domingo, 27 de dezembro de 2020

sábado, 26 de dezembro de 2020

Barulhinho bom

Outro dia, assistimos a uma comédia britânica fofa, Questão de tempo, do querido Richard Curtis (Simplesmente amor, Quatro casamentos e um funeral, Notting Hill, Yesterday etc.) com o Bill Nighy e a Rachel McAdams. O protagonista, vivido pelo ator irlandês Domhnall Gleeson, poderia ser filho do Benedict Cumberbatch com o Martin Freeman, só que ruivo. Tudo adorável.
De repente, já ao final, meu marido me sai com essa: "Não tinha um ator negro nesse filme". Realmente não tem - todo mundo é branco, ou louro ou ruivo (só a Rachel McAdams tem cabelos escuros, e ela se refere a eles, num acesso de insegurança, como "too much brown", e também um rapaz que é meio mau-caráter e o chefe indiano meio escroto), ninguém tem problemas com grana, aliás, a família do protagonista tem uma casa maravilhosa na Cornualha, onde costuma tomar chá no jardim. Não há espaço para personagens negras. 
Na verdade, o que mais chamou minha atenção foi meu marido ter indicado isso, até antes de mim. Significa que o barulho que os movimentos anti-racistas estão fazendo surte efeito, é capaz de mudar nossa percepção. Em 2013, ano em que o filme foi lançado, muito provavelmente não acharíamos - me incluo completamente nisso - tão estranha a falta de diversidade do elenco. Hoje é algo inconcebível, como também é bizarro que alguém não ache isso estranho. 
Esse barulho necessário vale para todas as frentes que pregam igualdade e justiça social. Como os galos tecendo a manhã de João Cabral, uma tessitura linda e uma algazarra tão impossível de ignorar que só pode mesmo provocar mudanças, revolucionar uma época, refrescar olhares. 

Entre presentes, nova receita de chocotone e celular carbonizado, enfim veio o Natal

Num ano tão atípico, o Natal parece que chegou ainda mais cedo. Fizemos o possível para nos antecipar e não precisar "frequentar" aglomerações desnecessárias em shopping ou supermercado. Estivemos somente nós mesmos, de novo no arranjo lindo à la Toscana que minha sogra sabe organizar tão bem. 
Ganhei muitos produtos de beauté, de marcas diversas, o que foi maravilhoso, porque costumo usar tudo mesmo e já tenho um estoque para uns 3 ou 4 meses sem precisar me preocupar com sabonete, hidratante, perfume e batom. Também ganhei de minha sogra uma rosa-do-deserto, uma planta que sempre quis ter mas achava muito cara - neste ano, um verdadeiro símbolo de resistência ao que temos vivido.
Fiz as fotos dos meus presentes com meu celular para mostrar a diferença da qualidade dessas fotos em relação a fotos anteriores postadas aqui no blog. Isso se deu porque meu celular teve de ser remontado numa lojinha local depois de pegar fogo na mesma lojinha aonde eu tinha ido simplesmente trocar a bateria. Embora o rapaz tenha garantido utilizar na remontagem os mesmos componentes do modelo do meu celular, evidentemente a câmera não é a mesma. Todas as fotos ficam lavadas, mesmo com aplicação de filtro. Ou seja, tive de engolir esse prejuízo, ou ficar sem celular, ou ter de desembolsar, de última hora, uns mil reais num celular novo (já que o rapaz me ofereceu apenas 600 reais pelo carbonizado nas suas mãos - depois, é importante dizer, de ele ter tentado remover a bateria com o celular ligado e em curto). Nada que eu estivesse planejando, portanto, e que passa a fazer parte da minha lista de gastos para o próximo ano.  
No balanço geral do ano, não me atrevo a reclamar do que foi até aqui vivenciar uma pandemia, porque não perdemos ninguém próximo, continuamos trabalhando, mantivemos a saúde, ainda temos comida, teto, água, bichos de estimação, chuveiro, internet, energia elétrica. Acho que só assim para percebermos o quanto temos, o quão privilegiados somos e como precisamos de menos em um país em que tantos não têm nada. Claro que foi um jeito de descobrirmos mais sobre nós mesmos. Enquanto os amigos descobriam a culinária como uma forma de relaxar, eu descobri que odeio mesmo o trabalho doméstico, o "ter de fazer" como se fosse o meu papel enquanto mulher. Essa ojeriza em relação aos papéis "femininos" não me impediu de experimentar uma receita nova de chocotone do Luís Américo Camargo, para mim a receita definitiva, depois de ter experimentado tantas ao longo do aprendizado padeiro. Se não tenho fotos do meu chocotone, é culpa da câmera instalada no celular remontado pós-carbonização.
Sobre ser mulher, tenho sabido cada vez mais, e a pandemia também foi responsável por mostrar as mulheres não só como vítimas do feminicídio crescente mas sobretudo como a maior força responsável por ações de solidariedade no país. Foram as mulheres que organizaram as ações comunitárias, a autogestão, a doação de alimentos in natura e de cestas básicas, a proteção às vítimas de violência doméstica. Vi amigas cozinhando para moradores de rua e angariando presentes e ceias natalinas para famílias carentes. Essa tendência feminina à doação, que não deve ser confundida com subserviência, teve destaque no meu TCC justamente como tática de luta, de guerrilha. 
Não vou, portanto, reclamar do meu ano pandêmico, embora persista a dificuldade de planejar o futuro, essa suspensão do tempo. Cumpri minhas tarefas e metas, finalizei cursos, sobrevivi ao trabalho doméstico, conheci o piriforme, aprendi coisas novas, defini o que é importante e o que é intolerável para mim. Acho que posso considerar isso tudo um presente - talvez não o mais bonito, mas o mais útil no momento.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Mais uma chance à banoffee

Fiz de novo a receita de banoffee pie da Dani Noce, ainda que sob protestos do marido, que não entendia por que eu não podia cobrir a torta com pecã no lugar de banana. Tudo era uma questão de sazonalidade, e também uma boa desculpa para comprar um bom doce de leite, né? Além disso, soube que a banoffee está super na moda e até recebi uma receita da minha querida Marisa. 
Da primeira vez que fiz, há 3 anos, o recheio virou um tsunami na hora de cortar, o que é sempre uma decepção quando o assunto é torta. Desta vez, resolvi mexer um pouco nas proporções. Para o recheio (torta pequena), usei 200 g de doce de leite argentino, 100 g de creme de leite 30%, 2 gemas e 20 g de amido de milho. Para a massa, 180 g de biscoito maizena e 90 g de manteiga amolecida, batidos juntos no processador. Assei a massa por 20 minutos, deixei esfriar, pincelei no fundo 60 g de chocolate meio amargo derretido e levei para a geladeira uns 10 minutos. Espalhei o recheio de doce de leite e deixei na geladeira até o dia seguinte. Na hora do almoço, cobri com rodelas de banana, pincelei um pouco de suco de limão nas bananas, para não escurecerem, e deixei para aplicar o chantili da Vigor só na hora de servir - quando também salpiquei chocolate em pó 70% cacau com um toquezinho de pó de café. 
Ficou muito boa, mas de fato é para formiguinhas. Uma sobremesa para fazer de vez em quando, se quisermos algo bem descolado e não convencional, um doce de encher os olhos. Vale a pena ter esse trunfo na manga.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O parto da marmota

