terça-feira, 29 de junho de 2021

Sometimes it hurts instead - compras on-line que não dão certo

Muita, mas muita gente mesmo começou a comprar mais pela internet durante a pandemia. Eu, que já comprava porque aqui não temos serviço de entrega postal, aumentei ainda mais o volume de compras. Normalmente, deram certo, com entregas no prazo e produtos corretos. 
Nas últimas semanas, porém, tive alguns problemas. Comprei um sapato da Insecta Shoes, uma loja de sapatos veganos, para saber somente duas semanas depois que ele não estava disponível; o monitor cardíaco da Garmin que comprei na loja oficial chegou e não liga; um vestido da Complexo B, uma marca carioca de que gosto muito, que foi trazido pelo próprio Beto, um querido, veio com defeito no corte (tive que trocar todos os botões de lugar para alinhar o barrado da estampa, que formava um "degrau", além de refazer um lado da bainha e aplicar uma pence na gola do outro lado) - por alguns momentos, o vestido, tão bonito, até perdeu a graça. 
Me parece que o excesso de demanda de compras on-line gera essas confusões/desatenções - imagine quantas pessoas como eu estão fazendo a mesma coisa? Talvez isso explique alguém não conferir a qualidade do produto ou mesmo o estoque. Também essas quebras de expectativas vêm me lembrar de comprar menos. Precisava de sapatos e vestidos? Certamente, não. E a questão realmente não é simplesmente reclamar, mas refletir sobre o consumo em si, as partes envolvidas e que tais - até porque, com relação aos pequenos empreendedores, só tenho tido surpresas boas, nos cuidados com o pedido, com o produto desde a fabricação, passando pela embalagem e envio até o acompanhamento de feedback. Uma das diferenças talvez seja justamente a pouca pressa, esse modo slow de produzir e comerciar, sem desespero, com atenção aos detalhes e à qualidade. 

sábado, 26 de junho de 2021

Vacinados - um alívio no meio do caos

Em uma semana que começou confusa, com pane elétrica que durou dois dias e já atrasou o trabalho sempre de prazos justos, conseguimos nos vacinar, na xepa do posto de saúde de Monte Gordo. 
Quando vimos que a fila por idade estava se aproximando da nossa, fomos ao posto, na segunda-feira, para fazer nossas carteirinhas do SUS, coisa que ensaio há uns 3 anos. Lá fomos muito bem atendidos e soubemos que havia uma lista para a xepa, aparentemente bem pequena. 
No dia seguinte, quando eu estava fazendo almoço - enquanto o eletricista terminava de arrumar as instalações que nos transtornaram a vida desde o dia anterior -, recebi uma ligação de número desconhecido. Atendi e ouvi: "Querida, vem vacinar. É Sandra, do posto." Perguntei se Guga poderia ir também, mas acho que ela não atinou que ele também estava na fila da xepa, acabou dizendo que não era mais para ir. Dali a pouco, os cubos de frango dourando na panela com curry, cebola e maçã, Guga grita pra eu largar o que estava fazendo e irmos para o posto. Sandra tinha ligado pra ele também. Eu, legalista, fiquei temerosa de ir sem ter sido confirmada, mas ele já foi pegando a chave do carro, e só tive tempo de jogar a panela do semi-almoço dentro do forno. 
Saímos correndo e chegamos ao posto quase vazio. Uma moça chegou ao mesmo tempo que nós, com cara de postulante à xepa. Logo encontramos a moça que nos ligou, que foi quem tinha feito as carteirinhas no dia anterior. Ela sorriu debaixo da máscara, disse que a enfermeira estava voltando do almoço. 
Dali a pouco, o bracinho que estava quase caindo de tanta espera recebeu a tão desejada vacina. Coronavac. Fomos tão felizes e aliviados pra casa que nem sei descrever. Foi outra grata surpresa local, a vacina tão à mão, ou tão ao braço. Com um atendimento tão eficaz e simpático. Sim, mil vivas ao SUS e aos profissionais da Saúde.
Somente no dia seguinte tivemos um pouco de sonolência, mas, à parte isso, nenhum sintoma mais sério. 
E agora aguardamos outra vacina, a Covaxin, operar uma maravilha contra o desgoverno que aí está. 

sábado, 19 de junho de 2021

Bandeira

Mais bandeirosa que nunca. Com patrocínio de Use Prida e Emicida. É só o que nós tem - nós mesmos. Mesmo. 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Um jantar perfeito de Dia dos Namorados


