segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Enfezamento súbito

Me enfezei: agora vou ser uma autodidata séria!

Crème très brûlée




Estou chegando lá! O sabor ficou ótimo, a consistência, perfeita, mas o açúcar carbonizou um pouco. Ainda preciso aprender a domar o maçarico (usei hoje pela primeira vez, um medão).

sábado, 27 de setembro de 2014

Experiências com merengue


Panqueca de frango ao molho bechamel

Gostei da história de juntar páprica ao frango desfiado, que inventei quando fiz o fricassé. Resolvi fazer da mistura um recheio de panqueca. E algo soprou aos meus ouvidos que o molho bechamel cairia bem. E é verdade!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Um ex-looser

Depois de ficar horas sobre um mesmo trabalho, resolvi que não era hora de emendar em outro, mas de me dar um tempo. Fora de casa, arejar a mente. Resolvi assistir a um filme meloso com o Mark Ruffalo e a Keira Knightley, Mesmo se nada der certo. Estava precisando de uma dose de esperança, porque as expectativas eu as tenho lançado no mar.
E quem melhor para transmitir essa mensagem que o looser Dan Mulligan, vivido por Ruffalo? Talentoso e náufrago, mesmo assim ele ouve a esperança cantar na voz de Gretta, a fofa e linda Keira Knightley. E ele se lança em busca delas - da voz, da esperança, da moça.
Não é um superfilme, daqueles que vão te fazer pensar por uma semana, e tem até uns exageros, uma pieguice meio sessão da tarde em alguns momentos. Há mais fantasia do que eu pensava, mas, caraca, que bom que a história de perdedores continua a ser contada num mundo de gente infalível, e que nas telas ela pode ter um final feliz e pouco óbvio.

Tem que ser bom pra todo mundo

Uma máxima de relacionamentos. Se para uma das partes não estiver bom, é hora de rever, repensar, redimensionar, rearranjar. E se não houver acordo, ciao, bello.
Na verdade, mesmo sabedora dessa máxima, nunca fui muito boa em estabelecer limites, especialmente nos relacionamentos afetivos. E parece que os gatos vieram me dar um treinamento nesse sentido.
Aquela história de eles miarem e arremeterem contra a porta quando estou dormindo se agravou. O Zen começa a fazer isso às 4h, não mais às 6h. E ele arremete de forma desesperada (agora, também contra a porta do escritório, se a fecho para terminar um trabalho urgente, quando eles me desconcentram), algo que me tira do sério. Borrifar água não adianta, porque eles logo voltam à carga e a essas alturas eu já perdi o sono.
Quando eles chegaram em casa, dormiram algum tempo na varanda, por causa da minha alergia. Depois foram introduzidos à sala. Mas daí começou a bagunça na minha porta. Já ouvi que vou ser vencida pelo cansaço, que vou acabar deixando-os dormir comigo, mas isso é algo que me parece pertencer a outra vida, se houver.
Qual a solução? Comprei uma espécie de igluzinho para eles. Vão voltar a dormir lá fora, no iglu, bem protegidos, até aprenderem a se comportar. Porque estava bem ruim para mim.
E pelo jeito, gostaram da casinha. Zen já estava agora há pouco afiando suas garras no colchonete...

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A perenidade dos afetos

Quase em contraponto à transitoriedade da vida, está a perenidade dos afetos. Dos amigos verdadeiros, que torcem de fato pela gente, mesmo quando não estão perto. Que, mesmo discordando de algo que pensamos ou fazemos, respeitam nossa decisão. A quem contamos as coisas de fato importantes, os medos e sucessos.
Como já levei umas boas rasteiras, só me resta celebrar os afetos verdadeiros, enquanto eles durem, e que durem enquanto vida houver.
Por isso, aqui está a foto com minha amiga-irmã Karen, que representa as boas amizades que tenho a felicidade de ter.

sábado, 20 de setembro de 2014

Salmão no papillote com purê de maçã e legumes

Fazia tempo que não cozinhava nada com salmão, até porque é um ingrediente caro, e a vida em Sampa não está bolinho.
Então, depois de duas semanas passando mal por contas das gordices culinárias, com muita manteiga, comprei salmão para fazer um prato mais saudável. Achei uma receita no Panelinha, de salmão no papillote, com ervas e legumes. Não acho que fica um prato lindo, mas é muito gostoso e a cozinha não fica com cheiro de peixe no final.
Minha contribuição foi o purê de maçã (ao fundo, na foto), que combinou muito com o peixe. Na verdade, me inspirei em uma receita do Panela de Barros, mudando aqui e ali a quantidade dos ingredientes (pouquíssimo açúcar, menos canela).

