sexta-feira, 30 de junho de 2017

Criar para saber-se

Acho que poucas coisas são tão importantes quanto criar. Um ser, um projeto, um prato, o que for. Não simplesmente executar uma tarefa, mas estar presente na concepção/composição/evolução todo o tempo. Respirar junto até que se venha à luz.
Talvez por isso tenha me ocorrido que criar é a melhor forma de saber-se. Quem eu sou? Do que sou capaz? Como minha alma devolve ao mundo o que vejo e sinto? Como sinto o que vejo, o que ouço, o que toco? Minha criação fala por mim.
Já contei aqui que comecei a bordar inesperadamente e sem nenhuma noção do que fazer em seguida. Simplesmente comecei a fazer. Naquele momento, a alma borbulhante pedia linha, agulha e tecido para contar de si, de mim. E eu fui gostando do que via, quase não surpreendida de já ter logo me metido a bordar - como um saber ancestral, atávico, que estivesse lá no fundo guardado, adormecido. Não que haja grande técnica no que faço, mas minha verdade lá está, coloridamente rústica. É o que me basta.
Entonces hoje quis pegar nos paninhos bordados, olhá-los bem de perto, alisá-los. Para saber-me de novo, para lembrar quem sou, de tudo que sou capaz.
E gosto do que vejo no sentido-bordado, e sei-me menina, rio, música, flamboyant.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Canetitas

O marido reclama sempre que não tenho canetas que funcionem. Hoje comprei três, duas de marcas que conhecia por outros produtos - Compactor e Tilibra. E uma Pilot só para manter a tradição, embora de modelo bem diferente do usual.
Pronto, mon mari, estou novamente abastecida para seus empréstimos.

Quando coisas lindas acontecem para outras coisas lindas acontecerem

Sim, o Universo conspira sempre. Estar no fluxo faz as coisas acontecerem. Começar a caminhar traça os caminhos. Verdades que sei, sempre soube. Mas às vezes esqueço.
Daí, porque venho ouvindo de novo a mim mesma e pensando sobre o que ouço, lá vem o Universo-Deus fazer lembrar e sacudir a poeira. Xô, marasmo!
Meu enteado, que veio nos visitar, comentou que sua avó ia ver Mia Couto, mas não sabia em que lugar de Salvador. Fiquei interessada, mas logo esqueci. E ontem, lá veio dona Dora buscar o neto para um passeio - e qual foi o primeiro comentário que ela fez, toda feliz? Que ia ver Mia Couto, no TCA. Meu interesse se reacendeu, perguntei dos ingressos, como comprar etc., mas ela fez um ar pouco animado do tipo "já devem ter acabado".
De fato, em seguida procurei na internet e li no site de compra a terrível palavra: "ESGOTADO". Ou seja, Mia Couto e eu, juntos em Salvador, no aconchego intelectual do TCA, never more.
Mas eis que lá vem o Universo atrever-se, e ontem mesmo, à noite, recebo uma ligação de dona Dora, animada-espantada dizendo que o tal do Universo conspirara e que sua irmã ligara para oferecer a ela dois ingressos para ver Mia Couto no TCA que acabara de ganhar de CORTESIA. Cortesia, palavra linda, sinônimo de gentileza, amabilidade, gesto delicado, presente, mimo - foi tudo isso que dona Dora me ofereceu ontem. E que hoje fui buscar, e vou oferecer também à minha sogra, que bem merece uma cortesia de vez em muito.

sábado, 24 de junho de 2017

Primeiro arraiá da Vila

São João é uma coisa séria no Nordeste. Nem chegamos a ir a uma festa típica, mas o feriado joanino comanda a vida das pessoas por aqui.
Trabalhei normalmente esses dias em que todo mundo já estava parando, parando, mas dediquei umas horas a preparar um arraiá na nossa Vila do Sossego. Com família e amigos, curtimos um dia em que a chuva e o vento deram trégua para degustar mungunzá, milho e amendoim cozidos, bolo de pamonha, paçoca, tortano, carne louca e palha italiana (estes três últimos acréscimos paulistanos ao menu). Sylvia e Rodrigo ainda trouxeram salgadinhos e licor, e a festa estava armada, com direito a bandeirolas e balões. Tudo um amor!

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Creme de leite que bate chantilly e dura mais - Piracanjuba me fez feliz!