No dia dos namorados do ano retrasado, fizemos um jantar a quatro mãos, e foi ótimo - eu fiz uma torta, Guga cuidou da massa. Já no ano passado, passei dois dias preparando o jantar, fazendo biscoito e mascarpone caseiros para o tiramisù, que, modéstia às favas, ficou maravilhoso. Também fiz um mil-folhas de batata lindo, um filezão de carne boa, pão italiano, tudo no capricho, mas cansativo. E não fez esse sucesso todo não. 
Daí, este ano, como ainda por cima eu estava louca tentando escrever 15 mil palavras além de trabalhar em duas frentes e fazer almoço e lavar roupa e louça, marido sugeriu conhecermos a hamburgueria do bairro, Brutu's. Combinamos que se estivesse lotada voltaríamos pra casa e descongelaríamos a quiche de alho-poró. 
Tivemos a maior surpresa positiva dos últimos tempos. O lugar tem poucas mesas, e apenas duas estavam ocupadas quando chegamos. Decoração bonita, atendentes usando máscara (que hoje é um megadiferencial), e tinha chope. Pedimos chope, e veio gelado, bem tirado, ótimo. Escolhemos o hambúrguer clássico, 150 g de carne, com bacon, cebolas empanadas, molho de picles, queijo. Vinte e três reais, mais barato que lanche do Bob's ou do McDonald's. Pedimos batatas fritas pra acompanhar, que vieram bonitas num cesto de imersão fazendo as vezes de prato. Dali a pouco chegaram os hambúrgueres, lindos, bem montados, sobre tabuinhas de madeira. Apesar da altura do sanduíche, não desabaram e o molho também não vazou. Uma delícia!
Voltamos felizes e impressionados pra casa, e ainda tomamos vinho e comemos chocolates gostosíssimos e assistimos Lupin. Perfeitos, o dia dos namorados e o nosso jantar. 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Falta do que fazer

Como eu não tinha mais nada pra fazer na vida, resolvi escrever um ensaio, para participar de um concurso desse gênero sobre o tema feminismo. Porque estava sobrando tempo entre editar um volume inteiro, revisar caderno de aluno, fazer tarefas de casa, aguardar originais de um job com prazo estourado, bordar um pouquinho entre uma coisa e outra é que resolvi me aventurar a iniciar e tentar terminar um texto com pelo menos 15 mil palavras. 
Só ontem fui fazer a conta do quanto já tinha escrito - míseras mil palavras - e do quanto faltaria, em média. Caraleo, é o tamanho do meu TCC. Estranhei um tanto, já que o gênero ensaio é tão mais leve; ainda que defenda uma ideia central com argumentos plausíveis, não é o espaço/momento do aprofundamento, não é uma tese, não é sequer uma dissertação, nem mesmo um TCC. 
Enfim, os olhos cheios de areia, reservo para mais um dia a tentativa de ultimar a tarefa. A ver (se os olhos velhos deixarem).

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Mais tentativas ecológicas - Besunté

Amei de cara o nome da marca, Besunté, remetendo a manteiga, coisas cremosas e francês. Conheci no ECDE. Reservei para algum momento em que estivesse precisando de sabonetes, xampus etc. Porque o apelo dos produtos que não precisam de embalagens grandes é muito bom para quem pensa em reduzir o lixo que produz. Some-se a isso adorar uma novidade, que é o meu caso também. Quando chegaram ao Brasil os produtos da Lush - que eu conheci na Inglaterra, pobre de marré mas chique -, comprei o equivalente à minha coragem de desembolsar um bom dinheirinho. Mas valiam muito e duravam um tanto. 
Hoje já é uma ideia muito mais comum, a dos cosméticos artesanais, que valorizam insumos mais naturais e formas de produção menos agressivas ao meio ambiente e que não envolvam testes em animais. Como sigo com a ideia de comprar do pequeno produtor/comerciante e continuo querendo experimentar coisas novas, resolvi encomendar alguns produtos com a Camila, proprietária da Besunté, que fica em Mogi das Cruzes, SP. Aliás, tem várias mulheres no grupo empreendendo na área de cosmetologia que também me parecem merecer chances futuras. 
Bueno, experimentei já o sabonete de carvão ativado com melaleuca e o tônico facial de lavanda, rosa mosqueta e melaleuca. Amo melaleuca, acho que é o próprio perfume da limpeza, além de anti-inflamatória. Gostei do tônico (Guga não gostou do cheiro, mas me lembra chá); o sabonete, achei que dura pouco, mas pode ser que não deva ficar direto no boxe, pois derrete um bocadinho; ainda estou aprendendo a lidar com o condicionador, sentindo falta de mais cremosidade. Mas, mesmo com pequenos poréns, quando é que, além de me sentir cuidada e ajudando uma mulher a cuidar de si, eu receberia numa loja chique um mimo com bilhetinho escrito à mão por ter comprado alguma coisa? 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Dias de estupefação

