerciantes, mas também os passantes na rua, que nos saudavam com um bom dia sorridente -, um sol lindo, um céu azul inacreditável, temperatura perfeita (calorzinho durante o dia, friozinho à noite). E sabem que até as ladeiras pareciam menos íngremes?
Fotos de Guga: as 2 primeiras, fachada, interior e prato do Bené da Flauta, minha foto na Casa dos Contos, nossa foto (o casal bonito) e a paisagem com Itacolomi.
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- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
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