terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Pão francês autêntico do Brasil - ou do Sudeste? ou de São Paulo?

Ou quase. Pelo menos na aparência. O sabor é ótimo, mas o pão de padaria sempre parece mais leve - talvez seja o melhorador (antes, era o bromato).
A receita que usei é atribuída ao Shimura pelo blog Cuecas na Cozinha. Só sei que funcionou muito bem - a massa ficou macia, elástica, pouco grudenta. As canaletas que Nana me trouxe serviram perfeitamente.
Abaixo a receita (não usei o melhorador como indicado originalmente):

Ingredientes:
500 g de farinha de trigo
5 g de açúcar refinado
5 g de fermento biológico seco
300 mL de água
10 g de sal

Preparo:
Misturar, nesta ordem, farinha e açúcar, acrescentar metade da água, mexer bem, adicionar o fermento, misturar bem, juntar o restante da água e o sal. Deve-se sovar até chegar ao ponto de véu - eu bati na planetária por uns 10 minutos, até a massa ficar bem macia.
Deixar descansar a massa por 20 minutos, e então porcioná-la em bolinhas de 100 g (a receita original falava em 65 g). Deixar descansar por mais 10 minutos e então modelar em pequenos filões. Deixar descansar por cerca de 40 minutos (enquanto o forno é preaquecido a 180 graus) já na forma com canaletas e polvilhada de farinha. Antes de colocar no forno, cortar a pestana dos filões, pulverizar um pouco de água sobre a massa e também no interior do forno, ao abrir, para criar a nuvem de vapor que forma a casca do pão.
Assar por cerca de 18 minutos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Mais uma ferramenta de panificação

Fazia tempo que queria comprar canaletas para fazer pão francês e baguete. Normalmente, são de alumínio e grandalhonas; só se encontram em lojas especializadas em panificação (e no bom e confiável Mercadolivre, do qual já sou fã, agora que moramos "no interior").
Assuntei minha cunhada que mora no exterior sobre as tais canaletas, pois lembrava de ela ter comentado que havia comprado para fazer pão francês.
Qual não foi minha alegria hoje ao receber as canaletas, feitas de silicone, num tamanho ideal para formas domésticas?
Agora é só experimentar!

sábado, 10 de dezembro de 2016

Espedito Seleiro e Iemanjá

Antes de ir ver Tom Zé na Concha, passamos no Ceasinha do Rio Vermelho, onde queria comprar algumas mudas, já que minhas sementes estão demorando muito a dar as caras, e eu preciso dos meus temperos frescos. Quase chegando ao boxe de destino, um dos poucos que têm mudas de temperos, o marido me chamou a atenção para uma bolsa com estampa de orixás, que seria "ótima para levar à praia", em um boxe com produtos artesanais - bolsas, sapatos, esculturas, brinquedos.
Qual não foi minha surpresa ao deparar com sapatos e carteiras feitos por Espedito Seleiro, que confeccionava as sandálias do bando de Lampião? Comprei logo a minha, azul, depois de balançar por uma branca. E também um avental com os orixás encabeçados pela rainha do mar. Ainda encontrei no boxe de plantas sálvia e orégano fresco, além de alecrim - só faltou o tomilho!
Uma surpresa agradável depois de passar pela muvuca natalina e desesperadora do shopping. O Ceasinha continua gourmet, mas até achei os preços razoáveis, pensando na carestia geral. E uma sandália do mestre Espedito Seleiro, ah, isso não tem preço!

Selfando

Na Concha Acústica do TCA, esperando Tom Zé apresentar suas canções eróticas de ninar, fizemos uma sequência de selfies.
Pra que foco? O foco é ser feliz.

Por uma vida mais leve

Pelo primeira vez, eu e Guga estamos de dieta juntos. Nem poderia ser diferente, se compartilhamos o alimento diariamente.
O fato é que isso é bom. Sempre é melhor ter alguém no mesmo projeto de emagrecimento. Lembro que a primeira vez que fiz regime de verdade tive apoio de colegas de trabalho que eram pacientes da mesma endocrinologista. Era ótimo almoçar com eles - dávamos dicas uns aos outros a respeito da boa alimentação. Emagrecemos juntos e felizes, com ajuda da sibutramina.
No meu segundo regime, uns cinco ou seis anos depois, fui ao endocrinologista com Gustavo. Aqui, cada um cuidava do seu. Como na primeira vez, tomei sibutramina. Mas, sozinha em meu regime, me dediquei mais às atividades físicas - academia, flamenco, tai chi chuan. A alimentação não era exatamente a melhor, e acabava sendo compensada com exercícios.
Nos últimos três anos, voltei a ganhar peso. Pouca atividade física, falta de opção de restaurantes no novo bairro, estresse - tudo isso contribuiu para a subida dos números da balança. Quando comecei a cozinhar diariamente em casa, ainda estava mais focada nas experimentações culinárias, quase sempre engordativas. Cheguei à Bahia com um pouco mais do que tinha no segundo regime - o que, para mim, havia sido o auge da engorda.
Como já disse aqui, comecei a frequentar uma academia pequena no bairro, só caminhando na esteira ou no elíptico, por conta da tenossinovite. A alimentação continuava pouco light, embora cada vez mais saudável, com cada vez menos alimentos processados.
Pouco depois, logo que voltei a fazer pilates, vi uma foto minha na internet. Entrei em pânico. Estava definitivamente fazendo jus à herança paterna. Já havia perdido boa parte das minhas roupas, e vi que logo não teria o que vestir.
Quando Guga decidiu voltar a emagrecer, foi ótimo, porque isso significava menos pedidos de pratos especiais. E como ele é mais radical que eu na dieta, fomos aos poucos focando em alimentos que promoviam saciedade e bom humor (embora, como eu já devo ter dito, às vezes fico de mau humor por abstinência de coisas doces). Agoooora, acho que estamos no passo certo, ainda mais com o pedal presente em nossas vidas.
Só sei que quando tomo uma vitamina de abacate ou como banana amassada com aveia, acho uma das coisas mais deliciosas do planeta. Valorizo muito mais o sabor dos alimentos. A cerveja no final de semana, em menor quantidade, vira uma iguaria.
Com a idade, emagrecer é menos fácil, é verdade. Cada 200 g deve ser comemorado, e às vezes pinta o desânimo. Mas, desta vez, a ideia é incorporar um modo definitivo de ser saudável. Sem remédios, com alimentos frescos, sem conservantes, com atividade física constante e prazerosa. Uma nova vida mesmo.