Das menores às maiores surpresas. Das comezinhas às ontológicas. Ando estupefata (ou estupefacta, que tem uma carga dramática adicional), mais que nunca. 
Nos últimos dias, descobri, indo a uma ótica perto de casa, que meus óculos, pelos quais paguei muito caro há dois anos, não são multifocais. A optometrista constatou isso só de movimentá-los para lá e para cá. Ainda maior o preço pago pelos óculos "normais", para miopia apenas, em comparação ao orçamento da pequena ótica de vila, que cobra menos de um terço pelas tais lentes do tipo freeform (a marca, não sei). Fiquei muito chocada com o contraste e me senti um tanto otária.
Também descobri, no salão de cabeleireiro local, onde Guga foi duas vezes, que meu cabelo estava tortíssimo, desde novembro de 2020. O cabeleireiro não tinha espelho avulso, então tirou uma foto com o celular e me mostrou - mais um choque! O lado direito estava muito, muito maior que o esquerdo. E de repente me lembrei do cabeleireiro no salão todo arrumado de Salvador - no finalzinho, ele inventou de fazer uns repicados artísticos, e aí deve ter-se dado a merda. Para aumentar o choque, novo contraste: corte de salão local por 31 reais versus corte salão do shopping por 200 reais. 
Outro motivo de espanto: fiz uma publicação simples no Facebook, comentando que não me lembrava de como Highlander era um filme tosco. Foi o suficiente para aparecer um defensor da película, um colega de Bienal, ufólogo, que vive postando sobre suas superações na vida. Longe de mim desmerecer as batalhas alheias, mas achei um tanto irritante que ele, que outro dia se doía por uma "carteirada" acadêmica que levou de alguém, tenha vindo ao meu post, do nada, para trazer informações retiradas da Wikipédia (sim, sim) como argumento de defesa do filme em questão. Que ele era historiador, especialista em cinema, que já assistiu 6 mil filmes, que o filme tosco na verdade era kitsch, que não era bom usar o termo "tosco", porque assim parecia que o filme era ruim, o que não era verdade, tudo era muito pensado e só quem tinha mais profundidade no assunto podia perceber isso. Ou seja, um falso modesto biscoiteiro querendo aparecer de forma tosca e com argumentos pífios. Acabou que um amigo comum, também da Bienal, mas alguém mais próximo a mim, veio participar da conversa, trazendo O nome da rosa (que o outro disse ter assistido umas 30 vezes, meodeos), e acabou concordando com nosso colega ufólogo que eu não tinha razão, que Highlander é ótimo, porque as luzes neon e tal. Mesmo uma amiga que concordou com a tosquice do filme foi questionada, porque, afinal, temos que zelar pela arte. Pensei em ser mal-educada, mas me contive. Porque, afinal, isso dá pano pra manga de outro post, sobre o sentido da arte, de que já falei aqui, mas que abre outra frente - o da importância da experiência individual diante da obra. A minha experiência, na conversa maluca no Facebook, por exemplo, foi totalmente desconsiderada. (Curiosamente, por dois homens. E aí me lembrei do outro "amigo" de FB que entrou no meu post só pra "discordar" da forma como chamei um prato. É muita petulância, por coincidência ou não, desses homens.)
Por fim, os espantos diários diante do desgoverno e de seus abduzidos asseclas que têm comparecido à CPI, como Nise Yamaguchi, que insiste no uso de medicamentos ineficazes, nega sua parceria com o Bozo e, por fim, foi pega no pulo pelo ótimo Alessandro Vieira, senador do Piauí, um dos poucos a fazer a lição de casa, mais preocupado em obter informações do que em falar do púlpito. 
Eu quase que não consigo mais trazer o queixo de volta nestes dias. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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