Ao fim de nove meses de pandemia, 2020 vai parindo a si mesmo em looping. Já se vê a cabecinha da marmota apontando. Quantas vezes ela vai nascer? Não temos a menor ideia, tudo depende de a vacina estar disponível. Espero que no próximo ano possamos pelo menos ecoar Belchior: "ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro". 
Aliás, por falar em Belchior, entro em dezembro tendo acabado de assistir ao emocionante e necessário AmarElo, documentário sobre o álbum de mesmo nome do Emicida que, aliás, se inicia com esses versos do mais saudoso dos cearenses. Amar se aprende, ser solidário se aprende - hoje não consigo conceber como alguém ainda pode achar que os problemas enfrentados por negros, pobres, mulheres, gays não têm relação consigo. A indiferença é realmente um troço mortal, dizimadora de afeto e esperança.
Não sei o que teria sido de mim em 2020 sem os pets e o pilates on-line - talvez tivesse entrado numa depressão profunda. Mas ainda vou levar as inquietações todas para o próximo ano, porque não há mais como, diante da crua desigualdade social, racial, de gênero, não fazer nada. 
Em 2020, comprei mais pela internet, uns 15% além do que compraria em um ano normal, mas nada tão diferente do que costumo comprar. Roupas que só vou usar em casa mesmo, coisas pra casa, remédios pra pets, delicadezas de papelaria, ferramentas para bordar, cursos. Vixe, que eu continuei consumista mesmo com o medo da crise (e talvez pela ansiedade provocada por ela), mesmo com toda revisão de mundo. Como já disse, ainda somos privilegiados com ter trabalho, teto, comida.
Fiquei sem pedalar, mas tentei treinar em casa, bem menos do que gostaria. Engordei, mas nem tanto. Esqueci de tomar sol, até porque aqui choveu o tempo todo. Tive micose, desconfio que estou no final de uma gastroenterite, ou foi o excesso de anti-inflamatório que provocou um revertério intestinal nas duas últimas semanas. E ainda lateja o local da extração do dente. Mas nada que se compare à crise do piriforme por 24 dias, e cheirando a água sanitária. 
Nossa vida social se limitou ao supermercado e aos almoços com os sogros. Fui com um certo pânico ao dentista e fazer uma radiografia panorâmica. Visitamos um casal de amigos, e o tempo todo pensei, entre sorrisos, que podia/posso ter sido infectada. Fomos ao shopping para umas poucas compras de Natal sem qualquer sentimento de lazer, embora víssemos várias pessoas vivendo essa ilusão, mesmo mascaradas. 
Vimos ainda mais séries que antes. Fiquei ainda mais cansada que antes. 2020 só veio confirmar o que não quero para minha vida. Sei que nada será como antes, amanhã.
Acompanhei a transformação do meu trabalho, que já era remoto, em uma versão EAD. Fiz curso para dar conta dessa mudança. Aliás, fiz um tanto de cursos - foi uma coisa boa nesse período. Tentei colocar a criatividade em prática, e não só na cozinha. Pintar, bordar, voltar a escrever - e aqui tive um choquezinho. 
E vi o mundo entrando numa escuridão cuja extensão não dá ainda pra precisar. Por isso acho que me emocionei tanto assistindo ao documentário de Emicida, uma luz no breu, uma chama de resistência e união em meio ao horror, um brado por justiça, arte no seu estado de guerrilha. Na verdade, a única saída possível. Que nos inspire para continuarmos respirando.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Vô. Vó.

 Meus amô, meus quindim. 

Finalizações num ano sem fim

Embora 2020 pareça nunca terminar - e a depender da pandemia e da demora da vacinação no Brasil, vai adentrar boa parte de 2021 -, algumas coisas chegam à sua conclusão, que bom!
Este mês, vi meu enteado querido apresentar brilhantemente seu TCC do curso de Direito, imagine! O menino que conheço desde os 13 anos, que foi ganhando barba e refinando a inteligência e o caráter, arrasou na defesa de um tema ousado de forma "aguerrida" (e me lembrei de ter ouvido esse mesmo elogio à minha escrita no mestrado), que orgulho!
Também chegou por fim meu volume do livro Vkhutemas, desenho de uma revolução, organizado pelo Celso Lima e pela Neide Jallageas e de cujo financiamento coletivo participei - era para termos recebido o livro em março, mas daí a pandemia, já sabemos. Foi outro motivo de orgulho, ter participado de forma indireta desse projeto tão importante e bonito.
Por fim, embora ainda precise entregar meu TCC, produzi um videozinho para o curso de jornalismo - aprendi na marra a colocar legendas e áudio no iMovie.
Conseguir concluir qualquer coisa este ano já é de grande valor, é pura guerrilha.

sábado, 28 de novembro de 2020

Uma imagem toda minha

Eu ia me apropriar do título do álbum e da música de Chico César, "Respeitem meus cabelos, brancos", mas depois pensei que este post não era só sobre isso, sobre padrões, intolerância, cabelos. Tinha mais a ver com a construção da imagem feminina ao longo do tempo, com as autorizações e proibições que recebemos em relação a nossa imagem. Mulheres mais velhas não podem ter cabelos longos, mulheres não podem ter cabelos brancos, mulheres não podem usar roupas curtas, mulheres não podem não se depilar nem exibir suas estrias ou barriga na praia. Mas meninas têm sido estimuladas a imitar princesas, a usar maquiagem mirim, a fazer biquinho e pose de adultas nas fotos. 
Daí me lembrei do ensaio Um teto todo seu, da Virginia Woolf, uma das primeiras escritoras a debater claramente o papel da mulher no mundo, sobretudo esse papel inventado para ela, e como isso influenciou diretamente a carreira de tantas mulheres para além da vida doméstica. Soube desse livro (eu só li dois de Virgina Woolf, Orlando e Entre os atos) por minha cunhada, hoje a principal tradutora dos diários da inglesa para o português. Pensei logo que além do teto todo meu, também quero ter direito a uma imagem toda minha, livre dos padrões impostos a nós mulheres, e ainda mais depois dos 40 anos, quando quase deixamos de existir para a sociedade. 
Outro dia, percebi que meus cabelos não estão só cada vez mais brancos como também mais ondulados. A tal da perda de queratina para a qual Emerson sempre me alertava. Não sei quanto tempo demora para que os brancos tomem a cabeleira toda, eles estão ainda semiescondidos - adoraria que ficasse algo uniforme, como os da Glória Pires, cabeluda como eu e que tem sofrido críticas por "assumir os brancos", como se não tivesse direito a essa escolha. 
Só sei que quando ergo os cabelos, vejo fitoplânctons brilhando, a prata surgindo de um rio avermelhado. Se a prata tomar conta, vou deixar, mas imagino já as críticas e narizes torcidos, de perto e de longe.