Torta de maçã da vovó Donalda com um plus gourmet

Outra coisa que sempre povoou meu imaginário, além do regador de metal, foi a torta da vovó Donalda, que ela deixava a esfriar na janela e que era espiada por netos e sobrinhos-netos à espera de dar o bote. Comparei as receitas do ótimo blog A Cozinha Coletiva e do Desafios Gastronômicos. A do Richie era com um caramelo salgado, que talvez fosse arriscado para uma primeira vez. A dos Desafios parecia muito simples, e às vezes o site peca um pouco pela falta de detalhes nas explicações (embora os desafios sejam de fato incríveis, como o do caldinho de feijão do Pirajá).
No final, acabei fazendo a massa da Cozinha Coletiva com algumas adaptações e considerando uma média de quantidades e tempo de preparo das duas receitas. Como não fiz o caramelo, resolvi adicionar mais açúcar à massa (o que me pareceu OK, porque era indicado na receita do Desafios) e bem mais açúcar ao recheio de maçã (nada que extrapolasse o indicado pelo Desafios) e bastante canela.
Lutei com a massa, que ou grudava no rolo e na mesa, ou quebrava toda na hora de tentar tirar da mesa. Mesmo o truque de colocar sobre o papel filme e então tentar emborcá-la sobre a forma não deu certo. Tive que remendar a massa o quanto pude para fechar a torta. Mesmo a parte que compõe a base, tive que ir espalhando pela forma com os dedos. Já escrevi para o Richie perguntando o que pode ter acontecido. Vamos ver o que ele diz...
Bom, de qualquer modo, a torta ficou pronta. Até se revelou bonita, pensando nos remendos todos que levou. E o melhor: ficou deliciosa!

Versão clean...


Versão junkie.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Objetos de desejo

Sabe aquelas coisas que não vão fazer grande diferença na sua vida, mas, seja por memórias afetivas, seja pelo design ou pelo significado, você sempre quis ter? Mas sempre quis de modo intermitente, não com constância fervorosa.
Foi o caso do regador. Sempre achei tão singelo e emblemático. E ontem topei com um. E comprei. E agora ele faz parte do meu microjardim.


Croc croc monsieur

Eu ando (na verdade, já faz uns anos) na fase do "ah, isso eu sei fazer, então não vou comprar". Claro que, na maioria das vezes, acabo não fazendo nada, mas ontem essa afirmação se concretizou. Saí pra resolver coisas de beauté, e aproveitei para procurar um presente para uma amiga que acabou de se mudar. No shopping, me deu uma vontade louca de comer Croque Monsieur. Nem sei se algum lugar ali teria, mas pensei: "não vou pagar 15 reais numa coisa que sei fazer". Ainda mais porque tinha passado no supermercado e comprado coisas que, coincidentemente, podem compor o Croque (ou talvez não tenha sido coincidência, e eu fiquei com vontade de comer justamente porque tinha os ingredientes em casa).
Algumas diferenças: o Croque original leva molho bechamel e presunto. Eu fiz o meu com prosciutto e o molho com creme de leite, requeijão e queijo Estepe ralado. Ainda vou fazer o original, porque amo receitas originais, apesar da minha tendência à subversão/multiversão.
Fiquei feliz de ter preparado o meu Croc rapidamente e ele ter ficado delicioso. E agora dei pra usar papel manteiga na forma, o que evita que tudo grude no fundo. Perfeito (e amarelo - sorry, não resisti!).

Frango ao molho de laranja

Outro dia comprei frango e quase me esqueci dele na geladeira. Antes que estragasse, fui atrás de uma receita. Me deu na veneta fazer algo com laranja, porque me lembrei daqueles empanados chineses com laranja. Mas logo lembrei que eles são fritos, então me contentei com fazer um molho de laranja.
Não ficou nada parecido com os das fotos do site da Seara e do Panelinha (misturei as duas receitas e criei uma terceira), mas o gosto ficou muito bom. Ainda acrescentei um pouquinho de mel ao molho, no final.
Para acompanhar, batatas ao forno com azeite. E dá-lhe mais comida amarela! (E aproveitei para inaugurar um prato lindo que comprei.)


Como fazer (receita meio chutada, feita "no olho"):
Tempere dois peitos de frango com pimenta-do-reino e sal e deixe-os marinando por 20 minutos em 1/2 xícara de suco de laranja e 2 colheres de azeite (se quiser colocar umas ervinhas, não fará mal). Enquanto isso, fatie três batatas médias, tempere-as com sal, azeite e um ramo de alecrim e leve ao forno médio por cerca de 30 minutos.
Frite os filés de frango - não precisa acrescentar óleo ou azeite, porque a marinada já tem, lembra? Atenção para não ficar cru por dentro; pode fritar até o caldo de laranja virar um caramelo. Reserve (cubra com uma tampa para não perderem calor).
Prepare o molho: coloque 150ml de suco de laranja em uma panela e leve-o ao fogo até reduzir. Em outro panela, derreta 2 colheres de sopa rasas de manteiga, acrescente 2 colheres de sopa de farinha de trigo e mexa bem e rapidamente, até virar uma pasta homogênea. Acrescente então 1 xícara de chá de leite e o suco de laranja até ter um molho encorpado. Coloque o molho sobre os filés e polvilhe salsinha sobre eles. Disponha as fatias de batata em cada prato, ao lado do filé, sirva e coma, feliz da vida.