sábado, 3 de dezembro de 2016

O primeiro pedal na estrada

Foram meus primeiros 19 km na estrada com La Belle. Por isso, dedico a mim mesma esta canção:

"We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers 'cause we are the champions
Of the world"

Que venham mais 19, e mais ainda.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Quando a coisa fica séria

Agora que comecei a pedalar um pouco mais sério (ainda não fazendo trilhas como Guga, obviamente), resolvi comprar um ciclocomputador, para controlar meu tempo, contagem de calorias etc. E comprei também uma buzina nova. E uma bermuda para pedalar, convencida pelo que vem escrito nas pernas: LaBelle, como minha branquinha.
Tirando o ter de gastar, equipar-se é muito legal.

sábado, 26 de novembro de 2016

O pedal ensina

Quando chegamos aqui, Guga comprou uma bike. Foi guiado pelo preço. Boazinha, aro 26. Mas, claramente, não estava satisfeito com ela. Pequena para ele, câmbio bem mais ou menos, marchas que não mudavam na subida. Ela mais ficava encostada do que em movimento. Nem nome tinha, como minha LaBelle.
Como já disse, comecei a ir ao pilates de bike. O marido da minha professora comentou que pedalava a sério, eu comentei sobre meu marido que queria retomar as atividades físicas. Guga já queria mudar de bicicleta, mudou, comprou a Pretinha, comentei com Wendel, e pronto - logo resolveram formar uma dupla de pedal.
Isso foi ótimo para ele, e também para mim, e para nós. Quando ele não está treinando, damos um pedal até a praia. Das vezes que pedalei com ele, comecei a tirar mais da minha bike também. Utilizava as marchas incorretamente até então. Até comecei a emagrecer. Guga tem feito trilhas cada vez mais intensas, aprendendo a respeitar seus limites. Muito, muito bom.
Mas há uma coisa que pedalar me ensina e que se estende para tudo o mais na vida: a seguir minha respiração, o meu ritmo. Ao contrário do que aconteceu em Mendoza, quando caí da bicicleta e me estabaquei porque estava ansiosa por seguir o parceiro que ia se distanciando, e sem atentar para o que me dizia respeito, agora sigo a mim mesma. Atenta aos outros ao meu redor, mas ocupada apenas de mim, de onde estou e onde quero chegar. Essa é a melhor de todas as lições que pedalar me traz.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O retorno das mudinhas

Eu tinha dado um tempo da hortinha. O ataque do sapo e o sumiço de Chico, além do cansaço e da chuva que me desanimavam a sair para cuidar das plantas, me afastaram dessa prática que tinha começado tão prazerosa.
Percebi que preferia ter os vasinhos mais perto, ao alcance da vista e das mãos. Comentei com o marido que seria bom ter uma estantezinha para os vasos na varanda. Outro dia, procurei na internet uma para comprar. Os prazos de entrega eram bizarros. Então, o marido se dispôs a fazer uma para mim. Ebaaaaa!
Como Guga leva muito jeito com a marcenaria, o móvel ficou lindo. Mais lindo ainda com os primeiros vasos, em alturas à prova de sapos. Também quero mudinhas de flores antimosquitos. Vai ficar uma lindeza.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Pio, o pica-pau


Entre vários moradores que temos na Vila do Sossego (nome da nossa casa), hoje encontramos o Pio, um pica-pau (até então não tínhamos certeza de que era um, apesar da cabeleira vermelha). Bela havia caçado um passarinho, e em seguida Guga encontrou Pio caído no chão (não sabemos se ele era a caça de Bela, mas tudo indica que não - ele não teria sobrevivido à mordida certeira dela).
O bichinho estava assustadíssimo, com uma aparência deplorável, todo encharcado. Piava muito alto, principalmente quando tentávamos ajeitar as asas dele numa caixa que forramos com panos para mantê-lo aquecido.
Eu nunca tinha socorrido um passarinho, então não tirei o olho dele o tempo todo. Coloquei água numa seringa e ia dando gotinhas para ele. Amassei um pouco de banana para dar-lhe de comer. Aos poucos, ele foi relaxando, e até dormiu. Demos uma saída rápida, tomando o cuidado de deixá-lo dentro do barracão, para evitar uma visita de Zen com instintos de caça reavivados (mas ele nem se interessou muito por Pio). Quando voltamos, Pio já estava quase seco e parecia ter fome, abrindo o bico como quem espera a mãe trazer o alimento.
Consegui que ele comesse um pouco de banana. Logo ele quis levantar voo, e acabou voando para mim, vindo estacionar no meu ombro direito. Colocamos o pajarito na pitangueira, e a primeira coisa que ele fez foi bicar a árvore - pronto, não havia mais dúvida de que era um pica-pau (o primeiro que consegui ver, e tão perto - todas as vezes que Guga me chamava para ver um, o bicho sumia antes de eu chegar).
Acabamos levando Pio para a mangueira ao lado da qual Guga o encontrou. Surpreendentemente, o quase moribundo passarinho subiu agilmente pela árvore, usando as garras e as asas. Sumiu-se lá em cima. Foi ser rouge na vida.

Pão de bagaço de malte de cevada

Guga tem um tio que é um verdadeiro mestre cervejeiro. Volta e meia ele aparece com uns preparos maravilhosos, especialmente as cervejas escuras. Sentimos ao beber o prazer que ele tem ao produzi-las. Até comentei que demos a ele um livro sobre cervejas, e eu ganhei um, sobre pratos à base de cerveja.
Outro dia, Degas nos ofereceu os grãos moídos utilizados no preparo, aquilo que normalmente é descartado, para que eu fizesse PÃES. Imaginei que devia ser bom, mas inventei de aquecer no forno para secar, já que o bagaço contém bastante água. Acabou não parecendo muito bacana de utilizar, e descartei. Mas ele apareceu novamente com a matéria-prima, e com uma amostra do pão que faz com ela, e resolvi então usar o bagaço com água e tudo, considerando o teor de umidade na receita.
Adaptei uma receita de pão multigrãos do Rogério Shimura, substituindo a farinha integral ou de centeio pelo bagaço de malte. Caramba, ficou ótimo! Parece que o malte confere maior aeração à massa, que ficou levíssima.
Como ainda tenho bastante bagaço de malte na geladeira, ontem fiz outra experiência, uma receita experimental para aproveitamento de resíduos da indústria da cerveja, publicada por alunos do Senac de Santa Catarina - esta receita leva leite, e essa pequena porcentagem de gordura acaba dando mais liga à massa, que continua fofa, mas produz um pão mais firme, perfeito para o corte. Maravilha.
Já estou aventando a hipótese de uma cuca de banana com o bagaço de malte. Até o levain deve entrar na dança.