Bolo gelado de coco e cansaço da poha

Uma amiga de Bienais e que tais, a Lu Tchutchu volta e meia posta fotos do bolo gelado de coco, ou toalha felpuda, que ela faz pra família. Eu já fiz esse bolo uma ou duas vezes, mas não achei que tinha ficado como o da infância em SP, quando pipocavam embrulhinhos de papel alumínio com o precioso bolo de aniversário, devidamente úmido e bem doce, com floquinhos de coco. 
Resolvi testar a receita da Tchu, que faz sucesso nas redes. Meia receita, como de costume. Mas troquei o leite da massa por leite de coco. O resultado foi um bolo baixinho, semi queimado, seco, com pouquíssimo açúcar. Não cheguei a derramar a calda, que ficou deliciosa sobre ele. Como já tinha montado parte do mise-en-place, resolvi fazer outro. Forma menor, menor temperatura e menos tempo de forno, mais duas colheres de açúcar na massa. Também fiz o processo boleiro de sempre, primeiro gemas e açúcar, juntar os secos alternados com leite, e no final as claras em neve. E ficou ótimo! 
Guardei uma parte coberta com papel alumínio na geladeira, e comemos um pouco do bolo "normal", molhado, mas nem tanto. No outro dia, porém, o pedaço guardado no papel alumínio ficou maravilhoso, igualzinho ao que minha memória acusa das festas de aniversário paulistas, que volta e meia tinham essa delícia. Receita da Tchu aprovada, com pequeníssimas mudanças.
Esse bolo veio a calhar num dia de cansaço extremo. Só essas gostosuras para elevarem o ânimo nas atuais circunstâncias.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Creme meio musse de manga

Como o clima está completamente louco, e este ano ficamos quase sempre sob chuva, nem vimos as mangas darem as caras. Aqui é terra de manga, coco e jaca, em tamanha abundância que temos de ter cuidado ao andar pela rua para não sermos atingidos por alguma delas (melhor que seja a manga!). 
Comentei outro dia com Guga que nem comemos manga este ano, e eis que na casa de minha sogra apareceu manga na salada de domingo! Ela tinha recolhido algumas da mangueira no fundo do seu quintal e nos doou uma sacolinha com várias. 
Aproveitei para testar uma receita de creme de manga. A maioria das receitas segue a lógica do sorvete da Helena Gasparetto que já fiz, com creme de leite e leite condensado. Eu usei 200 mL do suco de duas mangas coado, 100 mL de creme de leite, 50 g de açúcar, 50 g de leite em pó e 6 g de gelatina sem sabor dissolvida em água e aquecida. Bati tudo no liquidificador e levei à geladeira. Ficou uma delícia, opção refrescante para o calorão que já se anuncia!

sábado, 14 de novembro de 2020

Mais um curso, minha filha?

Sim, porque adoro cursos! 
Já perdi a conta de quantos fiz, dos mais variados temas, formatos e extensões, mas a verdade é que há duas coisas nos cursos de todo tipo que são fundamentais para mim: o conhecimento em si e o contato e troca com outras pessoas. 
O curso da vez é de jornalismo gastronômico, muito bom. 

Tudo que vem, tem volta

Soube hoje que minha amiga Marina vai deixar a gerência do museu onde trabalhou sete anos e que ela ajudou a transformar num espaço para todos enquanto ali esteve.
Nós nos conhecemos em São Paulo, trabalhando como educadoras no IC. Quando saí de lá pela última vez, ela me deu um breve, ou bentinho, ou patuá, de Santa Clara, protetora dos viajantes, para que ela iluminasse meus novos caminhos. Ele está sempre aqui na minha mesa, do ladinho, para proteger todas as viagens, mentais e físicas. E por isso me lembrei de enviar a ela a imagem, de volta, para que Santa Clara proteja também seus próximos passos. 
Que bom que chega sempre a oportunidade de devolvermos as gentilezas! Voe, navegue, caminhe, Marina, em direção à felicidade que se conquista diariamente!

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O oitavo mês

Parece tão absurdo que tenhamos passado oito meses, 2/3 de um ano inteiro, em casa, mas não é. Cá estamos, ainda confinados. Ainda sem vacina, ainda com um louco a desgovernar o país. Pelo menos o Biden venceu (embora o maluco-mor não queira largar o osso), a Bolívia voltou a ter governo popular, o Chile votou pela mudança na Constituição. Seguimos no atraso, nós, brasileiros. 
Por aqui, parece que é só pensar "amanhã vou voltar a caminhar" que volta a chover, tipo hoje. Passamos a quarentena na chuva, porque agora chove a maior parte do ano na Bahia. Por sorte, deu pra fazer pilates e tai chi dentro de casa, por videoconferência. 
Ainda esqueço de tomar sol, quando há. A mente segue entre desconcentrada e descarrilada. Na meditação em grupo, nunca sei se meditei a ponto de relaxar muito ou se dormi mesmo. Sigo cansada - de cozinhar, de gastar, de trabalhar, de escrever. Não tenho vontade de fazer nada criativo. Parece que já usei todas as fichas. O que gostaria de fazer, não posso, por conta da pandemia. 
Meio rastejante, cozinho, trabalho, escrevo, lavo roupa, lavo louça. Não tenho pintado nem bordado, literalmente. Às vezes, assisto a um filme no computador. Faço longas listas de autocuidado, com zilhões de rotinas que deveria ter mas não tenho, sempre me perguntando como é que nunca fiz nada disso antes. 
O oitavo mês tem tudo para ser eterno, mas daqui a pouco já será Natal. 

Envelhecer

A gente sempre se prepara para o envelhecimento físico, reservando os sinais do envelhecimento mental para os outros - o pai esquecido, a avó que resgata histórias antiquíssimas, a mãe da amiga que troca seu  nome. A gente deve chegar lá também, mas por enquanto é primeiro o corpo que dá os sinais, com menos força, alguns tropeções, olhos pedindo óculos mais fortes, pele pedindo hidratação. Depois é que vêm os esquecimentos, os enganos. 
Tem um outro aspecto do envelhecimento de que a gente não se dá conta. O da alma. Meu terapeuta discorda, diz que não é a alma que envelhece, mas o self que está insatisfeito com o que temos feito da vida. Talvez sejam as duas coisas. Porque a sensação é de que a alma envelhece sim. 
E topei hoje com uma recordação de seis anos atrás, um trecho de As brasas, do Sándor Márai:

Depois, seu corpo envelhece; não todo de uma vez é verdade, primeiro envelhecem os olhos ou as pernas, o estômago, o coração. A gente envelhece assim, pedaço por pedaço. E então, de repente, sua alma envelhece: mesmo sendo o corpo efêmero e mortal, a alma ainda é movida por desejos e recordações, ainda procura a alegria. E quando também desaparece esse desejo de alegria, só restam as recordações e a inutilidade de todas as coisas; nesse estágio, estamos irremediavelmente velhos. Um dia você acorda e esfrega os olhos e não sabe mais por que acordou.

É isso. Os escritores e os poetas sempre sabem de tudo antes de nós.

