quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fidelidade fitness




Gourmandise XX - Delícias de Mauá e risoto Maringá

A região de Visconde de Mauá não só é linda, como também é um lugar perfeito para gourmands. Depois de um caminho sinuoso serra acima, chega-se a um lugar cortado por rios e cercado de verde. Como as vilas de Mauá não têm propriamente um "centro"(são compostas de ruas paralelas ao rio), na de Maringá basta ir à Alameda Gastronômica Tia Sofia (não é um nome meio lewiscarrolliano?) para encontrar alguns dos melhores restaurantes da região, no lado mineiro da vila (que pertence a Bocaina de Minas). A outra rua paralela ao rio é composta pelo comércio local, do lado carioca da vila.
Um porém do lugar são os horários comerciais - cada restaurante abre em determinados dias da semana (ou de quarta a domingo, ou fecha na quarta e na quinta, coisas assim), cada um funciona num horário (ou das 13h às 19h - a depender do dia -, ou das 12h às 22h, ou das 14h às 20h etc.). Tem aqueles que nem abrem na baixa estação.
Por isso, é uma grata surpresa deparar com um bistrô francês que funciona como livraria também - não por acaso, chamada Shakespeare & Co. O bistrô chama-se Le saveur de vanille, mas tem um apelido, Bistrô das meninas. Comida excelente - o medalhão de mignon com cebolas caramelizadas no aceto balsâmico com risoto de boursin é de comer rezando. A baguete vem quentinha em um cesto de vime. Depois, a tarte tatin bem típica. Preço de grande cidade, mas merecido.
Há também o Ratatouille, um restaurante e pizzaria vizinho. Menos sofisticado, mas também respeitável. Uma delícia o carpaccio de truta salmonada, antes de rondelli verde com mignon (também no aceto. Uma tendência local?).
O tão mencionado Borbulha, embora visualmente charmoso, parece um restaurante para amigos do dono. Meia dúzia de pessoas (amigos do dono) falando muito alto do lado de fora, como se delimitassem o território, são capazes de espantar o cliente mais disposto a provar a famosa truta da região. Apesar de propagandear o museu do vinil, não nos deixa à vontade para trocar o disco - o garçom parecia um segurança.
Além de bons restaurantes, a vila de Maringá tem diversos locais que vendem chocolates, conservas, queijos. A Fazenda Oásis vende cachaça, geleias incríveis (como a de pera no vinho), ketchup de amora, pimentas sofisticadas, picles de pinhão (pois lá há a Festa do Pinhão), licores, truta congelada. Em outros lugares, há o famoso bolo húngaro (feito há 20 anos por uma santista), queijos mineiros, mais geleias, patês de truta. Tudo muito bem feito e muito gostoso.
Entonces, percebi que tinha em casa coisas que combinavam entre si (com sugestões do meu provador-mor, é claro) e resolvi fazer um risoto. Como parte dos produtos principais veio de lá, o nome é Maringá (até rimou).

Risoto Maringá (4 porções)
- 2 xícaras (chá) de arroz arbóreo
- 1/2 queijo Minas padrão cortado em cubos
- 500 ml de caldo de galinha bem quente (pode ser um potinho Knorr da propaganda do Alex Atala)
- 3 tomates sem sementes e cortado em cubos pequenos
- 1/3 xícara (chá) de cebola picadinha
- 1 dente de alho picadinho (não é indispensável, mas eu gosto)
- 50 ml de conserva de pinhão (pode ser pinhão assado cortado em lâminas médias)
- 1/2 xícara (chá) de vinho branco
- 50 g de manteiga
- manjericão fresco

Enquanto ferve a água para o caldo de galinha, refogue metade da cebola em 25 g de manteiga; acrescente o alho e então o tomate. Mexa em fogo médio por alguns minutos e reserve.
Quando o caldo tiver fervido, desligue e comece a preparar o arroz. Use o restante da manteiga para refogar o restante da cebola - quando ela estiver dourada, acrescente o arroz arbóreo. Mexa bem, junte o vinho branco e mexa até que o álcool evapore. Acrescente o caldo de galinha aos poucos, mexendo sempre. Quando o arroz estiver quase al dente, acrescente o tomate, o queijo e a conserva de pinhão, sem parar de mexer. Experimente o sal - se necessário, acrescente um pouco (não se esqueça que o queijo e a conserva já têm bastante sal). Somente quando desligar o fogo acrescente as folhinhas de manjericão. E coma imediatamente!

