quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Au revoir, LaBelle

Ontem, me despedi de LaBelle. Foram seis anos e meio de muita garra e companheirismo. Depois da chegada de Purple, ela ficou de lado, e nada mais justo que passá-la para alguém que possa desfrutar da liberdade que ela oferece tanto quanto eu desfrutei.
Ela foi até bem disputada, e houve um pequeno estresse no repasse, imagine. Mas quem não gostaria de uma belezinha da GT, bem conservada, de aparência alegre, bom câmbio a preço camarada?
Obrigada por tudo, LaBelle! Que a Bete e outras pessoas sejam felizes com você como eu fui.

sábado, 24 de agosto de 2019

O primeiro cozido baiano

Cozido é um clássico local. Minha sogra e minha amiga Cris fazem o prato divinamente. Outro dia, compramos contrafilé e patinho em um açougue supostamente muito bom; quando vi a dureza do contrafilé, resolvi usar o patinho em um cozido.
Como minha sogra não estava por aqui, procurei umas receitas na internet. Achei do Panelinha e do Come-se, gerando revolta no marido, porque eram receitas do Sudeste, e não tipicamente baianas.
Para uma primeira vez, ficou bom. Segui ipsis litteris a receita da Rita Lobo, mas acho melhor refogar antes de cozinhar, seguir o ritual já consagrado de temperar bem antes de usar a pressão (sem pressão, sem condições).

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Um sabor de vidro e corte

Faz umas três semanas que fiquei sabendo da morte de uma amiga das antigas, da época de Bienal, Mostra, Itaú, ou seja, da época em que eu estava mais ligada à arte-educação, um tempo bastante feliz e desafiador.
Monika Jun Homma esteve comigo nas diferentes instituições por onde passei. Formada em Artes Plásticas, sempre atuou na área de forma comprometida, questionadora, mas também acolhedora e carinhosa com todos. Nas redes sociais, seguíamos uma à outra e compartilhávamos olhares sobre ser oriental, sobre culinária, cultura, arte, educação e política. Nos últimos tempos, estava animadíssima com começar um curso técnico em cozinha. De repente, a notícia, vinda por outra amiga das antigas, pelas mesmas redes sociais. Monika sucumbiu a uma gripe, que em poucos dias virou broncopneumonia e levou-a a ter uma parada cardiorrespiratória fatal. Uma coisa tão banal, uma gripe, e ela se foi.
Ficamos, todos os que a conheceram, pasmos e tristes. A notícia correu pelo Facebook, dezenas ou centenas de relatos de quem a conheceu só confirmaram o que digo aqui: perdemos uma pessoa que sabia ouvir, que recebia o outro com delicadeza, que se interessava por tudo e todos. Também fica a sensação amarga na boca de que uma parte de um passado feliz se desprendeu e foi embora. Um tempo perdido.
Nestes dias sombrios, escuros como o céu de florestas mortas sobre São Paulo da outra semana, pessoas como Monika farão falta. Já fazem.

Berçário

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Primeiro kombucha e aprimoramento de pão italiano

Na pós de Gastronomia e cozinha autoral, o Olivier Anquier contou que, embora pertencesse a uma família de boulangers, teve, no Brasil, de fazer pão dia sim dia não para chegar a um resultado satisfatório e abrir seu próprio negócio. Distribuía os pães entre os vizinhos, familiares, e seguia fazendo mais.
Lembrei-me disso nas últimas semanas, quando fiz um novo levain e também preparei o starter do kombucha. É preciso insistir, persistir, experimentar, adaptar para chegar a um bom resultado.
Depois de encontrar uma boa receita de pão italiano no blog Massa Madre, resolvi fazer alguns testes. O primeiro que fiz, seguindo a receita de fermentação de um dia, cresceu pouco e ficou muito azedo, embora macio e alveolado. Também queimou um pouco, e minha tentativa de assar sobre papel manteiga não foi feliz - ele grudou completamente no papel.
No outro dia, fiz novamente, desta vez com levain de farinha branca, e não integral, como o anterior. Também reduzi bastante o tempo de fermentação - 1 hora para a primeira, 1 hora para a segunda. A massa já se desenvolveu melhor. A pestana abriu direitinho. O pão ficou uma delícia - eu ainda deixaria só mais uma meia horinha fermentando para ter um pouco mais do azedinho do pão italiano.
Com o kombucha foi o contrário - eu diminuiria o tempo de fermentação, de dez dias para sete, para não ficar tão ácido. Aconteceu também de eu não ter uma garrafa que vedasse perfeitamente a bebida, e após a segunda fermentação (que saborizei com pedacinhos de maçã) já não havia gás nenhum. O gosto, porém, ficou bom, só depende mesmo de acertos.
Sigamos, portanto, explorando o fascinante mundo dos microrganismos (do qual, segundo teorias recentes, arrogantemente fazemos parte, como colônias ambulantes de bactérias).

Beyond Golden Curry - karê caseiro maravilha

Estava a um passo de colocar em minha lista "comprar karê" (aqueles tabletes S&B). Hoje resolvi fazer karê de frango, mas lembrei que não tinha o dito. Por uma feliz inspiração, resolvi pesquisar se alguém já havia feito karê caseiro, prescindindo dos tabletinhos cheios de sódio e outros conservantes. Para minha alegria, achei no site da Marisa Ono (que já havia me ajudado com os guiozas) um passo a passo para preparar o karê sem temperos prontos. Gengibre, tomilho, alho, cebola, shoyu, molho de tomate, um roux com farinha e curry, cenoura, batata, maçã ralada e frango, e estava pronto o karê.
Ficou maravilhoso, muito melhor que o preparado com Golden Curry. Acho que nunca mais vou comprar aquela caixinha.

domingo, 11 de agosto de 2019

A lição de vida dos microrganismos

Faz tempo que não faço pães au levain, não só porque dá trabalho manter o fermento anos a fio, mas também por uma preferência local por pães mais macios, mesmo integrais. Assim, acabei perdendo a mão. 
Mas, como sempre gostei dos pães mais casca dura, pretendo retomá-los, inclusive por sua maior saudabilidade (aprendi esse termo na pós da PUC!). Então toca a começar o levain do zero, voltar a sovar com a mão (na ProLine a massa fica muito líquida), ter paciência com as várias horas de fermentação. Já me programo para fazer um curso de fermentação natural em breve, e enquanto isso vou praticando. 
Também resolvi fazer kombucha. O Lucas do Com Ciência Saúde me mandou o scoby e o starter; demorei um pouco a começar, mas na última semana segui o passo a passo para produzir o chá inicial. A ver. 
Nestes tempos de trevas e morte de todo tipo, restam-nos os microrganismos para mostrar que a vida pode brotar de onde não vemos, como quem diz: viva! resista! renasça!

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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