Pão de bagaço de malte - receita I (adaptada da receita do Shimura)
Ingredientes:
400 g de farinha de trigo
100 g de bagaço de malte
200 mL de água
60 g de manteiga amolecida
20 g de fermento fresco ou 10 g fermento biológico seco
10 g de açúcar (usei demerara)
5 g de sal
12 g de sementes de girassol
12 g de gergelim negro
12 g de gergelim branco
10 g de flocos de cevada
25 mL de óleo

Preparo:
Misture a farinha, o bagaço de malte e o sal. Se for usar o fermento seco, junte a ele a água e o açúcar - depois de uns 15 minutos, deve formar uma esponja, que será acrescentada aos ingredientes secos; junte então a manteiga. Se usar o fermento fresco, pode juntar com a farinha, o bagaço, o sal e o açúcar e então ir acrescentando a manteiga e a água aos poucos, enquanto sova na batedeira em velocidade baixa. Sove por cerca de 8 minutos. Acrescente então os grãos, misturando-os bem, por mais 2 minutos na batedeira. Deixe descansar na própria tigela da batedeira, coberta por plástico filme, por 15 minutos. Unte uma forma e coloque nela a massa, deixando-a dobrar de tamanho. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 graus por cerca de 30 minutos.

Pão de bagaço de malte - receita II (do Senac-SC)
Ingredientes:
150 g de bagaço de malte
400 g de farinha de trigo
2 colheres de sopa de mel
10 g de fermento biológico seco (1 sachê)
150 mL de leite
1/2 colher de manteiga amolecida
1 ovo para pincelar (opcional)

Preparo:
Misturar todos os ingredientes e sovar por 10 minutos em velocidade baixa. Deixar a massa descansar por 1 hora, coberta com filme plástico. Modelar a massa, apertando-a levemente, e colocá-la em um forma untada. Pincelar a superfície com um ovo levemente batido. Assar em forno alto (250 graus) por cerca de 30 minutos.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Natureza viva no Vale do Capão