Nosso olhar pelo olhar de gente querida

Minha querida Marisa me pediu autorização pra usar uma página do blog no material didático que estava editando. Fiquei muito honrada, porque o trabalho dela é seriíssimo, e se ela acha que mereço estar nele, quem sou eu pra duvidar, né?

domingo, 8 de novembro de 2020

Cheesecake japonês ou Jiggly Fluffy Cheesecake

Hoje foi dia de almoço de aniversário do sogro. Ia ter comida mineira, com certeza, e eu tinha consultado a sogra sobre que bolo eu poderia fazer. Ela andava curiosa com o cheesecake japonês e segui a dica.
Eu tinha experimentado uma receita do Lucas Corazza há um tempão, quando fiz o curso da Eduk de cookies, cheesecakes e brownies. Lembro que o cheesecake foi o que menos me chamou a atenção, não guardei muita lembrança nem do sabor, nem da textura. Então resolvi testar uma receita nova, e achei versões no site da Dani Noce e no canal da Raiza Costa, além do Prato Fundo, do qual só peguei dicas. Na verdade, usei a receita da Dani Noce com algumas dicas técnicas da Raiza Costa, troquei leite por creme de leite e fiz também uma calda de frutas vermelhas para quem quisesse derramar sobre o bolo (procurei um bom doce de leite, mas não achei).
Bueno, ficou uma delícia! É muito mais leve, aerado e saboroso mesmo sem calda - o açúcar de confeiteiro completa o sabor levemente cítrico. Acho que nunca mais vou fazer o cheesecake tradicional nesta casa. 

A cabeça da medusa

Daí que levei uns desenhos recentes pra terapia, inclusive aquarelas. 
Meu terapeuta perguntou o que eu via em comum nas imagens, mitológicas ou não, de mulheres que retratei. 
Aquelas coisas de terapia, a gente nunca sabe o que responder de pronto. Falei dos cabelos, das mãos dadivosas das duas aquarelas, das mãos que jogam tudo para cima da cabeluda da quarentena. E acabei me lembrando da imagem maravilhosa, uma escultura, na verdade, da Medusa que está numa rua em Nova York e que acabou ganhando fama após as manifestações do MeToo. O artista Luciano Garbati criou em 2008 uma nova e libertadora versão do mito, em que ela aparece com uma espada em uma das mãos e na outra segura a cabeça de Perseu. Ela, que, estuprada por Poseidon no templo de Atena, é punida pela deusa por ter profanado seu espaço tornando-se um monstro que transformava quem a contemplasse em pedra. Mais uma invejinha de deus grego, claro, porque Medusa era uma jovem linda e virgem (isso me lembra a história de Aracne e sua treta com a mesma Atena, que a transformou em aranha, para "tecer eternamente", o que soa mais a castigo que dádiva). Falei dela, dos seus cabelos-serpentes que sempre me fascinaram, e do espelho, única forma de olhar para ela sem virar pedra. Espelho que também se encontra na imagem da sereia Iansã-Oxum que ainda não transformei em aquarela. 
Meu terapeuta chamou a atenção para o espelho da sereia, o canto da sereia voltado para si mesma, o que, certamente, faz sentido quando a gente está no meio do processo de individuação - são tantas as armadilhas! Mas eu pensei principalmente, em meio a tudo em que tenho pensado sobre feminino e feminismo, das minhas leituras de mundo e para o TCC, em como o que define Medusa e a sereia como monstros é justamente o que simboliza sua feminilidade, no caso, os cabelos e o sexo. Os cabelos viram serpentes e o sexo torna-se o frio corpo de um peixe. As mulheres-monstros me fizeram pensar na conveniência dessa mutação nos casos de abuso e violência sexual. Por exemplo, do já referido caso de Robinho contra a moça albanesa, uma "maria-chuteira", interesseira, alpinista social; do caso grotesco do julgamento de Mari Ferrer, que se viu transformada em ré e seu estuprador, em inocente que praticou estupro sem intenção. 
E por fim me vi diante do assassinato de Ângela Diniz, revivido no excelente podcast Praia dos Ossos, criado por Branca Vianna e produzido por Flora Thomson-DeVeaux: uma mulher livre transformada em monstro antes de ser abatida com toda justiça por seu amante, ofendido por sua liberdade, sendo ele transformado em vítima no julgamento 3 anos após o crime. Ângela Diniz morreu com um tiro na nuca e três no rosto, símbolo de sua beleza ameaçadora. Quatro tiros na cabeça da Medusa para evitar que o heroico Doca Street fosse transformado em pedra, que perdesse sua força e masculinidade, seu lugar no mundo. 
A sereia já nasceu mitologicamente monstro, a Medusa foi transformada em um. Ocorre-me que a transformação da Medusa e das mulheres em monstros e bruxas é uma estratégia de eliminação. Na verdade, cheguei à mulher-monstro Ângela Diniz porque assisti a um remake de Rebecca na Netflix, com Lily James no papel de segunda esposa do viúvo de Rebecca. Não vi o filme de Hitchcock, mas li o livro de Daphne du Maurier há muitos anos. Eu realmente não me lembrava de ter sentido o incômodo de ver uma mulher livre sendo julgada por outra mulher. Tudo bem, Rebecca é construída como uma libertina, que desrespeita e humilha o marido conservador, tudo isso para nos fazer ficar ao lado dele e da nova esposa, que move mundos para provar que a finada era cruel e dissimulada, uma Capitu com culpa reconhecida no cartório. Assisti até o fim só para ficar com um ranço enorme dos mocinhos, o marido assassino "pela honra" e a nova esposa capacho. A história de Ângela só difere do fato de não haver outra mulher para ajudar a sujar seu nome. 
A ficção recria a realidade, a realidade recria a ficção - em versões mais "leves", a mulher livre é "só" uma megera a ser domada, como a que Shakespeare eternizou no século XVI. Nas artes plásticas, o heroico Perseu é representado sempre plácido, no controle da situação, quando ergue e exibe a cabeça do monstro, seja na escultura de Canova ou no bronze de Cellini. A Medusa, histérica, segundo Caravaggio, como todo monstro, histérica como uma mulher, aquela que ela foi. Há quem defenda a leitura dos mitos de forma clássica, sem levar em conta características humanas como machismo, egoísmo, vingança. Mas é preciso levar em conta que os mitos têm humanos por trás de sua construção e, portanto, um forte viés histórico, que mostra a sociedade como era - machista, misógina, violenta. Gosto sobretudo dessa mudança de representação na escultura de Garbati: para além da inversão de papéis, a do semblante da Medusa, heroína de si mesma e de todas, semblante daquelas e daqueles que combatem a injustiça. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Senhora das demandas e cookies de peanut butter e torta holandesa

É praxe meu marido me perguntar se consigo fazer determinado prato ou sobremesa. Assim é desde que nos conhecemos. Começou com a feijoada.
No final da semana passada, ele perguntou de novo se eu saberia fazer cookies de peanut butter, iguaria que ele experimentou ainda criança nos tempos da escola americana. Mas no dia seguinte emendou com a torta holandesa. Eu já tinha me mobilizado para os cookies, mas resolvi acolher a torta, que adoro e nunca tinha feito.
De posse de uma receita de cookies da La Cucinetta e de uma de torta holandesa da Dani Noce, organizei os ingredientes. Fiz os cookies num dia, a torta holandesa para nosso almoço familiar dominical - dividindo assim todo aquele açúcar e gordura. Guga amou os cookies; eu gostei mais da torta holandesa e do creme musseline, que fiz pela primeira vez. 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Dia 218