Já comentei aqui sobre minha dificuldade de encontrar em Salvador e arredores creme de leite fresco para preparar receitas específicas (sorvetes, chantilly). As poucas vezes que encontrei, metade delas o creme já estava virando manteiga. Isso para não dizer que custa caríssimo.
Qual não foi, então, minha felicidade ao deparar com esse produto da Piracanjuba, um creme de leite de caixinha com 35% de gordura? Isso mesmo, 35%! O mínimo para bater chantilly, como o próprio produto indica na embalagem.
Tinha comprado 3 caixinhas para experimentar quando encontrei no blog do Prato Fundo um comentário do Victor Hugo a respeito do produto. Ele provou e aprovou o creme, inclusive porque os aditivos que contém são permitidos por lei (diferentemente dos usados pelo produto congênere da Nestlé, que também nunca usei).
Eu preparei ontem, mas algo não deu certo com o uso do sifão, e o creme não chegou a virar chantilly. Vou depois fazer na batedeira mesmo, mas tudo indica que dá supercerto.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

De equipamento em equipamento, quase um bistrô

Ah, eu e os equipamentos!
Na última ida a SP, adquiri um sifão culinário, petitico, uma fofura, pela metade do preço. Estreei no sábado, aproveitando a visita dos amigos. Pena que o creme de leite que encontrei no supermercado já estava virando manteiga, porque a textura ficou perfeita. (E agora estamos precavidos para não dar banho nas visitas - Tai que o diga!)

Calor dos amigos no frio baiano

Adoro receber os amigos. Mas é preciso insistir na prática, ou nos perdemos nos compromissos cotidianos. Não gosto de só prometer um café qualquer dia desses, gosto de reafirmar os afetos sempre que possível. 
Fizemos um churrasquinho num dia de chuva teimosa. Até frio estava, para os padrões baianos e meus também. Mais importante que a comilança permeada pelo vento quase gelado foi poder ter Liu, Igor, Cinho e Tai com a gente, aquecendo os corações. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

Cookies de aveia, pistache e chocolate branco

Parece que este foi o favorito do marido.
Adaptei a receita anterior para esta com pistache e chocolate branco. Desta vez, também usei aveia em flocos finos, no lugar do cacau em pó. De resto, tudo igual.
O único senão é ter usado chocolate branco comum, da Hershey's. Ele não derrete como as gotas de chocolate forneável. :(


segunda-feira, 12 de junho de 2017

Quase Red Velvet com morangos


Tchanran! Hoje, dia dos namorados, ocasião para fazer um jantar caprichado. Aproveitei para testar a receita de Red Velvet da Dulce Delight, que usa beterraba no lugar de corante. Já digo que para mim não funcionou - o bolo ficou apenas com um marrom mais intenso, mas passou longe do vermelho berrante típico do Red Velvet, normalmente obtido com corante artificial. Qualidade da farinha (a minha não era orgânica)? Ter reduzido mais o suco? Ninguém saberá jamais. Justiça seja feita, não fica nada de gosto da beterraba.
No lugar de frutas vermelhas (que, caso encontre aqui, serão ainda mais caras que em SP, com baixíssima probabilidade de achá-las in natura), resolvi usar morangos frescos e também a maravilhosa geleia espanhola de morangos inteiros que achei na Cheiro & Pão. Como não tenho tanta prática com decoração de pratos, principalmente sobremesas, o meu Brown Velvet ficou mais roots, como de praxe.
Também testei outra receita de Steak au Poivre, desta vez bem poivrenta, com pimenta-do-reino pilada em vez de moída. Outro departamento (mesmo sem o conhaque)! Para acompanhar, batatas salteadas em manteiga e ervas frescas e uma saladinha de agrião e tomates tipo grape.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Turistando na terra natal