Eu precisava muito, muito viajar. Nem que fosse só um final de semana, para algum lugar próximo. Vi uma brecha no meio da produção e propus ao marido. Primeiro falamos em Petrolina, depois ele sugeriu o Vale do Capão.
A aventura começou em pagar o licenciamento do carro em meio à greve dos bancários, depois levar o carrinho para uma revisão. Corri para enviar o que precisava do meu trabalho. Na manhã da viagem, Guga ainda duvidou: se só estivesse chovendo, era melhor não irmos.
Como ele sabe que detesto desmarcações (já tinha reservado o quarto na Tatu Feliz havia umas duas semanas), deixou a meu cargo decidir. Decidi que iríamos - só voltaríamos se fosse impossível chegar ao lugar por conta da chuva.
Já não é fácil chegar ao Capão. De Salvador, tomamos a BR 116 até Feira de Santana (o portal do sertão), dali a 324 para Itaberaba (o portal da Chapada) e então a 242 até Palmeiras. A vila do Capão fica no distrito de Caeté-Açu. São cerca de 6 horas de viagem, com trechos não duplicados de estrada e outros de terra. Ainda tivemos de passar em Salvador, para buscar o comprovante de pagamento do IPVA com a mãe de Guga.
Depois de Itaberaba, fomos cobertos por uma chuva monstruosa - tudo ficou instantaneamente branco na estrada cheia de curvas, subidas e descidas e caminhões (a BR 242 é o acesso para Barreiras, maior polo agropecuário do Oeste baiano). Perto de Lençóis, o tempo abriu. Chegando perto de Palmeiras, víamos as nuvens escuras em torno da serra. E raios caindo aqui e ali.
Chegamos ao Capão junto com a chuva. Saímos para comprar um guarda-chuva (no mercadinho Flamboyam) e explorar a vila. Quase tudo fechado - além da chuva, é baixa temporada. Mesmo assim, sentamos para tomar uma cerveja no boteco dos locais. Acabamos descobrindo um restaurantezinho, Mediterrâneo, supostamente de hispânicos, já que vendiam tapas e vinhos. Pedimos o ravióli recheado com ricota e espinafre, o meu com manteiga e sálvia, o de Guga al pesto. Embora o chefe carregue um pouco no sal, uma boa massa, a bom preço (23 reais). O lugar é fofo, com arquitetura original e cortinas de chita nas janelas da cozinha. Depois do jantar, voltamos à pousada para o merecido banho (o único senão foi o ralo do chuveiro entupido). O quarto é simples, mas espaçoso. Logo desabamos.
No outro dia, acordamos cedo para o café - bem bom, com ovos, pães, cuscuz, bolo, sucos, banana-da-terra e o ótimo café Lá do Sertão, da marca Terroá, que já conhecíamos. Nossas pretensões para o dia eram modestas, já que o céu estava nublado e logo começou a cair uma chuva fininha. Acabamos puxando papo com dois casais sentados ao nosso lado na mesa comunal.
Eles tinham feito a trilha da Cachoeira da Fumaça no dia anterior com um guia muito bom. Um dos casais - Lívia e Ígor - iria para a cachoeira das Águas Claras, se o tempo firmasse. Como o outro casal estava indo embora, propuseram que fôssemos fazer a tal trilha também. Topamos.
Era uma trilha no meio do Gerais, margeando o Morrão, uma caminhada total de 14 km cujo ponto alto era o banho nas Águas Claras. Achei relativamente fácil - embora a caminhada fosse longa, a trilha é quase toda plana, com quase nenhuma passagem difícil - apenas um curso d'água, estreito, no início. Ao final, a cachoeira com formações que lembram chuveiros, de água muito gelada. A vegetação é linda, com flores delicadas coroando caules robustos. Até colibri cantando vimos. Uma cobra-coral armou quando nos viu, na volta.
O guia Uilton é uma figura ímpar - imagino que Manuelzão fosse assim, contador de causos, cheio de sabedorias, observador silencioso, parte da natureza. Tinha mil histórias para contar ao mesmo tempo que nos dava total atenção para que fizéssemos uma boa caminhada.
Na volta, paramos para comprar o café do Terroá com o falante proprietário. Chegamos tarde à vila, cerca de 16h30, e já não havia muitas opções para almoçar. Fomos ao restaurante de dona Dalva, famosa pelo pastel de palmito de jaca. Pedimos PFs, que vinham com cortadinho de palma, arroz, feijão, salada, carne de sol. Estava bom. Dali, procuramos um café. Encontramos um lugar que vende um pouco de tudo, inclusive coletores menstruais (!). Café assim-assim.
Quisemos sair mais tarde, mas a chuva desabou, mais forte ainda que na noite anterior. Tomamos uma cervejinha apenas e voltamos. No outro dia, Lívia e Ígor tinham combinado com Uilton fazer uma outra trilha, com duas cachoeiras, a Angélica e a da Purificação, se não estivesse chovendo. Uilton tinha dito que era uma trilha de mata fechada e muita pedra, ao longo do rio, então não me animei muito. Mas vi que fazer a trilha da Fumaça também seria arriscado, pois a subida é íngreme e as pedras estariam mais escorregadias. De novo, nos juntamos a eles para a empreitada.
Antes da trilha, fomos ao mercado para comprar mel, própolis etc. Da feira local, trouxe cortadinho de palma, palmito de jaca e até shitake de uns visitantes de Sergipe.
Fomos então encontrar Uilton na frente da casa dele, nas proximidades do Bomba. Quando chegamos ao início da trilha, já havia um trecho de rio para atravessar. Achei que não ia conseguir (e acharia isso várias vezes no trajeto de 5 km no total). Uilton arrumou um cajado para ajudar. Fomos indo. Como o solado da minha bota tinha começado a soltar pela falta de uso, tinha ido de Crocs, pisando com muito cuidado para não escorregar. Se chovesse, teríamos que voltar porque não conseguiríamos passar o rio. Imagine a minha calma diante dessa possibilidade.
Foi uma trilha de pura superação para mim. Atravessamos a água umas seis vezes. Ia ficando cada vez mais alto, mais fechado e mais difícil. Fui respirando profundamente ao longo do caminho, me concentrando no que estava fazendo. Precipícios se desenhavam ao nosso lado, mas eu só olhava para a frente.
Por fim chegamos a um poço de pedra de outras eras. Água ultragelada. Não me banhei, lo siento. A volta, claro, pareceu muito mais rápida. Depois soube por Lis, gerente da pousada e mulher de Uilton, que "nunca a Purificação esteve tão cheia".
Já na vila, provamos o pastel de jaca de dona Dalva, mas almoçamos em Dona Deli, um PF melhor que o de dona Dalva (com abóbora cozida, uma delícia), apesar do mau-humor da moça que nos serviu. Mesma faixa de preço, cerca de 20 reais, com direito a ambrosia no final.
Saímos mais tarde para provar a tal Pizza do Capão. São só dois sabores, um doce e um salgado, servidos num espaço lindo, um grande quintal coberto com decoração rústica e de bom gosto. A pizza tem massa integral - a doce é de banana com queijo e castanhas, a salgada leva queijo, cenoura, tomate, azeitonas e uma indefectível cobertura opcional de mel com pimenta. O preço, ótimo (uma pizza grande, uma pequena, duas cervejas, um jarrinho de suco, tudo por 66 reais). Ainda ganhamos a rolha do vinho que levamos, porque disse que o aniversário de Guga tinha sido na outra semana. Atendimento simpático e rápido. Não à toa, um dos lugares mais famosos da vila.
Muitos lugares permaneceram fechados por conta da chuva e da baixa temporada. Nas ruas, muitos gringos hipongos, estudantes da UFBA. Os moradores na sua, sem tanta interação com os estrangeiros. Houve um momento bizarro em que passou uma picape tocando um som horrível e várias pessoas se penduravam no carro - era a comemoração do prefeito vencedor do município. Discrepante.
Somente no outro dia, nosso último dia, senti as pernas doloridas. Fabiane, que comanda a cozinha da pousada, nos serviu um café caprichado. Fomos ao mercadinho atrás de banana-passa, sabonete de sal grosso, unguento de arnica e própolis. Fim das compras de produtos locais.
Nos despedimos dos nossos ótimos companheiros de trilhas, animados com a possibilidade de nos encontrarmos para mais empreitadas. E ficamos mais motivados para entrar em forma e assim encarar outras viagens com maior tranquilidade.

Superações

"Superação" vem do latim superatio e quer dizer "elevar-se", "passar por cima de". Ou qualquer coisa assim, que fez todo sentido no sobe e desce e no pula-pedra-sobre-as-águas sem fim da trilha da Purificação, no Vale do Capão, no miolo da Chapada Diamantina.
Sou um bicho urbano, sempre soube. Mas amo a natureza, por mais trapalhadas que faça nas minhas tentativas de interação com ela, tipo cair de bote fazendo rafting. Como também sou insistente, prossigo querendo montar a cavalo, fazer trilhas. E até percebo uma melhora de uma aventura para outra. Sério.
Claro que, à medida que o tempo passa, vou ficando mais temerosa de ousar algumas coisas. Penso mais antes de fazer, o que, no caso de uma trilha até uma cachoeira, atrapalha um tanto.
O guia Uilton ajudou muito na travessia, apontando os melhores lugares para pisar; Guga ia ora na frente, ora atrás, amparando, prevenindo. A presença de Lívia, também temerosa de andar sobre as pedras molhadas, foi reconfortante - mulheres que se apoiam são mulheres mais fortes. O sorriso suave de Ígor, companheiro de Lívia, fechava o círculo de proteção.
Nunca fiz a linha atleta, competidora, preferindo as atividades físicas de consciência corporal, flexibilidade e equilíbrio, mais eu comigo mesma. E parece que isso ajudou muito na travessia - nos momentos em que parecia que a série de cursos d'água não acabava nunca e eu pensava "seriously?", fazia um pouco de respiração profunda de ioga, focava no que tinha à frente e seguia, prestando atenção a cada passo. Já vínhamos de uma trilha de 14 km na véspera, e mesmo assim fiquei relativamente bem após a trilha da Purificação (cujo nome não poderia ser mais apropriado), mais curta, mas mais tensa, com precipícios aqui e ali. Certamente, ter voltado ao pilates e a pedalar foi essencial para que eu não ficasse totalmente moída.
Do alto dos meus Crocs (a bota tinha começado a descolar na trilha anterior), não caí nenhuma vez, como temia. Saí apenas com uma bolha na lateral do pé esquerdo. E mais conhecedora do que me limita, disposta a mais - a superar.