domingo, 14 de setembro de 2014

Summertime

Amo Summertime. Quando ouço essa música, quase posso ver os negros do sul dos Estados Unidos parando para descansar da lida na lavoura, olhando para o sol escaldante no horizonte de um dia que parece não terminar nunca. É quase uma canção de trabalho.
Amo com Ella Fitzgerald, que confere toda sua nobreza à composição de Gershwin. Mas com Janis Joplin a gente sente a fisgada de desespero lá no fundo do fundo. Desespero pelo mundo que parece não acompanhar nossa vontade indômita de correr sem parar. Desespero pela não aceitação da tragédia da vida humana (estou no momento sentimento trágico da vida, como já disse em outro lugar), que parece ter sido o caso de Janis.
E com esse calor louco, esse tempo de exacerbações climáticas e anímicas, essa canção parece mais atual do que nunca.

sábado, 13 de setembro de 2014

Lições de 2014

O ano nem acabou para que eu possa fazer aquele balanço tradicional, e acho que já aprendi suas principais lições (além daquelas que aprendo com os gatos). Vai ver que o adiantado das lições é porque comecei minha agenda de 2014 ainda em outubro de 2013, com vistas a mudanças urgentíssimas.
As lições até agora:
- Não contar com o ovo no ... da galinha (a mais importante de todas).
- Saber que uma pessoa de bem também pode fazer mal.
- A única pessoa que pode dar forma aos meus sonhos sou eu mesma. E também só eu posso fazer o meu trabalho, emagrecer, viajar para onde quero etc. etc.
- Quando passei a cozinhar só porque gosto, e não para agradar os outros, dei um salto de qualidade e criatividade.
- Não tenho que carregar ninguém nas costas. Mesmo.
- Dizer sim para si mesmo é mais difícil que dizer não aos outros, embora uma coisa possa ser consequência da outra.
- Pessoas e bichos ocupam o espaço que damos a eles.
- Não é possível ter controle de nada além das próprias ações.
- Tudo muda, o tempo todo, forever and ever.
- Como Ariano Suassuna, já saudoso, sou uma realista esperançosa.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O que eu aprendo com os gatos





Eles são fofos, dóceis (especialmente o Chico) e às vezes ranzinzas (especialmente o Zen, que de zen, logo se vê, pouco tem). Vivem grudados um no outro e me seguem pela casa. Adoram colo, meu ou das visitas. Já sacaram que quando fecho a porta do escritório é hora de eles tirarem seu cochilo ou brincarem no tubo que ganharam da Lu. Miam (especialmente o Zen, baixinho reivindicador) na porta do meu quarto às 6h. Quando abro a porta, dou com os dois 2 de paus à espera. Já me disseram que isso passa, é que são filhotes etc. Mas eu desconfio que não, que eles serão sempre assim, gatos-galos, gatos-cães, miadores, seguidores, saltadores.
Pensei em devolvê-los à cuidadora mais de uma vez, e não só quando achei que ia morrer de alergia. Pensei que talvez eu não sirva pra ter bichos, ou mesmo outros seres dentro de casa. Pensei em autossabotagem, adotar dois gatos quando estava passando por uma situação difícil, e ainda mais tendo rinite.
Depois fui perguntando a mim mesma por que teria feito isso. Talvez nunca saiba exatamente por quê, mas me ocorreu que há pessoas que são como cachorros e pessoas que são como gatos. Eu pertenço ao primeiro grupo, porque tenho necessidade de agradar, e preciso aprender a ser mais gato (como muitas pessoas próximas), mais senhora da minha vontade. A fazer as coisas na hora que quero e a dar as costas ao que não quero.
Também tenho aprendido no convívio que eles exigem de mim uma rotina, e eu me torno mais organizada, inclusive com minhas coisas. Aprendo a dividir melhor o tempo, a não deixar coisas pelo caminho. Vejo que dos gatos, como das pessoas-gatos (ou talvez de todas as pessoas), o que temos a esperar é apenas surpresa. Não é possível cristalizar comportamentos, apesar da rotina - se um dia comento com alguém como eles são comportados, no outro eles roubam minhas meias do cesto de roupas e jogam na vasilha de água, ou jogam meus CDs no chão (já não sei quantos estão riscados, perdidos para sempre). Não é possível estabelecer muita coisa - como a própria vida, que me mostra o tempo todo que nada é estável, que tudo muda sempre.
Mas quando vou assistir a algum filme, e eles fazem de tudo para se ajeitarem, os dois, no meu colo, e dormem, cheios de confiança (apesar das broncas que levam quando aprontam), vejo que não há relação possível sem conflito e troca.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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