quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Tem, mas acabou

Pois é, mal comecei o blog, acabou o ano!
Termino, então, 2009 com a paisagem que andei enviando aos amigos como símbolo daquelas coisas que acabamos de conhecer e já sabemos eternas: lugares, amigos, paixões. Percebemos o tamanho da encrenca de cara, como cantaria Jacques Brël: "je sais sans savoir ton prénom/ que je serai ta prochaine capture". Necessário tradução?
A imagem em questão mostra um coqueiro cismando de ver o Atlântico feliz depois de receber um beijo do rio São Francisco - uma das minhas paixões recentes-para-sempre -, nos confins do município de Piaçabuçu, Alagoas.
Que em 2010 outras paisagens inesquecíveis venham se somar a essa!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Gourmandise I - godó


Como anunciado, aqui vai meu primeiro comentário gastronômico. É sobre o godó.

Desde que conheci esse prato típico da Chapada Diamantina (muitos soteropolitanos não o conhecem), faço a maior propaganda. Trata-se de um cozido de banana verde, que pode levar bacalhau, galinha ao molho pardo ou carne de sol. Foi em Lençóis, Bahia, num bar duas-portas, o Neco's Bar, que provei a iguaria (era preciso encomendar, porque eles só atendiam duas mesas por vez e os preparativos exigiam bastante antecedência).

O lauto banquete tinha o prato principal (preparado com galinha) acompanhado de cortadinho de palma (ainda considerada comida de gado por muita gente), arroz, batata da serra, uma saladinha. Hummmm, o verdadeiro crime da mala! Ao final, ainda rolou um cafezinho (meio aguado e doce, o que era perfeitamente perdoável no contexto) e bananada-cascão-que-derretia-na-boca.

Fiquei apaixonada pelo prato, mas pouca gente tinha ouvido falar. Aí achei uma receita no Globo Rural (vejam link no "Tudo de bão"). Já preparei para alguns amigos, com algumas adaptações (umas pimentinhas a mais, o pimentão amarelo no lugar do vermelho ou verde) e foi sucesso. É importante dessalgar as carnes (no caso do charque e carne de sol) antes, picar tudo miudinho. E ter paciência para esperar as bananas desmancharem, mexendo bastante.

Sirvam numa panela de barro bem bonita (o quibebe acompanha bem o acepipe) e recebam os aplausos. Ah, sim: e não deixem de conhecer a Chapada Diamantina, com seu céu coalhado de estrelas e seu chão forrado de regatos e sempre-vivas.

(Mantive, ao escanear a imagem do Parque Nacional da Chapada Diamantina, o furo do alfinete que a prende ao meu mural, para mostrar como é uma das minhas paisagens favoritas.)

Guerê o quê?

Direto do Houaiss eletrônico:

guerê-guerê
substantivo masculino
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
fala ou discussão desprovida de valor ou fundamento; intriga, falatório

Dando início aos trabalhos

Arre, que é muito difícil batizar um blog! Todos os nomes que eu considerava interessantíssimos e ineditíssimos já existiam, o que comprova que muito da criatividade que existe hoje é pura rapidez... Demorei, dancei.
Batizado, todavia, ele está. Com uma expressão que não é minha, mas sim empregada frequentemente por Mario de Andrade, quando queria dar fim a uma discussão (como aquelas intermináveis, sobre o uso correto da gramática portuguesa-brasileira): "não tem que guerê, nem pipoca!".
Faço assim não só homenagem ao polígrafo e intelectual fantástico, que foi, aliás, uma das personagens do meu mestrado, como também traduzo com a frase parte da minha brabeza, que às vezes me acomete. Afinal, não poderia negar minhas raízes nordestinas e samuraímicas.
Que vamos encontrar por aqui? Sabe Deus! Provavelmente, muita conversa jogada fora, impressões sobre lugares, leituras, pessoas. Sobre comidas, claro.
Por fim, que o blogzinho recém-nascido siga seu caminho e vá ser gauche na vida!

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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