Parecia que a chuva tinha ido embora, mas não. Chove desde sábado à la Guantanamera, o filme. 
Tudo indica que estou com intertrigo candidisíaco, uma micose nas axilas que deixa placas vermelhas na pele - foi Drauzio quem me contou. E tome Vodol por 2 a 3 semanas, na esperança de que sare, ou terei de descobrir um dermatologista por aqui. Ou tentar um fluconazol básico antes, persistindo na automedicação pra não contrair um vírus por aí. 
Cabelos seguem entre Juma Marruá sem coiffure e Janis pós-Arembepe, e agora deram pra formar nós na nuca. Os produtos caríssimos da L'Oréal que comprei - talvez eu não saiba usar - ainda não fizeram seus milagres. 
Além dos cabelos desgrenhados e da coceira infinita nas axilas, a escrita do TCC continua empacada - mas não as ideias sobre feminismo, racismo, justiça social. Ao menos isso vai contribuindo para aclarar as sombras da alma, ajudando inclusive na terapia retomada. 
Sigo nos trabalhos produtivo e reprodutivo enquanto for necessário, tentando retomar meu pragmatismo de fazer do momento um terreno minimamente estável para mudanças, quando estas forem possíveis. Tento ser budista ao cozinhar e lavar louça.
Entre as notícias ruins no mundo e especialmente no Brasil, vem uma luzinha de esperança com a eleição boliviana. Nem é aqui, mas que alívio dá ver que nem todo o mundo está perdido. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Quarantine hair and feelings

Outro episódio com presença de Hyppolita em Lovecraft Country, já uma das minhas séries favoritas de todos os tempos. E ela vira quase uma X-Woman eletrificada para abrir um portal e salvar Dee (spoilerei um pouco, mas nada comprometedor). 
Quando fiz essa ilustra ontem, de chofre, no final de um dia pouco produtivo, nem tinha me dado conta da influência daquela imagem. Tinha pensado primeiro no meu cabelo alucinado de quarentena, depois na vontade de jogar tudo pra longe, e somente depois que parecia que estava flutuando, como se tomada de um poder inesperado. Eletrificada. 

E no meio das aprendizagens... reaprendizagens

Às vezes, me pergunto: por que inventei de fazer um TCC? Nem era obrigatório, eu já havia terminado a especialização com ótimas notas, adorei o curso e tal. Mas não, insisti, fiquei perguntando ao pessoal da secretaria quando o programa estaria disponível, contratei a bagaça, indiquei duas possíveis orientadoras. 
E agora me vejo há dias em um parto de meia dúzia de páginas de um total estimado em 40. 
Quando resolvi escrever um conto para um concurso, há alguns meses, tinha já percebido a dificuldade de ter ficado tanto tempo sem praticar, além da sensação de fraude na escrita de ficção, ainda uma tentativa de emular outras escritas, principalmente masculinas, as disponíveis à época em que comecei a escrever. Parece que parei no tempo, antes de ter atingido um mínimo de maturidade narrativa - o que pode soar muito pretensioso, já que tantos autores maravilhosos levaram a vida para chegar a uma obra madura, mas é a sensação que tenho, e tenho estado mais atenta a sensações e sentimentos do que ao simples pensamento.
Com relação ao TCC, achava que seria muito mais fácil, porque tenho mais facilidade com essa escrita formal, justamente ao pensamento em si. Ou achava que tivesse. Pode ser culpa da falta de concentração típica da quarentena aliada à minha típica falta de concentração (deveria estar escrevendo o TCC e estou aqui postando no blog, por exemplo). Pode ser o ser interrompida pelo gato ou para fazer almoço e jantar ou para responder onde acredito que esteja algo que não vi. Pode ser só a necessidade de um pouco de silêncio, interno e externo.
Sinto que estou tendo que reaprender a pensar e a escrever, algo que eu já considerava resolvido na vida. Não só num contexto louco de pandemia e incertezas de toda ordem, mas também sem estar sozinha, com tudo acontecendo ao mesmo tempo no meu entorno. Com a fina ironia de estar tentando escrever sobre emancipação feminina e precisando me lembrar e reafirmar a minha própria diariamente. 
O bagulho é mais louco do que eu pensava!

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Em busca da transparência

Nem eu aguento mais dizer como é difícil pintar aquarelas. Como tenho vários amigos artistas, quando vejo o resultado do trabalho deles, essa dificuldade fica cada vez mais evidente. 
Não que eu tenha a pretensão de atingir um nível tão alto (afinal, eles, além de muito talentosos, estudaram anos, produzem bastante e muitos têm inclusive doutorado e pós-doc), ainda mais apenas fazendo alguns cursos pela internet. Mas é inegável que chegar às transparências bem dosadas não é mesmo para principiantes. (Aliás, que árduo é chegar à transparência de todo tipo.)
Eu, pessoalmente, ainda fico muito presa à pintura mais pigmentada, mais próxima do guache, principalmente quando rola alguma cagada ao pintar - manchas enormes, sobretudo. Daí acabo tentando cobrir - até pontilhismo e tratteggio usei hoje! - para minimizar a feiura. Nem sempre funciona, mas não custa tentar. 
Aliás, tudo é tentativa quando a gente resolve aprender algo novo. Ainda mais, no meu caso, algo relacionado à pintura, que nunca estudei. 
De todo modo, o desenho me ajuda a querer continuar aprendendo a pintar, já que agora me vem à cabeça usar o entorno como modelo para as aquarelas, começando pelas folhas da jaqueira. A natureza, sempre parte da aprendizagem. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Desenredes sociais

Todo mundo comentando e por fim assistimos a O dilema das redes, documentário da Netflix com entrevistas de ex-diretores e ex-criadores de conteúdo das principais redes sociais no mundo - Google, Facebook, Twitter, YouTube, WhatsApp etc. Na verdade, mais interessante do que eu esperava. Repleto de informações impactantes sobre o poder que essas redes têm de nos manipular o tempo todo, conduzindo o nosso consumo e nossa forma de pensar e agir. 
Tínhamos já assistido há algum tempo Brexit, o filme com Bennedict Cumberbatch no papel de Dominic Cummings, estrategista político responsável pela formação/manipulação de eleitores na Grã-Bretanha quanto ao assunto da permanência ou não do Reino Unido na União Europeia. Assustadoramente esclarecedor. Talvez por isso não me impressionei muito quando li os comentários sobre O dilema das redes - toda a manipulação cibernética já tinha sido escancarada nos algoritmos que levaram não só à aprovação do Brexit como à eleição de personagens nefastas como Trump e Bolsonaro. 
De qualquer modo, o documentário da Netflix traz algumas novidades ao cenário aterrorizante: o fato de a inteligência artificial ter um comportamento próprio que pode levar a resultados imprevisíveis no que tange à manipulação de milhões de pessoas e essa mesma aleatoriedade ser o que dita nosso padrão de comportamento e consumo. Eu concordo com parte disso - realmente, o que vemos na tela do computador, ou do celular, nos leva a consumir mais; desde que começou a pandemia, por exemplo, meu consumo pela internet aumentou muito, e houve muitos momentos em que pensei por que havia mesmo comprado aquelas coisas. Meu freio foi a incerteza quanto ao futuro. Também assistimos diariamente à proliferação das notícias sem autoria que pululam em grupos de WhatsApp e canais do YouTube, levando a desinformação a níveis exponenciais, replicada por pessoas mais ou menos próximas. 
Contudo, entretanto, todavia, acho que esse discurso propalado no documentário também acaba perigosamente isentando da crítica a ação humana que gerou tudo isso. Fica parecendo que ninguém pode controlar as máquinas, que houve uma total perda de controle e nada pode ser feito. Não creio que seja totalmente assim - se houvesse interesse de fato dos que lucram bilhões com essa manipulação algum tipo de freio já teria sido aplicado, e não apenas essas falas insossas sobre controle de fake news. 
Sim, as perspectivas são sombrias, com todo esse ódio crescente no mundo, mas não dá para só lamentarmos o monstro que foi criado e não fazer nada a respeito em nível global, nos limitando a desligar o celular das crianças. Será preciso romper as bolhas e se manifestar na vida real, abertamente, politicamente, para que alguma mudança efetiva aconteça. 