domingo, 11 de setembro de 2016

Filé mignon suíno ao molho de cerveja escura

Em nossa última visita a uma livraria, vi um livro sobre cervejas que poderia interessar ao tio de Guga. Guga, por sua vez, viu um livro que me interessaria: A cerveja na cozinha, da Folha de S. Paulo. Ele comprou ambos, um para mim, outro para o tio, e logo tive ideias para cozinhar o filé mignon suíno que estava no congelador.
A receita original pede picanha suína, que teria mais gordura para o molho de cerveja, um corte mais apropriado em filé etc. Mas a ideia de um molho de cerveja escura com creme de leite (tipo au poivre) para a carne, acompanhada de batatas com cebolas e ervas, me pareceu muito adequada para nosso filé mignon. 
Usei uma cerveja black ale da Devassa e uma Skol pilsen. Ia usar uma Caracu, mas Guga achou que ficaria muito doce. No final das contas, ainda coloquei um pouco de açúcar mascavo no molho para equilibrar o amargor excessivo.
A receita falava em batata bolinha e échalottes, mas usei batata inglesa cortada em quatro e cebola cortada em pétalas. Ajuntei os dentes de alho com casca, bacon cortado em cubinhos, alecrim e tomilho frescos, ervas de Provence, sal, pimenta-branca moída e sal. Levei ao forno por mais de uma hora (a receita fala em 30 minutos; talvez a batata bolinha asse mais rápido).
Os cubos de filé mignon foram selados (usei um pouco de azeite, porque a carne é menos gordurosa) com uma pitada de sal. Levei-os ao forno por cerca de 20 minutos. Na mesma frigideira, coloquei manteiga e as cervejas escura e clara. Reduzi um pouco e então acrescentei o creme de leite. Então, acertei o sal.
Ficou ótimo - essas batatas podem ser acompanhamento de qualquer tipo de carne.

sábado, 10 de setembro de 2016

Clássicos em São Paulo: pão de semolina do Frango Assado e pão sovado

Não se enganem com a aparência dos pães feitos por quem ainda está pegando as manhas da modelagem: eles ficaram muito bons, especialmente o sovado.
Tenho cá pra mim que o pão sovado é uma corruptela do brioche, com bem menos manteiga, mas quase tão fofo quanto. Sempre amei, sempre comi o pão sovado da Seven Boys/Panco. Associo o pão sovado ao meu avô, que sempre o comprava. Mais recentemente, preparava ovos Benedict com prosciutto e pão sovado (em substituição ao brioche). Em terras baianas, porém, não encontro o bendito.
Quanto ao pão de semolina do Frango Assado, é um clássico paulista, da rede de restaurantes espalhados pelas estradas do interior. Ir a Campinas/Piracicaba e não trazer um pão de semolina é quase impensável.
Em dias diferentes, fui à caça das receitas na internet. Uma adaptação do pão de semolina aparece no site Homem na cozinha. Resolvi testar, e achei bem bom. Talvez acrescente mais semolina na próxima vez, a ver. Como se pode ver na foto, não acertei ainda a modelagem, mal explicada no site.
A de pão sovado é uma receita do Rogério Shimura, em uma entrevista no Sindipan. Ótima receita! O pão fica uma delícia! Mas talvez não seja bom preaquecer o forno - ele precisa dourar enquanto assa (tive que apelar para o grill, e fazendo isso a cor não fica tão natural quanto deveria). Também imagino que os tais 15 minutos de que o Shimura fala sejam para o megaultraforno profissional que ele usou.
Aqui seguem as receitas já com minhas adaptações. Não usei melhorador de farinha, porque a farinha utilizada foi a italiana Molisana.

Pão de semolina (1 pão médio/fino)
Ingredientes
230 g de farinha de trigo
135 g de semolina
5 g de fermento seco biológico
6 g de açúcar
5 g de sal
65 g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
175 mL de água

Preparo
Na tigela da batedeira, misture as duas farinhas. Adicione a água e bata um pouco em velocidade baixa, com o batedor em gancho. Ainda em velocidade baixa, junte o fermento, agregando-o à mistura. Adicione o sal e a manteiga derretida, aumente a velocidade da batedeira para 2 e sove até que a massa fique lisa. Cubra a massa com filme plástico e leve a descansar por 30 minutos. Abra a massa com um rolo, no formato de um retângulo. Enrole-a na diagonal e coloque-a sobre uma assadeira polvilhada com semolina. Preaqueça o forno a 240 graus enquanto a massa dobra de tamanho, coberta por um pano. Leve ao forno por cerca de 30 minutos.

Pão sovado (dois pães médios)
Ingredientes
500 g de farinha de trigo
5 g de fermento seco biológico
7 g de sal
240 mL de água
75 g de açúcar
50 g de manteiga em temperatura ambiente
15 g de leite em pó
50 g de ovo (1 unidade)
1 ovo para pincelar

Preparo
Faça uma esponja com parte da farinha, água e o fermento (usei cerca de 150 g de farinha e 150 mL de água). Espere a mistura borbulhar (cerca de 30 minutos). Acrescente o ovo ligeiramente batido misturado ao restante da água. Misture a farinha, o leite em pó, o açúcar e o sal em um bowl ou na tigela da batedeira. Acrescente aos secos a mistura do fermento. Bata por 6 minutos, e então adicione a manteiga. Deixe a massa descansar até quase dobrar e ficar com aparência uniforme. Derrube sobre uma bancada, tire o ar com as pontas dos dedos e abra-a como um retângulo. Enrole cuidadosamente, apertando levemente para não ficar frouxa. Divida o rolo ao meio, e novamente em 3 partes iguais cada metade. Junte as 3 partes/gomos para formar cada pão. Leve para fermentar por cerca de 1 hora. Faça um corte com uma faca bem afiada no sentido do comprimento, no meio de cada pão. Pincele com o outro ovo levemente batido e um pouco de água, tomando cuidado para não escorrer para o centro do pão. Leve ao forno a 180 graus por cerca de 30 minutos.