Gourmandise XIX - Nham-nham, nhoque!

Perdição da minha vida, adoro doces e carboidratos. Como já disse, fiz um nhoque pedaçudo para o jantar de aniversário da minha mãe que foi salvo pelo molho de Guga - e repito a grande conclusão a que cheguei pela dor: não devemos ter pressa ao cozinhar.
Mas me senti arianamente desafiada, e pensei em repetir o nhoque. Só que topei, voltando da ida sazonal à academia, com uma capa de revista para diabéticos que anunciava um nhoque de mandioquinha com aveia. Pensei: isso não pode ser ruim nunca! AMO mandioquinha. Aveia? Bom, aveia é bom para reduzir o colesterol, controlar os triglicérides... (gosto mesmo é de aveia sobre banana amassada, em cookies...)
Não quis, porém, comprar a revista, e fucei no google. Claro que achei uma receita (talvez a mesma) no site da Boa Forma. E vou publicar aqui, a pedido da Dri Haddad (Dri, shame on me, a receita não é minha! :0 Mas agora você pode nos dar a receita do nhoque de ricota com espinafre da dona Norma!).
Seguem os ingredientes, exatamente como na revista:

Molho  
- 3 dentes de alho picados
- 2 col. (sopa) de azeite (eu coloco um bocadito mais)
- 6 tomates sem pele e sementes cortados em cubos pequenos (usei uma lata de pelatti que tinha aqui)
- sal a gosto
- pimenta-do-reino moída (se tiver em grãos para moer na hora...)
- Folhas de 5 ramos de manjericão lavados (tirei da minha mudinha, fresco)

Massa
 

- 500 g de mandioquinha cozida e espremida
-1 xíc. (chá) de aveia em flocos finos
- Sal a gosto
- Pimenta-do-reino moída


O modo de preparo, com adaptações:
Preparando o molho: refogue os dentes de alho picados no azeite quente, até que fiquem dourados, tomando cuidado para que não queimem. Acrescente então os tomates cortados em cubos pequenos, o sal e a pimenta-do-reino. Mexa até que eles se desmanchem um pouco e o molho ganhe mais espessura. Desligue o fogo e reserve. (Se quiser, bata o molho no liquidificador, que é a forma mais tradicional; eu prefiro com mais pedaços.)

Preparando a massa: lave e descasque a mandioquinha. Coloque-a para cozinhar em água suficiente para cobri-la, com sal. Quando estiver macia (experimente com um garfo), retire do fogo. Em seguida, esprema-a bem (não deixe ficar com pedaços). A receita da revista diz para levar um pouco ao fogo para retirar o excesso de água (como não achei que ficou aguada, não fiz isso; um outro jeito é cozinhar a mandioquinha com casca, para absorver menos água, mas dá um trabalhão descascar quente!). 
Acrescente então, aos poucos e usando as pontas dos dedos (não sove como se fizesse pão), a aveia em flocos finos, o sal e a pimenta do reino. Cubra uma superfície lisa com um pouco de farinha e sobre ela faça os rolinhos de cerca de 1,5 cm de diâmetro. A seguir, corte pedaços de 2 cm.  Tenha cuidado para não amontoá-los, pois costumam grudar uns nos outros (aliás, grudam depois de cozidos também; para isso não acontecer, quando retirá-los da água, mergulhe rapidamente em uma xícara de água com 2 colheres de azeite - dica do Panelinha; o choque térmico dá mais firmeza à massa fresca e o azeite deixa-a mais liso).
Em uma panela grande com água fervente e sal, mergulhe os pedaços, que devem ser retirados quando subirem à superfície (entre 6 a 8 minutos). 
Coloque o nhoque em um refratário, aqueça o molho, despeje sobre a massa e então polvilhe com as folhas de manjericão.

O resultado? Um nhoque muito leve e saboroso, mais bonito que o de batata, pois tem mais textura e cor. Recomendo muito, ainda mais com o friozinho que se anuncia (logo vou postar minhas experimentações sopológicas).

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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