domingo, 11 de outubro de 2020

Pequenos formatos, grandes efeitos

Na última compra de pincéis, comprei também um sketchbook da Hahnemühle, marca alemã de papéis para aquarela. Os papéis são bem mais caros que os da Canson, e eu nem pensava em comprar nada da marca, até topar com o caderninho quadrado, pequeno, de capa de tecido cinza e elástico à la Moleskine no site da Casa da Loise. Já adorei o formato, pequeno e incomum (o tradicional é retangular, seja formato retrato ou paisagem). Era caro, claro, mas ainda possível pro meu bolso. 
Quando chegou, pirei na qualidade do acabamento. E as páginas eram cinza-claro! Uma lindeza só. E deixei guardadinho pra um dia de imensa inspiração ou para quando estivesse dominando a aquarela a ponto de poder levá-lo na bolsa para pintar en plein air, que sonho burguês!
Hoje, quando fui praticar umas pinceladas para meu projeto de mitos femininos, nas folhas A-4 de Canson, nada saiu do jeito que eu queria. De repente, olhei pro caderninho e pensei que talvez desse certo passar o desenho para um formato menor - assim, eu teria pelo menos mais controle das pinceladas. Cara, deu muito certo - provavelmente o papel é muito melhor! 
Eu já era fã dos pequenos formatos, e isso só confirmou para mim que muitas vezes é mais eficiente trabalhar com menos e investir nos detalhes, na qualidade desse menos, para que se torne mais. Por exemplo, além de técnicas aprendidas no curso de aquarela e no sumiê, acabei me lembrando do tratteggio, técnica que usava quando trabalhei no restauro da FAU-Maranhão, como estagiária "informal". As texturas vieram dar volume à pequena pintura. 
Até onde paciência houver, sigo nesse caminho de longa aprendizagem.  

Da impossibilidade de eleger um tipo de comida favorita

Sempre que me perguntam ou quando me pergunto sobre minha comida ou prato favorito, não sei responder. Já devo ter dito que é mais fácil eleger as sobremesas, mas não os pratos. Quanto à culinária, tenho uma propensão à comida do mediterrâneo em direção ao Oriente, seja o médio ou o extremo. Metade do tempo, faço comida simples (frango, salada, legumes), metade, comida de algum lugar. 
Nos últimos dias, para se ter ideia, fiz até brownie, para o aniversário do marido - fiz uma receita nova, mas o brownie ficou muito seco, provavelmente por muito tempo de forno. Então o jeito foi cortar em pedacinhos, regar com Baileys, cobrir com uma bola de sorvete de baunilha e calda de chocolate - virou uma sobremesa de restaurante, perfeita. 
Também fiz pela segunda vez charutinhos de couve com carne e quinoa, preparados no vapor, sucesso absoluto. Por fim, dentre as já tradicionais quiches, foi a vez da quiche lorraine, essa delícia de queijo (usei um holandês) e bacon, acompanhada de agrião, rúcula, tomate, maçã e um molhinho de mostarda em grãos. 
O mundo cabe na minha pequena cozinha.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Lovecraft Country e a individuação

É só a gente pensar em uma busca mais profunda de si que começam a rolar as sincronicidades, entontecedoras sempre. 
Tinha, a propósito, já pensado na história do receber elogios pelo que sou, e não pelo que faço, o que me ajuda a pensar melhor em, afinal de contas, quem sou eu. 
No entorno, além disso, há todas as discussões sobre direitos humanos - de negros, mulheres, população LGBTQ, pessoas mais vulneráveis socioeconomicamente -, que têm sido desmontados no atual governo. Quem sou eu, se não luto contra a iniquidade?
E então, no lugar das borboletas que cruzavam meu caminho o tempo todo há 7 anos, aparece Hyppolita, em um episódio de Lovecraft Country, a série mais louca e mais coerente da TV nos últimos tempos, produzida por Jordan Peele e J. J. Abrams. O nome do episódio? "I am". 
Hyppolita é parte da família negra que protagoniza a série, vivenciando abusos tão absurdos que pareceriam ficção se não os soubéssemos tão reais. No episódio em questão, ela parte em busca de informações sobre um misterioso artefato que aparece em sua livraria, que pode estar associado à morte de seu marido, George. Ela acaba indo para outras dimensões temporais, que mudam cada vez que ela responde à pergunta feita pela alienígena com fabuloso black power (que, aliás, se apresenta como "I am"): "Diga seu nome". Ela grita cada vez mais alto: "Sou Hyppolita!", e acrescenta algo sobre si quando responde onde quer estar, o que quer ser: dançando com Josephine Baker, ser uma guerreira que vinga o Massacre de Tulsa (evento real de extermínio da população negra de Tulsa, Oklahoma, por moradores brancos, em 1921), ser uma astronauta (algo que ela quase foi, não fosse o fato de ser uma mulher negra). E a mulher de George. 
Ela se reencontra com o marido, que sabemos não mais existir, em outra dimensão. E ela lava a roupa suja. Fala de sua imensa raiva, contida por tantos anos, por ter se permitido encolher para caber no projeto alheio de família e casamento. Apesar de haver um apaziguamento após essa conversa com o George de outra dobra de tempo, ela enfim percebe quem ela é. Uma descobridora. Completa seu processo de individuação. 
Descobridores de nós! É isso que o self pede que sejamos!