domingo, 4 de setembro de 2016

Bolo de aniversário da sogra

Hoje foi aniversário da minha sogra e resolvi fazer um bolo para ela. Megarresponsabilidade, porque ela é uma cozinheira/boleira de mão cheia. Por isso optei por uma receita que sempre dá certo, com ingredientes ricos mas sem muita invencionice.
A receita do bolo de chocolate é do Panelinha, que eu sempre faço. Cortei o bolo ao meio com fio de náilon e recheei com um pouco de ganache de chocolate branco e cobri com uma camada de geleia de framboesa (feita com 2 xícaras de framboesa congelada, 1 xícara de água e gotas de limão). Coloquei a tampa do bolo e a cobri com ganache de chocolate meio amargo e uma camada generosa de geleia de framboesa. Queria que as framboesas ficassem inteiras, mas, congeladas como estavam, elas desmanchavam na panela, mesmo sem mexer.
Apesar de protestos do marido, que queria que eu fizesse um bolo menor, ficou bem bom.

sábado, 3 de setembro de 2016

Pão em dose dupla

Ontem foi dia de pão. Achei uma receita ótima (do Shimura, no Bem Simples) de tortano, o pão de linguiça servido na Speranza. Também queria fazer pão de semolina - usei a do Pão Nosso, com levain, mas ainda devo fazer uma com fermento biológico, para ficar do tipo pão do Frango Assado, fofinho.
No caso do tortano, ainda refoguei um pouco a linguiça calabresa cortada bem fina com meia cebola picada. Também ralei a mussarela. Usei 350 g de farinha, 300 mL de água, 15 g de açúcar demerara, 5 g de fermento, 2,5 g de sal, 15 mL de azeite, 400 g de linguiça calabresa e 150 g de mussarela.
O pão de semolina, com a farinha italiana (hoje já comprei mais, está quase acabando no supermercado), ficou bom, mas não incrível. Talvez tenha fermentado muito tempo. Mas a aparência ficou interessante e a casca, não tão dura.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Mobilidade, saúde e tal

Uma das maiores diferenças da minha mudança de vida (além da falta de creme de leite fresco) foi a mobilidade.
A questão nem é o fato de morarmos no interior, porque, mesmo que estivéssemos mais perto da capital, pouca diferença faria: Salvador é para os carros. Mal tem calçadas; somente agora começa a se esboçar um mapa metroviário, os ônibus trafegam lotados e as ciclovias inexistem.
Na verdade, onde estamos, a maioria das pessoas utiliza motos e bikes para se locomover.
Eu, porém, demorei até mesmo a sair a pé pelo bairro. Tinha me acostumado com o carro dirigido pelo marido. Comodismo com uma sensação enganosa de que não acharia por perto o que precisava.
Mas, quando descobri que precisava fazer fisioterapia, por conta de uma tenossinovite na mão esquerda, caiu a ficha: não poderia contar com o marido para me levar até Salvador durante a série de 10 sessões. Como faria? Tomar um dos ônibus lotados não era uma ideia nada atraente. Vi que teria que me virar, que teria que promover a independência da minha mobilidade.
Por sorte, descobri que havia uma clínica de fisioterapia quase ao lado de casa. Fiz lá as 10 sessões. Nesse meio tempo, fui me animando a me deslocar a pé pelo bairro para resolver pequenas pendências. LaBelle, até esse momento, continuava encostada.
Um dia, resolvi que era hora de voltar a fazer pilates (por conta da tendinite, da postura, de ter que emagrecer 15 kg, de fazer uma atividade física de que gosto) - e havia dois estúdios relativamente próximos, mas ambos do outro lado da rodovia. Fiz aulas experimentais nos dois, escolhi um e em outro dia resolvi que iria para lá de bike.
Pura adrenalina, a primeira saída entre carros, motos e outras bikes, bem mais velozes que a minha. Na volta, uma sensação quase incrédula de coragem, de ter vencido - meu medo, a mim mesma, meu comodismo.
Estudos dizem que são necessários 66 dias para mudar/adquirir um hábito. Não sei se procede, mas sei que por ora já não quero mais parar de me mover assim.

sábado, 27 de agosto de 2016

Pizzas caseiras - Montegordina e Marcolina

Até que temos achado boas pizzas por aqui, especialmente a de Marcos e a da Sete Pizzas. Mas as poucas, embora boas, opções têm os preços lá em cima.
Como o marido comprou outro dia uma nova edição do Dona Benta e minha sogra experimentou com sucesso uma receita de pizza caseira, resolvi investir numa farinha de semolina italiana, com bom preço, que vi no supermercado (sim, aqui não há creme de leite fresco, mas tem farinha importada). E aí parti para a pesquisa.
A receita do Dona Benta levava leite, então não botei tanta fé. Fui atrás da receita do Panelinha que minha sogra utilizou. Fiz meia receita, utilizando a semolina. A massa ficou ótima, fofa e sequinha.
As coberturas foram inspiradas em ratatouille e numa pizza de Marcos (carpaccio com rúcula picadinha). A chamada Montegordina levou abobrinha, berinjela, pimentão, tomate confit, palmito, pimenta biquinho e azeitonas sobre mussarela; a Marcolina (em homenagem "ao nosso amigo Marco", com na música do desenho homônimo) teve copa e rúcula sobre mussarela, com um fio de azeite e um pouco de pimenta-branca moída.
No dia seguinte, as fatias estavam ainda mais gostosas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Pudim de baunilha

Eu queria há tempos fazer um pudim de laranja - no outro dia, acabei fazendo um bolo de laranja no lugar do pudim, e o desejo permaneceu.
Comprei algumas laranjas, mas os dias foram passando, uma coisa substituindo outra na cozinha, e hoje, quando resolvi que ia mesmo fazer o tal pudim, vi que as laranjas tinham "passado". Sem salvação.
Já havia caramelizado a forma. O que fazer? Um simples pudim de leite? O que poderia acrescentar de diferente a ele? Lembrei, então, das favas de baunilha.
Achei uma receita no Panelaterapia, praticamente a mesma de um pudim de leite, mas com o acréscimo da fava. Usei duas xícaras de chá de leite, 1 fava de baunilha + gotas de extrato de baunilha, 1 caixa de leite condensado e 4 ovos, além de 1/2 xícara de chá de açúcar e 1/4 de xícara de água para o caramelo.
O curioso é que, ao desenformar, vi que as pintinhas pretas da baunilha tinham se concentrado em alguns lugares - não sei de que modo poderia evitar isso.