 Eu tinha que ir a São Paulo para uma reunião de trabalho. Como a passagem está muito cara, resolvi aproveitar para resolver questões pessoais, rever alguns amigos e, se possível, fazer um curso curto. Claro que carreguei Frodo para continuar trabalhando - eu só não contava com a sinusite que me saudou quase de cara (com a amplitude térmica paulistana de cerca de 10 graus) e atrapalhou um pouco meus planos. Também não esperava ir trabalhar na Mario de Andrade e descobrir que tiraram as tomadas para computadores! Jeito Doriana de administrar.
Assim que embarquei no avião, de madrugada, perdi meu RG. Bestamente - sumiu, desapareceu, caiu da minha mão e ninguém viu. Ainda dei sorte de ter embarcado e só depois ter perdido o documento. Já fiquei com olhos esbugalhados, pensando nas providências urgentes que teria de tomar em vez de tirar um cochilo no voo de 3 horas até São Paulo. De fato, desembarquei, deixei a mala no flat e fui correndo ao Poupatempo, fazer boletim de ocorrência e agendar uma data para tirar nova via do RG. Depois, tentei ir resolver questões bancárias, e num deles não consegui justamente por falta do bendito documento, embora eu tivesse todos os demais necessários.
Apesar do perrengue, ainda consegui tomar um café regado de conversa e arte (inclusive na espuma do capuccino!) com minha hermana Tamis (a foto antecede a visita ao cabeleireiro). Dessas coisas que são típicas em Sampa - como os quitutes comprados no supermercado, que incluíram um chocolate perfumado com camomila, bom. 
Pela primeira vez, turistei em Sampa. Estava tão reencantada com algumas coisas que essa energia deve ter atingido as pessoas com quem falava e elas me devolviam tudo em forma de gentileza. Mas já comecei a ter brancos no meu banco de dados paulistano - entrei de súbito em um ônibus para depois ficar em dúvida se aquele passava em determinado lugar. Tive de pedir informação para uma moça (que depois se revelou testemunha de Jeová e me deu uma revistinha). Nunca pensei que me aconteceria (pane no banco de dados), mas.
Passei em frente à Japan House, com sua linda fachada de bambus, no início da Paulista. Impossível entrar, com a fila de 7 mil pessoas (não ao mesmo tempo, claro). Minha mãe ficou aguada para fazer a visita, ainda mais com tantos japinhas na fila, mas disse a ela que, no seu caso, era só tomar o metrô um outro dia para conhecer o espaço. Para mim, fica para a próxima.
Consegui comer hambúrguer do Sujinho com Kelly e Edu, queridos que não via desde a minha mudança para cá. Fui visitar Marisa e suas duas filhotas, Guadalupe (uma Golden louquésima) e Filó (frajolinha escaladora de convidados). Tomei café no Girondino com meu tricoteiro favorito, Má, que me deu uma de suas criações maravilhosamente singelas, o cacto. Também vi Lu, amiga do coração, na Gita. Encontrei Li e sua família linda (e pensar que carreguei aquelas três moçoilas no colo!), numa cantina ótima, La Pergoletta, apesar dos olhinhos revirantes da hostess. E, claro, fiquei na casa dos amados Wagninho e Welli, sempre perfeitos anfitriões (e não podia deixar de ir à zona cerealista com Wagninho) - nós três sinusitosos.
Tive minhas reuniões de trabalho, trabalhei o quanto pude. E, por fim, fui fazer um curso de pães. Caraca! Ótimo! Nossa turma era supertagarela, e quase enlouquecemos o professor, Elias, mas ele foi muito competente na transmissão do que sabia. Foram quase 30 pães, feitos de forma intensa em poucos dias (inclusive com saídas minhas para ir atrás de documentos e bancos). A coisa mais engraçada que aconteceu foi ouvir de um colega que sou "masterchef", porque "sabia um pouco de tudo" (ele me via conversando com todo mundo sobre qualquer coisa de cozinha; uma diversão pra mim, sempre, ouvir e compartilhar dicas de culinária). 
A questão agora é praticar o aprendido, rotineiramente. Quase do mesmo modo que acontece com a bike, vem aquela vontade de comprar acessórios relacionados a padaria, valha-me Deus!
Isso para não falar das ideias que chegam, da necessidade de organizá-las para que as coisas aconteçam não no momento perfeito, que não existe, mas oportunamente

domingo, 4 de junho de 2017

Pães e integração


Hoje fui a um evento sobre equilíbrio emocional, dirigido por uma companheira de pilates, Emília. Resolvi levar uns pães, não só para colaborar com o coffee break mas também para testar os paladares alheios. Fiz pães delícia e tortano - ficaram bons, mas ficariam melhores se eu tivesse tido mais tempo para preparar: acabei de assar os pães delícia à 1h30!
Nem preciso dizer que o tortano fez o maior sucesso - até o pão delícia teve mais público que o congênere de padaria que alguém levou. Um retorno muito bom para quem está se iniciando na padaria.
Quanto à palestra em si, foi ótima. A linha seguida por Emília foi da programação neurolinguística, mas tudo ali era facilmente transponível para a psicologia analítica. Que bacana ver a entrega de todo mundo ali - desde terem comparecido em bom número apesar da chuva que desabou pouco antes do início da palestra, a terem montado uma mesa linda de café e, principalmente, participado abertamente das dinâmicas. Me emocionei também ao lembrar de coisas pelas quais agradecer.
Gostei muito desse compartilhar do pão, dos afetos e das experiências, ainda que silenciosamente. A alma, alimentada, agradece.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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