A arte de receber elogios

Não sou boa em receber elogios. Ou melhor, não sou boa em receber elogios que digam respeito a qualidades pessoais. Aqueles acerca do que fazemos, claro, sempre esperamos e, quando não vêm, achamos uma injustiça, e isso nos afeta em maior ou menor grau em cada situação e humor. 
Pra falar a verdade, só percebi essa diferença entre os elogios dirigidos a nós e os dirigidos ao que fazemos outro dia, quando fui comentar com minha sogra um elogio inesperado que recebi - por conta do meu trabalho, mas dirigido à minha pessoa. 
"Parabéns, você é incrível". Fiquei procurando quem havia mandado, achei que algum aluno tinha comentado a esmo, sem saber quem eu era, na plataforma dos cursos. Mas tinha sido meu chefe mesmo. E não é que meu chefe não reconheça meu trabalho, mas o elogio veio tão inesperadamente, e num momento tão interessante, de profundas indagações e buscas pessoais, que pareceu incrementar a questão: Quem sou eu? E não apenas "o que faço eu?". 
Porque, culturalmente, parece que somos só o que fazemos, em termos profissionais, via de regra. Dificilmente alguém quer saber, quando nos conhece, mesmo na esfera social, se gostamos de caminhar na praia, de ler, bordar - isso fica para um segundo ou terceiro momento. Todo mundo quer saber o que fazemos para viver, para nos sustentar, para pagar as contas - essa é nossa imagem social no mundo capitalista. Lembro-me da viagem ao Reino Unido, quando o pai da pequena Laura, que sentou conosco no trem, achou o máximo que eu fosse historiadora, e logo Laura quis saber qual meu período favorito da história - ela, aos 9 anos, amava os Tudor. Ali tive uma surpresa - nunca pensei que alguém valorizasse essa profissão. Foi preciso estar fora do Brasil para ouvir isso - porque aqui, como me disse o coordenador do cursinho onde depois eu trabalharia por anos, profissões de verdade são apenas "médico, advogado, engenheiro, arquiteto". Ou seja, eu estava fadada a não ter muita importância, até porque historiadores no Brasil tornam-se professores, uma profissão ainda mais achincalhada. Bom, mas isso é outra história, embora também tenha relação com "ser". 
Voltando à questão dos elogios a quem somos: talvez a minha surpresa venha de eu não ter toda a dimensão de quem sou. Lembro-me de mais de uma ocasião ter ouvido de amigos agradecimentos por alguma postura minha - só que foi algo tão natural que nem sabia que tinha tido essa dimensão, como, por exemplo, receber alguém que chegava a um novo lugar. 
Já postei aqui, anos atrás, um vídeo lindo sobre ser validado por elogios que recebemos, até que aprendemos a validar a nós mesmos, a gostar do que vemos em nós mesmos. No fundo, é isso que devemos aprender a fazer, o tempo todo. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

domingo, 27 de setembro de 2020

Nova receita de bolo encharcado de amêndoas e laranja

Nas últimas semanas, tenho deixado para fazer o doce de final de semana como sobremesa dominical - como almoçamos na casa dos sogros, compartilhamos o docinho e assim comemos menos. Assim não deixo de fazer minhas experimentações e não enfiamos o pé na jaca. 
Faz muitos anos que experimentei fazer a receita de Rita Lobo para bolo encharcado de laranja. Ainda era uma receita de liquidificador, com gomos de laranja e óleo, sem amêndoas. Se a memória não me falta, também já fiz o de amêndoas com laranja, há mais tempo ainda, mas não me lembrava de não levar farinha nenhuma e das etapas de bater claras e fazer crémage. Whatever, fiz essa que me parece nova, do Panelinha novo, e também um sorvete de baunilha (na verdade, a receita do Technicolor Kitchen de sorvete de créme brûlée sem o acréscimo do caramelo) para acompanhar. Uma bela combinação. 

Uma massa, duas quiches

No meu desespero de deixar coisas prontas pra não ter que cozinhar a toda hora, resolvi fazer a mesma massa de quiche para preparar duas com o que tinha na geladeira: alho-poró e a deliciosa geleia de cebola roxa, que estava um pouco esquecida, à espera de uma carne que nunca veio. Ambas ficaram deliciosas, mas já foram embora na mesma semana. De todo jeito, só confirmaram a maravilha que é ter uma comida feita em casa no congelador, só à espera de nos socorrer. 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Romi ófici

Como já disse, o romi ófici aqui é das antigas. Na verdade, muito das antigas, de quando comecei a trabalhar na equipe de redação do cursinho. Fiquei mal acostumada, ou melhor, encontrei meu jeito de trabalhar ali. E lá se vão 26 anos. 
Claro que, com a pandemia, meu romi ófici foi invadido por outras atribuições/atribulações domésticas além das que eu já tinha, como cozinhar, lavar e guardar louça e roupa, arrumar cama, fazer listas infinitas de supermercado e outras compras para casa (a recém-descoberta carga mental feminina). Somou-se a essa lista considerável lavar banheiro, limpar móveis, limpar e encerar chão, atividades que me renderam a crise no piriforme. Isso tudo me tem feito repensar a continuidade dessa forma de trabalho, que me foi tão conveniente por todos esses anos.
Antes, porém, de decidir se abandono essa modalidade de trabalho em prol de voltar a ter contato com mais pessoas, talvez atuando mais diretamente com educação, quando a famigerada pandemia permitir, faço algumas considerações sobre o que tenho percebido de mudanças no meu romi ófici pandêmico. 
Enquanto boa parte da galera que estreou no romi ófici com o início da pandemia adotou o modo comfy de estar em casa, sobretudo os mais privilegiados, resolvi me vestir como se estivesse fora de casa. Porque, afinal de contas, nem sei quando volto a sair para qualquer lugar, e já nem saía muito. E tenho usado roupas novas para ficar por aqui mesmo. Aliás, tem dia que até uso um pouco de maquiagem, como se fosse sair pra trabalhar - aprendi isso de um autor parceiro de trabalho, que me contou que sua esposa, doutoranda em história, se arrumava completamente para fazer sua pesquisa no escritório de casa - e trancava a porta, só saindo dali para almoçar (eles compravam refeições congeladas caseiras, outra coisa que andei aventando) e ao final do "expediente". Achei o máximo, mas só agora emprego parte desse ensinamento. 
Enquanto muita gente tem tentado aproveitar ao máximo esse tempo em casa fazendo várias coisas ao mesmo tempo - ou pelo menos no início foi assim, agora todo mundo deve estar exaurido -, eu logo vi que não dava pra fazer mais ainda do que já fazia. Porque romi ófici não é pra principiantes não. Trabalhar em casa é trabalho duplo, e no caso das mulheres, triplo, quando não quádruplo. Então aos poucos fui fazendo uma coisa de cada vez, como no fundo é melhor que seja - só assim para estar presente, mesmo no meio de uma pandemia. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Belinha foi encontrar Chico no céu