Bifum com frango e legumes

De novo, precisava dar fim a algum ingrediente antes do vencimento. No caso, o meio pacote do bifum que trouxe de SP e que resgatei do último 5S feito ao armário de mantimentos (agora minimamente organizado, com alguma lógica). Também precisava usar o shoyu que comprei e que virou motivo de reclamação do marido "porque compro um monte de coisas que não uso". O que não é verdade: não só uso, como ainda faço um cardápio de não desperdício de comida. Tem acontecido, porém, de, na correria louca para fechar material, não conseguir desempenhar todos os papéis em um mesmo dia - dona de casa, cozinheira, editora, chefe, lavadora de louça, cuidadora de bichos... Uma pena, não é mesmo?
Mas voltemos ao bifum. Desta vez, não usei apenas o curry, mas também o famigerado shoyu. Temperei as iscas de frango com sal, pimenta e curry e reservei. Cozinhei o bifum por dois minutos em água fervente e então dei um choque de água fria, escorri, temperei com um pouco de shoyu e reservei. Refoguei o frango em manteiga e azeite até dourar um pouco, afastei do centro da panela (uso uma frigideirona, que possibilita essa movimentação). Na mesma panela, refoguei a cebola cortada em pétalas até murchar um pouco; afastei do centro, para perto do frango. Adicionei ao centro o pimentão verde em tiras e, em seguida, a cenoura ralada em tiras compridas e finas. Juntei tudo, acrescentei o bifum e temperei com mais curry, shoyu e pimenta-do-reino. Acertei o sal no final. Ficou simplesmente ótimo e ainda consegui esvaziar mais a geladeira e o armário.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Minibolo de chocolate com sorvete

Então, nessa de não desperdiçar, me lembrei do restinho de sorvete de creme na geladeira. Sorvete de creme industrializado é algo que pede um acompanhamento, não me inspira ele solo a gulodice em si. Pensei em fazer um bolo de chocolate. Receita do Panelinha, que sempre faço e é um sucesso. De novo, a questão da quantidade. Minibolo. 
É como se tivéssemos apenas duas fatias cada um para comer. Cada fatia com uma bola de sorvete. Só. E está ótimo. 
Assim voltamos a saborear a comida e, de quebra, devemos eliminar uns quilitos (que assim seja, amém).

domingo, 7 de agosto de 2016

Torta rústica de ratatouille do Panelinha

Estou me esforçando para não jogar comida fora, aproveitando ao máximo o que temos na despensa e na geladeira. Não é fácil. Afinal, somos dois apenas, e também tenho procurado não fazer comida demais em respeito às nossas silhuetas. Então ainda havia berinjela, pimentão e abobrinha, mesmo eu tendo feito uma tortilla caprichada outro dia.
Resolvi fazer a torta de ratatouille do Panelinha, que minha sogra já fez há algum tempo. Me atrapalhei na hora de fazer a massa (ia fazer meia receita, vi que era muito pouco para nós e acabei acrescentando mais farinha e manteiga a uma mistura já relativamente uniforme), mas o resultado foi uma massa mais quebradiça, bem saborosa e leve, e uma torta com aspecto beeeeem rústico. Como não tinha tomate grape nem cereja, fiz um confit de tomate (com açúcar, flor de sal, orégano, azeite) para acrescentar ao final à berinjela, abobrinha, cebola e pimentão vermelho. Tivesse tomilho em casa, talvez ficasse ainda melhor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Fricassé de frango

Fricassé de frango é uma receita bem popular, quase todo mundo gosta. Eu nunca tinha feito a receita "tradicional", só uma versão light
Na verdade, na verdade, ia fazer um salpicão de frango, mas na hora esqueci e acabei lembrando do fricassé, que originalmente é um guisado, e no Brasil é sinônimo de frango desfiado + milho + creme + batata-palha. 
Em lugar de juntar o milho ao frango, resolvi fazer um creme de milho; reservei. Depois refoguei o frango cozido e desfiado no azeite, com cebola e cenoura ralada, temperei com pimenta-branca e sal, acrescentei um pouco de água quente e curry. Tampei e deixei cozinhando por quase 10 minutos. Então cobri o fundo de uma travessa com o frango, coloquei o creme de milho sobre ele e só na hora de servir acrescentei a batata-palha. Ficou ótimo!
Qualquer dia, farei a receita francesa para comparar.

sábado, 30 de julho de 2016

Duas receitas com pernil de porco

Fizemos churrasco outro dia e, claro, sobrou carne. No final, apareceu uma peça de pernil suíno na nossa geladeira - como já havia sido descongelado e voltado para a refrigeração, resolvi fazer algo para que não estragasse.
Com parte da peça, fiz carne de panela. A outra parte (2/3) virou uma receita de pernil do Estadão (que já fiz duas vezes, com resultados diferentes). A foto não ficou lá essas coisas (é o que sobrou da comilança), mas ficou muito bom. Da última vez que preparei a receita do Estadão, acabei usando a panela de pressão, mas hoje resolvi fazer o processo no forno - deixei a carne cozinhando em água e sal enquanto editava Física. A carne de panela, preparei na pressão mesmo, já que era nosso almoço.

Carne suína de panela (para duas pessoas)
Ingredientes:
- 0,5 kg de pernil suíno cortado em cubos médios
- 1 cebola descascada e picada
- 2 dentes de alho descascados e amassados
- 1 xícara de molho de tomate
- cerca de 1/4 xícara de pimentão vermelho cortado em cubinhos
- 1/2 cenoura cortada em cubos, fervida à parte por 4 minutos
- 1 colher de sopa de bacon cortado em cubinhos
- sal e pimenta-do-reino a gosto
- um punhado de salsinha picado à mão (quer dizer, sem uso de faca)
Preparo:
- Refogue na própria panela de pressão os cubos de carne com o bacon e, se necessário, um pingo de óleo. Quando estiverem dourados, retire e reserve. Na mesma panela, refogue a cebola e, em seguida, o alho. Junte o pimentão, o molho de tomate, os cubos de carne e um pouco de água, acrescente um pouco de sal e pimenta-do-reino e então feche a panela. Quando iniciar a pressão, conte 16 minutos e desligue. Espere sair toda a pressão, abra a panela, acrescente a cenoura picada e cozida, junte um pouco mais de água e reduza um pouco o molho que se formou. Acerte o sal, e na hora de servir acrescente a salsinha.


Pernil do Estadão (adaptado do site do Bar Estadão)
Ingredientes pernil:
- cerca de 1,5 kg de pernil suíno
- água
- sal
Preparo:
Faça furos na carne e salgue-a bem. Deixe-a descansando em uma forma por 1 hora. Depois acrescente água que cubra a carne em dois dedos de altura e leve ao forno médio por 1h30min. Vire a carne após esse tempo e deixe no forno por mais 30 ou 40 minutos. Acrescente água se necessário. Quando estiver pronto (dourado por fora, macio e assado por dentro), corte em fatias finas e reserve.

Ingredientes tempero:
- 1 xícara (chá) óleo de girassol ou canola
- 1/4 cebola sem casca
- 3 dentes de alho sem casca
- 3 folhas de louro
- 1/4 cenoura sem casca cortada em cubos
- 1 colher (sopa) orégano
- sal a gosto
Preparo:
Bata todos os ingredientes no liquidificador e reserve.

Ingredientes molho:
- tempero batido
- 1 tomate cortado em tiras e sem sementes
- 1 cebola descascada e cortada em rodelas
- 1/4 pimentão verde ou vermelho cortado em tiras
- 1 colher (chá) páprica doce
- 1 folha de louro
Preparo:
Junte os ingredientes em uma panela e leve ao fogo para aquecer até murchar a cebola e o tomate (de 5 a 8 minutos). Despeje o molho sobre as fatias de pernil e misture bem. Deixe descansar um pouco para umedecer a carne antes de servir.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Soltar os bichos (sem que eles se matem)

Cong acabou chegando antes do previsto à nossa casa porque ficou doente. Infestado de vermes e infectado pela doença do carrapato, o pequeno mal ficava em pé e era só pele e osso. Havíamos levado ao veterinário para vacinar e vermifugar - até aí não sabíamos de nada, e só demos o vermífugo uns 3 dias depois, quando Conguito já havia perdido o apetite e algum peso. Então, os parasitas do mundo todo deram as caras. Voltamos ao veterinário e ele acabou sendo internado com anemia profunda provocada pelas referidas doenças.
Quando Cong apareceu, Zen surtou. Já o havia visto antes aqui e feito seus fusss, mas, quando sacou que o outro vinha para ficar, se rebelou e ficou um dia inteiro só rondando a casa, sem entrar, sem comer nem beber. Foi desesperador. Consegui no outro dia fazê-lo comer na minha mão, num canto fora de casa onde ele se entocou. Eu chorei. Depois consegui trazê-lo para nosso quarto, conversei muito com ele, acarinhei-o muito e ele dormiu exausto na nossa cama.
Hoje, fiz o mesmo processo - ir atrás com a comida, afagar, conversar, trazer para casa, mostrar que ele é querido aqui. Aos poucos ele tem voltado a entrar em casa, mesmo mantendo um olho vigilante no pequeno que fica indo para lá e para cá, rabinho abanando após a diminuição da anemia. Há pouco, Zen dormia em nossa cama, sob a manta, como quem "não aguenta ver mais nada".
O que sei da convivência com gatos é que tudo pode acontecer. Pode tudo ficar bem, pode rolar uma guerra fria, pode haver um novo abandono do lar. Os cães são mais adaptáveis, sem dúvida, e nos ensinam muito sobre amor incondicional (Conguito já nos segue por todo lado e dorme aos meus pés enquanto cozinho). Mas os gatos nos ensinam tudo sobre a impermanência da vida - que carrega até mesmo o amor incondicional em seu roldão. Por isso a expressão "soltar os bichos" ganhou um novo significado para mim. Ah, esses gatos! Ah, esses cães!

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Bolo encharcado de laranja

Amo laranja, já disse isso? Suco de laranja é uma das melhores coisas deste mundo, e até um extrator de suco daqueles de padaria eu comprei, para ter suco fresco em casa. Infelizmente, nem sempre acho laranjas como as dos sucos de padaria...
Também adoro geleia de laranja, bolo de laranja, biscoito de laranja, carnes marinadas em laranja. Como na última semana acabei encontrando umas frutas boas, resolvi comprar e isso me deu ideias de receitas. Ia fazer um pudim de laranja, mas decidi por um bolo encharcado de laranja. Adaptei um pouco a receita do Panelinha, tanto nas medidas, quanto no acréscimo de um pouco de canela em pó.
Ficou assim:

Ingredientes massa:
- 2 laranjas sem casca e sem pele, cortadas em quatro pedaços cada uma, sem o miolo branco
- 1 ovo
- 1/2 xícara (chá) de óleo (usei de girassol)
- 1 xícara (chá) farinha de trigo
- 1 xícara (chá) de açúcar
- 1 colher (sobremesa) canela em pó
- 1 colher (chá) fermento em pó

Ingredientes calda:
suco de 1 laranja
3 colheres (sopa) de açúcar

Preparo:
Unte e enfarinhe uma forma pequena; preaqueça o forno a 180 graus. Bata no liquidificador os pedaços de laranja, o óleo e o ovo até obter uma mistura uniforme. Em uma tigela grande, coloque a farinha, o açúcar, o fermento e a canela e acrescente a mistura do liquidificador, delicadamente, até obter uma massa lisa. Despeje sobre a forma enfarinhada e leve ao forno por cerca de 35 minutos - faça o teste do palito para saber se o bolo está no ponto. Retire do forno e deixe esfriar por cerca de 15 minutos. Enquanto isso, prepare a calda - misture açúcar e suco de laranja, leve ao fogo e deixe ferver por 2 minutos. Despeje a calda ainda quente sobre o bolo agora amornado.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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