Quando trouxemos Chico e Zen, Bela se apaixonou perdidamente por Chico. Ficava olhando embevecida para ele dentro da bolsa de transporte. Tentou ser amiga, se aproximar. Em vão. Até seu último dia conosco, Chico, o intrépido, não se adaptou aos cachorros, tão diferente de Zen, o sobrevivente. Ficaram as imagens dessa tentativa de encontro.
Hoje Bela nos deixou. Meu Deus, que tristeza! Ela tinha calazar, tomava medicamentos, mas era sempre tão feliz, tão doidinha, tão carinhosa! Mãe do nosso Kong e de Balu, doidinhos de diferentes jeitos. Balu hoje chorou por horas, provavelmente sabendo que ela estava de partida. Aliás, desde o final de semana ele não saía do lado dela, não deixando que eu me aproximasse - a primeira coisa que me ocorreu foi que ele sabia que ela não estava bem.
E foi tudo muito rápido: percebemos que ela não estava bem na quinta-feira; ela toda acabrunhada, com dificuldade para andar. Há pouco, a veterinária me mandou o resultado do exame, indicando insuficiência renal grave. Como saber muito antes para evitar chegar a isso? Não soubemos, não achamos atendimento no final de semana, nem sei se adiantaria muita coisa, e hoje ela partiu. Mas com certeza viveu da melhor forma possível, foi tão amada, tão cuidada até o fim, mesmo com o diagnóstico de calazar, que, sabíamos, abreviaria sua vida mais cedo ou mais tarde. 
Goldie, Goldinha, já sentimos tanto sua falta! Dê umas boas lambidas em Chico e convença-o a brincar com você, saltando de nuvem em nuvem, numa alegria infinita. 

domingo, 13 de setembro de 2020

Meditação, mindfulness e mente a mil

Comecei há uns dias a fazer meditação on-line com amigos. Gostei muito; para mim, funciona bem fazer coisas em comprometimento com os outros. Se depender só de mim, sempre é bem mais difícil. 
Na verdade, já estava ensaiando praticar um pouco de mindfulness para melhorar a atenção nas atividades diárias. Tinha lido algumas coisas, e resumiria no fato de o mindfulness ser utilizado para melhorar em 100% a realização de tarefas diversas, do trabalho ao ato de se alimentar, tendo sempre como foco a atenção plena. 
O mindfulness deriva da meditação tradicional. Foi adaptado aos ambientes corporativos e é usado inclusive na performance de atletas. A atenção plena ajudaria a obter os melhores resultados na empresa, no esporte, na alimentação, nos estudos. Atenção plena o tempo todo, aproveitamento total do cérebro. Mas será que o cérebro não pode se distrair? Será que não é positivo se perder em pensamentos diversos? Não será nos devaneios que estão muitas ideias criativas? Isso me incomoda, essa impossibilidade de desvios. 
Acho ótimo que a atenção seja cultivada no momento de finalizar um trabalho, fazer uma reunião, praticar um esporte - isso evita erros, mal-entendidos e machucados. Também é útil na comunicação, sobretudo não violenta, para que não digamos o que não queremos num momento de estresse. Não acho, porém, que estar alerta todo o tempo traga o melhor aporte criativo, normalmente presente justamente no ócio, inclusive mental. 
Nesse sentido, me parece que a meditação tradicional é mais flexível, cabe em todos os contextos. Ver uma ideia, deixá-la passar em vez de se fixar nela, por exemplo, é um exercício de meditação tão profundo que até ajuda a afastar dores às quais nos apegamos. 
Na nossa meditação semanal, por exemplo, quando entro no fluxo, fico tão relaxada que me aproximo de um estado de vigília, quase de sonho. Os pensamentos passam na tela mental até restar um silêncio onde só me encontro eu. Porque não basta o silêncio externo para termos paz. 

A saga dos suspiros

Suspiro é uma coisa dificílima de fazer. Quero dizer, tem uma ciência que ainda não domino. A primeira vez que fiz, não me lembro que receita usei, e tive a maior sorte de principiante - os suspiros ficaram lindos, em formato de conchas, e deliciosos. 
Depois não acertei mais. Normalmente, parece ter ficado bom, mas depois os suspiros amolecem. Já tentei deixar esfriando fora do forno, dentro do forno, e acontece a mutação. Cheguei a fazer uma versão por esses dias de um suspiro de chocolate da Dani Noce, bem bom - ficaram ótimos, mas depois amoleceram, ficaram parecendo bala puxa-puxa, daquela que arranca obturação dentária. 
Então fui pedir ajuda técnica à sogra, já que tinha um monte de claras congeladas. Fizemos juntas, e assamos uma parte no forno dela. Os suspiros de minha sogra costumam ser perfeitos, branquinhos, secos na medida. Mas daí aconteceu de pela primeira vez a receita dar errado - pé frio meu, com certeza. 
Nossos fornos podem estar desregulados também. Eu trouxe o restante para assar em casa, fiquei de olho no termômetro. Até teria deixado mais tempo parte dos suspiros, mas tinha que assar uma lasanha pro jantar. Os suspiros maiores, em formato de pavlova, assados no forno de cima, que é menor, ficaram ótimos, bem sequinhos. Ainda deixei uma fornada que ficou bem seca esfriando no forno até hoje de manhã - ontem estava perfeita, hoje tinha amolecido! Portanto, somente os maiores resistiram. 
Cheguei a montar uma parte da sobremesa com os suspirinhos borrachudos, na esperança de que amaciassem com o chantili que fiz drenando o creme de leite de saquinho e adicionando gelatina sem sabor. De fato, os suspiros praticamente se dissolveram - perderam a crocância e a borrachudez, mas deram um sabor bom, de caramelo, aos morangos e ao chantili. 
Já as pavlovas improvisadas, com morango, chantili pronto da Président e um creme de confeiteiro de chocolate e leite de coco (receita da Dani Noce) ficaram ótimas, além de bonitas quando montadas.
Ou seja, a saga ainda não terminou. Ainda precisarei fazer algumas vezes até acertar a ponto de poder dizer o que funciona ou não.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Xadrezinhos

Amo estampas e texturas, sempre digo isso. Ainda vou fazer um curso de corte e costura antes de morrer, quem sabe também um de estamparia. 
E tem uma coisa de que gosto, e nem todo mundo entende ou ousa, que é misturar estampas. Quase sempre gera comentários públicos (no elevador, na rua, no shopping) de desconhecidas observadoras, como blusa de bolinhas com calça listrada ou calça e blusa brancas com bolinhas e letras multicoloridas, respectivamente. Hoje foi dia de PB em xadrez vichy e pied de poule, um pouco de ousadia contra a caretice instaurada neste Brasil no dia da sua independência cada vez mais questionável. 

domingo, 6 de setembro de 2020

A louca dos pincéis

Sou a própria! Com direito a díptico, com gato e sem gato.

Do atrevimento no bolo

Aniversário da minha sogra, e eu queria cozinhar para ela. Mas Degas, irmão dela, já tinha se prontificado a trazer o almoço, uma moqueca dos deuses lá de Brotas.
Restou-me fazer o bolo. O único detalhe é que minha sogra é boleira de mão cheia, e seus bolos não são só muito bons como via de regra lindos.
Pensei em fazer algo com frutas. Fui buscar receitas de naked cake e logo achei um post de Dani Noce com 9 sugestões. Tinha um que era exatamente o que eu queria: um bolo de nozes com recheio de mascarpone, cerejas e frutas cristalizadas coberto com frutas vermelhas e pistaches - que logo viraram morangos e avelãs.
Claro que tive alguns percalços, como deixar marcas na massa na hora de checar se o bolo estava assado e derrubar no chão a calda das cerejas, que, ainda bem, não era necessária. Meu recheio ficou rosado, e não branco; coloquei um pouco de gelatina sem sabor para firmar, já que o creme de leite não era fresco. Mas, no final, meu primeiro naked ficou bonito e muito gostoso, digno da aniversariante.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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